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Sumário Capa Ficha Técnica Dedicatória Endossos Versículo Introdução A Vida Qualificada Capítulo Um - Deus chama - nós respondemos Capítulo Dois - Chamados para quê? Capítulo Três - Mas eu não me sinto qualificado! Capítulo Quatro - Características dos qualificados Capítulo Cinco - O perigo da desqualificação Capítulo Seis - É ao vivo ou é memorex? Capítulo Sete - A coisa certa Capítulo Oito - A coisa errada Capítulo Nove - Você é uma carta Capítulo Dez - Integridade intencional Capítulo Onze - Cultivando a competência Capítulo Doze - Armadilhas para impedir a busca da excelência Assassinos de ministério que você precisa vencer: o ouro Capítulo Treze - Líderes devem capacitar outros e não explorálos Capítulo Quatorze - Considerações práticas a respeito de sabedoria financeira e integridade Capítulo Quinze - A atitude de líderes com relação ao dinheiro – as indulgências estão de volta? Assassinos de ministério que você precisa vencer: as mulheres Capítulo Dezesseis - Conservando a pureza moral Capítulo Dezessete - Reflexos do escândalo Assassinos de ministério que você precisa vencer: a glória Capítulo Dezoito - As questões de ego e orgulho Capítulo Dezenove - Líderes fracos Capítulo Vinte - Gurus, fanáticos e ingenuidade

Capítulo Vinte e Um - Traços de pais espirituais Assassinos de ministério que você precisa vencer: a rotina Capítulo Vinte e Dois - Lidando com a síndrome de burnout Assassinos de ministério que você precisa vencer: os estragaprazeres Capítulo Vinte e Três - Lidando com pessoas difíceis Capítulo Vinte e Quatro - Temperado ou envenenado? Capítulo Vinte e Cinco - Lançando fora as notas altas e baixas Capítulo Vinte e Seis - Avançando Capítulo Vinte e Sete - Tato e diplomacia, chaves para edificar (não destruir) pontes Assassinos de ministério que você precisa vencer: a estupidez Capítulo Vinte e Oito - Evitando enganos,extremos e desequilíbrios Capítulo Vinte e Nove - Discordância redentora — você está criando pérolas ou apenas ficando irritado? Capítulo Trinta - O Antídoto perfeito: ser cristocêntrico Capítulo Trinta e Um - A lei do amor Oração de Salvação Sobre o Autor

Rhema Brasil Publicações Rua Izabel Silveira Guimarães, 172 58.410-841 - Campina Grande - PB Fone: 83.3065 4506 www.rhemabrasilpublicacoes.org.br [email protected] Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Rhema Brasil Publicações. Direção: Samir Ferreira de Souza Supervisão: Ministério Verbo da Vida Tradução: Getúlio da Silva Ribeiro e Raphael Marx Costa Frota Revisão e copidesque: Idiomas & Cia Prova de revisão: Idiomas & Cia Adaptação de capa: Filipi Rodrigues Diagramação versão digital: DIAG Editorial Publicado no Brasil por Rhema Brasil Publicações com a devida autorização de Harrison House Publishers Tulsa, OK 74145 Esta é uma tradução da 1a edição do título original e a 1a edição em língua portuguesa Título original: Qualified: Serving God with Integrity and Finishing Your Course with Honor

Copyright © 2012 por Tony Cooke Copyright © 2017 Rhema Brasil Publicações Todos os direitos reservados As citações bíblicas, exceto quando indicado em contrário, foram extraídas da Bíblia Sagrada, Almeida Edição Revista e Atualizada, © 1993, Sociedade Bíblica do Brasil. Outras versões utilizadas: Bíblia Amplificada (AMP, tradução livre), Nova Versão Internacional (NVI), Almeida Corrigida Fiel (ACF), A Mensagem e King James Version (KJV), traduzida livremente para o português. Proibida a reprodução, de quaisquer formas ou meios, eletrônicos ou mecânicos, sem a permissão da editora, salvo em breve citações, com indicação da fonte. 1a Edição

Dedicatória Para a minha filha Laura e meu filho Andrew. A alegria que vocês me trazem é indizível. Dedico este livro a vocês e a todos aqueles que fazem parte da sua geração, que irão liderar pelo exemplo e servir com integridade.

E Qualificados é um excelente mapa para uma vida de integridade e de ganhos sustentáveis para ambos: leitor e o Reino de Deus. Qualificados não é um livro de leitura única, mas uma ferramenta para um exame anual. Quando entrei nos meus 50 anos de idade, minha esposa lembrou-me do meu check-up anual com o meu médico. Um check-up anual não é feito por causa de uma doença, mas para evitar uma catástrofe no futuro. Qualificados nos ajuda a examinarmos as partes ocultas das nossas vidas que, se deixadas de lado, podem tornar-se letais para nós. John Cuzzo, pastor sênior Igreja Victory Family Cranberry Township, PA

Conheço e trabalho com Tony Cooke, profissionalmente e pessoalmente, por mais de 25 anos. Ele é um homem de integridade, caráter e ética, exatamente como escreveu em seu livro. Como é maravilhoso transformar o exemplo de sua vida em um documento escrito. Este excelente livro, que trata dessas características, deveria ser obrigatório àqueles que estão no ministério, especialmente no mundo de hoje, quando, infelizmente, alguns na ausência dessas qualidades, têm atraído uma atenção nacional negativa sobre ministros que pregam o Evangelho de

Jesus Cristo. Eu, prontamente, endosso este livro e de coração recomendo a todos os leitores — não apenas àqueles no ministério de tempo integral — que adotem os ensinos e práticas aqui retratados. Jim Guinn, CPA Guinn, Smith e Companhia Irving, TX

Não podemos pensar em uma pessoa mais qualificada para escrever a respeito de liderança espiritual do que Tony Cooke. Conhecemos Tony há mais de 25 anos, desde quando ele era um professor na nossa escola bíblica, até chegar à liderança da nossa associação ministerial e, agora, como um ministro expondo as suas experiências de vida a líderes de igrejas ao longo do país e ao redor do mundo. Quando Tony Cooke fala de integridade, caráter e ética ministerial, os pastores deveriam ser sábios para ouvi-lo. Nós recomendamos este recurso poderoso para todos os líderes de igrejas e suas equipes de trabalho. Jeff & Beth Jones, pastores sêniores Igreja Valley Family Kalamazoo, MI

Qualificados é uma leitura necessária para todos os líderes de

igreja e suas equipes. Este livro lhe oferecerá ricas percepções para ser um líder bem-sucedido no século 21. Honra e integridade são assuntos do coração, e isso facilita a leitura deste livro e o inspira e desafia para fazer dessas virtudes o fundamento de seu caráter. Scott Robles, pastor sênior Comunidade Vitória Cristã Fremont, OH

Como pastor, estou constantemente à procura de material valioso para crescer pessoalmente e para desenvolver líderes. Qualificados é um livro excepcional, pois ele desafiará as pessoas a crescerem, irá habilitá-las para o serviço e vaciná-las contra as armadilhas comuns àqueles engajados na expansão do Reino. É uma ferramenta inestimável para o treinamento de equipes e para o fortalecimento pessoal. Jim Herring, pastor sênior Igreja Família Vida Abundante Watauga, TX

Nós, como ministros, buscamos novas ideias e percepções para que, por meio delas, possamos comunicar vida às nossas congregações. Este livro é um manual para a edificação e o aperfeiçoamento do próprio líder. Tony apresentou um princípio que

todo servo que atua em posição de liderança deve rever continuamente: o ferro deve ser afiado. É imperativo que o espírito de sabedoria, discernimento e integridade seja desenvolvido na vida do líder. Almejo por ferramentas, como este livro, que transmitam vida para aparar em mim as arestas necessárias para permanecer eficiente para o uso do Mestre. Sou grato a Tony Cooke e ao modo como Deus o tem usado para manter os ministros de Deus afiados. Rick Sharkey, pastor sênior Centro Cristão Spokane Spokane, WA

Qualificados, de Tony Cooke, é um livro ótimo para qualquer um que tem pensado e considerado acerca do chamado em sua vida. Ele irá ajudá-lo a identificar o seu chamado e fortalecê-lo. Tony é um mestre ungido da Palavra e você será capaz de entender como cumprir o seu chamado com integridade em sua vida. Acredito que, de tempos em tempos, todos enfrentamos situações sem esperança. Mas você encontrará consolo quando ler este livro, pois ele lhe ensinará a como viver o chamado em sua vida. Temos um chamado em nossa vida e quando alcançamos essa realização, podemos aprender a viver em paz com nós mesmos e com Deus. É com muita honra que lhe recomendo este livro. Você sentirá a presença de Deus, pois ele está cheio com a Palavra e com a unção. Qualificados irá abençoá-lo. Charlie Daniels, Presidente & CEO

Daniels & Daniels Construções / Igrejas por Daniels Construções www.churchesbydaniels.com Broken Arrow, OK

Paulo, em sua carta aos Colossenses, enviou uma mensagem a Arquipo: “Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires”. Este livro irá ajudá-lo a fazer isso. Ele é para qualquer um que estiver determinado a cumprir o chamado de Deus em sua vida. Assim como a Bíblia, esta mensagem oportuna do irmão Tony Cooke também é “proveitosa para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Joe Purcell, Diretor Rhema Singapura Singapura

Tony nos presenteou com um lembrete bíblico e minucioso das qualificações sérias e únicas que são exigidas para os ministros de Deus. Em uma época em que os ministros são frequentemente valorizados pelo seu carisma, aparência e talentos, Qualificados traz uma visão fresca do coração e dos hábitos necessários para que os servos de Deus completem as suas tarefas com integridade. O prêmio ainda é concedido na linha de chegada. E, se os princípios que Tony revela em Qualificados forem abraçados, irão nos

capacitar para reconhecermos e vencermos as armadilhas, tentações e tribulações que, muitas vezes, vêm para frustrar o nosso aperfeiçoamento. Eddie Turner, pastor sênior Family Worship Center Murfreesburo, TN

O conselho prático que Tony dá neste livro será uma grande bênção para muitos líderes, à medida que eles levantam a próxima geração de líderes. A base bíblica que Tony ensina irá edificar líderes fortes e constantes. Sam Smucker, pastor sênior The Worship Center Lancaster, PA

Todo crente e ministro do Evangelho de Cristo estaria muito bem servido ao ler esta obra prima, Qualificados. Dentro de suas páginas, Tony Cooke descortinou uma riqueza de sabedoria bíblica que irá guiar ministros e cristãos a correrem a sua carreira e completá-la com integridade e caráter. Mark Thomas, pastor sênior Centro Cristão Coração da Baía

Hayward, CA

É um privilégio recomendar Qualificados, o novo livro de Tony Cooke. Esta obra é um tesouro de discernimento e sabedoria que, inicialmente, foi vivida pelo próprio autor. Este livro, de leitura obrigatória, irá capacitá-lo e equipá-lo a ter uma vida sólida deixando um legado eterno. Obrigado Tony por nos desafiar a viver em um nível mais alto. Jonathan Del Turco, pastor sênior Igreja Família Internacional North Reading, MA

Qualificados é um livro que poucos ministros escreveriam e iriam para a cama, à noite, com uma consciência limpa. Acredito que, quando se trata de ler algum assunto em particular, você tem que considerar o mensageiro tanto quanto a mensagem. Tony dá substância a essa mensagem alicerçada em sua vida pessoal e no exemplo que ele mesmo viveu. Como alguém disse: “O ministro é tão bom quanto o homem!” Qualificados é uma leitura obrigatória para ajudar todo “homem ou mulher” a preservar o seu caráter, manter a sua segurança ministerial e conservar o equilíbrio certo na vida. Paul Foslien, pastor sênior

Igreja Família Palavra Viva Naples, FL

Qualificados é uma leitura obrigatória. Tony brilhantemente expõe princípios que todo novo crente, com um coração para o ministério, precisa aprender e aquele que é experimentado, que quer terminar a sua caminhada com louvor, precisa estar atualizado. Ele não coloca de lado os problemas reais, mas os encabeça com exemplos bíblicos e com um coração para o povo. Você será encorajado, edificado e fortalecido à medida que cada capítulo o levar a ser o ministro que Deus deseja. Dan Roth, pastor executivo Igreja A Rocha San Bernardino, CA

Qualificados está recheado com ensinamentos práticos e objetivos que irão equipar e iluminar todos os cristãos. Tony Cooke fez um trabalho fantástico de pesquisar a Palavra de Deus e de nos mostrar a sua aplicação para o nosso crescimento e sucesso como líderes. Douglas W. Holte, M.D. Centro Prático Família Broken Arrow Broken Arrow, OK

Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens. — Romanos 14:18

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nos atrás, um dos estudantes na escola bíblica onde eu ensinava veio a mim e, muito empolgado, falou-me de uma oportunidade que teve de trabalhar em uma igreja após a

formatura. À medida que ele discorria a respeito da oportunidade, eu apreciava o seu zelo e entusiasmo e, em uma tentativa de apoiá-lo, eu pretendia dizer: “Isso parece uma verdadeira mina de ouro”. Eu não estava pensando em dinheiro ou riqueza, mas simplesmente, que aquele convite tinha o potencial para ser uma grande oportunidade de aprender e servir. Mas, em vez disso, falei: “Isso parece um verdadeiro campo minado”. Ele ficou surpreso com a minha declaração e rapidamente me corrigi. Depois de posterior reflexão, reconheci que cada oportunidade que temos na vida realmente tem o potencial para ser uma “mina de ouro” ou um “campo minado”. Nossas atitudes e a maneira como nos conduzimos com frequência determinarão se as nossas experiências serão positivas ou negativas. Por isso, este livro pretende desafiar os atuais líderes espirituais e os líderes em desenvolvimento. Dediquei mais de trinta anos treinando estudantes de escolas bíblicas e trabalhando extensivamente com ministros, por todo os Estados Unidos e ao redor do mundo. Preguei em mais de 45 Estados e em mais de 25 nações. Vi líderes espirituais se levantarem e caírem. Testemunhei alguns vencerem os mais incríveis desafios, enquanto outros se autodestruíram. Vi alguns se

desviarem, enquanto outros perseveraram. Também, observei que alguns permaneceram fiéis no caminho, enquanto outros foram desviados por tangentes improdutivas. Meu desejo é que jovens líderes evitem algumas das armadilhas que têm tirado alguns servos de Deus da sua missão, e observar o seu progresso acelerado, à medida que eles andam no caminho do justo. Vivemos em uma época de ceticismo e desconfiança. Planos malignos, fraudes generalizadas, falsidade ideológica, executivos corruptos, políticos enganadores, preconceitos brutais na mídia, programas esportivos que trapaceiam para alcançar um objetivo e escândalos de abuso na igreja, aparentemente, têm se tornado tão comuns em nossa cultura moderna, que incidentes dessa natureza dificilmente nos surpreendem mais. Por mais que eu valorize o ministério da Palavra de Deus, o mundo não será ganho simplesmente por bons sermões. Pessoas estafadas, cínicas, desacreditadas e céticas precisam desesperadamente ver crentes que personifiquem a integridade, demonstrem um caráter piedoso e incorporem o amor de Deus. Se vamos exercer uma influência da parte de Deus em nossas igrejas, lares, vizinhança e no local de trabalho, o desafio é o mesmo — nossa vida terá que refletir as virtudes da nossa mensagem. O maior desafio da liderança espiritual não está apenas em saber as palavras certas a dizer ou as coisas certas a fazer, mas está em se tornar a pessoa certa. Toda a sociedade espera que pessoas encarregadas de responsabilidades importantes sejam qualificadas. Você iria a um

médico que não é qualificado? Você voaria em um avião cujo piloto não é qualificado? Você iria querer um mecânico trabalhando em seu carro se ele não fosse qualificado? Em todos esses casos, tais profissionais não apenas oferecem qualificações iniciais, mas estão engajados em avançar, em contínuo treinamento para permanecerem atualizados em seus respectivos campos. Se esses indivíduos procuram arduamente por altos níveis de competência, quanto mais aqueles que lidam com as almas e os destinos eternos dos homens, não deveriam eles se esforçar para ser tão qualificados e eficientes quanto os demais? Não trataremos de todas as aptidões técnicas necessárias para líderes espirituais serem qualificados, mas iremos centralizar em questões de integridade, caráter e credibilidade que são necessárias para que Deus seja glorificado e para que as pessoas sejam positivamente influenciadas por intermédio das nossas vidas e serviços. Quero que este seja o tipo de livro que pastores e mentores possam usar para sentar com aqueles que estão liderando e dizer: “Vamos estudar este livro juntos — ele fala das coisas que Deus quer que nos tornemos como pessoas”. Estou escrevendo Qualificados porque eu quero que você seja bem-sucedido. Quero que as pessoas percebam a bondade e as virtudes de Deus em sua vida e serviço. Quero que você sirva a Deus com integridade e complete a sua carreira com honra.

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Capítulo Um D



“Não fostes vós que me escolhestes a Mim; pelo contrário, Eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto.” — João 15:16

Pensamento-chave: Deus nos chama, alicerçado em Seu plano e Seu propósito, e não fundamentado em nossa perfeição ou na falta dela. Seu chamado não é um final em si mesmo, mas deveria nos lançar para uma vida de respostas positivas à Sua vontade para nós.

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ulie Andrews, no conhecido filme A Noviça Rebelde, tornou famosa a seguinte frase: Vamos começar bem do começo; é um bom lugar para começar.

Quaisquer pensamentos acerca do chamado de Deus ou do servir a Deus deveriam começar com o entendimento de que o nosso chamado foi iniciado pelo próprio Deus, e não por nós. Ele é Aquele que chama, equipa, unge e designa. Foi muito bem dito que “Deus não chama os qualificados; Ele qualifica os chamados”. Portanto, comecemos do início e tratemos do fato de que Deus é o “iniciador” de qualquer chamado que possamos ter na vida. Se

Deus, que é a fonte do nosso chamado, é um dos lados da moeda — e legalmente, o primeiro lado que deveríamos considerar — então, não vamos negligenciar o outro lado da moeda. A verdade complementar é que temos uma parte a realizar; não fomos criados como marionetes, que automaticamente obedecem toda vez que Deus move um fio. Ele nos chamou e deseja trabalhar em nossas vidas para nos qualificar para o serviço fiel a Ele, mas nós ainda temos de fazer a nossa parte e participar em um processo contínuo de crescimento e obediência. • Nós podemos responder ou não responder. • Nós podemos obedecer ou não obedecer. • Nós podemos cooperar ou não cooperar. • Nós podemos seguir completamente, parcialmente ou de modo algum. Existe um senso comum que afirma: “Deus nos qualifica por Sua misericórdia e graça”. No entanto, há outro senso comum que diz: “Nós nos tornamos qualificados, à medida que somos fiéis e diligentes em seguir Deus e os Seus planos para as nossas vidas”. Com frequência, pondero as palavras do Senhor Jesus quando disse: “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” (Mateus 22:14). Qual é a diferença entre aqueles que são “chamados” e aqueles que são “escolhidos”? É possível que aqueles que são escolhidos sejam aqueles que cooperaram mais plenamente com “Aquele que chama” e seu “chamado”? Se este livro fosse escrito apenas sobre o “lado de Deus” da

equação, então estaríamos ignorando a necessidade de cooperarmos com Deus. Semelhantemente, se focássemos apenas em nós mesmos e em nossa obediência, estaríamos, então, ignorando Aquele que é verdadeiramente “o Autor e Consumador da nossa fé” (Hebreus 12:2). Não podemos reconhecer ou cumprir o nosso chamado sem a ajuda de Deus; entretanto, Ele requer certo nível de cooperação nossa para que Ele abençoe o nosso destino. Deus não exige perfeição da nossa parte (nenhum de nós jamais poderia ser usado se Ele exigisse), em vez disso Ele deseja que falemos o mesmo que Paulo disse: “... Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus...” (1 Coríntios 3:9).

Processando o Chamado de Deus em Nossas Vidas No Antigo e Novo Testamento, observamos que, acompanhado de qualquer chamado de Deus, existe um processo envolvido de modo a trazer esse chamado à total realização. Vejamos um exemplo desse processo na vida de Davi: Também escolheu a Davi, seu servo, e o tomou dos redis das ovelhas; tirou-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para ser o pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança. E ele os apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu com mãos precavidas. — Salmos 78:70-72

As pessoas não se tornam líderes estáveis e eficazes da noite para o dia. Existe um processo envolvido e precisamos entender os elementos essenciais desse processo. Na passagem citada, há três elementos-chaves: • Deus escolheu Davi — isso fala do chamado soberano de Deus. • Integridade de coração — isso fala do desenvolvimento do caráter de Davi. • Aptidão de mãos — isso fala do trabalho feito com competência. Lembre-se destes três componentes: chamado, caráter e competência. Outra maneira de se lembrar disso é: soberania, santificação e aptidão. • Deus “soberanamente” nos chama de acordo com a Sua vontade. • Existe um processo de “santificação” que ocorre, habilitandonos para servir com integridade. • A “aptidão” nos capacita e desenvolve para fazermos bem o trabalho. Todos esses elementos são essenciais para que possamos responder e cumprir eficazmente o chamado de Deus em nossas vidas. Vejamos, especificamente, o primeiro elemento, o qual está

refletido na simples declaração: “Também escolheu a Davi”.

O Chamado Soberano A Bíblia descreve outros “chamados” soberanos. Por exemplo, Deus disse a Jeremias: “Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” (Jeremias 1:5). Semelhantemente, Paulo disse: “... ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela Sua graça, aprouve revelar Seu Filho em mim, para que eu O pregasse entre os gentios” (Gálatas 1:1516). Ele também disse a Timóteo: “... que [Deus] nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a Sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9). A ideia de um chamado soberano (relativo ao chamado inicial e ao processo que segue) também é vista no modo como Jesus convocou os Seus doze discípulos. Jesus não escolheu os grandes estudiosos da época, os grandes oradores ou os grandes empreendedores. Em vez disso, Ele escolheu homens comuns, os quais, por meio da sua união e comunhão com Ele, foram transformados para transformar o mundo. Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele. Então, designou doze para estarem com Ele e para enviá-los a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios. — Marcos 3:13-15

Observe os mesmos três princípios que vimos no Salmo 78, acerca de Davi. Um processo começa desde o chamado inicial. • Chamado — Jesus chamou aqueles que Ele queria para Si. • Caráter — Ele designou doze, “para estarem com Ele”. A união e a comunhão dos doze com Ele os levaram a vidas transformadas e um caráter temente a Deus. • Competência — “... para enviá-los a pregar e a exercer a autoridade...”. O chamado de Deus não é um evento autoconclusivo. Ao contrário, é um trampolim para um trabalho de parceria com Deus, do qual transformação, crescimento e obediência encontram lugar em nossas vidas. A questão do chamado é o que Deus faz, é algo que cabe a Ele; entretanto, responder ao chamado é nossa responsabilidade. Infelizmente, a História está repleta de exemplos de chamados de Deus sendo desprezados. Deus disse por intermédio de Isaías: “Estendi as mãos todos os dias a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos” (Isaías 65:2). Jesus demonstrou grande tristeza e até mesmo chorou sobre a cidade de Jerusalém porque eles se recusaram a responder favoravelmente ao chamado de Deus que foi demonstrado a eles por meio do Seu ministério. “... Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das

asas, e vós não o quisestes!” (Lucas 13:34; ver também 19:41-44). O diálogo entre Deus e Isaías é uma boa ilustração de um chamado divino que é seguido de uma resposta humana favorável. Em Isaías, 6:8, lemos: “Depois disto, ouvi a voz do S , que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim”. As pessoas simplesmente não entram aleatoriamente e arbitrariamente em grande maturidade espiritual ou altos ofícios ministeriais. Elas não são automaticamente frutíferas e eficazes só porque Deus as chamou. Obediência e fidelidade são necessárias para aqueles que são chamados, de modo que eles tenham uma ótima vida espiritual e um ministério produtivo. Existem muitos exemplos de pessoas no ministério que receberam um chamado (rei Saul, Judas, Demas, etc.), mas que terminaram naufragados espiritualmente — não porque havia algo de errado com o seu chamado, mas porque eles não responderam apropriadamente a Deus naquele chamado. Deus é um cavalheiro e não força as pessoas a responderem ao Seu chamado; entretanto, o que quer que Deus o chame para fazer é melhor do que o que você tem planejado para a sua vida. Podemos perceber o chamado de Deus como um evento (embora para alguns, isso venha mais como uma percepção gradual), no entanto, respondemos por meio de um processo de obediência e crescimento. Isso pode ser visto claramente na vida de Davi. Quando Davi foi ungido para ser o novo rei, não foi porque ele parecia o melhor candidato. Se boa aparência e bom visual tivessem sido os fatores determinantes, então o comando teria ido

para o seu irmão mais velho, Eliabe. Quando o profeta Samuel seguiu as direções do Senhor e foi ungir um dos filhos de Jessé como o novo rei de Israel, foi isto que aconteceu: Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o S o seu ungido. Porém o S disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o S não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o S , o coração. — 1 Samuel 16:6-7 O Senhor vê o coração! Que declaração profunda. Os homens tendem a olhar o carisma, a escolaridade, as habilidades sociais, o talento, a eloquência, etc. — e todas essas habilidades podem ser ferramentas úteis — mas Deus vê o coração! Séculos mais tarde, o apóstolo Paulo estava revendo uma das histórias de Israel em uma mensagem e disse: “... Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a Minha vontade” (Atos 13:22). Nos dias de Davi, Deus estava à procura de um homem segundo o Seu coração. Acredito que Deus sempre buscou tais indivíduos e ainda continua a fazê-lo nos dias de hoje. Porque, quanto ao S , seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente Dele. — 2 Crônicas 16:9 Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se

colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei. — Ezequiel 22:30 Você precisa reconhecer, descobrir e permitir que o chamado e o plano de Deus sejam executados em sua vida! Está tudo bem se você está nos estágios iniciais do chamado de Deus para a sua vida e ainda não sabe muito. Afinal, Deus disse: “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jeremias 33:3). Aproveite a jornada e todas as descobertas que você fará ao longo do caminho.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. O que a frase “Deus não chama os qualificados; Ele qualifica os chamados” significa para você? 2. O que as palavras de Jesus “Muitos são chamados, mas poucos são escolhidos” significam para você? 3. Você acredita que Deus o chamou para ser Dele, e estabeleceu um plano para a sua vida antes de você nascer? Como você acha que tem feito no sentido de descobrir esse plano? Como você acha que tem feito no sentido de cultivar integridade e habilidade para facilitar a expressão desse chamado? 4. A Bíblia diz: “O homem vê o exterior, porém o Senhor vê o coração”. Quão consciente disso você está quando pensa acerca de si mesmo? 5. Qual é a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

Capítulo Dois C

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“Existe um senso comum primário no qual todos os cristãos são ‘chamados’, pois Jesus Cristo é Senhor sobre toda a vida, sobre toda tarefa, sobre todo esforço. Mas há outro senso comum no qual apenas alguns são ‘chamados’ para cumprir aquelas responsabilidades especiais colocadas na Bíblia, das quais a vida e a ordem da Igreja dependem diretamente.”1 — Sam Storms Pensamento-chave: Deus nos chama para sermos Seus filhos e nos dá atribuições específicas.

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esde que Deus chamou o desobediente Adão “Onde estás?” (Gênesis 3:9), Ele tem chamado homens e

mulheres através das eras, acenando-lhes para voltarem para Ele e chamando-os para a Sua família. Há muitos equívocos acerca do que significa ser “chamado” por Deus. Muitos cristãos tendem a pensar no “chamado” como algo que se aplica apenas aos pregadores, mas Deus chamou todos nós para sermos Seus filhos e refletirmos a Sua glória e honra sobre a terra. Deus o chamou para ser:

• Um esposo ou esposa temente ao Senhor? • Uma pessoa que terá uma influência santa sobre os seus vizinhos, amigos e colaboradores no local de trabalho? • Um obreiro produtivo ou um líder na igreja local? • Um pai que cria os seus filhos na educação e admoestação do Senhor? Todos esses são valores e atribuições significantes na vida, quer você se coloque atrás de um púlpito quer não. Nós devemos servir a Deus... • Com ou sem um título. • Com ou sem uma posição. • Na frente ou atrás dos bastidores. • Tendo recursos ou espontaneamente. • Formal ou informalmente. Algumas pessoas pensam que um chamado será sempre altamente dramático e sensacional. Para alguns, pode até ser; entretanto, para a maioria dos cristãos, um chamado pode vir apenas como uma percepção ou um desejo crescente dentro do seu coração que o conduz na direção de Deus. Muitos cristãos, provavelmente, perceberam que Deus os chamava para serem Seus filhos — quando eles ouviram o Evangelho e sentiram o Espírito Santo atraindo os seus corações. Temos ouvido e nos alegrado com histórias de conversões muito dramáticas, nas quais pessoas tiveram experiências incríveis de

salvação (como a que Paulo teve em Atos 9:1-18). Entretanto, a maioria dos cristãos não tem tais experiências dramáticas e sensacionais. Em minha vida pessoal, meu chamado para o ministério não foi dramático ou sensacional. Não ouvi uma voz de modo audível, não tive uma visão, ou vi anjos. Para mim, houve apenas uma percepção que aumentava e um desejo que crescia de servir a Deus que eu jamais experimentara. Semelhantemente, quando se trata de ser chamado para uma função específica, muitos cristãos devem ter sentido um desejo de servir a Deus em certo grau. À medida que foram fiéis, eles começaram a perceber que tinham certa aptidão ou talento em sua vida. Enquanto continuavam a ser fiéis, a aptidão deles ou talento desenvolveu-se a uma grande capacidade. Falando de obediência à vontade de Deus, Paulo disse a um grupo de crentes: “[Não na sua própria força], pois é Deus quem está o tempo todo, eficazmente, operando em vocês [energizando e criando em vocês a força e o desejo], para querer e operar o Seu bom prazer e satisfação e deleite” (Filipenses 2:13, AMP). Mesmo quando se trata de ser um filho de Deus, Ele nos chamou para algumas coisas específicas; Ele não nos chamou simplesmente de modo genérico e indeterminado. À medida que você meditar nos seguintes versículos, não passe superficialmente sobre eles, mas os considere cuidadosamente para perceber exatamente para que Deus nos chamou. ...chamados para serdes de Jesus Cristo. A todos os amados

de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos... — Romanos 1:6-7 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. — Romanos 8:30 ...chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. — 1 Coríntios 1:2 ...fostes chamados à comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. — 1 Coríntios 1:9 ...daquele que vos chamou na graça de Cristo... — Gálatas 1:6 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade... — Gálatas 5:13 ...segundo é santo Aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento. — 1 Pedro 1:15 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as

virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz... — 1 Pedro 2:9 ...o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória. — 1 Pedro 5:10 ...aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo... — Judas 1 Ser chamado por Deus não fala da nossa perfeição, ao contrário, reflete a Sua bondade e misericórdia para conosco. Enquanto estávamos perdidos e separados de Deus, Ele escolheu nos alcançar por causa do quão maravilhoso Ele é. Quando pensamos no fato de que Deus nos chamou para sermos Seus, não devemos ficar orgulhosos, mas humildes e gratos.

Diferentes Tipos de Chamados Ao estudar a Bíblia, torna-se evidente que existem diferentes tipos de chamados. Apenas lemos diversas passagens que se aplicam a todos os filhos de Deus. Esse tipo geral e inclusivo de chamado é refletido na declaração de Jesus (perceba que Ele diz isso a todos): “... se alguém tem sede, venha a Mim e beba” (João 7:37). Também existem outros tipos de chamados, os quais são únicos para diferentes indivíduos. Esses chamados não são para todos,

mas para aqueles que Deus chamou especificamente e escolheu para responsabilidades específicas. Por exemplo, quando Jesus escolheu Seus doze discípulos (os quais, finalmente, tornaram-se apóstolos), Ele não chamou voluntários. Marcos 3:13 diz que Jesus: “... chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele”. Devemos respeitar o fato de que Deus escolhe certas pessoas para fazer certas coisas. Hebreus 5:4-5 diz: “Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão. Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou Aquele”. Quando se trata de ser filho de Deus, Ele chamou todos nós — qualquer um — para participar de Sua graça e perdão. Entretanto, quando se trata de atribuições ministeriais, a Bíblia indica que Deus tem diferentes chamados e atribuições para cada um de nós, e esses são atribuídos de acordo com o Seu critério. Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. — 1 Coríntios 12:18 Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo. A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. — 1 Coríntios 12:27-28 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas

nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria. — Romanos 12:4-8 No que diz respeito aos dons ministeriais de Cristo — apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres — o apóstolo Paulo declara especificamente que: “Ele (Jesus) mesmo concedeu” esses dons para a Igreja (Efésios 4:11). Finalmente, o apóstolo Pedro também reconheceu uma distinção nas funções desses dons quando disse: Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! — 1 Pedro 4:10-11 O Espírito Santo não irá apenas testemunhar com o seu coração que você é filho de Deus (Romanos 8:16), mas Ele também lhe dará os dons e o equipamento espiritual para fazer o que você foi chamado para fazer. O Espírito Santo, também, usará outros para

confirmar e encorajá-lo em seu chamado. Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram. — Atos 13:1-3 Observe que esses outros homens não chamaram Saulo e Barnabé para o ministério; eles já tinham sido chamados por Deus. Eles apenas admitiram o seu chamado e reconheceram que agora era a hora para Barnabé e Saulo começarem a fazer o que o Senhor já os tinha chamado para fazer. O chamado deles também foi confirmado pelos frutos e pelos resultados que foram produzidos à medida que eles obedeciam a Deus e executavam a Sua tarefa. Barnabé e Saulo (mais tarde conhecido por Paulo) responderam ao chamado de Deus. Eles disseram “sim” a Deus e é isso que nós também devemos fazer.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Em sua vida, o chamado de Deus veio a você mais como um “evento”, ou ele foi sendo reconhecido mais sutil e gradualmente, como um “processo” de ser atraído para Ele e tendo uma consciência crescente de um desejo de fazer a Sua vontade? 2. Reveja a lista de versículos no começo deste capítulo (começando com Romanos 1:6 terminando com Judas 1) e faça a si mesmo esta pergunta: quantas ramificações do chamado de Deus identificadas nessas passagens foram e estão sendo reconhecidas em minha vida? 3. Você reconhece a diferença entre chamados que se aplicam a todos os crentes e chamados que são únicos para determinados indivíduos em termos de suas atribuições específicas? 4. Qual é a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

1

Storms, Sam, Are You Called to Ministry, Part 1, Enjoying God Ministries.com, November 8, 2006. http://www.enjoyinggodministries.com/article/are-you-called-to-ministry-part-i/

Capítulo Três M

!

“Aquele que cresce em graça lembra-se de que é apenas pó e, portanto, não espera que seus companheiros cristãos sejam algo mais. Ele desconsidera dez mil de suas faltas porque sabe que o seu Deus desconsidera vinte mil em seu próprio caso. Ele não espera perfeição na criatura e, portanto, não se desaponta quando não a encontra... Quando as nossas virtudes amadurecerem, acredito que não toleraremos mais o mal, mas seremos mais tolerantes com as debilidades, mais esperançosos para com o povo de Deus e certamente menos arrogantes em nossas críticas. Doçura para com os pecadores é outro sinal de maturidade.”2 — Charles H. Spurgeon Pensamento-chave: Se Deus tivesse de esperar até que fôssemos perfeitos para nos usar, ninguém jamais seria usado por Deus.

V

ocê já lutou contra o sentimento de não ser bom o suficiente para ser usado por Deus? Você não é o único. Medite nas palavras de Paulo aos coríntios.

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os

sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. — 1 Coríntios 1:26-29 Deus chamou apenas uma pessoa perfeita: o Senhor Jesus Cristo. Todos os outros que Deus chamou para fazer alguma coisa para Ele — inclusive você e eu — são pessoas muito falíveis e imperfeitas. Deus sabe a nossa condição exata quando nos chama, e Ele começa conosco — exatamente onde estamos. A graça e a misericórdia de Deus têm feito com que muitos que não pareciam grandes “candidatos” à liderança espiritual, se submetessem a transformações extraordinárias: • Moisés, o Assassino, tornou-se o Libertador Poderoso. • Gideão, o Inseguro, tornou-se o Guerreiro do Senhor. • Davi, o Adúltero, tornou-se o Doce Salmista de Israel. • Pedro, o Covarde, tornou-se o Proclamador do Pentecostes. • João, o Tempestuoso, tornou-se o Apóstolo do Amor. • Saulo, o Fariseu (alguns historiadores creem que Paulo foi um Terrorista), tornou-se o Apóstolo da Graça. • Marcos, o Inconstante, tornou-se Útil para o Ministério. Relatos bíblicos revelam que aqueles que Deus chamou para o serviço com frequência sentiram-se desqualificados e incapazes.

Considere Moisés Quando o Senhor apareceu para Moisés e o comissionou para libertar os filhos de Israel da escravidão do Egito, Moisés ofereceu inúmeras desculpas que revelaram o seu choque e insegurança. • Ele perguntou a Deus: “Quem sou eu para ir a Faraó...?” (Êxodo 3:11). • Ele questionou: “Mas eis que não crerão, nem acudirão à minha voz...” (Êxodo 4:1). • “Ah! S ! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua” (Êxodo 4:10). Pessoa alguma que crê na Bíblia jamais duvidaria que Moisés tinha um chamado de Deus em sua vida, mas alguns admitem que ele não tinha qualquer consciência desse chamado até o incidente da sarça que ardia, quando estava com 80 anos (Êxodo 3). Entretanto, quando era mais jovem, Moisés teve uma percepção do propósito de Deus para a sua vida. Ele parecia ter captado uma ideia geral do seu papel, mas não compreendera completamente os detalhes vitais acerca do tempo e do modo como o seu chamado se cumpriria. Quando completou quarenta anos, veio-lhe a ideia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não

compreenderam. — Atos 7:23-25 Você certamente se lembra do restante da história. Quando Moisés descobriu que o seu crime de assassinato fora descoberto, ele fugiu e passou os quarenta anos seguintes no deserto. Talvez o sonho inicial de Moisés em ser usado por Deus para libertar os israelitas tivesse morrido por quatro décadas de dias quentes e noites frias no deserto de Midiã, mas Deus ressuscitou aquelas percepções iniciais, trouxe esclarecimento para ele e lhe deu uma tarefa maravilhosa. Talvez você esteja como Moisés. Você recebeu uma ideia de Deus e fez uma tentativa fracassada de realizar algo para Ele, não percebendo o tempo errado ou o modo errado. Quando você agiu sobre aquela ideia as coisas não funcionaram bem, então, você jogou a toalha. Deus quer que nós sirvamos a Ele, exatamente como Moisés o fez, mas é necessário que façamos as coisas do Seu jeito e no Seu tempo (isso com frequência inclui um período de preparação considerável). Um grande passo em começar a cooperar com Deus envolve tirar os nossos olhos de nós mesmos. O porquê Deus escolheu Moisés diz respeito a Deus. Temos consciência de que Deus não escolheu Moisés porque ele era perfeito, ao contrário, Ele escolheu Moisés por causa do seu amor pelos israelitas e o seu desejo de libertá-los. Antes que Moisés entrasse em seu destino, ele teve de tirar os seus olhos de si mesmo e esquecer o seu passado. Ele tinha que olhar para Deus, para a responsabilidade que o Senhor lhe dera e para as

pessoas que Deus queria libertar. Moisés finalmente entendeu que seu chamado estava alicerçado na graça daquele que chama e não na perfeição daquele que está sendo chamado. Ele disse ao povo: “Não vos teve o S afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos” (Deuteronômio 7:7).

Muitos Outros Sentiram-se Desqualificados Gideão sentiu-se desqualificado por causa da inferioridade que ele sentia devido à sua condição socioeconômica inferior. Em Juízes, 6:15, ele disse: “Ai, meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai”. • Jeremias sentiu-se muito jovem (Jeremias 1:6). • Sara pensou que era muito velha (Gênesis 18:12). • Quando o Senhor apareceu a Isaías, ele disse: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” (Isaías 6:5). • Quando Pedro encontrou-se com Jesus, sua resposta foi: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lucas 5:8). • Paulo disse de si mesmo: “... não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1 Coríntios 15:9). Paulo disse a Timóteo que Deus “... nos salvou e nos chamou

com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a Sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9). Paulo sabia que Timóteo tinha certos medos e inseguranças, e ele queria que esse jovem ministro entendesse: “Timóteo, isso não tem nada a ver com você ou quão perfeito ou imperfeito você é. Tire os seus olhos de si mesmo — desista de ficar preso às suas imperfeições e deficiências — e ponha os seus olhos no propósito e na graça de Deus para a sua vida”. Paulo estava ciente de que seu passado não era puro. Ele disse: Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. — 1 Timóteo 1:12-14 Alguma coisa o tem prendido no passado? Você já se sentiu desqualificado para ser usado por Deus? Você se considera “indigno” por causa de algumas deficiências em suas habilidades ou pecados em seu passado, ou até mesmo devido a alguma batalha que está travando em sua vida agora mesmo? Existe insegurança ou sentimento de inferioridade que o tem impedido de render a sua vida a Deus e ao Seu propósito para a sua vida?

Se respondeu sim a essas perguntas, como eu disse, você não está sozinho. Jamais devemos esquecer que somos privilegiados por servir a Deus, e apenas por Sua misericórdia e graça que podemos fazer isso. Considere algumas passagens importantes que revelam o discernimento de Paulo sobre a origem e a natureza do seu ministério e perceba que o seu passado não o impediu de entrar no seu futuro. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a Sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. — 1 Coríntios 15:9-10 ... não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança... — 2 Coríntios 3:5-6 Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão... — Filipenses 3:12-13

Quais foram algumas das ideias-chave que direcionaram a perspectiva de Paulo sobre o seu ministério? 1. Paulo nunca se esqueceu de onde tinha vindo. Ele reconhecia que Deus não o chamara porque ele era perfeito, ao contrário, chamara-o a despeito de sua hostilidade contra Jesus. 2. A graça não era apenas a base para Deus salvar Paulo, mas também a base para a capacitação de Paulo no ministério. 3. A graça era a base para o ministério de Paulo, mas ele trabalhou duro e fez a sua parte. Ele reconhecia que a sua obra não era independente de Deus, mas se dava em combinação com as obras de Deus nele. 4. Paulo reconhecia que Deus era Aquele que o qualificava e o capacitava para ser um ministro. 5. Paulo não considerava a si mesmo perfeito ou como tendo alcançado a perfeição. Ele reconhecia que ainda havia mais, e ele estava buscando o melhor de Deus. A obra que realizamos para Deus não é fundamentada em nossa perfeição, mas em Sua misericórdia e graça. Todos nós somos uma “obra em progresso”. Não é o que fomos que importa; é onde estamos estabelecidos agora que conta para Deus. O seu passado não é desculpa para privá-lo do futuro que Deus tem para você. Deus tem uma obra para você realizar, e o que Jesus disse em Lucas 9:62 é válido para nós hoje: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o Reino de Deus”.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Você já se sentiu “desqualificado” para servir a Deus por causa de algo em seu passado? Quais foram as suas impressões ao ler a respeito das pessoas na Bíblia que Deus usou apesar de suas falhas e imperfeições? 2. Você já fez algo parecido com Moisés? Pode ser que você tenha a ideia certa acerca de algo que Deus está querendo que você faça, mas talvez o tempo e o modo estejam errados? Você foi capaz de se recuperar e fazer os ajustes necessários para recomeçar mais sabiamente? 3. Descreva, com as suas próprias palavras, como Paulo via a si mesmo à luz dos seus fracassos passados e da misericórdia e graça de Deus, as quais o habilitaram a tornar-se um trabalhador eficaz e um líder espiritual. 4. Qual a compreensão principal que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

2

Spurgeon, Charles, “Ripe Fruit” The Metropolitan Tabernacle Pulpit. Volume 16 (1870), Sermon 945. Extraído de: http://tollelege.wordpress.com/2011/11/20/he-who-grows-ingrace-by-charles-spurgeon/

Capítulo Quatro C “O nosso Senhor deixou claro para Tiago e João que, no Reino de Deus, a alta posição está reservada para aqueles cujos corações — até mesmo nos lugares secretos onde ninguém mais sonda — são qualificados.”3 — Oswald Sanders Pensamento-chave: Todos os líderes espirituais deveriam empenhar-se diligentemente para se tornarem e permanecerem qualificados.

S

e chamássemos a nós mesmos para o serviço — se nos

“autodesignássemos” — então, teríamos o direito de determinarmos os nossos próprios padrões. Mas se Deus nos chama para o serviço, então iremos prestar contas a Ele, e Ele tem o direito de estabelecer o que nos qualifica para servi-Lo de modo eficaz. Moisés estava em um ponto de total sobrecarga. Ele estava tentando ser sozinho os poderes executivo, legislativo e judiciário do governo de Israel. Seu sogro, Jetro, o aconselhou a respeito dos ajudantes que ele deveria escolher (Êxodo 18:21): “Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que

aborreçam a avareza”. A versão da Bíblia A Mensagem traduz esses traços de qualidade como “homens competentes, que temam a Deus e sejam íntegros, incorruptíveis”. Por acaso alguém foi qualificado por Moisés para servir como juiz sob a sua liderança? Não, mas as seguintes características comuns foram identificadas: • Eles tinham que ser capazes e competentes. • Eles tinham que ser tementes a Deus. • Eles tinham que ser pessoas de integridade e honestidade. • Eles tinham que ser incorruptíveis, odiando a avareza e imunes ao suborno. Aqueles que foram selecionados para servir em posição de alta responsabilidade tinham que personificar credibilidade e integridade, para que a corrupção e a injustiça não alcançassem o povo da aliança de Deus. Muitos anos depois, o rei Davi disse: “Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus” (2 Samuel 23:3). Em Atos 6, os apóstolos reconheceram a necessidade de trabalhadores que auxiliariam na distribuição diária de comida (tinha havido acusações de parcialidade e negligência nessa área). Os apóstolos também listaram certas qualificações que foram necessárias quando eles deram a seguinte orientação (Atos 6:3): “... escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço”. Os

apóstolos

não

estavam

simplesmente

procurando

“descarregar” trabalho em alguém, mas era imperativo que aqueles que executariam a tarefa de distribuição tivessem certas qualificações e pudessem lidar com essa responsabilidade. • Eles tinham que ser bem respeitados, confiáveis e ter uma boa reputação. • Eles tinham que ser cheios do Espírito Santo. • Eles tinham que ser cheios de sabedoria. Além disso, como o Evangelho espalhou-se e igrejas foram estabelecidas em outras nações, Paulo providenciou certas diretrizes para aqueles que serviriam como diáconos. Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, caso se mostrem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. — 1 Timóteo 3:8-12 Ao ler essa vasta lista de qualificações, você percebeu que a maioria das exigências tinha a ver com caráter? Em todas essas situações, o serviço oferecido a Deus deveria ser executado por pessoas tementes a Deus. Os traços que são mencionados nessa

lista (temente a Deus, integridade, bem respeitado, inocente, temperado, etc.) são, na realidade, simplesmente as características da maturidade daquele que busca ser como Cristo. Elas não são “emblemas de distinção” inalcançáveis que estão disponíveis apenas para alguns indivíduos especialmente chamados. Na verdade, todo cristão, a despeito de qualquer atribuição ministerial específica, é chamado para crescer em temor a Deus e à semelhança de Cristo. O apóstolo Pedro disse: ...reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora. Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. — 2 Pedro 1:5-11 Como você está nas seguintes áreas? • Excelência moral

• Conhecimento • Domínio próprio • Perseverança • Temor a Deus • Fraternidade • Amor para com todos Se o desenvolvimento em todas essas áreas fosse automático para os cristãos, Pedro não teria destacado a necessidade de crescermos nesses pontos, nem teria mencionado a possibilidade de algumas pessoas fracassarem em desenvolvê-las. A última coisa que eu desejo para qualquer um que leia este livro é decidir que não é perfeito o suficiente e desista da ideia de servir a Deus. Precisamos entender que Deus é por nós! Ele não é um Deus crítico em busca de falhas e que está à procura de meios para impedir de nos engajarmos no serviço cristão. Ele está procurando nos ajudar a nos tornarmos tudo o que Ele nos chamou para ser, para que possamos ter credibilidade diante dos outros e trazer glória para Ele. Mesmo cristãos jovens, que acabaram de entregar os seus corações a Deus, podem procurar por oportunidades para amar e servir a outros. Certamente, existem qualificações que se aplicam especialmente a ofícios ministeriais mais elevados e a serviços de maior expressividade, mas não significa que jovens cristãos não possam ser usados por Deus enquanto ainda estão crescendo.

Quando se Trata de Posições Mais Elevadas... Quando se trata de funções de maior visibilidade e influência na igreja, certo crescimento e desenvolvimento são exigidos. Paulo falou dos diáconos e disse: “Também sejam estes primeiramente experimentados; e, caso se mostrem irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (1 Timóteo 3:10). Indicando a necessidade de liderança espiritual, Paulo também ensinou: “Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo” (1 Timóteo 3:6). A palavra “neófito”, no grego, literalmente significa “recentemente plantado” e se refere a um recém ou novo convertido.4 A Bíblia nos ensina que “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lucas 12:48). É bom convocar jovens para servir a Deus de alguma forma “apropriada à sua idade”, assim como é bom para uma criança aprender a ter responsabilidade guardando os seus brinquedos. À medida que uma criança amadurece, ela se torna capaz de fazer mais e mais. Cristãos “bebês” não devem sentir que não podem fazer alguma coisa para Deus; ao contrário, eles precisam entender que, ao crescerem em maturidade e fidelidade, serão capazes de serem chamados para executar níveis mais altos de responsabilidade.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Moisés estava sobrecarregado, a ponto de entrar em colapso, antes que o seu sogro o instruísse a recrutar e a delegar outros para ajudá-lo. Por que você acha que Moisés não tinha delegado nada até aquele momento? Quais são algumas das razões pelas quais você acha que alguns líderes podem ficar relutantes em delegar? 2. Reveja a lista das quatro qualificações para aqueles que foram selecionados para ajudar Moisés e as três qualificações para aqueles que foram escolhidos para ajudar os apóstolos. Quão essenciais essas características são hoje, e por que cada uma delas seria necessária? 3. Observe os sete traços que Pedro identificou para o crescimento e o desenvolvimento cristão. Avalie o quanto você está indo bem em cada uma dessas áreas. Em quais delas você sente que precisa crescer mais? 4. Por que seria esperado mais de um pastor, ou de outro líder de maior visibilidade na igreja, do que de qualquer outro que simplesmente frequenta a igreja ou serve de maneira mais básica? 5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

3

Sanders, J. Oswald. Spiritual Leadership, Segunda Revisão (Chicago: Moody Press, 1994), 19. 4

Earle, Ralph, Word Meanings in the New Testament (Peabody, MA): Hendrickson Publishers, 1986, 391.

Capítulo Cinco O Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. — 2 Timóteo 2:21 Pensamento-chave: Paulo não estava apenas cauteloso quanto a liderar e influenciar outros, mas ele também via a grande necessidade de assegurar que ele mesmo permanecesse no caminho. Se você está jogando para ganhar, você tem que jogar pelas regras. apóstolo Paulo entendia que a jornada de liderança espiritual é O desafiadora e que grande diligência é exigida para terminar bem. Comparando a jornada cristã a uma corrida, ele disse: Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.

— 1 Coríntios 9:24-27 Em minha experiência cristã inicial, achei a declaração de Paulo alarmante: “... tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. O que significaria tornar-se “desqualificado”? Quando eu comecei a ler a Bíblia, esse versículo me parecia ainda mais inquietante, ao perceber que Paulo expressava um desejo de não terminar como um “inútil”. Mais tarde, como um estudante de escola bíblica e como um jovem pastor ambicioso, ouvi advertências moderadas de ministros que terminaram no provérbio “monturo espiritual” devido à flagrante desobediência e persistente infidelidade. Lamentavelmente, eu tenho visto alguns terminarem dessa maneira. Entretanto, nessa declaração, Paulo não está falando de filiação; ele está falando de ministério eficaz e duradouro, o qual é executado sem implosões autoinfligidas. Ele está se referindo a ser um atleta espiritual que está exercendo grande esforço, não para a glória pessoal, mas para o avanço do Reino. Paulo usa terminologias esportivas para introduzir a ideia da possível desqualificação. Ele fala do rigor atlético e da disciplina necessária para ser competente no ministério. Observe que Paulo não estava apenas preocupado em “pregar a outros”. Ele era diligente em disciplinar o seu próprio corpo e reduzilo “à escravidão”. Paulo reconhecia que antes que ele pudesse liderar outros, primeiramente ele teria que liderar a si mesmo. Antes que ele pudesse efetivamente influenciar outros, primeiramente, ele teria que influenciar a si mesmo para permanecer “no curso”. É

terrivelmente infeliz quando ministros buscam exceder em seu desempenho público, mas se deterioram em seu caráter e integridade. Patsy Cameneti uma vez disse: “No processo de se tornarem grandes pregadores, alguns se tornam cristãos repugnantes”. A coisa mais fácil que você irá fazer no ministério é permanecer atrás de um púlpito e dizer aos outros como eles supostamente devem viver e o que eles supostamente devem fazer. O nosso desafio não é apenas ser um proclamador da Palavra, mas um praticante da Palavra. “Praticar” confere grande autenticidade para o nosso ensino. George Whitefield, certa vez, foi indagado se certo indivíduo era um bom homem. Ele sabiamente respondeu: “Como eu poderia saber disso? Nunca vivi com ele”. Deus não julga a nossa espiritualidade e temor a Ele com base em como pregamos ou em como nos comportamos quando pessoas que queremos impressionar estão observando. Não é que a maneira como nos comportamos em público ou na igreja não seja importante, mas acredito que o teste definitivo para a nossa espiritualidade é como nos comportamos em casa com o nosso cônjuge e nossos filhos, e como nos comportamos quando ninguém está observando. No primeiro capítulo, falamos sobre a seleção de Davi, quando ele foi escolhido para ser o novo rei de Israel. Esse trecho da Bíblia também fala da rejeição de Saul como o rei “autodesqualificado” de Israel. Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o S , teu Deus, te ordenou;

pois teria, agora, o S confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. Já agora não subsistirá o teu reino. O S buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que oS te ordenou. — 1 Samuel 13:13-14 Mais tarde, em 1 Samuel 15:23, Samuel disse a Saul: “Visto que rejeitaste a palavra do S , Ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”. O nome hebraico do apóstolo Paulo também era Saulo e ele era da mesma tribo (Benjamim) que o rei Saul, do Antigo Testamento. Ele recebeu esse nome em homenagem ao seu rei desobediente, o qual desqualificara a si mesmo para a liderança do Reino. Paulo estava determinado a não seguir nas mesmas pisadas de desobediência e desqualificação do seu homônimo. Em vez disso, ele resolveu completar a sua carreira com alegria (Atos 20:24). Considerando que Paulo resolveu usar um evento esportivo (atletismo) para ilustrar a sua ideia, talvez possamos extrair mais revelação ao explorar esse tópico também. No atletismo, um corredor que “queima a largada” ou sai da sua faixa, pode ser desqualificado naquele evento. Entretanto, isso não significa que ele será banido do atletismo para sempre. Para essa corrida em particular, sim, todavia, ele terá que sair do caminho e deixar os outros corredores seguirem sem ele. Diego Mesa é um amigo meu que pastoreia uma igreja no sul da Califórnia. Ele costumava correr maratonas e participar de triatlo. No início dos anos 80, ele se sentiu ótimo ao terminar em terceiro lugar

em um evento muito competitivo. Ele foi bem na corrida, no ciclismo e na natação, portanto, ele alegremente recebeu o seu prêmio de 250 dólares (isso era muito dinheiro para ele na ocasião). Entretanto, em vez disso, ele recebeu um cheque de 175 dólares e foi informado de que ele negligenciara o uso do capacete durante a parte de ciclismo do evento. Como resultado, 75 dólares foram deduzidos da sua premiação. Imagino quantos crentes, e até mesmo pregadores, estarão diante do Senhor, pensando que fizeram coisas maravilhosas para Ele, apenas para descobrir que o seu prêmio foi afetado por motivos, atitudes e métodos errados. Paulo avisou a Timóteo, um jovem pastor: “... o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas” (2 Timóteo 2:5). Ao querer evitar o legalismo, muitos têm minimizado a ideia de “normas”, entretanto, existem diretrizes definidas e princípios envolvidos ao executar um serviço ministerial frutífero e eficaz. Semelhantemente, ignorar ou violar tais ensinamentos e preceitos pode diminuir consideravelmente a produtividade de alguém e, finalmente, afetar o seu prêmio. Jesus falou abertamente acerca da influência espiritual de uma pessoa ser diminuída ou destruída completamente: “Permitam-me dizer por que vocês estão aqui. Vocês estão aqui para ser o sal que traz o sabor divino à terra. Se perderem a capacidade de salgar, como as pessoas poderão sentir o tempero da vida dedicada a Deus? Vocês não terão mais utilidade e acabarão no lixo” (Mateus 5:13, A Mensagem). Foi na mesma veia de pensamento que Paulo expressou o cuidado de que, se ele não conduzisse sua vida de modo temente a

Deus, ele poderia perder a sua utilidade e se tornar desqualificado. Ao falar para um grupo de crentes, Paulo disse: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. Mas espero reconheçais que não somos reprovados” (2 Coríntios 13:5-6). De maneira a desqualificar-se, parece-me que uma pessoa teria que se tornar qualificada em primeiro lugar. Ao falar do seu próprio ministério, Paulo disse: “Deus nos testou duramente para que houvesse certeza de que estávamos qualificados para receber a Mensagem” (1 Tessalonicenses 2:3, A Mensagem).

O Que Faremos, Então? O nosso dever é buscar, de todo o coração, aquelas características que nos qualificam para o serviço eficaz e erradicam da nossa vida aqueles traços que nos desqualificariam. A analogia e a admoestação de Paulo em 2 Timóteo reforçam isso inteiramente: Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. — 2 Timóteo 2:20-21

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Reveja o texto principal estudado neste capítulo (1 Coríntios 9:2427). Como você via esse texto anteriormente? Você consegue vêlo de modo diferente agora? O que essa passagem o desafia a fazer e a focar? 2. O que o conceito “Antes de você poder liderar outros, você deve liderar a si mesmo” significa para você? 3. Você já sentiu como se tivesse “desqualificado” a si mesmo de algum modo do serviço eficaz? Acredita que é possível alguém se “requalificar” e, se sim, como esse processo se daria? 4. De que maneira a atitude de ser um “praticante da Palavra” confere credibilidade às nossas palavras? 5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

Capítulo Seis É

?

“Para mim não foi a verdade que você ensinou, para você tão clara e para mim tão obscura. Mas, quando você veio para mim, você trouxe uma percepção Dele.” — Beatrice Clelland, “Retrato de um Cristão” Pensamento-chave: Nós somos chamados para refletir o caráter de Cristo, mas jamais deveríamos evitar as nossas responsabilidades por esperar que Deus faça todas as coisas que Ele nos disse para fazer.

L

embro-me de um comercial de televisão da Memorex, uma companhia que criou as fitas cassetes de áudio. Um copo de vidro era mostrado sobre uma mesa, enquanto se ouvia a voz de Ella Fitzgerald cantando. Quando certa nota era atingida, o copo se estilhaçava e o telespectador era indagado: “É ao vivo ou é Memorex?” O ponto principal da questão é que a qualidade dos seus produtos era tão elevada que as gravações nas fitas eram essencialmente indistinguíveis da voz ao vivo. Isso me fez considerar qual a “qualidade de reprodução” que está havendo em nossas vidas. É possível, para nós, estarmos tão cheios e transformados pelo Espírito de Deus que o que sai de nós, extraordinariamente reflita a própria natureza de Deus?

Se você parar e pensar a respeito disso, nossa vida deveria ser uma duplicação do Senhor Jesus Cristo. • Lucas 6:40 diz: “O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre”. • Efésios 5:1, na versão AMP, diz: “Portanto, sejam imitadores de Deus [copiem Ele e sigam o Seu exemplo] como filhos amados [imitadores do seu pai]”. • “Aquele que diz que permanece Nele, esse deve também andar assim como Ele andou” (1 João 2:6). Quando Jesus convocou os Seus discípulos, a Sua prioridade inicial não foi para que eles saíssem e pregassem, mas para que eles estivessem com Ele (ver Marcos 3:13-15). Jesus sabia que a transformação pessoal que eles receberiam, através da comunhão e relacionamento com Ele, seria fundamental para a sua obra futura no ministério. Em outras palavras, Jesus colocou a ênfase primária em quem eles se tornariam, e não simplesmente no que eles finalmente fariam. Foi por meio do tempo deles com Jesus que os discípulos aprenderam as Suas atitudes, valores e prioridades. Aqui estão apenas alguns dos valores que eles receberam a partir da sua associação com Jesus: • Eles aprenderam que não deveriam competir e lutar uns com os outros (Mateus 20:20-26). • Eles aprenderam que não deveriam ter atitudes que fossem

territoriais e exclusivas com respeito ao ministério (Marcos 9:3839). • Eles aprenderam que Jesus não vê filhos como um incômodo a ser evitado, mas como membros honrosos da família de Deus (Marcos 10:13-16). • Eles aprenderam que vingança não era uma resposta apropriada àquele que não recebeu o ministério de Jesus (Lucas 9:51-55). • Eles aprenderam que era correto cumprir com as suas obrigações civis (Mateus 17:24-26; 22:17-22). O Espírito de Deus trabalhou tão profundamente e tão intimamente na vida do apóstolo Paulo que, às vezes, ele parecia lutar contra a seguinte questão: “Sou eu, ou é Deus em mim?” Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim... — Gálatas 2:20 ...trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. — 1 Coríntios 15:10 Que dilema agradável! A obra interior do Espírito de Deus dentro do espírito humano de Paulo foi tamanha que ele disse: “Eu vivo” ou “Eu trabalhei”, mas aí ele tinha que esclarecer e dizer: “... mas realmente não era eu... pelo menos, certamente não era apenas eu; era Cristo vivendo e operando através de mim”.

Paulo

não

acreditava

que

Cristo

habitando

dentro

dele

significasse que ele tinha sido colocado em um estado de passividade, inatividade ou de irresponsabilidade. Certamente, ele descansava na obra acabada de Cristo, reconhecendo que Deus era a fonte de toda a vida e do poder dentro dele, mas ele também reconhecia que era um participante ativo com Deus. Ele admitia a sua completa dependência de Deus, mas reconhecia que Deus desejava a sua cooperação e envolvimento ativos no servir, obedecer e cumprir os planos Celestiais para a sua vida. Por exemplo, Paulo disse em Colossenses 1:29: “Para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim”. Portanto, voltemos a uma questão anterior — era Paulo, ou era Deus? Eu não acho que podemos responder a essa questão com um “também/ou”, eu acho que é claramente um “ambos/e”. Era Deus trabalhando em/e através de Paulo, e era Paulo se rendendo e cooperando com Deus.

Não Espere Que Deus Faça o Que Ele Disse para Você Fazer Precisamos discernir, cuidadosamente, qual é o papel de Deus em nossa vida e qual é o nosso; quais são as Suas responsabilidades e quais são as nossas. Se as pessoas simplesmente acharem que Deus irá fazer tudo, elas podem cair em um sentimento de irresponsabilidade e passividade. No entanto, se as pessoas acharem que irão fazer tudo (sem o poder e a capacitação de Deus) elas irão acabar esgotadas, frustradas e exaustas.

Paulo não disse: “Eu não vivo, afinal; é tudo Cristo”. Nem tampouco disse: “Eu não realizei obra alguma de qualquer natureza, era apenas a graça de Deus fazendo tudo”. Paulo disse: “Não obstante, eu vivo” e “Eu trabalhei mais do que todos eles”. Todavia, ele qualificou o seu papel por reconhecer que Deus era a fonte de toda a sua vida e de todo o seu trabalho. Um cidadão leu Romanos 8:26 (“... o próprio Espírito intercede por nós...”) e disse que tinha desistido de orar e estava simplesmente deixando o Espírito Santo realizar esse trabalho por ele. Não, não podemos esperar que Deus faça o que Ele claramente nos disse para fazer, mas podemos confiar que Ele irá nos ajudar e fortalecer à medida que Lhe obedecemos.

E Quanto às Obras? Efésios 2:9 e Tito 3:5 declaram enfaticamente que a nossa salvação NÃO é fundamentada em nossas obras! O dom da salvação é um presente de Deus; é a parte Dele. Ele nos oferece isso gratuitamente, com base na obra acabada de Cristo, e nós recebemos o Seu dom maravilhoso pela fé. Entretanto, se você ler um pouco mais adiante, Efésios 2:10 e Tito 3:8 dizem que somos salvos para as boas obras e também que devemos manter essas boas obras. Essa é a nossa parte! Juntos, salvação pela graça por meio da fé, e boas obras que resultam de seguir essa salvação, nos conduzem à vontade completa de Deus. Isso não apresenta contradição; ao contrário, uma progressão. Salvação, é claro, começa com Deus nos salvando quando éramos completamente incapazes de salvar a nós mesmos.

Entretanto, uma vez que Ele nos salvou e nos fez Seus filhos, por intermédio da fé, Ele opera em nós a fim de aquilo que observamos em Filipenses 2:13 tornar-se uma realidade em nossas vidas: “Não na sua própria força, pois é Deus quem está em todo o tempo operando eficazmente em vocês [energizando e criando em vocês o poder e o desejo], ambos, o querer e o efetuar o Seu bom prazer, satisfação e deleite” (AMP). É você, ou é Deus? Não é nem você nem Deus, exclusivamente. É Deus “operando” em você e você se “rendendo” em submissão e obediência a Deus. O versículo que precede essa declaração fala aos crentes para “desenvolverem a sua salvação com temor e tremor” (Filipenses 2:12). Perceba que Paulo não disse para trabalhar para a sua salvação, mas ao contrário, para desenvolvê-la. A versão diz do versículo 12: “... opere (cultive, execute para o propósito e complete totalmente) a sua própria salvação com reverência e temor e tremor”. Estamos sentados com Cristo nos lugares celestiais (Efésios 2:6), mas também temos que andar neste mundo (Efésios 4:1) e resistir contra as forças espirituais do mal (Efésios 6:10). Estar “sentado” significa que devemos descansar na obra acabada de Cristo. “Andar” e “resistir” significa que devemos agir de acordo com a obra acabada de Cristo.

E Quanto à Purificação? Deus nos purifica ou purificamos a nós mesmos? Cada cristão que conheço se regozijaria de coração no fato de que Deus, através do sangue do Senhor Jesus Cristo, nos purificou de todo pecado!

Na verdade, lemos essa verdade grandiosa em Hebreus 9:14: “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” Enquanto em Hebreus 9:14 o autor acentua a parte de Deus em nossa purificação, enfatiza a nossa responsabilidade em cooperar com Deus e obedecer a Ele no processo total de viver em santidade aqui na terra, a segunda carta aos Coríntios 7:1, diz: “Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus”. Alguém poderia dizer: “Espere um minuto! Se Deus nos purifica, então como purificamos a nós mesmos? Isso não seria desnecessário?” Essa é uma pergunta muito lógica, mas precisamos entender que esses tipos de versículos não são contraditórios; eles são complementares. Existe o “lado de Deus” da nossa redenção (o que Ele fez por nós) e o “lado do homem” (como nós respondemos e agimos a respeito do que Ele fez). A carta aos Efésios ilustra isso perfeitamente. Os capítulos 1 a 3 podem ser resumidos em uma única palavra: “Feito”. Aqueles três primeiros capítulos de Efésios enfatizam o que Cristo fez por nós. Nesses capítulos, encontramos que fomos “abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais” (1:3), fomos “aceitos no Amado” (1:6) e que estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais. Tudo isso fala do que Ele já fez por nós e em nós. Mas Paulo não para com “Feito”. Em Efésios 4 a 6, ele segue instruindo os crentes acerca de “Fazer”. Ele fala do que nós

devemos fazer e como devemos viver à luz do que Cristo fez por nós. A Bíblia não apenas ensina sobre a vida espiritual que recebemos de Cristo, mas também nos ensina a respeito do estilo de vida prático que devemos levar por causa de Cristo. Efésios 4:1 dá o tom para o restante da epístola: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados”. É Deus ou somos nós? A verdade é que somos ambos participantes nos feitos Dele. Deus faz a Sua parte e nós fazemos a nossa. Judas 24 diz que Deus: “... é poderoso para vos guardar de tropeços” e 1 Pedro 1:5 diz que nós somos “guardados pelo poder de Deus”. A parte de Deus é claramente declarada, mas à medida que lemos outras passagens, observamos que também temos uma parte a cumprir. João disse: “Aquele que é nascido de Deus não vive em pecado” (1 João 5:18) e também: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 João 5:21). Judas também instruiu os crentes: “Guardaivos no amor de Deus” (Judas 21). Tiago até mesmo disse que um componente da pura religião é “a incontaminado do mundo” (Tiago 1:27).

si

mesmo

guardar-se

Paulo disse que Cristo entregou a Si mesmo por nós para que Ele pudesse “purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu” (Tito 2:14). Depois disse a Timóteo: “Conserva-te a ti mesmo puro” (1 Timóteo 5:22). O apóstolo João disse: “... a si mesmo se purifica todo o que Nele tem esta esperança, assim como Ele é puro” (1 João 3:3). Portanto, Deus nos purifica, e nos purificamos a nós mesmos? A resposta é um retumbante “sim”! Jamais deveríamos pensar que podemos fazer alguma coisa de significância eterna ou espiritual à parte da Sua capacitação, assistência e qualificação,

mas também não deveríamos pensar que o verdadeiro discipulado envolve um estado desengajado, passivo ou inativo da nossa parte. A maravilhosa obra de Cristo não anula a nossa responsabilidade de sermos “praticantes da Palavra” (Tiago 1:22). À medida que confiamos e seguimos o Senhor Jesus Cristo, nós ativamente nos rendemos, obedecemos e cooperamos com o Seu plano e propósito que está sendo executado em nossas vidas.

E Quanto a Ser Qualificado? Exatamente como a ilustração citada, existe uma “parte de Deus” e uma “parte do homem” no processo da nossa qualificação. Deus providencia toda a matéria-prima: Seu chamado, Seu Espírito, Seus dons e Sua orientação. Recebemos esses dons e permitimos que eles influenciem as nossas vidas. Ele nos qualifica e nós andamos nessa esfera de qualificação. Ele faz isso, mas nós participamos com Ele.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Qual é a “qualidade da reprodução” em sua vida? Quão bem você está reproduzindo a natureza de Deus em seu caráter? 2. Por que você acha que a prioridade inicial e principal de Jesus para os Seus discípulos era que eles estivessem com Ele, em vez de focar no que eles poderiam fazer para Ele? 3. Em alguma ocasião você já se questionou se era você fazendo algo ou se era Deus operando por intermédio de você? 4. O que a frase “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” significa para você? 5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

Capítulo Sete A “Integridade significa que se a nossa vida privada for subitamente exposta, não teremos qualquer razão para ficarmos envergonhados ou embaraçados. Integridade significa que a nossa vida pública é consistente com as nossas convicções interiores.”5 — Billy Graham Pensamento-chave: Integridade e fidelidade são essenciais para a fundação da verdadeira liderança espiritual.

A

li estava ele, um profeta idoso e grisalho. Seu semblante refletia uma vida inteira de serviço marcado por

honestidade e integridade. Lágrimas podem ter umedecido os seus olhos enquanto refletia acerca de sua jornada ao longo de décadas e falou àqueles a quem havia servido (1 Samuel 12:2-5): Agora, pois, eis que tendes o rei à vossa frente. Já envelheci e estou cheio de cãs, e meus filhos estão convosco; o meu procedimento esteve diante de vós desde a minha mocidade até ao dia de hoje. Eis-me aqui, testemunhai contra mim perante o S e perante o Seu ungido: de quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? A quem oprimi? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com

ele os meus olhos? E vo-lo restituirei. Então, responderam: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma das mãos de ninguém. E ele lhes disse: O S é testemunha contra vós outros, e o Seu ungido é, hoje, testemunha de que nada tendes achado nas minhas mãos. E o povo confirmou: Deus é testemunha. Samuel tinha completado a sua carreira com as mãos e o coração limpos. Ele resistiu às tentações que todo líder enfrenta e se recusou a perder a sua integridade ou ceder à atração de explorar o povo ou abusar do seu poder.

Integridade e Matemática A palavra “integridade” está realmente relacionada a um termo matemático, “número inteiro”. Um “número inteiro” é um número que não é dividido ou que não contém uma fração. Por exemplo, 2 e 7 são “inteiros”. Já 2/3 ou 5,7 não são. Uma pessoa com integridade, portanto, é uma pessoa que não está dividida; ela é uma pessoa “inteira”. Ela não está vivendo 92% para Deus e 8% no prazer do pecado. Ela não fala a verdade 96% do tempo ou exagera e fala mentira nos outros 4%. Estou ciente de que nenhum ser humano nesta terra é impecavelmente perfeito ou incapaz ou errante, mas uma pessoa de integridade não vive uma vida dupla. Se ela erra em uma área, ela se arrepende, recebe perdão, se corrige e segue em frente. Ela não leva um estilo de vida que é parcialmente comprometida com a santidade e parcialmente não. Ecoando o legado de integridade de Samuel, Paulo disse:

• “Acolhei-nos em vosso coração; a ninguém tratamos com injustiça, a ninguém corrompemos, a ninguém exploramos” (2 Coríntios 7:2). • “... me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens” (Atos 24:16). • “Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes” (1 Tessalonicenses 2:10).

Integridade Influencia Outros Paulo ensinou que não importa quão alta ou baixa seja a nossa posição na sociedade, todo seguidor do Senhor Jesus Cristo pode ser qualificado ou desqualificado — eficaz ou ineficaz — quando se trata de ser uma boa influência para outros. Vivendo em uma sociedade na qual a escravidão era comum, Paulo instruiu os cristãos escravos a como serem uma testemunha positiva: Quanto aos servos, que sejam, em tudo, obedientes ao seu senhor, dando-lhe motivo de satisfação; não sejam respondões, não furtem; pelo contrário, deem prova de toda a fidelidade, a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador. — Tito 2:9-10 A partir desse versículo, concluímos que uma pessoa não precisa ter um alto status na vida ou uma posição ministerial imponente para ter uma influência positiva sobre outros. Não tem nada a ver com o

nosso status ou posição; definitivamente, tem a ver com o nosso caráter e conduta. José é um grande exemplo bíblico de um indivíduo que teve o favor de Deus em sua vida, quando ele era um escravo e um prisioneiro (e, com o tempo, o primeiro-ministro do Egito). Ele deliberada e intencionalmente manteve a sua integridade diante de Deus, mesmo quando tentado pela esposa de Potifar. José não aproveitou a situação, mas em vez disso, agarrou-se tenazmente ao plano e a vontade de Deus para a sua vida. Ele disse: “... como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gênesis 39:9). Daniel é outro exemplo marcante de um homem cuja vida refletia um caráter temente a Deus. Muito antes de ele ser um profeta, era um estudante com convicções santas e fortes. Depois disso, ele serviu como primeiro-ministro de dois impérios diferentes. Suas posições, contudo, não o definiam; seu caráter, sim. Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino. Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa. — Daniel 6:3-4 Uma história de origem desconhecida tem circulado em livros de ilustrações para pregações, e agora ela está amplamente difundida

pela Internet. Seja essa história verídica ou fictícia, o fato é que ela tem um grande impacto: Muitos anos atrás, um pregador de fora do Estado aceitou um chamado para uma igreja em Houston, Texas. Algumas semanas após a sua chegada, ele precisou tomar um ônibus da sua casa para o centro da cidade. Quando ele se sentou, descobriu que o motorista, acidentalmente, lhe dera 25 centavos a mais de troco. Enquanto considerava o que fazer, pensou: Você deveria devolver os 25 centavos. Seria errado ficar com ele. Então ele pensou: são só 25 centavos! Quem iria se preocupar com esse valor? De qualquer maneira, a companhia de ônibus já arrecada muito dinheiro; jamais sentirão falta disso. Aceite isso como um presente de Deus e fique quieto. Quando chegou ao seu ponto de descida, ele parou momentaneamente na porta e disse: “Aqui, você me deu troco a mais”. O motorista, com um sorriso, respondeu: “Você não é o novo pregador na cidade?” “Sim”, ele replicou. “Bem, ultimamente tenho pensado muito a respeito de ir a algum lugar para adorar. Eu só queria ver o que você iria fazer se eu lhe desse troco a mais. Eu o verei na igreja no domingo.” Quando o pregador desceu do ônibus, ele literalmente agarrouse ao poste mais próximo e disse: “Ó, meu Deus, eu quase

vendi o Seu Filho por 25 centavos”. Ao comentar acerca da influência de David Livingstone em sua vida, Henry M. Stanley disse: “Quando eu vi a paciência incansável e o zelo incansável daqueles filhos iluminados da África, eu me tornei um cristão ao seu lado, embora ele jamais tenha falado uma só palavra para mim”. Revelando o poder do exemplo, Francisco de Assis supostamente disse: “Pregue o Evangelho em todo o tempo e, se for necessário, use palavras”. Como embaixadores de Deus na terra, não somos chamados apenas para pregar uma mensagem, mas para conduzirmos vidas exemplares a fim de que, segundo Tito 2:10: “... fazer o ensino sobre Deus nosso Salvador atrativo de todas as formas”. Seríamos tolos, todavia, em pensarmos que somos aqueles que fazemos as pessoas virem a Deus. Paulo também disse: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (2 Coríntios 4:5). Ele entendia totalmente que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação (Romanos 1:16). Entretanto, as nossas vidas deveriam expressar a bondade do Evangelho para outros, e não distraí-los dele.

Integridade Está Conectada à Fidelidade Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e

perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. — 1 Timóteo 1:12-13 Sabemos que o ministério de Paulo teve a sua origem no chamado e na misericórdia de Deus, mas houve uma resposta na parte de Paulo a qual foi essencial para a sua iniciação e promoção no ministério. Qual foi? Deus considerou Paulo fiel. Fidelidade é tão importante que Paulo disse: “... é [essencialmente] exigido dos mordomos que um homem seja achado fiel [provando-se digno de confiança]” (1 Coríntios 4:2, AMP). Um mordomo é alguém que gerencia os assuntos de outro, e é exatamente isso que fazemos quando servimos a Deus. Deveríamos vigiar e executar fielmente a obra (Sua obra) que Ele nos atribuiu para fazermos. Alguns dos sinônimos e palavras atribuídas para “fidelidade” incluem: constante, dedicado, devotado, bom, leal, firme, resistente, fidedigno, confiável, responsável, sólido, experimentado, digno, decidido, determinado, resoluto, entusiasta, fervoroso e impetuoso.6 Essas são todas boas palavras para descrever o que Deus deseja ver em nossas vidas, à medida que respondemos ao Seu chamado e à Sua Palavra. Jesus descreveu a natureza essencial da fidelidade em Lucas 16:10-12: Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta,

quem vos confiará a verdadeira riqueza? Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso? Existem três áreas distintas em nossas vidas onde Deus procura por fidelidade: 1. Nas Pequenas Coisas (“se for fiel no pouco, você será fiel no muito”). Algumas pessoas acreditam que não há problema em se tornarem fiéis apenas quando Deus lhes der uma tarefa realmente grande e importante. Com base nesse raciocínio, elas acreditam que está tudo bem dispensar um esforço mínimo ou ser pouco dedicado a uma tarefa caso ela não pareça assim tão grande ou interessante. Contudo, muito ao contrário, Jesus disse que é vital, para nós, sermos fiéis mesmo nas pequenas coisas e que a nossa fidelidade nas coisas pequenas indica que seremos fiéis nas responsabilidades maiores. Alguém disse: “Deus não tem um campo maior para o homem que não é fiel fazendo a obra onde ele está”.7 2. Nas Coisas Práticas ou Naturais (“... se você é desonesto nas riquezas naturais, quem irá confiar a você as riquezas do céu?”). Fidelidade se aplica muito mais do que simplesmente a coisas consideradas espirituais ou religiosas. Jesus se refere especificamente a riquezas materiais e firmemente implica que exercer boa administração no que tange a coisas naturais é um pré-requisito para que alguém seja encarregado de coisas espirituais. Se as pessoas são descuidadas e imprudentes ao lidar com o seu dinheiro, então isso é um indicativo de como elas lidariam com as

riquezas espirituais. 3. Nas Coisas Que Não São Suas (“... se você não é fiel com as coisas das outras pessoas, por que você seria confiável com as suas próprias coisas?”). Algumas pessoas expressam um desejo pelo seu “próprio” ministério, mas como elas têm se comportado ao ajudar outra pessoa a cumprir a tarefa que Deus lhe tem confiado? O que realmente importa não é se eu estou no comando, mas que a vontade de Deus seja realizada. Se isso significa assumir um papel de apoio, então deveríamos estar tão entusiasmados e comprometidos como estaríamos se fôssemos os líderes “principais”.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Reveja o maravilhoso testemunho de integridade de Samuel relativo ao final de sua vida. O que você gostaria de dizer sobre sua própria vida e conduta quando estiver aproximando-se da linha de chegada? 2. Paulo falou acerca de “ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador”. O que você pensa sobre isso? Como um cristão faz isso e por que isso é importante? 3. O que você achou da história do motorista do ônibus e dos 25 centavos? Você consegue imaginar outros cenários nos quais a mesma coisa poderia ocorrer? 4. O que a fidelidade significa para a sua vida? O quão desejoso você está de ser fiel nas pequenas questões práticas e nas coisas que não são propriamente suas? 5. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

5

Billy Graham. The Journey. Nashville. W Publishing Group, 2006, p. 189.

6

“Faithfulness”. Merriam-Webster.com.2012.http://www.meriam-webster.com (29 maio 2012). 7

Kelly, Bob, Worth Repeating: More Than 5,000 Classic and Contemporary Quotes (Grand Rapids: Kregel Publications, 2003), 115.

Capítulo Oito A “É inútil, para qualquer um de vocês, querer ser ganhador de almas se vocês não estão produzindo frutos em suas próprias vidas. Como vocês podem servir ao Senhor com os seus lábios se não lhe servem com as suas vidas? Como vocês podem pregar o Seu Evangelho com os seus lábios quando com as mãos, pés e coração vocês estão pregando o evangelho do diabo e exaltando a um anticristo com suas práticas ímpias?”8 — Charles H. Spurgeon Pensamento-chave: Um caráter falho distrai e enfraquece uma grande mensagem.

N

ão tão longe de Samuel estava outro líder, de nome Saul. Chamado por Deus para ser rei, ele tropeçava com

inconsistência e instabilidade. Ele não vivia por princípios, era irregular e arbitrário em sua liderança e, diferente de Samuel, o legado de Saul é de desobediência, inveja, violência e vergonha. O que faz com que um líder complete a sua carreira com honra, ao passo que outro complete a sua com desonra? Isso será abordado nas páginas seguintes. Muitos anos atrás, passei um tempo com um pastor que se

envolvera em um caso amoroso prolongado. Como resultado da sua imoralidade, a sua esposa e os seus filhos estavam sofrendo, e a sua igreja se aproximava do fim. Uma publicidade significativa na comunidade fez do seu adultério um escândalo que se espalhou. Ele se mostrava um pouco confuso, pois as pessoas simplesmente não o perdoavam e não se esqueciam. Afinal de contas, ele explicou os motivos, ele havia se desculpado, então por que as coisas não poderiam simplesmente voltar a ser como antes? Infelizmente, esse ministro estava confundindo a questão do perdão com confiança. Certamente, o perdão pode ser estendido, contudo, a confiança é adquirida. Uma traição flagrante da confiança ocorreu, e confiança é a moeda do ministério. É por isso que Paulo disse que o líder da igreja deve ser “... irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar... Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do Diabo” (1 Timóteo 3:2,7, NVI). Compartilhei com ele que verdadeiramente Deus perdoa, mas, em algumas situações, a habilidade de ministrar efetivamente de alguém é severamente comprometida e diminuída. Eu também expliquei (bem cuidadosamente) que ele havia se desqualificado de ser apto a ministrar durante aquela estação de sua vida, naquela localidade em particular. Em vez de focar no ministério público, ele realmente precisava focar em estabelecer a sua inteireza pessoal, enquanto reestabelecia o seu equilíbrio espiritual. Esse processo de restauração incluía buscar cura e restauração para o seu relacionamento com sua esposa e família.

Em outra situação, não correlacionada, eu falei com uma jovem estressada, cujo pai era pastor. Seu pai se envolveu com outra mulher e ela disse: “Meu pai tem duas caras — ele é uma pessoa no púlpito, mas é uma pessoa totalmente diferente em casa”. Tais indivíduos podem ser um sucesso público (pelo menos por enquanto), mas falham na vida privada. Esses problemas não se aplicam somente a pregadores; eles aplicam-se a todos que Deus chamou para exercerem uma influência positiva sobre outros. Por exemplo, vamos dizer que Joe é um cristão professo e é ativo na igreja. Todos os domingos, seus vizinhos o veem com sua Bíblia na mão, levando sua família à igreja no seu carro (com adesivos de Jesus colado no vidro). Eles também ouvem suas ocasionais referências da sua fé em Jesus. O plano de Deus para a vida de Joe — não só suas palavras — é que ele seja um testemunho do amor de Deus e de Sua bondade. Contudo, se o vizinho de Joe o vê em um excesso de mau humor, maldizendo o cortador de grama, gritando com os seus filhos, chutando o seu cachorro, então essa influência não irá atraí-los a Deus, mas irá repeli-los. Nosso exemplo importa! Ralph Waldo Emerson disse: “O que você faz grita tão alto nos meus ouvidos que eu não posso ouvir o que você diz”. Se Joe tivesse exibido um caráter temente a Deus, então o Espírito Santo poderia usá-lo para influenciar os seus vizinhos positivamente, mas a sua exibição de raiva incontrolada o desqualificou de ter um impacto positivo naqueles ao seu redor. E se Joe percebesse quão danoso o seu comportamento foi para o seu testemunho? Se ele oferecesse um pedido de desculpas sincero

para aqueles que ele ofendeu e então começasse a mostrar o fruto do espírito? Ele poderia “se requalificar” e se tornar uma boa testemunha? Muito provavelmente. De fato, sua consciência, humildade e desejo de mudar podem causar uma boa impressão real a eles. Nosso exemplo tem o poder de atrair ou repelir pessoas. Paulo tinha pouca apreciação por indivíduos que se regozijavam com o próprio bem, que sentiam que eram espiritualmente superiores a outros. Suas atitudes arrogantes e estilos de vida contrários eram um grande impedimento para aqueles que ainda estavam fora da fé. Se, porém, tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; que conheces a Sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei; que estás persuadido de que és guia dos cegos, luz dos que se encontram em trevas, instrutor de ignorantes, mestre de crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa. — Romanos 2:17-24 Trata-se de uma realidade séria e que nos faz refletir. Precisamos reconhecer que o nosso testemunho no mundo e a nossa influência sobre outros é vital. Como cristãos e líderes espirituais, se as nossas vidas saem da linha, nós podemos receber perdão e seguir em frente. Mas o que dizer do efeito que o nosso comportamento

exerce sobre outros? Nós podemos nos recuperar e endireitar as coisas, mas e quanto às “partículas” que respingam nas vidas de outros devido à nossa conduta? Eles irão se recuperar da influência negativa do nosso mau exemplo? A seriedade dessa questão e destacada pelo que Jesus disse: Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo! — Mateus 18:6-7 Reconhecendo a significância e a responsabilidade que vêm com a influência, C.S. Lewis disse: “Importa muitíssimo se eu alieno alguém da verdade”.9

O Estranho Caso do Rev. Jekyll e o Sr. Hyde Provavelmente, você nunca ouviu falar do “Reverendo” Jekyll antes. Utilizei certa licença poética e fiz um leve ajuste ao romance de Robert Louis Stevenson, O Médico e o Monstro, de 1886. No livro de Stevenson, o Dr. Henry Jekyll é um homem aparentemente bom, educado, decente e respeitável. Uma poção experimental para purificar o seu lado bom tem o infeliz efeito de magnificar o seu lado obscuro, o que resulta no aparecimento do seu alter ego, Edward Hyde. Hyde é perverso, monstruoso, odioso e

assassino. Ele é a encarnação do mal. Mais de 125 anos depois, quando as pessoas ouvem a expressão, “Jekyll e Hyde”, elas ainda pensam em uma pessoa que é radicalmente diferente em seu caráter moral e comportamento de um momento para o outro. A razão por que eu mudei “Dr. Jekyll” para “Rev. Jekyll” é porque eu quero analisar dinâmicas semelhantes quando se trata de líderes espirituais. Jesus expôs alguns Rev. Jekylls quando disse para muitas pessoas religiosas de Sua época: “... porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim, também, vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mateus 23:25, 27-28). Paulo tinha muitos confrontos com mais de um Rev. Jekyll. Ele disse: “... em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos” (2 Coríntios 11:26). Na versão A Mensagem, em 2 Tessalonicenses 3:2, Paulo diz: “Orem para que estejamos protegidos dos malfeitores, que querem nos prejudicar. Penso que nem todos os ‘cristãos’ são, de fato, cristãos”. E quanto a você? Você já encontrou “crentes” que não eram de fato crentes? Ou se eles eram, certamente não se comportavam como tal. A duplicidade entre os pseudolíderes espirituais é algo que tem sido observado ao longo da história da Igreja.

• Agostinho disse de certos pregadores: “Com a sua doutrina eles constroem, e com as suas vidas eles destroem”.10 • John Bunyan disse: “Santo na rua, um demônio em casa”.11 • Charles Spurgeon, conhecido como o príncipe dos pregadores disse: “É terrivelmente fácil ser um ministro do Evangelho e um vil hipócrita ao mesmo tempo”.12 • Em Palestras para Meus Alunos, Spurgeon disse: “Todos ouvimos a história do homem que pregava tão bem e vivia tão mal que quando ele estava no púlpito, todos diziam que ele jamais deveria sair novamente e, quando ele estava fora, todos declaravam que ele jamais deveria entrar novamente”.13 • C. S. Lewis disse: “De todos os homens maus, os maus religiosos são os piores”.14 Como líderes cristãos, nossa responsabilidade primária é não termos uma boa fachada; é ser verdadeiramente transformado. O cristianismo genuíno é alicerçado em substância e não em imagem. É por isso que o apóstolo João disse: “Aquele que diz que permanece Nele, esse deve também andar assim como Ele andou” (1 João 2:6). Jesus disse: “... todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre” (Lucas 6:40). No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, negamno por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra. — Tito 1:16

Segredos Nos últimos anos, temos visto exemplos vívidos de líderes seculares, figuras esportivas de alto nível e até mesmo ministros que viram seu mundo implodir por causa de uma vida secreta (ou vida dupla). Tais revelações não apenas fornecem um bom material para os jornais sensacionalistas, mas também deixam um legado de confiança destruída, e pessoas que confiavam neles cambaleando em estado de choque, dor e desilusão. O que faz com que pessoas inteligentes pensem que os seus segredos tóxicos jamais terão consequências ou serão expostos? A primeira decepção que a humanidade perpetrou foi a heresia: “Nós podemos manter isso em segredo”. Adão e Eva se uniram na primeira tentativa de encobrir: “... coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si” (Gênesis 3:7). Ao ouvir Deus chamando-os, eles ainda sentiram culpa e vergonha e tentaram esconder-se atrás das árvores do jardim (Gênesis 3:8). Até Moisés pensou que poderia se esconder do assassinato, posto que ninguém o vira cometer o crime. Êxodo 2:12 diz: “Olhou de um e de outro lado, e vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio, e o escondeu na areia”. Este é um bom ponto a ser considerado em nossas vidas: existe alguma coisa que só faríamos se achássemos que ninguém está observando, ou se achássemos que ninguém jamais descobriria? Outros relatos bíblicos nos lembram de que tais segredos têm um jeito de não permanecerem tão secretos: • Acã (Josué 7:10-25)

• Davi (2 Samuel 12:12) • Geazi (2 Reis 5:25-27) • Ananias e Safira (Atos 5:1-11)

Jesus e Paulo Acerca de Coisas Secretas (Boas e Más) Vindo à Tona Você perceberá que os textos a seguir não apenas lidam com coisas negativas (tais como “pecados secretos” vindo à tona), mas também com coisas boas que, mais tarde, serão reveladas e galardoadas. ...pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido. — Mateus 10:26 Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser revelado. — Marcos 4:22 ...e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. — Mateus 6:4 ...no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu Evangelho. — Romanos 2:16 Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o

Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus. — 1 Coríntios 4:5 ...pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam... — 2 Coríntios 4:2 Os pecados de alguns homens são notórios e levam a juízo, ao passo que os de outros só mais tarde se manifestam. Da mesma sorte também as boas obras, antecipadamente, se evidenciam e, quando assim não seja, não podem ocultar-se. — 1 Timóteo 5:24-25 Porque a Palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas. — Hebreus 4:12-13

O Que Nós Fazemos Dessas Passagens? Isso significa que aqueles nossos pecados passados — os quais foram confessados, arrependidos e abandonados — serão trazidos por Deus e usados contra nós? De forma alguma! Provérbios 28:13

diz: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”. Não nos esqueçamos da misericórdia e, principalmente, não nos esqueçamos do sangue de Jesus que nos purifica de todo pecado! Não falo de um pecado que é reconhecido e renunciado, mas de atitudes e comportamentos que são nutridos, cultivados e perpetuados — levando a uma vida dupla ou “secreta”. Um dos maiores desafios e tentações que crentes (e especialmente ministros) enfrentam é o de se tornar focado na sua aparência externa, enquanto negligenciam o cuidado e a saúde da sua “vida interior”. Finalmente, nossas vidas e ministérios devem ser alicerçados em substância e caráter, e não meramente em imagem e reputação. John Maxwell disse: “Imagem é o que as pessoas pensam que somos. Integridade é o que realmente somos”.15 Quando a vida e os relacionamentos de um líder — o seu mundo verdadeiro — tornam-se dolorosos, cheios de pressões, sem realizações etc., ele pode ser tragado pelo que pensa ser o seu mundo privado, de maneira a escapar da realidade. Nessa realidade alternativa (falsa), ele alivia a si mesmo por meio de relacionamentos ilícitos, pornografia, drogas, álcool, etc. Um processo enganoso tipicamente ocorre, no qual o líder começa a acreditar que Deus está, de alguma maneira, tolerando ou permitindo esse comportamento porque, afinal, as pessoas continuam sendo salvas e abençoadas por intermédio da sua pregação, e a igreja pode até continuar a crescer. Ao desvirtuar a graça de Deus e transformá-la como algo do tipo “permissão divina”, eles falharão em reconhecer que Deus está simplesmente dandolhes espaço para se arrependerem (veja Apocalipse 2:21).

Em um artigo de jornal falando de sexo na propaganda, um representante da agência de publicidade disse: “Todos estão em busca de fantasia, pois a realidade é muito cruel”.9 Ainda que haja certa precisão nessa declaração, devemos fazer a pergunta: Os planos de Deus estão se tornando fantasia para os Seus filhos? Também é verdade que, quando pessoas lutam com a realidade, algumas se voltam para as drogas e o álcool. Os cristãos são ensinados a se voltarem para Deus e para a Sua graça para lidarem com os desafios da realidade.

O Que Precisamos Fazer? Inicialmente, ser brutalmente honestos conosco mesmos. Se estivermos nos envolvendo com algum tipo de comportamento que não gostaríamos que o nosso cônjuge, amigos, outros crentes ou o público soubesse a respeito, então precisamos tratar seriamente com Deus e conosco mesmos acerca do assunto. Estamos nos enganando se pensamos que estamos realmente escondendo alguma coisa de Deus. Davi disse: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. — Salmos 139:23-24 A única “vida secreta” que somos chamados a ter é uma com Deus, e não longe Dele. O Salmo 31:20 se refere a “... no recôndito

da tua presença”. O Salmo 91:1 nos diz que a pessoa que “... habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente”. Que estejamos sempre conscientes da verdade penetrante de Hebreus 4:13 (AMP): “E não existe criatura que esteja escondida da Sua visão, mas todas as coisas estão descobertas e expostas, nuas e desprotegias aos olhos Daquele a quem haveremos de prestar contas”. Em alguns casos, a prestação de contas para uma pessoa de confiança pode ser muito útil. Paul Tournier disse: “Nada nos faz tão solitários quanto os nossos segredos”. Tiago defendeu a ideia de se estabelecer uma parceria com base no temor de Deus no intuito de superar certas questões, quando disse: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados” (Tiago 5:16). Como representantes do Senhor Jesus Cristo, que jamais seja dito de nós o que Pedro falou dos falsos mestres em sua época: “Prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido, fica escravo do vencedor” (2 Pedro 2:19). Lembre-se de que Deus é por nós e não contra nós, e que Ele quer nos ajudar a nos tornarmos tudo o que Ele pretende que sejamos. Ele não cuida apenas do nosso desempenho exterior, mas cuida profundamente da saúde e bem-estar da nossa alma.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. O que você acha das duas frases a seguir: A confiança é adquirida. A confiança é a moeda do ministério. 2. Que tipo de coisas estariam envolvidas para que uma pessoa fosse “requalificada”, no caso de ela ter se tornado desqualificada? Serviria sempre do mesmo jeito, ou iria divergir de situação para situação? 3. Enquanto você lia a passagem de Romanos 2:14-17, você se lembrou de alguma área na qual ensinou outros a fazerem alguma coisa, mas você mesmo não o fez? 4. A seguinte declaração foi feita neste capítulo: “A única ‘vida secreta’ que somos chamados a ter é uma com Deus, e não longe Dele”. Quão bem você se sente quanto a isso estar sendo vivido em sua vida? 5. Qual foi a principal revelação que você obteve deste capítulo?

8

Spurgeon, Charles H., “O Ganhador de Almas”. Um sermão pregado em uma noite de quinta-feira, 20 de janeiro de 1876, no Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres. 9

Lewis, C. S., O Problema da Dor (New York: Harper São Francisco, 1940), 95.

10

Spurgeon, C. H., Palestras para os Meus Alunos (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1954), 19. 11

Bunyan, John, O Peregrino, (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 2004), 66. http://thegracetabernacle.org/quotes/Hypocrisy.htm 12

Spurgeon, C. H., Palestras para os Meus Alunos (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1954), 17. 13

Lewis, C. S. Reflexões Sobre os Salmos (New York: Mariner Books, 1964), 32.

14

Maxwell, John, Desenvolvendo o Líder Dentro de Você (Nashville: Thomas Nelson, 2005), 41. 15

Horowitz, Bruce, “Superbowl Ads Get Racier, but Does Sex Really Sell?” USA Today, 2022 de janeiro de 2012. http://www.usatoday.com/money/ advertising/story /2012-0119/godaddy-sexy-super-bowlads/52686084/1.

Capítulo Nove V “Um em cada cem homens lerá a Bíblia, os outros 99 lerão o cristão.” — D. L. Moody Pensamento-chave: Nossas vidas são uma carta que outros leem.

P

aulo disse aos Coríntios: “A vida de vocês é uma carta que qualquer um pode ler simplesmente olhando para vocês. O próprio Cristo a escreveu — não com tinta, mas com o

Espírito do Deus vivo. Essa carta não é inscrita na pedra, mas entalhada em vidas humanas — e nós a publicamos” (2 Coríntios 3:2-3, A Mensagem). Além da mensagem que enviamos ao mundo por meio da nossa conduta e estilo de vida, precisamos estar cientes do quão, supostamente, cristãos maduros e líderes espirituais influenciam cristãos mais jovens e aqueles que podem estar fracos na fé. Paulo dedicou uma quantidade substancial de tempo (veja 1 Coríntios 8 e Romanos 14) persuadindo aqueles que se consideravam maduros, para que jamais permitissem que a sua liberdade em Cristo se tornasse uma pedra de tropeço para aqueles

que eram menos maduros ou tinham uma consciência fraca. “E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1 Coríntios 8:13). De modo semelhante, Paulo disse: “Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu”, e “é bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar” (Romanos 14:15,21). Embora esse contexto de comer alimentos consagrados a ídolos possa estar muito distante de nós historicamente, o princípio permanece claro. Se alguma coisa que fazemos impede a fé de outros, precisamos evitar isso. Se as ações de cristãos podem ofender aqueles que são imaturos na fé, isso também pode ser uma razão para que as nossas ações possam influenciar — positiva ou negativamente — aqueles que estão “fora da fé”. Tim Tebow, um cristão e jogador de basquete da NFL, foi indagado se ele consumia álcool. Sua resposta foi: “a principal razão por que eu não consumo álcool é porque, se eu tomar uma taça de vinho, eu não quero ser responsável pelo garoto que me vê e diz: ‘Ei, o Tebow está fazendo isso, então eu vou fazer também’. E, depois, ele toma uma decisão ruim. Porque, goste disso ou não, é sério”, ele diz.16 Com isso em mente, vejamos três verdades essenciais para o entendimento do nosso testemunho no mundo.

1. O Mundo Não Julga Líderes Espirituais por Verdades

“Posicionais”. Um dos momentos mais alegres e libertadores na vida dos crentes é quando eles percebem o que Deus fez e declarou sobre eles. Por causa da obra redentora do Senhor Jesus Cristo, Deus declarou que todo cristão é: • Um filho de Deus (Romanos 8:16). • Uma nova criatura (2 Coríntios 5:17). • A justiça de Deus em Cristo (2 Coríntios 5:21). • Abençoado com toda sorte de bênçãos nas regiões celestiais, em Cristo (Efésios 1:3). • Aceito no Amado (Efésios 1:6). • Sentado com Cristo nos lugares celestiais (Efésios 2:6). Essas verdades são maravilhosas para o crente esclarecido, mas o incrédulo não tem qualquer noção de tais verdades. O mundo não pode enxergar a nossa posição em Cristo; tudo o que eles podem observar é o que nós praticamos. Eles não podem perceber a nossa “vida eterna” em Cristo; tudo o que eles podem ver é o nosso estilo de vida.

2. O Mundo Julga Líderes Espirituais com Padrões Mais Rigorosos do que Outros. Tiago 3:1 diz: “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”. É simplesmente um fato de que as pessoas tendem a esperar

mais daqueles em posições de liderança espiritual. Em alguns aspectos, isso pode parecer injusto e, alguns, no ministério, ficam sob pressão por estarem sempre preocupados acerca do que as outras pessoas irão pensar de tudo o que eles fizerem e disserem. Por exemplo, alguns ministros colocam uma pressão enorme sobre os seus filhos, para que sejam “perfeitos” o tempo todo e, ao fazer isso, permitem que o medo de outras pessoas, e suas opiniões, penetrem de forma doentia em suas vidas. No entanto, esta é uma ótima oportunidade para lembrar aos membros de igreja que pastores e suas famílias são 100% humanos. É verdade, olhamos para o pastor como um líder e exemplo, mas tenha em mente que eles mesmos estão crescendo e, sem dúvida, existem algumas áreas em que as suas imperfeições aparecem de tempos em tempos. Como um jovem pastor assistente no início da década de 1980, o meu pastor sênior tinha uma placa na parede de seu escritório com um poema que me impressionou. O poema era intitulado “Eu Sou o Seu Pastor”, e era isso que dizia: Memorando para: Minha Congregação De: Seu Pastor Quando você se ergue para as alturas e para o seu melhor, eu sou o seu pastor. Quando você cede à tentação e cai ao nível mais baixo, eu sou o seu pastor. Quando você vive no Espírito e manifesta a atitude de um

cristão, eu sou o seu pastor. Quando, por um tempo, você afunda ao nível da carne, eu sou o seu pastor. Quando você anda no caminho do dever e faz a vontade de Deus, eu sou o seu pastor. Quando você entra no caminho da desobediência, eu sou o seu pastor. Quando alegrias chegam a você e intensificam as notas de louvor em seu coração, eu sou o seu pastor. E, quando as trevas vêm como uma blindagem escura sobre a sua vida, eu sou o seu pastor. Quando você faz o seu melhor e merece a aprovação de outros, eu sou o seu pastor. Quando você faz o seu melhor e o seu bem é tido como perverso, eu sou o seu pastor. Quando você tem tudo o que precisa e mais do que é necessário para a vida, eu sou o seu pastor. Quando você sente o aperto da pobreza e a sua capacidade de adquirir diminui, eu sou o seu pastor. Quando você se mantém doce e gracioso, como um cristão maduro deve se manter, eu sou o seu pastor. Quando você age com infantilidade sobre erros reais ou imaginários, eu sou o seu pastor. Quando tudo vai bem e você não tem qualquer cuidado no

mundo, eu sou o seu pastor. Quando nada parece direito e os fardos se multiplicam, eu sou o seu pastor. Quando você me agrada pelo posicionamento que assume e pelo espírito maravilhoso que manifesta, eu sou o seu pastor. Quando você me desaponta e me causa noites sem dormir, eu sou o seu pastor. Quando você está vivendo a vida em sua plenitude máxima, eu sou o seu pastor. Quando a sua saúde se fragiliza e o fim da vida mortal parece próximo, eu sou o seu pastor. Quando revelo que sou humano e tenho as minhas próprias fraquezas e enfermidades, e você é caridoso e compreensivo, eu considero um privilégio ser o seu pastor. Líderes espirituais irão encontrar pessoas muito mais compreensivas se eles têm sido compassivos com relação a outros quando eles falham, não se comportando com uma atitude arrogante do tipo “sou mais santo do que você”. Sem ser exageradamente depreciativo, isso pode ajudar congregações se os seus pastores puderem, humilde e honestamente, reconhecer como o apóstolo Paulo: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e

avançando para as que diante de mim estão” (Filipenses 3:12-13). Uma coisa é, humildemente e no temor do Senhor, convidar outros: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1). Isso é uma coisa boa. Outra coisa é apresentar a si mesmo, de forma arrogante, como “o padrão de perfeição para os outros”. Isso não é uma coisa boa. Jamais deveríamos nos levar tão a sério a ponto de sermos devastados pela crítica. George Whitfield uma vez recebeu uma carta de duras críticas. Ele respondeu: “De coração eu lhe agradeço pela carta. Quanto ao que você e meus outros inimigos estão dizendo contra mim, sei de coisas muito piores a meu respeito que vocês jamais saberão. Com amor em Cristo, George Whitfield”. Tendo dito tudo isso, aqueles em posição de liderança espiritual deveriam estar cientes de que as pessoas estão observando o seu exemplo; se as suas vidas são genuínas e salutares. Eles também deveriam reconhecer — como Tiago disse há aproximadamente dois mil anos — que os mestres sofrerão juízo muito maior do que outros.

3. O Mundo Formará a Sua Opinião a Respeito de Jesus, a Bíblia e a Igreja, Não Tanto pela Nossa Pregação, Mas pela Nossa Ética, Moralidade e Conduta. Como tem sido dito: “Você é o único Jesus que algumas pessoas verão; você é a única Bíblia que as pessoas lerão”. Ambedkar (1891-1956) nasceu em uma família “intocável”, no antigo sistema de castas na Índia. A despeito da intensa

discriminação que ele enfrentou, obteve um excelente grau de instrução e se tornou um influente líder na Índia, a ponto de servir como presidente do Comitê de Elaboração da Constituição Indiana. “Quando eu leio os evangelhos, Atos dos Apóstolos e certas passagens das epístolas de Paulo, sinto que eu e o meu povo devemos todos nos tornar cristãos, pois neles eu encontro um antídoto perfeito para o veneno que o hinduísmo tem injetado em nossas almas e uma dinâmica forte o suficiente para nos levantar da nossa atual posição de degradação; mas quando olho para as igrejas produzidas por missões cristãs, nos distritos em torno de Bombaim, eu tenho um sentimento completamente diferente. Muitos membros da minha própria casta tornaram-se cristãos e a maioria deles não recomenda o cristianismo para o restante de nós. Muitos foram para internatos e usufruem de altos privilégios. Nós os imaginamos como produtos acabados dos seus esforços missionários, e que tipo de pessoas eles são? Egoístas e autocentrados. Eles não se importam com o que acontece com os seus antigos parceiros de casta, contanto que eles e suas famílias, ou eles e seu pequeno grupo que se tornou cristão sigam em frente. Na verdade, o seu principal cuidado é ocultar o fato de que eles já pertenceram à mesma comunidade. Eu não quero ser acrescentado ao número de tais cristãos.”17 Semelhantemente, Mahatma Ghandi disse: “Eu gosto do seu Cristo, eu não gosto dos seus cristãos. Os seus cristãos são muito diferentes do seu Cristo”. Ele também destacou: “Se os cristãos realmente vivessem de acordo com os ensinamentos de Cristo, como descritos na Bíblia, toda a Índia seria cristã hoje”.

Não precisamos estar debaixo de condenação acerca de observações que outros fazem a respeito das nossas vidas no passado, mas deveríamos estar desafiados a ser o tipo de carta que se expressa com clareza e torna conhecidas as maravilhas do nosso Deus e as virtudes do Seu glorioso Evangelho. Que assim seja!

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Você já compartilhou o Evangelho com alguém e essa pessoa resistiu a você, citando a hipocrisia de certos líderes religiosos como desculpa? Como você respondeu? 2. Você já agiu de modo ruim na frente de incrédulos ou cristãos recém-convertidos, os quais estavam prestando atenção ao seu exemplo? Você fez alguma coisa para retificar a situação? Qual foi o resultado? 3. Neste capítulo, foi feita a seguinte afirmação: “Você é o único Jesus que algumas pessoas verão; você é a única Bíblia que as pessoas lerão”. Como isso deveria afetar a atitude e a conduta de um cristão? 4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

16

Saraceno, Jon, “Tebow: The Man Behind the Mania”, USA Today, janeiro 13-15, 2012. http://www.usatoday.com/sports/football/nfl/story/2012-01-11/tebow-exclusive /52518122/1. 17

McGavran, Donald A. Understanding Church Growth (Grand Rapids, MI: William B. Eerdman’s Publishing Company, 1970), 339.

Capítulo Dez I “Um princípio — particularmente o princípio moral — jamais pode ser como um cata-vento, girando em torno disto ou daquilo segundo os ventos inconstantes da conveniência. O princípio moral é um compasso para sempre fixado e para sempre verdadeiro.” — Edward R. Lyman Pensamento-chave: Integridade não acontece por acidente. Um caráter temente a Deus é estabelecido deliberada e intencionalmente.

N

os Salmos 37 e 73, o escritor expressa frustração ao ver

pessoas antiéticas e desonestas “avançarem”, embora elas tenham tomado atalhos e transgredido, enquanto o justo parece não alcançar muito progresso. O Salmo 73:13 diz: “Perdi tempo jogando conforme as regras: o que ganhei com isso? Um vendaval de má sorte, foi isso — um tapa na cara toda vez que eu saía pela porta” (A Mensagem). Depois de uma explosão de aborrecimentos iniciais, o salmista alcança o bom senso e reconhece que a integridade irá permanecer sólida no final, quando todo caminho enganoso tiver sido abalado.

Benjamim Disraeli disse: “Princípio é sempre o meu lema, não conveniência”. Conveniência significa procurar tudo o que é imediatamente vantajoso ou pessoalmente desejável, sem uma visão voltada para a ética, moralidade ou princípios envolvidos na questão. Em contraste, uma pessoa de princípios — que vive com uma integridade intencional — é aquela que assume um alto código de valores e, consistentemente, vive de acordo com eles. Henry Ward Beecher disse: “Conveniências são para o momento, mas princípios são para a eternidade. Só porque as chuvas caem e os ventos sopram, não podemos permitir edificar sobre areias movediças”.18 Quando você observa pessoas tomando atalhos ou transgredindo para obterem resultados imediatos ou gratificações instantâneas, não pense que a sua integridade é vã. Reconheça que você está construindo sobre um fundamento sólido — que irá permanecer e resistir ao longo do tempo. A ideia de pragmatismo está intimamente relacionada à conveniência. Pragmatismo envolve uma aproximação muito prática da vida, “qualquer coisa que funcione”. Em outras palavras, a consistência ou o valor de uma ideia é determinada pelos resultados que ela produz. Enquanto isso, pode parecer bom (e com frequência é em questões práticas), mas não é um procedimento bíblico no que se refere à moral, ética e “verdade final”, como visto na Bíblia. Pragmatismo sem moralidade fará com que as pessoas pensem: • Está tudo bem em omitir a verdade, se isso fizer com que eu fique fora de problemas e alcance meus objetivos. • Está tudo bem em mostrar favoritismo, se com isso obtiver

vantagens. • Não há problema em ter um relacionamento extraconjugal, se isso me fizer mais feliz. • Está tudo bem em não pregar toda a verdade da Palavra de Deus, se isso me fizer mais popular ou trouxer mais pessoas para a minha igreja. O temor a Deus é inconsistente com a mentalidade “os fins justificam os meios”. À medida que uma pessoa começa a descer a ladeira da transigência, desonestidade e duplicidade, ela se tornará mais cauterizada à verdade e começará a justificar e racionalizar todo tipo de comportamento, até mesmo aqueles que, anteriormente, seriam considerados completamente inaceitáveis. Oswald Sanders descreve magistralmente o compromisso resoluto de Paulo com o princípio: “Onde o princípio estava claramente em jogo, Paulo era inflexível e não cederia por um momento, mesmo que a pessoa envolvida fosse o prestigiado apóstolo Pedro. Porque a imensamente importante causa da liberdade cristã estava em debate, Paulo disse aos gálatas, ‘... aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do Evangelho permanecesse entre vós’ (Gálatas 2:5). Porém, quando apenas uma preferência e não um princípio estava envolvido, ele estava pronto a fazer largas concessões”.19 Outro indivíduo que estabeleceu limites entre os “não negociáveis” (questões de princípio e valores centrais) e “negociáveis” foi Thomas Jefferson. Ele disse: “Em questões de estilo, nade com a maré. Em questões de princípios, fique firme

como uma rocha”. Ao examinar as vidas de homens e mulheres de honra, ao longo da história da Igreja, percebemos que eles possuíam fortes valores e convicções. Essas não eram aspirações vagas e inconstantes, mas eles tinham conscientemente identificado os seus valores e, com frequência, também os expressaram. Um líder espiritual que claramente expressou os seus valores foi Jonathan Edwards. O seu palavreado reflete a sua época, mas ele certamente abraçou e expressou grandes comprometimentos e princípios, tais como: • Fica resolvido que jamais farei alguma coisa por vingança. • Fica resolvido que viverei da maneira como eu desejaria ter feito quando minha vida chegar ao fim. • Toda vez que ouvir alguma coisa dita em conversa de alguma pessoa, se eu considerar que isso seria louvável em mim, fica resolvido esforçar-me para imitar. • Fica resolvido jamais me entregar, nem ao menos afrouxar a minha luta contra as minhas corrupções, por mais malsucedido que eu possa ser. John G. Lake escreveu o que ele chamou de “Minha Consagração como um Cristão”. Um de seus valores foi expresso deste modo: “Sempre me empenharei para ser um pacificador. Primeiro, sendo eu mesmo pacífico e evitando todo tipo de controvérsia infrutífera e tratando todos com justiça e com respeito aos seus direitos e seu livre-arbítrio, jamais querendo forçar quaisquer dos meus pontos de

vista. Se eu ofender alguém intencionalmente, de imediato me desculparei. Não espalharei maus rumores sobre qualquer pessoa a fim de tentar difamar o seu caráter, ou repetir coisas sobre as quais não tenho certeza de serem verdadeiras. Eu me empenharei em remover a maldição da contenda entre os irmãos, agindo como um pacificador”.20 Homens e mulheres não se tornam grandes por acidente. Eles são conduzidos para a grandeza por grandes valores, grandes decisões, grandes convicções, grandes princípios e grandes ações. Uma pessoa disse: “Faça as suas escolhas e as suas escolhas farão você”. • Faça disto o seu esforço: não crescer frouxo ou desleixado em suas convicções, valores e moralidade, ainda que outros ao seu redor pareçam agir assim. • Não se permita simplesmente “ir com a multidão”, quando os valores ou a moralidade deles são deficientes. • Agarre o que Deus tem de melhor e mais elevado para você. • Não permita que a Palavra de Deus seja um livro de ideais pelo qual você pode seletiva e ocasionalmente viver, mas deixe que ela seja os seus mandamentos — ordens dadas por Alguém em autoridade, sobre as quais não há escolha e das quais não há como fugir! Daniel não viveu com integridade por acaso; a excelência do seu caráter foi deliberada e intencional. Daniel 1:8 diz: “... resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se”.

De modo igual, Paulo estava determinado a andar em integridade. Ele disse: “... por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens” (Atos 24:16). A versão Amplified Bible traz esse texto assim: “... eu sempre me exercito e me disciplino [mortificando o meu corpo, amortecendo meus prazeres carnais, apetites corporais e desejos mundanos, esforçando-me em todos os aspectos] para ter uma consciência limpa [inabalada, inculpável], livre de ofensa para com Deus e para com os homens”. Paulo aconselhou os crentes: “... esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens” (Romanos 12:17). Em novembro de 1948, pouco antes que o seu ministério fosse projetado para o âmbito da proeminência nacional, Billy Graham encontrou-se com três dos seus principais associados (Cliff Barrows, George Beverly Shea e Grady Wilson) para discutirem maneiras de conduzirem o seu ministério com integridade e evitar escândalos, práticas vergonhosas, as quais trouxeram reprovação para muitos em ministérios evangelísticos. No que se tornou conhecido como o “Modesto Manifesto”, Graham e sua equipe identificaram quatro áreas de preocupação e resolveram conduzir-se com a mais alta integridade nessas questões. As quatro áreas que foram identificadas incluíam: • A manipulação obscura de dinheiro • Imoralidade sexual • Maldizer outros fazendo obras similares • Realizações exageradas

Billy Graham falou dessas diretrizes, dizendo: “Na realidade, isso não marcou uma mudança radical para nós; sempre mantivemos esses princípios. O que fez, entretanto, foi colocar em nossos corações e mentes, de uma vez por todas, a determinação de que a integridade seria o selo em ambos, nossas vidas e ministério”.21 Aqui estão algumas decisões que líderes íntegros têm feito: • Ser totalmente honesto em todas as suas relações. • Permanecer completamente submisso aos princípios de honra e integridade, contidos na Palavra de Deus. • Ser um bom administrador do seu corpo, mente, finanças e dons. • Se o mal está feito, corrija-o. • Ser completamente fiel ao seu cônjuge e conservar a pureza moral de todas as formas. • Tomar a “via principal” em todas as questões da vida. • Tratar todas as pessoas com integridade e respeito. • Jamais tentar chegar à frente ou fazer se parecer bom, derrubando outros. • Ser o melhor exemplo possível de semelhança com Cristo. • Jamais explorar ou tirar vantagem de alguém, especialmente os que estão fracos e vulneráveis. • Ser uma pessoa autêntica, jamais colocando uma máscara ou fachada. • Sempre fazer o que é do melhor interesse de outros; buscar a sua edificação e evitar o que trará danos para outros.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Você já se sentiu frustrado ao ver pessoas que pegaram atalhos e/ou fizeram coisas erradas e ainda pareciam prosperar e avançar? Como você lidou com a sua frustração e o que você disse a si mesmo sobre a situação? 2. Thomas Jefferson foi citado como tendo dito: “Em questões de estilo, nade com a maré. Em questões de princípios, fique firme como uma rocha”. Você consegue se recordar de estabelecer essa abordagem em sua vida? Você consegue ver alguma área na qual poderia implantar essa abordagem no futuro? 3. De que maneiras específicas você resolveu firmemente (como Daniel) não se contaminar com as iguarias deste mundo? Quais decisões específicas você tomou no sentido de ser santo e agradável a Deus? 4. Reveja a lista de decisões que líderes íntegros já tomaram. Quantas delas você, intencional e deliberadamente, decidiu implementar como parte da sua vida e dos seus valores centrais? 5. Qual é a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

18

Goodman, Ted, Editor. The Forbes Book of Business Quotations (New York: Black Dog & Leventhal Publishers, 1997), 684. 19

Sanders, Oswald, Dynamic Spiritual Leadership (Grand Rapids, MI: Discovery House Publishers, 1999), 16. 20 21

Lake, John G., Adventures in God (Tulsa: Harrison House, 1981), 124.

Myra, Harold e Shelley, Marshall, The Leadership Secrets of Billy Graham (Grand Rapids: Zondervan, 2005), 57.

Capítulo Onze C “Onde quer que você esteja, seja bom.” — Abraham Lincoln Pensamento-chave: Se vale a pena fazer, vale a pena fazer direito.

J

amais podemos superestimar a importância da integridade e caráter, e também não deveríamos minimizar a significância de sermos habilidosos e competentes.

Você se lembra do que o Salmo 78:72 diz acerca de Davi? Diz que Deus “... os dirigiu com mãos precavidas”. Se eu tenho um problema com o meu veículo, não quero simplesmente um mecânico que ama Jesus trabalhando no meu carro; eu quero um mecânico que seja realmente habilidoso para consertar carros. Do mesmo modo, se busco socorro médico, eu não quero ver apenas um médico que seja legal e honesto; eu quero um que seja altamente competente para diagnosticar precisamente e tratar a enfermidade. Quando se trata de servir a Deus, nosso desejo deveria ser de dar a Ele absolutamente o nosso melhor. Apesar de reconhecermos que a nossa habilidade vem Dele, deveríamos nos esforçar para

seguirmos o exemplo do Senhor Jesus Cristo. Marcos 7:37 (AMP) diz: “Eles estavam esmagadoramente atônitos, dizendo: Ele fez tudo com excelência (com louvor e nobreza)”.

Jesus Era Um Carpinteiro Desleixado? Eu não acredito que Jesus começou a ser comprometido com qualidade e excelência quando se tornou um pregador. Acredito que a Sua atitude e determinação era fazer todas as coisas para a glória e honra de Seu Pai Celestial, quer envolvesse construir uma mesa como um carpinteiro, ou pregar um sermão como um ministro. Não consigo simplesmente imaginar Jesus voltando para a Sua terra natal para pregar e as pessoas não estando interessadas em ouvi-lo porque ele tinha sido um carpinteiro terrível. Acredito que Jesus fez tudo o que fez para a glória e honra de Deus. Eu simplesmente não consigo imaginá-lo como um trabalhador desleixado, apático e descuidado, produzindo artigos inferiores. Ao longo de todo o Antigo Testamento, a apreciação de Deus por qualidade é claramente evidente: • Os trajes que foram feitos para o uso no tabernáculo do Antigo Testamento foram “habilidosamente tecidos” (Êxodo 28:4,39). • Aqueles designados para ajudar na edificação do tabernáculo foram citados como “homem hábil” (Êxodo 36:1). • Davi, antes mesmo de ser ungido para ser rei, foi descrito como: “... sabe tocar e é forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras e de boa aparência; e o S é com ele”

(1 Samuel 16:18). • Em 2 Crônicas 2, Salomão está se preparando para edificar o Templo. Nesse capítulo, palavras relacionadas à habilidade aparecem várias vezes. • Esdras foi descrito como “escriba versado” (Esdras 7:6). • “Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino” (Daniel 6:3). • Salmos 33:3 diz: “Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo”. • E, para finalizar a ideia a respeito de qualidade: Qual é a única coisa que todos queremos ouvir quando nos colocarmos diante de Jesus? “Muito bem, servo bom e fiel” (Mateus 25:21).

Retratos de Excelência Martin Luther King, Jr. capturou o espírito de excelência quando disse: “Se um homem foi chamado para ser um gari, ele deve varrer as ruas do mesmo modo como Michelangelo pintou, ou Beethoven compôs músicas, ou Shakespeare escreveu poesias. Ele deve varrer as ruas tão bem que todas as hostes dos céus e da terra pararão para dizer: ‘aqui viveu um grande gari que fez o seu trabalho muito bem’”.22 Aristóteles disse: “Excelência é uma arte conquistada por treino e hábito. Não agimos corretamente porque temos virtude ou excelência, mas ao contrário, nós as temos porque agimos corretamente. Nós somos o que fazemos repetidamente.

Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito”.23 O general H. Norman Shwarzkopf compartilhou a seguinte observação: “Conheci muitos líderes no exército que eram muito competentes — mas eles não tinham caráter... também encontrei muitos líderes que tinham um caráter magnífico, mas que necessitavam de competência... Para liderar no século 21, será exigido de você ambos: caráter e competência”.24 Muitos ouviram a respeito de John Wooden, antigo treinador de basquete da Universidade da Califórnia. Talvez muitas das suas realizações foram devidas, pelo menos em parte, ao fato de que seu pai lhe ensinara, quando era jovem: “Faça de cada dia a sua obraprima”. Vejamos algumas áreas nas quais podemos desenvolver competência.

Competência ao Trabalhar com Pessoas Ministério é, em sua grande extensão, um “negócio de pessoas”. É ótimo amar a Deus, adorá-lo, orar, mas também precisamos ser capazes de trabalhar bem com as pessoas, se iremos ser eficazes no ministério. Roboão é um exemplo clássico de um líder que sabotou a sua própria eficiência e potencial porque ele não sabia como estabelecer e manter bons relacionamentos com as pessoas. Quando as pessoas buscaram um pouco de alívio da fadiga que experimentaram sob o reinado de Salomão, Roboão respondeu duramente ou asperamente. Um pouco de gentileza e diplomacia teria operado maravilhas, mas Roboão perdeu dez das doze tribos,

sobre as quais ele poderia ter governado (2 Crônicas 10:1-17). “O mais importante ingrediente na fórmula do sucesso é saber conviver com as pessoas.” — Theodore Roosevelt Existem três dimensões de relacionamentos com as quais precisamos aprender a trabalhar: • Devemos aprender a trabalhar bem com aqueles que estão em autoridade sobre nós — a palavra-chave aqui é submissão. • Devemos aprender a trabalhar bem com aqueles que são nossos iguais e cooperadores — a palavra-chave aqui é trabalho em equipe. O grande jogador Mia Hamm disse: “Sou membro de um time e eu dependo do time, submeto-me ao time e me sacrifico por ele, porque o time, e não o indivíduo, é o campeão final”. • Devemos aprender a trabalhar bem com aqueles que estão sob a nossa supervisão — a palavra-chave aqui é diplomacia. A Bíblia não nos garante sucesso automático em cada relacionamento, ou que seremos capazes de conviver com todas as pessoas na terra; entretanto, devemos dar o nosso melhor. Existem livros à disposição que podem nos ajudar a desenvolvermos as nossas habilidades com as pessoas e nos ensinam a conviver com pessoas difíceis. Nós também podemos aprender a extrair o melhor dos outros, de modo a cultivarmos os melhores resultados possíveis nos diversos relacionamentos que temos.

Competência ao Manusear a Palavra de Deus Paulo disse a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15). Paulo disse que um bispo deveria ser “... um mestre qualificado e capaz” (2 Timóteo 3:2, AMP) e que alguém em tal posição de liderança deve ser “apegado à Palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino, como para convencer os que o contradizem” (Tito 1:9). A capacidade à qual estamos nos referindo não é meramente ter uma compreensão mental a respeito das verdades da Bíblia, mas também se aplica a ser espiritualmente sensível ao Espírito Santo e às necessidades das pessoas. Isaías disse: “O S Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos” (Isaías 50:4). Não buscamos habilidade ao manusear os textos bíblicos apenas para que possamos ganhar argumentos, mas para que sejamos capazes de ministrar eficazmente àqueles que estão sofrendo e desencorajados. O apóstolo Paulo reconheceu que havia mais habilidade em ministrar a Palavra de Deus do que estar “tecnicamente” correto acerca de alguma coisa, especialmente se temos uma atitude legalista. Ele disse que Deus “... nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6). É importante que não

ministremos apenas a verdade de Deus, mas também o coração de Deus.

Competência em Sua Área Designada de Responsabilidade A questão deveria ser evidente para todos. Se você escreve cartas, então, escreva-as bem. Se você trabalha com som, então seja bom nisso. Se você é alguém que recepciona, então faça as pessoas realmente se sentirem bem-vindas. O que quer que você faça, faça com o mesmo nível de entusiasmo e qualidade que você demonstraria se estivesse fazendo para o próprio Jesus. Dan Reiland disse: “Demasiadas vezes, no ambiente de trabalho da igreja, aplicamos a graça incorretamente. Alguém comete um erro ou fica aquém do padrão de excelência e nós dizemos: ‘Ah, está TUDO BEM’. Ah, não está TUDO BEM. Jesus não morreu na cruz para TUDO BEM. Ele merece o nosso melhor. Você pode ser gentil em sua comunicação e ser paciente em seu treinamento, mas não reduza as suas expectativas. A causa de Cristo é digna do melhor de cada um”.25 Em muitas igrejas, voluntários (e, às vezes, funcionários) são escolhidos para trabalhar em uma área na qual eles não são altamente qualificados ou competentes. Eles deveriam se recusar a trabalhar se eles não têm um doutorado nessa área? Certamente que não! Mas deveriam aprender tudo o que podem acerca dessa área específica e adquirir toda a proficiência e competência que puderem, de modo a realizarem um bom trabalho.

Durante o meu primeiro ano de seminário, eu trabalhei como um zelador em uma igreja local. Eu sabia como manusear um aspirador de pó, e era isso o que eu fazia. Você deve estar imaginando quantos erros um zelador pode cometer se ele não for habilidoso! Bem, eu quero que você saiba que eu descobri pelo menos alguns deles! Uma das minhas atribuições era aspirar a área da plataforma no santuário. Enquanto eu aplicava a cera e removia a poeira, sentia como se estivesse realizando um ótimo trabalho. Entretanto, jamais me ocorreu que aplicar a cera sobre o teclado do piano não era uma boa ideia. Como eu não era um músico, eu não compreendia que os pianistas não apreciam teclas escorregadias! Eu fui “gentilmente ensinado” e não cometi o mesmo erro novamente. Empregadores

e

supervisores

reconhecem

que

indivíduos

necessitam de algum treinamento e instrução, e eles também admitem que um erro honesto será cometido de tempos em tempos. Entretanto, eles certamente não esperam que as pessoas cometam os mesmos erros, repetidamente. Para que sejamos competentes e permaneçamos efetivos em nossas habilidades, é imperativo que sejamos ensináveis — sempre aprendendo — e sempre buscando nos aperfeiçoar. Às vezes, as pessoas estão em certa posição, mas elas não se mantêm por dentro das novas informações ou as mais recentes tecnologias acerca daquela posição e logo o seu trabalho as “ultrapassa”. Alguém disse: “Não seja o mesmo. Seja superior àquele que era ontem”. John Wesley foi grande ao ser um constante aprendiz. Considere estas declarações feitas por Wesley:

“Cristãos que leem são cristãos que crescem. Quando os cristãos param de ler, eles param de crescer.” “Aquele que não lê mais deveria largar o ministério.” “Uma vez a cada sete anos, eu queimo os meus sermões; pois é uma vergonha se eu não puder escrever melhores sermões agora do que há sete anos.”

Se Vale a Pena Fazer... Todos ouvimos a frase: Se vale a pena fazer, vale a pena fazer direito. Oswald Chambers engrandeceu essa que já era uma grande ideia, por meio do título do seu livro clássico, Tudo Para Ele. Que belo e poderoso pensamento. Eclesiastes 9:10 também expressou esse princípio com estas palavras: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”. Vamos aplicar isso a todas as áreas das nossas vidas, especialmente em nosso serviço a Deus, à medida que continuamente cultivamos a competência.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Qual era a qualidade da obra de Jesus como carpinteiro? Por que você acha que era assim? 2. Reveja a citação de Martin Luther King, Jr. (“Se um homem é chamado para ser um gari...”) Quanto disso você percebe operando nas vidas de outras pessoas? E em sua própria vida? 3. Foi dito que precisamos conviver bem com aqueles em autoridade, com os nossos colaboradores e com aqueles sob a nossa supervisão. Como você está nessas três áreas? Existe alguma delas que você acha mais fácil fazer? Ou mais difícil? 4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

22

Anderson, Peggy, Great Quotes by Great Leaders (Lombard, IL: Celebrate Excellence Publishing, 1990), 11. 23

Goodman, Ted, The Forbes Book of Business Quotations (New York: Black Dog & Levanthal Publishers, Inc., 1997), 258. 24 25

Zuck, Roy B., The Speaker’s Quote Book (Grand Rapids: Kregel Publishers, 1997), 59.

Reiland, Dan, “Working with a Strong Personality, Part 2”, The Pastor’s Coach, www.Injoy.com.

Capítulo Doze A

“O homem é o único tipo de animal que arma sua própria armadilha, coloca a isca e então pisa sobre ela.” — John Steinbeck Pensamento-chave: Há substitutos excelência. Conheça-os e evite-os.

e

falsificações

para

a

E

xistem alguns que jamais encontrarão certas armadilhas que estão associadas à busca pela excelência, simplesmente porque eles nunca aspiram reconhecer a alta qualidade que Deus deseja. Eles não estão correndo para ganhar, como Paulo descreveu em 1 Coríntios 9:24, nem tampouco “lutam para serem coroados”, como descritos em 2 Timóteo 2:5. Eles podem servir a Deus, mas apenas parcialmente e no final da carreira, eles estão mais dispostos a ouvir “Bem, você está fazendo algo”, do que “Muito bem”.

A Armadilha da Mediocridade

Em vez de buscar a excelência, alguns estão contentes apenas em fazer o suficiente para sobreviver. A palavra medíocre vem de duas palavras em latim, significando: “a meio caminho da montanha”. Em outras palavras, indivíduos que funcionam com uma mentalidade de mediocridade estão satisfeitos em fazer o mínimo, viver a partir de baixos padrões e não se importam em alcançar resultados máximos. Quais traços você percebe quando a mediocridade prevalece? • Uma atitude de apatia. • Falta de interesse quanto à qualidade e resultados. • Contentamento com a condição em que as coisas estão; sem qualquer desejo por melhoria. • Ausência de objetivos desafiadores. • Atraso e falta de pontualidade — e os prazos não são cumpridos. • Ausência de conscientização e diligência. • Desleixo, descuido e uma falta de continuidade. • Falta de foco. • Facilmente sucumbe a distrações e diversões. • Baixos níveis de energia. • O trabalho é visto como mundano; aqueles envolvidos estão apenas seguindo o movimento.

A Armadilha da Compulsão

Você não extrai boa música das cordas de um violão que estão muito soltas; do mesmo modo, você não extrai boa música das cordas de um violão que estão muito apertadas. Aqueles que são governados pela mediocridade não têm motivação para a excelência (cordas muito soltas), mas aqueles que são compulsivos são conduzidos de forma doentia (cordas muito apertadas). Indivíduos compulsivos com frequência falam de empenhar-se pela excelência, mas eles podem estar confundindo o elevado conceito de qualidade com hiperperfeccionismo. Desfrutar de altos conceitos e resultados de qualidade é ótimo, mas quando uma pessoa está continuamente inquieta, ansiosa e com medo de fracassar, isso não é bom. Um hiperperfeccionista nunca sente como se algo estivesse bom o suficiente e está sempre à procura de falhas. Em resumo, não há qualquer alegria na jornada ou no destino. Lembro-me de conversar com um homem que tinha uma lista de 45 coisas (tipos de orações, confissões, coisas para ler, etc.), que ele sentia que tinha que fazer toda manhã antes que o seu dia pudesse começar. Apesar de algumas dessas coisas serem boas em si mesmas, a maneira como ele as conduzia era muito rígida e legalista. Era óbvio que ele não tinha alegria ao exercitar essas disciplinas espirituais; elas eram muito árduas para ele. Uma pessoa que serve com compulsão provavelmente desenha Deus como sendo o capataz rigoroso do Egito, que estava sempre exigindo mais (veja Êxodo 1:7-14; 5:5-14). Em vez de vê-lo como o Gentil Pastor, eles veem Deus como irado, desapontado e sempre lhes dizendo: “Vocês não estão orando o suficiente. Vocês não

estão lendo a Bíblia o suficiente. Vocês não estão servindo o suficiente, etc.”. É importante manter em mente que o Bom Pastor guia as Suas ovelhas; Ele não as conduz. Deus nos guia com um senso de paz, ao passo que o inimigo (esforçando-se para imitar o Espírito Santo) tenta nos conduzir com um senso de pânico. É importante lembrar que foi Jesus quem disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve” (Mateus 11:2830).

A Armadilha da Comparação Comparação é tipicamente fundamentada em insegurança e tende a produzir orgulho ou inferioridade. Charles Swindoll sabiamente afirmou: “Coelhos não voam. Águias não nadam. Patos parecem engraçados tentando escalar. Esquilos não têm penas. Pare de comparar. Aprecie ser você! Existe muito espaço na floresta”.26 Quando minha esposa e eu terminamos o nosso primeiro ano de seminário, em 1980, viajamos para a Austrália, durante o verão, para pregar em diversas igrejas. Começamos na igreja do nosso primeiro anfitrião, o qual era um mestre da Bíblia muito produtivo. Alguns dos seus assistentes me mostraram um fichário que estava cheio de suas anotações. Eu fiquei impressionado e intimidado pelo volume de esboços de ensinos.

Eu era muito inexperiente e senti que precisava vir com um sermão que impressionaria a congregação. Então, peguei três horas de anotações de aulas, combinei em uma mensagem e pensei ter uma verdadeira obra-prima. Entretanto, quando me levantei para falar, eu esgotei as minhas anotações em quinze minutos e eles estavam esperando uma mensagem de cinquenta minutos! Sequer estou certo se o que eu disse fez muito sentido. Eu era inexperiente e não tinha um “fichário”, então eu simplesmente parei. Eu estava muito envergonhado, mas aprendi algumas lições valiosas: • Abençoe as pessoas; não queira impressioná-las. • Não procure ser outra pessoa. • Não tente se medir a partir dos dons, habilidades ou nível de experiência de outra pessoa. • Simplesmente dê às pessoas o que você tem para lhes dar e faça isso com o seu coração. Davi se recusou a usar a armadura de Saul; ela não cabia nele. Davi conquistou Golias não por tentar se parecer com Saul, mas por usar as ferramentas com as quais estava confortável — uma funda e algumas pedras. Quando você copia alguém, você está agindo em imitação. Em vez disso, aprenda a agir por inspiração. Sempre haverá inspiração ao fazer o que Deus o chamou para fazer — e não em imitar alguém. Paulo deliberadamente ficou longe de fazer comparação de si mesmo com outros. Ele disse: “Não que nós [tenhamos a audácia para] nos ousemos nos classificar ou [até mesmo] comparar-nos

com alguém que exalta e fornece testemunhos para si mesmos! Entretanto, quando eles medem a si mesmos, consigo mesmos, e comparam-se uns com os outros, eles estão sem entendimento e se conduzem imprudentemente. Nós, por outro lado, não nos gloriaremos sem medida, mas nos conservaremos dentro dos nossos limites [de nossa comissão] que Deus atribuiu como nossa linha de medida e que se estende e inclui até vocês” (2 Coríntios 10:12-13, AMP). Deus jamais irá julgá-lo com base no chamado ou resultados de outra pessoa. Ele não o chamou para ser um clone de quem quer que seja ou para fazer o que outra pessoa foi designada para fazer. O seu único objetivo deveria ser fazer o melhor que você puder fazer. Aqueles que caem na armadilha da comparação com frequência terminam também em competição com outros. A nossa única competição deveria ser com o nosso próprio potencial — para maximizarmos totalmente o nosso próprio dom para a glória de Deus. Outros crentes e outras igrejas são nossos parceiros e não nossos competidores. Os discípulos tinham uma forte questão “comparação-competição” em disputa entre eles, e isso continuou mesmo após a ressurreição. Mesmo quando Jesus disse a Pedro: “Segue-me”, Pedro não pôde deixar de imaginar como o ministério e destino de João se compararia ao seu. Então, Pedro, voltando-se, viu que também o ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o traidor? Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quanto a este? Respondeu-lhe Jesus: Se Eu quero que ele permaneça até que

Eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-Me. — João 21:20-22 Precisamos focar nossa atenção em seguir Jesus, em vez de olhar em volta, observando os outros e perguntando: “E quanto a este, Senhor?” Se ficarmos excessivamente focados nos outros, especialmente com uma atitude crítica e comparativa, então estaremos mais propensos a começarmos a eliminar os outros e sentir como se estivéssemos em uma competição com outros membros do Corpo de Cristo. Estamos todos no mesmo time e precisamos respeitar as atribuições uns dos outros, e apoiá-los, à medida que buscamos servir a Deus de modo eficaz.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. No começo deste capítulo, alguns traços foram listados que mostram quando a mediocridade prevalece. Algum deles está presente em sua vida? Você precisa fazer algum ajuste? 2. Você se relaciona com Deus e serve a Ele com um senso de paz, ou se sente conduzido? 3. E quanto à comparação? Você está seguro com quem você é e com o que tem para oferecer aos outros? Consegue se regozijar com os dons das outras pessoas sem sentir inveja ou se sentir intimidado? 4. Qual é a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

26

Swindoll, Charles, Growing Strong in the Seasons of Life (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1983), 342.

A :

Capítulo Treze L “Se uma pessoa alinha sua atitude com relação ao dinheiro, então quase todas as áreas de sua vida estarão alinhadas.” — Billy Graham Pensamento-chave: Líderes virtuosos permanecem livres de cobiça e operam na maior integridade em todas as questões pertinentes a finanças.

U

ma questão fundamental que todos os líderes devem encarar é se eles irão capacitar ou explorar outros. Líderes espirituais que estão livres da cobiça sempre buscarão o

bem-estar e o benefício daqueles a quem ministram. Quando Paulo deu orientações a Timóteo, para líderes de igreja, muito do que ele disse tinha a ver com o caráter do líder, com questões relacionadas às suas atitudes quanto a dinheiro e como eles lidariam com ele. Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado,

não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. — 1 Timóteo 3:1-7 (ACF) Duas das afirmações citadas acerca das qualificações para líderes espirituais são referências diretas a questões financeiras. • Não cobiçoso de torpe ganância (versículo 3). • Não avarento (versículo 3). Diversas afirmações têm, pelo menos, uma aplicação indireta com questões financeiras: • Irrepreensível (versículo 2). • Vigilante — significa autocontrolado (versículo 2). • Sóbrio — significa alguém que vive sabiamente (versículo 2). • Honesto — significa que alguém tem boa reputação (versículo 2). • Governa (ou gerencia) bem a própria casa (versículos 4, 5). • Cuida da igreja de Deus (versículo 5). • Tem um bom testemunho dos que estão de fora (versículo 7). Enquanto a maior parte do serviço cristão é feita por voluntários, é

certamente apropriado para pastores e outros que trabalham extensivamente para o Senhor, serem compensados financeiramente e serem compensados generosamente quando possível. Considere as seguintes declarações feitas por Jesus e Paulo: • “... porque digno é o trabalhador do seu salário” (Lucas 10:7). • “... ordenou também o Senhor aos que pregam o Evangelho que vivam do Evangelho” (1 Coríntios 9:14). • “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na Palavra e no ensino. Pois a Bíblia declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: o trabalhador é digno do seu salário” (1 Timóteo 5:17-18). Analistas há muito perceberam que igrejas que cuidam bem dos seus ministros tendem a prosperar e vão muito bem, enquanto aquelas que são “econômicas” nessa área e são fechadas com relação aos salários de seus ministros tendem a não irem tão bem. Em ocasiões, Paulo voluntariamente se abstinha de receber compensação financeira de certas igrejas. Algumas vezes, isso foi, provavelmente, apenas por uma questão logística: a igreja estava em seu início e não era capaz de oferecer muito auxílio. Outras vezes, Paulo estava demonstrando a pureza dos seus motivos, então ele não seria acusado de ministrar simplesmente por dinheiro. Paulo recebeu auxílio missionário em algumas ocasiões (veja Filipenses 4:15-18), enquanto, em outras, ele era o que chamava de ministro “bivocacional”. Em pelo menos três cidades onde Paulo

ministrou, ele exerceu a sua função bivocacionalmente: • Corinto — “... posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas” (Atos 18:3). • Éfeso — “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: mais bem-aventurado é dar que receber” (Atos 20:33-35). • Tessalônica — “Nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes” (2 Tessalonicenses 3:8-9). É ótimo quando o trabalho dos pastores pode ser plenamente amparado pela igreja. Logisticamente, os pastores são capazes de produzir muito mais na obra do Senhor quando eles podem focar completamente em seus ministérios. Entretanto, jamais deveríamos minimizar as importantes contribuições daqueles que servem bivocacionalmente. Gosto do que Rick Warren escreveu no seu livro “Uma Igreja com Propósito”: “Eu dedico este livro aos pastores bivocacionados ao redor do mundo: pastores que, fiel e amorosamente, servem em igrejas que não são grandes o suficiente para prover um salário integral. Vocês são os verdadeiros heróis da

fé em meu ponto de vista”.27 Tão apropriado quanto é para ministros serem bem recompensados pelo seu trabalho, existem vezes e ocasiões, quando líderes espirituais conscientes, recusarão certos tipos de verbas, alicerçados em fundamentos éticos ou morais. Por exemplo: • Abrão (Abraão) disse “não” ao rei de Sodoma: “E juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: eu enriqueci a Abrão” (Gênesis 14:23). • Um profeta, anônimo, recusou dinheiro do rei Jeroboão, para que não parecesse que uma cura poderia ser paga (1 Reis 13:6-10). • Eliseu também recusou prata, ouro e roupas de Naamã para que não parecesse que uma cura poderia ser paga. Quando Geazi, servo de Eliseu, tentou tomar posse desses espólios escondido do profeta, ele foi exposto e a lepra veio sobre ele (2 Reis 6:15-27). • Pedro se recusou a aceitar dinheiro de Simão, o Mágico, como pagamento por um dom espiritual (Atos 9:18-23). • Como mencionado, Paulo recusou uma compensação que, tecnicamente, ele tinha o direito de receber. Ele disse aos coríntios: “... e, estando entre vós, ao passar privações, não me fiz pesado a ninguém; pois os irmãos, quando vieram da Macedônia, supriram o que me faltava; e, em tudo, me guardei e me guardarei de vos ser pesado... não me será tirada esta glória nas regiões da Acaia... o que faço e farei é para cortar

ocasião àqueles que a buscam com o intuito de serem considerados iguais a nós, naquilo em que se gloriam” (2 Coríntios 11:9-10, 12 veja também 1 Coríntios 9:11-18). Por que esses homens de Deus, nessas situações únicas, recusariam dinheiro? Por que líderes espirituais, hoje em dia, em certas situações, recusariam dinheiro? • Algumas vezes é uma questão de princípio. • Algumas vezes isso daria a impressão errada. • Algumas vezes o doador não tem a melhor das intenções. Cícero, um estadista romano que morreu algumas décadas antes do nascimento de Cristo, disse: “Mas a principal questão em toda administração e serviço público é evitar até a menor suspeita egoísta”. Que percepção fenomenal. Como é importante, hoje, que líderes não se envolvam em qualquer prática que pareça egoísta. Existem maneiras certas, bem como maneiras erradas, para prosperar. Provérbios 28:20 diz: “O homem fiel será cumulado de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não passará sem castigo”. Semelhantemente, Provérbios 10:22 nos diz: “A bênção do S enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto”. Líderes espirituais precisam estar cientes das ciladas e prisões que podem ocorrer quando eles usam sua influência inapropriadamente para promover certos negócios ou investimentos financeiros. Os crentes não deveriam imaginar se o interesse do líder espiritual em suas vidas é de natureza pastoral, ou se o líder

espiritual está simplesmente querendo se capitalizar em cima deles como uma potencial fonte de recurso. Como regra geral, é bom manter os assuntos da igreja e os negócios/investimentos pessoais completamente separados. Ocasionalmente, pastores são procurados por pessoas que querem que eles usem a sua influência espiritual de modo a recrutar outros para participarem em uma transação comercial ou algum tipo de oportunidade de investimento. Na turbulenta economia atual, até mesmo investimentos legítimos podem ir mal. Se os crentes perdem dinheiro porque um líder espiritual, em quem eles confiavam, os incentivou a fazerem um investimento em particular, então esse importante relacionamento pode ser seriamente comprometido. Se as pessoas se ofenderem porque perderam dinheiro em uma transação financeira promovida pela igreja ou por um dos seus líderes, elas provavelmente podem deixar a igreja, ou pelo menos, perder a confiança naquele líder.

Evitando o Aguilhão do Cristão Vigarista Jim Guinn é um contador com décadas de experiência em ajudar igrejas e ministérios com suas necessidades contábeis. Jim escreve: Nos últimos anos, promotores inescrupulosos, afirmando serem cristãos têm, literalmente, tomado milhões de dólares de outros cristãos em acordos de petróleo ilegítimos, esquemas de minas de ouro, pirâmides de marketing multinível e outros esquemas “fique rico rápido”. Que tragédia para ministros e membros de igrejas que trabalharam duro sua vida inteira para economizar

para a sua aposentadoria, ou para a educação dos seus filhos, serem enganados em suas economias. Se você for procurado por um promotor de investimentos, considere o seguinte: • Se o investimento parece bom demais para ser verdade. • Se esse único investimento supostamente irá torná-lo rico, talvez seja um esquema “fique rico rápido” e, provavelmente, não é um investimento saudável. • Se a pessoa que está promovendo o investimento exige dinheiro antes de fornecer todos os detalhes do investimento para você, considere isso uma bandeira vermelha. Jamais efetue sequer um pagamento inicial sem entender completamente os riscos e possibilidades desse investimento. • Se o tal promotor não oferece declarações financeiras mostrando os resultados de empreendimentos similares, e declarações financeiras demonstrando a sua estabilidade financeira ou da sua empresa, não invista. • Se o tal promotor o desencoraja a não consultar o seu assessor financeiro, o seu contador ou o seu advogado devido à natureza secreta do investimento, suspeite. Isso é uma indicação de que esse investimento não é saudável. • Se o tal promotor lhe diz que o investimento irá torná-lo rico, ajudando-o a dar dinheiro para as igrejas e ministérios a fim de espalharem o Evangelho e ganhar o mundo para Deus, não invista. Em certo sentido, ele está pedindo a você para subornar Deus para que abençoe o investimento. • Se o tal promotor não oferece referências que se possam

verificar de investidores anteriores, não invista. • Quando a taxa de retorno prometida em relação ao montante investido é altamente exorbitante, considere isso um sinal de alerta. Esse tipo de investimento é, quase sempre, bom demais para ser verdade. • Se o produto ou o plano de marketing a ser financiado pelo seu investimento é tão complicado que você não consegue entender completamente como o seu dinheiro será usado, ou como você irá receber o retorno prometido, não se envolva nesse investimento. • Quando o promotor tentar apressá-lo a investir porque a oportunidade de investimento é limitada e rápida, não invista. Sempre tome o tempo que for necessário para conferir a oportunidade. • Muitos promotores empregam técnicas designadas para usar as suas crenças para tirar vantagem. Cuidado quando: • O promotor cita versículos bíblicos como base para o investimento. • A

lapela

do

promotor

está

coberta

com

broches

de

organizações religiosas, implicando que ele apoia as mesmas organizações que você. • O promotor faz alarde de seus relacionamentos com várias organizações cristãs, por exemplo, como a posição dele no conselho de um ministério (especialmente um que ensina uma

doutrina de prosperidade), para induzi-lo a fazer o investimento. • O promotor menciona o seu forte status de relacionamento em uma igreja, como um estímulo para encorajá-lo a investir (por exemplo: “Eu sou um membro do mesmo tipo de igreja que você e, já que somos irmãos, você deveria me ajudar e ajudar a si mesmo investindo comigo”). • O promotor lhe informa que você é um dos “poucos selecionados” a receberem a oferta dessa oportunidade de investimento. Se é um promotor, é legítimo que ele irá oferecer o investimento para qualquer investidor qualificado. Considerações espirituais não são inapropriadas quando se toma decisões financeiras. Acreditamos em pedir a ajuda de Deus. Entretanto, não está certo cristãos serem enganados por promotores que revestem maus investimentos com uma aparência de “religiosidade”. É bom que uma pessoa apoie um ministério, e não há nada de errado em usar broches de lapela. É bom que uma pessoa seja um membro forte de uma igreja e louvável que ela compartilhe com a igreja o dinheiro adquirido de um investimento para promover o Evangelho. Mas a sua decisão de fazer um investimento alicerçado apenas nesses critérios, em vez de critérios econômicos, pode custar muito caro e até mesmo levar à falência. A maioria das riquezas vem do trabalho duro. Lembre-se, um fazendeiro não pode ter uma colheita a menos que ele tenha trabalhado para semear o grão. Não espere mais do que um retorno honesto para um recurso investido honestamente. Se um investimento em potencial parece bom

demais

para

ser

verdade

e

está

sendo

promovido

essencialmente sem considerações econômicas, afaste-se desse promotor o mais rápido possível. Contente-se com investimentos que oferecem taxas de retorno razoáveis e legítimas. Investimentos seguros raramente oferecem taxas de retorno exorbitantes.28 Sem dúvida, alguns cristãos bem-intencionados — inclusive líderes — foram enganados a promover, inocentemente, alguma coisa que eles verdadeiramente pensaram que seria útil. Jamais permita que a alegada cristandade de alguém o embale em um senso de descuido, levando-o a negligenciar práticas e princípios sadios de negócios. Fique alerta contra pessoas que usam a igreja e o seu relacionamento com o pastor para obter investimentos das pessoas ou para promover os seus negócios. É imperativo que líderes espirituais sejam sábios, que eles conservem os seus corações livres da cobiça e de práticas que sejam egoístas. Nos piores cenários, nos quais um líder está explorando as pessoas, a repreensão dada por Deus, por intermédio de Ezequiel, ainda pode ser aplicada hoje: “Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: assim diz o S

Deus: ai dos pastores de Israel que se apascentam a

si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas” (Ezequiel 34:2-3).

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Foi percebido que “igrejas que cuidam bem dos seus ministros, tendem a prosperar e vão muito bem”. Você consegue pensar em razões por que isso acontece? 2. Provérbios 10:22 diz: “A bênção do S enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto”. Você já viu uma situação na qual uma pessoa recebeu dinheiro de uma maneira que realmente a prejudicou ou a desviou de sua jornada em longo prazo? 3. O que pode acontecer, potencialmente, se você é um líder espiritual e promove uma “oportunidade” de investimento que vai mal? O que isso pode causar aos relacionamentos? 4. Repense nas advertências dadas por Jim Guinn relativas aos investimentos questionáveis e aos assuntos comerciais. Você consegue se lembrar de algumas delas? 5. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

27

Warren, Rick, Uma Igreja Com Propósito (Grand Rapids: Zondervan Publishing, 1995), Dedicatória, Editora Vida. 28

Guinn, James, Religious Organizations: IRS and Accounting Issues (Dallas: Guinn, Smith, and Company, 1998).

Capítulo Quatorze C

“Nós consideramos uma responsabilidade sagrada e uma oportunidade genuína sermos administradores fiéis de tudo o que Deus tem nos confiado; nosso tempo, nosso talento e nossos recursos financeiros. Vemos a vida como um encargo sagrado a ser usado sabiamente.” — Aliança Moraviana para a Vida Cristã Pensamento-chave: Líderes espirituais são conscientes, responsáveis e diligentes em seu trato com o dinheiro.

N

a ocasião em que escrevo isto, meu país tem experimentado um longo período de extrema dificuldade

financeira. Os valores das casas despencaram e o desemprego permanece em alta. Nos últimos anos, um número sem precedentes de pessoas entrou em falência e muitas delas perderam os seus lares devido às execuções de hipotecas. Como resultado dessa recessão, muitas igrejas e ministérios e bons líderes espirituais cristãos foram adversamente afetados.

Estamos vivendo dias nos quais líderes não devem apenas ter uma grande fé para confiar e crer em Deus, mas também devem ter grande sabedoria para lidar sabiamente com o dinheiro. Nada neste capítulo pretende refletir negativamente ou trazer condenação para pessoas ou igrejas que sofreram reveses financeiros. Entretanto, também é extremamente importante que líderes e crentes atuem nos mais altos níveis de ética e sabedoria, no que diz respeito a questões financeiras. Quer você esteja lendo isso em um tempo de desafios financeiros ou um período de grande abundância, você tem um antecessor no ministério que pode relacionar-se com a sua situação. Paulo disse: “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:12-13). A versão NTLH traduz parte do versículo 12 assim: “... sei o que é estar necessitado e sei também o que é ter mais do que é preciso”.

Responsabilidade Paulo era muito diligente ao proteger-se de acusações de inconveniência, por meio de uma sólida responsabilidade no que dizia respeito a lidar com finanças. Ele falou de uma oferta que recebera na Grécia, para os crentes em Jerusalém, quando disse: “Queremos evitar que alguém nos critique quanto ao nosso modo de administrar essa generosa oferta, pois estamos tendo o cuidado de fazer o que é correto, não apenas aos olhos do Senhor, mas também aos olhos dos homens” (2 Coríntios 8:20-21, NVI).

Para facilitar seu desejo por responsabilidade, Paulo encorajou cada igreja a ter um representante acompanhando-o e ajudando na distribuição desses fundos. Paulo poderia ter levado o dinheiro sozinho para Jerusalém, e eu acredito que ele teria sido completamente honesto em suas relações. Entretanto, ao fazê-lo, ele poderia ter se exposto à crítica e se colocado em uma posição vulnerável.

Conselho Sábio Provérbios 11:14 nos diz: “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança”. Em tempos de leis complexas, é benéfico para pastores, igrejas e ministérios buscarem conselhos e direções de vários profissionais, como contadores, advogados, banqueiros, assessores executivos, agentes de seguros, etc. Alguns desses conselhos custarão dinheiro, mas seria muito mais caro não ter a direção apropriada. Igrejas e ministérios deveriam fixar recursos adequados de modo a receberem tais conselhos e adquirirem serviços profissionais, à medida que forem necessários. Procedimentos e sistemas apropriados deveriam ser estabelecidos e seguidos. Semelhantemente, princípios comerciais saudáveis deveriam ser implementados e todas as leis relevantes observadas. É sempre bom garantir que se está recebendo conselhos saudáveis de fontes bem conceituadas. Uma vez alguém disse: “Os dois caminhos mais rápidos para o desastre são: não tomar conselho com ninguém e se aconselhar com todos”. Sófocles disse: “Nenhum inimigo é pior do que um conselho ruim”.

Cumprindo as Obrigações Responsavelmente Isto pode parecer elementar, mas pagar as nossas contas e impostos é uma parte de agir em integridade. Deveríamos ser diligentes e rápidos nessas questões. Quando indagado acerca de pagar impostos, Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:21). Paulo reiterou isso quando disse: “Portanto, vivam com responsabilidade — não apenas para evitar a punição, mas por ser a maneira certa de viver. É por isso, também, que vocês pagam impostos — para que a ordem seja mantida. Cumpram suas obrigações como um cidadão. Paguem seus impostos. Paguem suas contas. Respeitem seus superiores” (Romanos 13:5-7, A Mensagem). No versículo seguinte, Paulo diz: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros...” (Romanos 13:8). Alguns têm interpretado isso querendo dizer que um cristão, sob nenhuma circunstância, deve pedir dinheiro emprestado. Entretanto, acredito que outras versões acrescentam luz adicional e útil ao sentido desse versículo. Na NVI lemos: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros...”. A tradução NTLH traz esse versículo assim: “Não fiquem devendo nada a ninguém. A única dívida que vocês devem ter é a de amar uns aos outros...”. Entendido desse modo, recebemos a impressão de que devemos, simplesmente, pagar as nossas contas em dia. Entretanto, existe,

obviamente, grande sabedoria em ficar livre de débitos e viver livre de débitos. Provérbios 22:7 diz: “...quem toma emprestado é escravo de quem empresta”, e isso é especialmente verdadeiro quando o débito se tornou esmagador e descontrolado. Alguém uma vez disse: “Quando os seus gastos excedem os lucros, a sua manutenção se torna a sua ruína”. Gastos irresponsáveis e débitos com cartão de crédito tornaramse um grande problema em nossa nação. O cartão de crédito pode ser uma ferramenta muito boa, mas se não for administrado corretamente, pode se tornar um grande cativeiro. Em minhas viagens, o cartão de crédito é necessário para a locação de carros, pagar hotel, etc. Entretanto, Lisa e eu assumimos, ao longo dos anos, a prática de não colocarmos no nosso cartão mais do que estamos preparados para pagar no final do mês. Isso tem nos salvado e economizado uma quantia significativa de dinheiro em juros. O crédito fácil e uma sociedade materialista têm contribuído para que muitas pessoas excedam os seus limites financeiros. Alguns têm estado obcecados em querer parecer prósperos, e por isso compraram casas, carros, roupas, joias, etc., que estavam simplesmente além das suas posses. George Washington Carver, que morreu em 1943, disse: “Temos nos tornado 99% loucos por dinheiro. O método de vivermos, no lar, modestamente e dentro das nossas condições, lançando um pouco sistematicamente para o proverbial dia chuvoso que irá chegar, pode ser quase listado entre as artes perdidas”. Calvin Coolidge, presidente dos Estados Unidos de 1923 a 1929,

afirmou: “Não há dignidade tão impressionante, ou independência tão importante, do que viver dentro das suas posses”. Uma boa regra de ouro, para aqueles que buscam administrar sabiamente o seu dinheiro, é dar 10% para Deus, colocar 10% na poupança e viver dentro dos 80% dos seus recursos.

Embaraços a Evitar Alguns têm se esforçado para ajudar outros, sendo fiador para eles em um empréstimo. Embora isso soe virtuoso, pode levar a sérios problemas. Primeiro, se a pessoa não pagar as suas contas, você está obrigado a pagar. Segundo, se a pessoa não paga a sua conta e você paga, ela provavelmente ficará desconfortável por estar perto de você e, se você for um pastor ou um líder espiritual, isso significa que ela irá, provavelmente, evitar a igreja (isso também se aplica quando você faz um empréstimo para alguém). Se isso não é razão suficiente para você evitar ser fiador, então considere as seguintes passagens: Meu filho, se você serviu de fiador do seu próximo, se, com um aperto de mãos, empenhou-se por um estranho e caiu na armadilha das palavras que você mesmo disse, está prisioneiro do que falou. Então, meu filho, uma vez que você caiu nas mãos do seu próximo, vá e humilhe-se; insista, incomode o seu próximo! Não se entregue ao sono, não procure descansar. Livre-se como a gazela se livra do caçador, como a ave do laço que a pode prender. — Provérbios 6:1-5

Quem serve de fiador certamente sofrerá, mas quem se nega a fazê-lo está seguro. — Provérbios 11:15 O homem sem juízo com um aperto de mãos se compromete e se torna fiador do seu próximo. — Provérbios 17:18 Não seja como aqueles que, com um aperto de mãos, empenham-se com outros e se tornam fiadores de dívidas; se você não tem como pagá-las, por que correr o risco de perder até a cama em que dorme? — Provérbios 22:26-27

Recebendo Dízimos e Ofertas • Ensine

ousadamente

e

com

confiança

a

respeito

de

administração, dízimos, ofertas, generosidade, etc. Não seja envergonhado, apologético ou retraído ao ensinar sobre dinheiro ou assuntos relacionados; isso é parte da vontade de Deus que somos responsáveis de ensinar. • Seja honesto e objetivo quanto a projetos especiais e necessidades da igreja e assegure-se de que ofertas específicas vão para os projetos para os quais foram designadas. • Não pressione as pessoas a dar por meio da culpa, vergonha, condenação, ameaça, etc. • Não “engane” ou manipule pessoas a fazerem uma doação

compulsiva de maneira que mais tarde elas se arrependerão e ficarão ressentidas quanto a isso. Uma pessoa deve dar “segundo propõe em seu coração” (2 Coríntios 9:7), não em um estado de sentimentalismo frenético. • Não faça promessas infundadas e irrealistas para as pessoas. Evite tudo o que possa ser entendido como manipulação espiritual. • Evite artifícios.

Pastor — Relacionamentos com Ministros Convidados Em um artigo intitulado, “Etiqueta para pastores: como honrar ministros convidados em sua igreja”, o pastor Michael Cameneti escreveu: Acreditamos que qualquer ministro que semeia a Palavra na nossa congregação é alguém que Deus quer abençoar, por isso nos esforçamos para abençoar esse ministro convidado “acima e além”. Consistentemente, busco transmitir à nossa congregação a essência do dar e de ser uma bênção por meio de ministrações sobre finanças, fundamentadas em 1 Timóteo 5:18. Depois, encorajo a todos na nossa igreja a participarem dando uma oferta especial para o ministro convidado. Além disso, acredito que é sempre melhor semear em uma oferta do que o montante inicial recebido, portanto, acrescentamos às ofertas dos convidados apenas para abençoá-los. Em nosso coração sentimos fortemente que não podemos dar mais do

que Deus e que Ele irá suprir todas as nossas necessidades à medida que semeamos na vida de outros.29 Semelhantemente, os ministros convidados devem ser altamente respeitosos com a igreja local, bem como com o seu pastor. Ao longo dos anos, ouvi pastores compartilharem acerca de experiências negativas com ministros convidados, que pareciam estar muito mais interessados no que eles poderiam obter da igreja, financeiramente, do que o que eles poderiam oferecer à igreja, espiritualmente. Recentemente, ministrei em uma igreja e, antecipadamente, recebi instruções por escrito. Achei que essas instruções foram muito boas. Era óbvio que, pelos pontos apresentados nessas instruções, o pastor sentia que o seu povo tinha sido “tosquiado” antes. Como um bom pastor, ele estava apenas fazendo o seu melhor para assegurar que esse tipo de coisa não acontecesse novamente. Algumas de suas instruções incluíam: • Dependendo do tipo de culto, um pagamento será dado ao ministro convidado, ou o pastor retirará uma oferta para o ministro ao final do culto. Aos ministros convidados não é permitido pedirem a sua própria oferta de púlpito. • Os envelopes da igreja apenas serão utilizados se uma oferta for solicitada. • Só serão permitidos três minutos para a divulgação de produtos no púlpito, a menos que o pastor autorize antecipadamente. • Os membros da igreja não serão inseridos na lista de contatos

do ministro, exceto sob seu consentimento claro e pessoal. • A igreja irá providenciar, por mesa, até dois voluntários experientes, para ajudar na organização e venda dos produtos e materiais do ministro. Isso será assim porque somos sensíveis com respeito à interatividade com as pessoas da nossa comunidade. • Cheques pelos produtos serão feitos nominais à igreja. Todo o dinheiro das vendas de produtos será enviado pelos correios, com a oferta, dentro de três a cinco dias úteis. Não estou apresentando essas ideias como um absoluto “dever”, mas existe uma grande necessidade de que pastores e ministros convidados trabalhem com respeito mútuo. O ideal será alcançado quando cada parte buscar abençoar, grandemente, a outra parte.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Que passos simples Paulo tomou para evitar críticas na maneira como ele administrava os recursos do ministério? 2. Existe base bíblica para o pagamento de impostos? Quais versículos vêm à sua mente? 3. O que a Bíblia diz acerca de ser fiador (tornar-se responsável pelas dívidas de outra pessoa caso ela seja incapaz de pagar)? 4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

29

Cameneti, Michael, “Etiqueta para pastores: como honrar ministros convidados em sua igreja” IMPART NOW.com. Janeiro-Fevereiro 2009.

Capítulo Quinze A — ? Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. — 1 Timóteo 6:9-11 Pensamento-chave: Explorar pessoas por dinheiro é um mal de longa data. Líderes precisam evitar isso e os crentes devem ser sábios para que não se tire vantagens deles.

U

m dos meus filmes favoritos é o que relata as crônicas do ministério de Martinho Lutero, contando a história de sua

vida através da Reforma Protestante.30 No filme, a aflição de Lutero a respeito das práticas antibíblicas sobre as indulgências é claramente vista. As indulgências foram “... autorizadas pela

autoridade papal em 1411, começaram no século 11 com o ensino de que o serviço piedoso, nas Cruzadas, reduziria a permanência de alguém no purgatório. No século 15, garantias de permanências curtas no purgatório em troca de dinheiro tornaram-se um componente regular de técnicas de arrecadação de fundos para o papado”.31 A ideia de “comprar” bênçãos ou favores espirituais não começou, entretanto, na Idade Média. Em Atos 8, um indivíduo conhecido como Simão, o Mágico (o qual crera no Evangelho e fora batizado), fez a Pedro uma oferta que foi severa e duramente rejeitada. Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito [Santo], ofereceu-lhes dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniquidade. — Atos 8:18-23 O Novo Testamento, na linguagem moderna, traduz o versículo 20 da seguinte maneira: “para o inferno com você e o seu dinheiro!”. O tradutor J. B. Phillips diz que é exatamente isso que significa no grego. A versão A Mensagem e a tradução Boas Novas trazem ideias similares do mesmo versículo. Até mesmo hoje, o termo simonia do original grego não se refere apenas à compra de cargos

eclesiásticos, mas também é usado amplamente para denotar qualquer tipo de tráfico nas coisas sagradas.

Mais Abusos Voltando um pouco mais na história bíblica, vemos outras distorções, corrupções e abusos acerca de dinheiro e das coisas espirituais. Em 1 Samuel 2:12-17, observamos que os filhos de Eli (o sumo sacerdote daqueles dias), que eram muito corruptos, abusavam do sistema de sacrifícios e exploravam o povo de Deus. O versículo 17 diz: “Era, pois, mui grande o pecado destes moços perante o S , porquanto eles desprezavam a oferta do S ”. Em vez de tratar as ofertas do povo como santas, dos sagrados oferecidos ao Senhor, os filhos de Eli desdenhosa e forçosamente, intimidavam aqueles que se esforçavam para obedecer a Deus de modo a saciar a sua própria ganância. O próprio Jesus confrontou outro sistema corrupto que extorquia e maltratava os adoradores. O relato de Jesus expulsando os cambistas do templo é famoso, mas muitos não perceberam o que aconteceu depois que a prática antiética, a cobiça e a ganância foram erradicadas. Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disselhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores. Vieram a ele, no templo, cegos e coxos, e ele os curou. — Mateus 21:12-14

Você percebeu isso? Quando a corrupção dos homens foi removida, a glória de Deus foi manifesta. É muito vergonhoso tirar vantagem de pessoas vulneráveis, mas ainda mais grave é o fato de que as pessoas deixem de enxergar a glória de Deus por causa das práticas manipuladoras de homens que obscurecem a visão de adoradores sinceros. O apóstolo Paulo estava dolorosamente ciente dos “autointitulados” ministros cujos motivos e métodos eram conduzidos por ganância. Ele fez questão de se diferenciar daqueles que eram manipuladores, cujas práticas, obscuras e inescrupulosas, trouxeram reprovação às coisas de Deus. O mesmo homem que escreveu a respeito da “graça de dar” teve que falar sobre a “desgraça” de lobos em peles de ovelhas, os quais devoraram os ingênuos, crédulos e impressionáveis santos. Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a Palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus. — 2 Coríntios 2:17 Mais tarde, Paulo lhes disse: “... pois não vou atrás dos vossos bens, mas procuro a vós outros” (2 Coríntios 12:14). Aos tessalonicenses, Paulo disse: “A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus disto é testemunha” (1 Tessalonicenses 2:5). Paulo foi ao extremo para evitar qualquer atitude egoísta, até mesmo recusar uma remuneração apropriada para que ninguém pudesse acusá-lo

de estar no ministério apenas por causa do dinheiro (1 Coríntios 9:118). O apóstolo Pedro falou de falsos mestres que fariam com que o caminho da verdade fosse blasfemado (2 Pedro 2:2), e no versículo seguinte disse: “Também, movidos por avareza, farão comércio de vós”. Em outras traduções, 2 Pedro 2:3 diz: • “Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão explorar vocês, contando histórias inventadas” (NTLH). • “Em sua ambição (luxúria, ganância), eles irão explorar você com falsos (astutos) argumentos” (AMP). • “E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas” (ACF). • “... jamais dirão nada — nada que traga algum benefício. • Só querem explorar vocês” (A Mensagem). É importante entender que os apelos financeiros mais obscuros e escusos conterão certos níveis de verdade. Você pode até ouvir testemunhos de “renúncias” que parecem acrescentar legitimidade à sua mensagem. Por exemplo, eles podem dizer: “Eu não estou tentando lhe dizer que você pode comprar um milagre” ou “isto, de fato, não se trata do seu dinheiro, se trata da sua fé”. Mas em última análise, a impressão geral que o potencial doador recebe é que existe um milagre especial ou bênção que será recebida por dar dinheiro naquela oferta em particular. Além disso, doações por impulso serão fortemente estimuladas (“Tome uma atitude agora, vá ao telefone agora mesmo, doe

enquanto a unção está forte, não deixe que esse milagre passe por você, não deixe que o diabo roube de você essa bênção, etc.”). Recentemente, um ministro declarou que havia uma janela no tempo de dois minutos, durante os quais contribuintes poderiam doar uma oferta de mil dólares e receber resultados miraculosos. Obviamente, as pessoas teriam que agir imediatamente para receber a “bênção” especial que estava conectada apenas com essa oferta. Poucos anos atrás, ouvi um ministro na televisão exaltando as virtudes do número “sete”, à medida que é utilizado ao longo da Bíblia. Ele concluiu que, como o ano era 2007, seus telespectadores estavam sendo instruídos por Deus a doarem certo montante (relativo ao número 7), de modo a receberem o seu “rompimento milagroso”. Entretanto, não estava sendo recomendado que alguém enviasse uma oferta de 7 dólares (o que seria lógico, se realmente existisse a mais remota conexão com o ano do calendário, relativo a quanto o cristão deveria dar). De qualquer forma, 77 dólares, 777 dólares e 7.777 dólares eram os montantes sugeridos. É claro, grandes bênçãos eram prometidas àqueles que davam um dos montantes alegadamente inspirados. A linha de pensamento desse homem me fez imaginar se, em 2010, alguma oferta financeira seria dada, já que o ano termina em zero — mas estou certo de que ele teria um tipo diferente de revelação para aquele ano. Enquanto ouvia essa apresentação enganadora, indaguei-me se Martinho Lutero estaria se perguntando se o que ele pregou a respeito da venda de indulgências (essencialmente a venda de

perdão) fora em vão. De uma só vez, foi dito às pessoas que, por meio de dar uma oferta especial para a igreja, elas reduziriam o seu tempo de permanência no purgatório. Elas também tinham a opção de ajudar a providenciar uma libertação antecipada para a partida de seus entes queridos que ainda se encontravam no purgatório. John Tetzel era o cabeça na venda de indulgências, e ele com frequência dizia: “Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma salta do purgatório”. Lutero, irado com essa corrupção espiritual e essa forma manipuladora de extorsão, anexou as suas 95 Teses (estas foram pontos para debate) na porta norte da catedral de Wittenberg (as portas da igreja eram muitas vezes utilizadas como quadro de avisos). Enquanto outras questões eram tratadas, muitos de seus 95 pontos lidavam especificamente com a “venda de indulgências”. Aqui estão algumas amostras do que Lutero apresentou: • “Aqueles que pregam indulgências erram quando dizem que um homem é absolvido e salvo de toda penalidade pelas indulgências do papa”. • “Não há qualquer autoridade divina para pregar que uma alma salta imediatamente do purgatório quando o dinheiro tilinta no fundo do cofre.” • “As indulgências, as quais os mercadores exaltam como o maior dos favores, são vistas, de fato, como o meio favorito para obter dinheiro.” • “É blasfêmia dizer que a insígnia da cruz com os braços do papa é de igual valor à cruz na qual Cristo morreu.”

Hoje, as pessoas podem não estar tentando reduzir o seu tempo no purgatório; entretanto, ainda é uma questão séria se as pessoas são levadas a acreditar que toda bênção, milagre ou rompimento está, de alguma maneira, conectado ao ato de dar dinheiro. Enquanto eu assistia a esse pregador na televisão, pensei: Ouvi de encorajamento, edificação e exortação, mas isso não passa de extração — extrair dinheiro das carteiras das pessoas! Além disso, perguntei-me por que essas apresentações na televisão sempre terminavam com a convincente frase: “Vá para o seu telefone!” e nunca “Vá para a sua igreja!” Um ministro disse: “Você pode receber informação de qualquer um, mas você só pode receber revelação de um ministro em quem você semeia”. Pensei: Se é assim, então, nenhum de nós seria capaz de receber revelação de qualquer um dos escritos de Paulo, pois nenhum de nós jamais ofertou para ele. Existe um problema sério quando se dá a impressão de que cada bênção, cada rompimento, cada milagre e cada resposta à oração, está subordinada a uma doação financeira. É lamentável quando algo tão lindo como a “graça de dar” do Senhor é perdida porque pessoas têm repetidamente exposto substitutos baratos. Quando as pessoas são pressionadas por artifícios manipulativos, excessos ou outras técnicas para coagi-las a ofertar, o verdadeiro plano de Deus é frustrado. Em um artigo intitulado “Os Piores Artifícios para Levantar Fundos de Todos os Tempos das TVs Cristãs”, J. Lee Grady disse: “Vamos parar o hipnotismo, a manipulação de culpa e os artifícios de alta pressão. É tempo de recuperar nossa credibilidade perdida”. Ele

segue dizendo que algumas redes cristãs “... têm vergonhosamente extorquido dinheiro dos telespectadores ao longo dos anos usando manipulação de culpa pesada, controle hipnótico e uma distorção bizarra da Bíblia”. Grady conclui as suas observações com: “Felizmente, líderes emergentes na indústria televisiva religiosa irão restaurar a nossa credibilidade perdida por insistir na integridade, autenticidade e bom gosto”.32 Quantos danos realmente têm sido produzidos por tais táticas manipulativas nos púlpitos? Contingentes incontáveis de crentes têm estado fatigados com relação ao Cristianismo, endurecidos quanto ao Evangelho e presumem que os pregadores estão nisso “simplesmente pelo dinheiro”. Isso por si só é trágico. Para acrescentar, alguns cristãos sinceros têm se desapontado e se desiludido quando promessas de milagres de prosperidade não se materializam como esperado. Muitos desses cristãos desmotivados têm se tornado fechados, relutantes e hesitantes em dar qualquer coisa mais. Compreensivelmente, muitos se sentem explorados, abusados e defraudados. Eles não confiarão em pregadores tão facilmente de novo. Talvez, eles, erroneamente, tenham visto o dar como uma oportunidade de “fique rico rápido”. Alguns afundam em um estado de culpa e condenação porque acreditaram que sua fé não deve ter sido suficiente para trazer a colheita esperada. Outros se tornam endurecidos e desistem completamente de dar. Tudo isso são consequências lamentáveis e graves que resultam quando a exploração “vergonhosa” é substituída pela beleza da graça de dar que Paulo ensinou

(2 Coríntios 8:6-7). Um amigo missionário uma vez compartilhou que, em seu país, jovens missionários assistiam a pregadores norte-americanos na televisão e selecionaram algumas das suas técnicas “habilidosas” em recolher ofertas. As orientações a seguir são compartilhadas, não apenas para ajudar ministros a evitarem alguns desses métodos inapropriados, mas também para ajudar crentes a adquirirem sabedoria e discernimento, de modo a se protegerem de serem manipulados:

Indicadores de Que Uma “Extorsão” Está para Acontecer • Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando se perceber que, como resultado de dar alguma oferta específica, você receberá algum tipo especial de bênção, milagre ou rompimento que, de outra forma, você não teria direito se simplesmente estivesse ofertando para a sua igreja ou apoiando algum ministério. Artifícios muitas vezes usados incluem coisas do tipo: “Todas as suas dívidas serão sobrenaturalmente pagas”, “você receberá a cura de que precisa”, ou “seus filhos ou cônjuge serão salvos”... tudo porque você deu dinheiro. Novamente, atente para o “sinal de desaprovação”. Provavelmente, você ouvirá: “Você não pode comprar um milagre, isso é uma questão de fé”! Entretanto, o modo específico pelo qual você liberaria a sua fé é por meio de doar essa oferta em particular. Décadas atrás, Gordon Lindsay escreveu: “Talvez, o artifício mais sério para arrecadar dinheiro

é aquele promovido por um aventureiro religioso, o qual promete às pessoas que Deus lhe deu o dom de torná-las ricas, se tão-somente elas lhe derem uma boa oferta. Tais afirmações aproximam-se do crime da blasfêmia”.33 • Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando um óleo “especialmente ungido”, ou tecidos consagrados, são usados em conexão com ofertas. Enquanto tecidos (Atos 9:11-12) e unção com óleo (Tiago 5:14-15) são definitivamente mencionados no Novo Testamento, uma cautela deve ser exercitada para assegurar que essas coisas não se tornem artifícios para iniciar um apelo por dinheiro. Em algumas situações, inicialmente, essas coisas são oferecidas de graça por certos ministros, mas logo são seguidas por fortes apelos financeiros. Do mesmo modo, alguns têm oferecido “profecias” por uma doação e, em alguns casos, a primeira profecia é apenas uma provocação. Imagine o que você vai ter que fazer para obter a “profecia” mais detalhada, a qual irá, realmente, liberar as bênçãos de Deus em sua vida? Isso mesmo: envie mais dinheiro. Ninguém é tão audacioso a ponto de dizer abertamente que está vendendo as bênçãos de Deus, mas quando toda a camada superficial e falatório são removidos, isso é essencialmente o que está acontecendo. • Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando qualquer tipo de ministério diminui o seu senso de sacerdócio. Em vez de você ter o seu próprio relacionamento com Deus, por meio do qual você pode exercer fé, usar sabedoria e ser guiado pelo Espírito, você é dependente do ministro com a “unção especial para prosperar”, para conduzi-lo até receber a sua bênção.

Ministérios legítimos apoiam e reforçam o seu senso de sacerdócio diante de Deus, eles não criam uma dependência doentia em alguns “superministros” que, em essência, se tornam a sua ligação com Deus e com as Suas bênçãos. A Bíblia diz em 1 Timóteo 2:5: “... há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”. Ministérios legítimos cultivam a sua dependência em Deus, em Sua Palavra e a sua habilidade de seguir a direção do Espírito Santo. Ministérios doentios, por outro lado, desenvolvem uma dependência em alguns ministros, especialmente ungidos, os quais, sozinhos, podem facilitar a chegada das bênçãos de Deus até você (especialmente quando a sua fé é “ativada” e “liberada” por meio de uma semente financeira que você semeou no “servo de Deus”). A intimidação pode até ser usada, dando a ideia ao ouvinte de que ele está sendo desobediente se ele não participa ou está sendo “religioso”, se questiona a suposta infalível palavra do servo ungido de Deus. • Deveria

ser

levantada

uma

bandeira

vermelha

quando

testemunhos maravilhosos são oferecidos por indivíduos que experimentaram milagres extraordinários, como resultados de ofertar em determinado ministério. A insinuação é de que se você der, então você também experimentará os mesmos tipos de resultados. Observei, em comerciais de TV de produtos para perda de peso, que um testemunho com frequência é dado no qual uma pessoa compartilha a sua história de perda drástica de peso, por fazer uso de uma dieta em particular. Na parte de baixo da tela da TV, em letras miúdas, está a típica frase: “resultados não típicos”. Talvez essa seja uma exigência legal

para propagandas seculares, mas seria revigorante ouvir um ministro admitir que muitas das pessoas que doam não encontrarão um cheque de 75 mil dólares na sua caixa de correios nem terão a sua casa milagrosamente paga porque elas doaram aquela oferta “especial”. Também é lamentável que alguns ministérios tenham recorrido a panfletos e “comerciais de TV” que realçam imagens de mansões, piscinas, carros esportivos luxuosos, diamantes, barras de ouro e imensas pilhas de dinheiro. Tais promoções de mau gosto (em nome do Senhor) vergonhosamente apelam à cobiça e me lembram das advertências de Paulo a Timóteo quanto a “... homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6:5). • Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando um ministro sugere uma doação alicerçada em um versículo específico da Bíblia ou por meio do uso de numerologia. Por exemplo, depois de pregar em cima de Isaías 55:11, um ministro sugere que, se um ouvinte necessita de um milagre, doe uma oferta de 55,11 dólares. É interessante que ministros que usam essas técnicas estão mais propensos a pregar em cima do Salmo 107:20 do que em cima do Salmo 1:1. Afinal, uma oferta de 107,20 dólares é muito melhor do que uma oferta de 1,1 dólares. Ofertas fundamentadas em algumas interpretações numerológicas da Bíblia são quase sempre o resultado de manipulações humanas, e não inspiração divina. Eu não teria problema se, por exemplo, no aniversário de 50 anos de uma igreja, a liderança sugerisse que todos considerassem, em oração, uma oferta extra de 5 dólares, 50

dólares ou 500 dólares para fazer o que eles pudessem direcionados a algum projeto especial. Entretanto, isso deveria ser apenas uma sugestão. Isso se torna problemático quando o “ministro altamente ungido” atua dizendo “o Senhor me disse” e, autoritariamente, proclama que todos que derem 500 dólares ou 5 mil dólares irão receber algum tipo de bênção que só pode ser adquirida por meio de ofertar nesse montante em particular divinamente decretado. É quando isso se torna manipulativo e ameaçador. Tenha sempre cuidado com pessoas que profetizam dinheiro saindo da sua carteira — para dentro da carteira delas! • Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando datas de certos festivais judaicos ou outros eventos do Antigo Testamento são usados para promover ofertas especiais na era do Novo Testamento. Considerando que a maioria de nós é crente do Novo Testamento, de origem não judaica, esses dias não devem governar o nosso caminhar com Deus (Gálatas 4:911; Colossenses 2:16-17). Ao escrever para uma congregação de origem mista (judeus e gentios), Paulo indicava que deveria haver tolerância e respeito quando se tratava de questões de origem e convicções pessoais (Romanos 14:1-9), mas não há qualquer base neotestamentária para proclamar que Deus irá abençoar, de forma especial, ofertas “fundamentadas no Antigo Testamento”, na era da Igreja. • Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando uma mensagem é salpicada com dicas nada sutis de como Deus abençoou pessoas que doaram para o ministro ou para o seu ministério, usando a terminologia de “levantador de fundos” ou

“apoiadores”. Ao fazer isso, esses ministros estão psicologicamente condicionando as pessoas a dar. Isso também deveria ser preocupante quando tempo em excesso é gasto por ministros falando a respeito de toda a riqueza e bênçãos materiais que eles receberam. Ministros são chamados para “pregar a Palavra” (2 Timóteo 4:2), não para exibir as suas posses. Paulo disse que o amor “... não é orgulhoso ou vanglorioso, não se mostra altivo” (1 Coríntios 13:4, AMP). Paulo também disse: “... a nossa mensagem não é sobre nós mesmos; estamos anunciando Jesus Cristo, o Mestre. Tudo o que somos é mensageiros, levando recados de Jesus para vocês” (2 Coríntios 4:5, A Mensagem). Deus nunca ordenou que ministros tivessem uma mentalidade de “rock star” ou “celebridade”; somos chamados para sermos servos. Certamente não somos chamados para manipularmos as pessoas para o nosso próprio benefício ou lucro pessoal.

Bênçãos Sem Dinheiro Deveríamos ser grandemente abençoados ao lembrarmos Isaías 55:1-2: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares”. Desde que nós tenhamos o entendimento de que as maiores bênçãos de Deus são dons gratuitos, então nós podemos dar de

coração e com a motivação correta, e poderemos evitar sermos pressionados, manipulados ou abusados por vigaristas religiosos.

Reivindicando o Plano de Deus Precisamos permanecer fortemente comprometidos com a Palavra de Deus e nos conservarmos positivamente focados. Sou totalmente a favor de devolver o dízimo, ofertar e promover a prosperidade bíblica. Se todo crente no Corpo de Cristo simplesmente devolvesse o seu dízimo em sua igreja local (dar 10% da sua receita) e ofertasse como o Senhor os guia a fazer, a obra de Deus estaria tremendamente.

maravilhosamente

suprida

e

progrediria

A Bíblia nos ensina que existem bênçãos que estão associadas ao dar, e que Deus “... tem prazer na prosperidade dos servos” (Salmos 35:27). Igrejas, missionários e ministérios precisam de dinheiro para funcionar e para a Grande Comissão. O Corpo de Cristo precisa ser profundamente grato por todos os pastores, missionários e outros ministros confiáveis (inclusive muitos que estão na televisão) que compartilham o Evangelho e a Palavra de Deus de modo tão objetivo, com simplicidade e sinceridade. Agradeça a Deus por aqueles que estão conservando as águas puras! O Corpo de Cristo deve ser forte e ver através da desordem e distrações e imperfeições humanas, à medida que seguimos o propósito de Deus para a nossa vida! O fato de alguns operarem por métodos inapropriados e questionáveis jamais deveria nos impedir

de acreditarmos em Sua Palavra e fazer a coisa certa. Deus ainda “... pode fazer-vos abundar em toda graça (todo favor e bênçãos terrestres), a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência [possuindo suficientemente e não precisando requisitar ajuda ou suporte e fornecendo em abundância para todo bom trabalho e doações de caridade], superabundeis em toda boa obra” (2 Coríntios 9:8, AMP). Vamos nos render livremente à graça de dar. Não deveríamos apenas receber da Sua generosidade, mas também deveríamos viver uma vida de generosa doação.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Explorar pessoas por dinheiro em nome da religião é uma prática nova ou é algo antigo? Hoje, como os crentes podem ofertar biblicamente e generosamente sem serem explorados? 2. Qual foi a reação de Pedro quando Simão tentou comprar uma bênção ou dom espiritual? 3. De quantas das advertências “bandeiras vermelhas” com respeito a ofertar você se lembra? Você já tinha visto algumas dessas práticas antes? Como você se sentiu ao vê-las? 4. Como você acredita ser o modo de Deus — o modo bíblico — de financiar o trabalho da igreja e a propagação do Evangelho? 5. Qual foi a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

30

Till, Eric, Luther (Los Angeles, CA: RS Entertainment, 2003).

31

Bingham, Jeffrey, Pocket History of the Church (Downers Grove: IVP Academic, 2002) 113. 32

Grady, J. Lee, “Os Piores Artifícios para Levantar Fundos de Todos os Tempos das TVs Cristãs”, Charisma & Christian Life, agosto de 2010. 33

Lindsay, Gordon, God’s 20th Century Barnabas (Dallas: Christ for the Nations, Reprint 1982), 276.

A : 34

34

Tradicionalmente muitos dos ministros, especialmente pastores, eram homens. Portanto o termo “as mulheres” tem sido usado como uma frase indicativa de uma tentação em potencial para ministros. Na verdade, este capítulo lida com todo e qualquer tipo de problema sexual ou moral, má conduta sexual com qualquer pessoa, seja homem ou mulher, ou conduta inapropriada envolvendo pornografia.

Capítulo Dezesseis C “Se um homem consegue enganar a sua esposa e filhos, quebrar um voto feito a Deus na presença de testemunhas e intencionalmente trair a confiança daqueles que o amam, qual garantia sua organização terá de que ele será honesto em seus negócios? Pessoas que se provam enganadoras em uma área da vida são igualmente capazes de serem enganadoras em outras áreas.”35 — Henry e Richard Blackaby Pensamento-chave: Líderes espirituais reconhecem que seus corpos são o templo do Espírito Santo e se mantêm puros não apenas fisicamente, mas em cada dimensão de seus seres.

Q

uanto dano tem sido causado ao Corpo de Cristo devido à imoralidade entre os líderes?

• A Igreja Católica Romana tem sido atormentada por um desfile, aparentemente interminável, de alegações de abuso sexual contra os seus sacerdotes. • Impérios de televangelistas e ministros de alto perfil têm desabado em meio a alegações obscenas de imoralidade. • Em comunidades por todo o país, igrejas locais têm sido

abaladas quando um ministro de jovens se envolve de forma inapropriada com uma adolescente, quando uma criança é molestada por uma funcionária da igreja, ou até mesmo quando um pastor é descoberto com práticas imorais envolvendo uma igreja ou membro da equipe. Tais incidentes não só endurecem os corações dos incrédulos ao Evangelho e desiludem jovens crentes, mas são altamente perturbadores e desmoralizantes para as igrejas ao passo que estas buscam cumprir a sua missão enquanto igreja. No rastro dessa imoralidade está uma coleção de vidas devastadas: cônjuges traídos, crianças confusas, vítimas devastadas, crentes inocentes cujas confianças têm sido destruídas, e um público compreensivelmente exausto. A tecnologia moderna tem contribuído para uma nova categoria de problemas morais, como: pornografia na internet, paqueras por mensagens de texto e por redes sociais. Enquanto alguns tentam minimizar a seriedade de algumas dessas atividades, o senso comum nos diz que essas atividades são intrinsecamente problemáticas e podem tornar-se uma ladeira escorregadia que nos levará a resultados cada vez mais tóxicos, ao abrirem a porta para problemas ainda mais sérios. Alegações de má conduta sexual contra líderes de igrejas e seus funcionários têm se tornado cada vez mais comum nos tribunais da nação. Igrejas normalmente possuem políticas de segurança para proteger a si mesmas contra acusação de má conduta sexual e assédio sexual. Acordos podem ser feitos em centenas de dólares — às vezes até milhares — quando envolvem má conduta sexual

por parte do clero.

Nada Novo Problemas de moralidade relacionados ao ministério têm permeado o povo de Deus por muito tempo. No Antigo Testamento, os filhos do sumo sacerdote abusaram de seus ofícios e viveram de forma autoindulgente. 1 Samuel 2:12-13 diz que os filhos de Eli: “... não prestavam e não se importavam com Deus, o S . Eles não obedeciam aos regulamentos a respeito daquilo que os sacerdotes tinham o direito de exigir do povo...” (NTLH). O versículo 22 diz: “Eli estava muito idoso, mas estava ciente do que seus filhos estavam fazendo ao povo de Israel. Ele sabia, por exemplo, que seus filhos estavam seduzindo jovens mulheres que assistiam na entrada do Tabernáculo”. Eli falou com seus filhos, mas não fez nada além disso, de forma que seus comportamentos pecaminosos continuaram. Na sociedade de hoje, os filhos de Eli se encaixariam na descrição moderna de predadores. “... seus filhos seduziam as jovens mulheres”. Um predador não é alguém que simplesmente cedeu à tentação, pecou e então se arrependeu genuinamente. Em vez disso, predadores são aqueles que deliberada e intencionalmente usam (ou deveria dizer, abusam) da sua posição, com a autoridade incidente e influência, objetivando encontrar indivíduos vulneráveis para o propósito de manipulá-los e usá-los para satisfazer as suas próprias necessidades. Líderes espirituais precisam entender que o seu exemplo é extremamente importante. Quando alguns líderes caem

moralmente, indivíduos que respeitam seus ministérios podem ser inclinados a pensar: Bem, se o reverendo fulano não pode resistir à tentação, então por que eu deveria tentar? Talvez isso seja um dos motivos que levou Geoffrey Chaucer (1342-1400), muitas vezes considerado o maior poeta inglês depois de Shakespeare, a escrever o seguinte trecho no que diz respeito à necessidade de elevados padrões morais entre pastores: “Andando e carregando em suas mãos uma equipe. Esse foi o bom exemplo que ele deixou: Ele praticou primeiro o que posteriormente iria ensinar. Fora do Evangelho ele tomou esse preceito, e além do mais, ele citaria este ditado também: ‘Se o ouro pode enferrujar, então o que acontecerá com o ferro?’ Porque se um sacerdote pode ser apodrecido, em quem confiaremos? Não é de admirar que leigos também enferrujem”.36

Admoestações a Líderes Espirituais Paulo deu algumas orientações muito específicas para os seus filhos espirituais, Timóteo e Tito, concernentes às suas integridades morais e condutas. Paulo disse a Timóteo, um jovem ministro: “Trate os homens mais jovens como irmãos, as mulheres idosas, como mães e as mulheres jovens, como irmãs, com toda a pureza” (1 Timóteo 5:1-2, NTLH). Certa vez, recebi uma ligação de um indivíduo, e ao perguntar como as coisas estavam na igreja que ele frequentava, ele indicou que algumas pessoas estavam chateadas com o pastor. O problema? O pastor com frequência encorajava a fraternidade durante um intervalo no culto dizendo: “Porque você não encontra

cinco pessoas e lhes dá um abraço”. Então o pastor rotineiramente saía da plataforma e fazia um caminho mais curto para abraçar muitas das moças bonitas da igreja. As pessoas perceberam que o pastor nunca abraçava a seção onde as senhoras mais velhas ou homens estavam sentados. Por conseguinte, o foco e o favoritismo que o pastor oferecia às mulheres mais jovens e atraentes da congregação estavam colocando em questão o seu caráter e suas intenções. Paulo também disse a Timóteo: “E você, Timóteo, fuja das paixões da mocidade e procure viver uma vida correta, com fé, amor e paz, junto com os que com um coração puro pedem a ajuda do Senhor” (2 Timóteo 2:22, NTLH). Muitos focarão a primeira parte desse versículo que diz “fuja das paixões da mocidade”, mas negligenciam a segunda parte: “procure viver uma vida correta, com fé”. Tão importante como os padrões bíblicos são, eu tenho compaixão por qualquer crente que vive simplesmente na esfera do “não faça isso”. Se nós concentramos em fazer os “faça isso”, então, não ficaremos sentados por aí nos perguntando sobre os “não faça isso”. Esmere-se em tornar-se uma pessoa piedosa, ungida, efetiva, produtiva e frutífera que Deus o constituiu para ser. Sim, corra de todas as coisas erradas, mas não se esqueça de correr em direção às coisas certas. Não pense apenas nas coisas que você está evitando; fique animado com as coisas de Deus que você está buscando! Tito, outro dos filhos espirituais de Paulo, também recebeu uma carta do apóstolo mostrando-lhe como se conduzir no ministério pastoral. Em Tito 2:1-10, Paulo admoestou Tito sobre como ministrar

para quatro grupos específicos de pessoas: homens mais velhos, mulheres mais velhas, homens jovens, e servos. É fascinante observar que Tito não recebeu instruções sobre o que ele deveria ensinar para mulheres jovens. Em vez disso, Paulo disse a Tito: “Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja difamada” (Tito 2:4-5, NVI). Não é interessante que Paulo poderia dizer a Tito como ministrar a todos esses grupos de pessoas? Contudo ele diz: “Tito, quando se trata das mulheres jovens, deixe as mais velhas ministrá-las”. Estaria Paulo, como um sábio pai espiritual, esforçando-se para manter Tito fora de situações onde as tentações aumentariam? Acrescentando às declarações citadas, lembre-se de que Paulo disse quais eram as qualificações dos anciãos em 1 Timóteo 3:2: “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar”. Observe a frase “esposo de uma só mulher”. Em outras palavras, um líder espiritual não apenas não deve ter casos de adultério, mas ele também não deve ser um paquerador ou um mulherengo. Ele não deve ser o tipo de pessoa que é dada a qualquer tipo de relacionamento ilícito, e isso inclui apegos emocionais inadequados, tipos de comunicação inapropriados, e relações físicas ou sexuais inapropriadas.

As Orientações para Crentes Também se Aplicam a Líderes Espirituais

É importante lembrar que Deus não tem um conjunto de orientações para os crentes que são de alguma forma irrelevantes ou inaplicáveis aos líderes. Em qualquer situação, Deus espera mais dos seus líderes, não menos; Ele espera que estes operem em padrões mais elevados, e não nos mais baixos. Lembro-me de ouvir um ministro que estava obviamente muito enganado. Ele reconhecia que, falando de modo geral, Deus não queria pessoas cometendo adultério, mas abriu uma exceção para ele. Ele disse que Deus havia lhe revelado que pelo fato do seu ministério ser tão especial e tão ungido, Deus estava permitindo que ele mantivesse um relacionamento extraconjugal, afinal Deus sabia que ele poderia ministrar mais efetivamente se suas necessidades sexuais fossem supridas. Tal orgulho narcisista traz grande cegueira. A falácia de tamanha presunção e arrogância será finalmente exposta. Não, Deus não estabeleceu um conjunto de regras para alguns e uma exceção especial para outros. Quando se trata de padrões morais, a Palavra de Deus aplica-se a qualquer um. Aqui estão algumas orientações para todos os crentes do Novo Testamento: Fujam da imoralidade sexual! Qualquer outro pecado que alguém comete não afeta o corpo, mas a pessoa que comete imoralidade sexual peca contra o seu próprio corpo. Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus, pois ele os comprou e pagou o preço. Portanto, usem o seu corpo para a glória dele. — 1 Coríntios 6:18-20 (NTLH)

As coisas que a natureza humana produz são bem conhecidas. Elas são: a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes... As pessoas que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza. — Gálatas 5:19,24 (NTLH) Entre vocês não deve haver sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos. Não haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, em vez disso, ações de graças. — Efésios 5:3-4 (NVI) Portanto, matem os desejos deste mundo que agem em vocês, isto é, a imoralidade sexual, a indecência, as paixões más, os maus desejos e a cobiça, porque a cobiça é um tipo de idolatria. — Colossenses 3:5 (NTLH) Que cada um saiba viver com a sua esposa de um modo que agrade a Deus, com todo o respeito e não com paixões sexuais baixas, como fazem os incrédulos, que não conhecem a Deus. Nesse assunto, que ninguém prejudique o seu irmão, nem desrespeite os seus direitos! Pois, como nós já lhes dissemos e avisamos, o Senhor castigará duramente os que fazem essas coisas. Deus não nos chamou para vivermos na imoralidade, mas para sermos completamente dedicados a ele. Portanto, quem rejeita esse ensinamento não está rejeitando um ser humano, mas a Deus, que dá a vocês o seu Espírito Santo. — 1 Tessalonicenses 4:4-8 (NTLH)

Passos para Manter a Integridade Moral na Vida 1. Tome uma decisão de qualidade Não espere até você se achar em um lugar de tentação para decidir o seu curso de ação. Faça suas consagrações a Deus agora e a partir de então viva por elas. Antecipe-se em suas decisões de qualidade para que possa manter-se puro em sua vida moral e ministerial. Se você errou nisso no passado, receba o perdão e a limpeza oferecidos por Deus e se determine agora mesmo a viver o restante da sua vida, com a ajuda dele, com honra e integridade.

2. Mantenha um relacionamento sólido com Deus e com a sua esposa Gerencie a sua saúde espiritual. Mantenha seu relacionamento com Deus renovado e vibrante. Alimente seu espírito, não sua carnalidade. Evite desgaste espiritual, emocional, e físico. Uma pessoa fadigada pode ser mais suscetível à tentação. Uma relação forte e próspera com seu cônjuge também é vital. O relacionamento deve estar em crescimento no qual o amor é mantido sempre vivo, conflitos são resolvidos, e no qual ressentimento e raiva não têm permissão de gerar apodrecimento. Abertura, honestidade e prestação de contas mútuas são importantes. Se sua relação conjugal tornar-se tensa, busque ajuda. Homens, se sua mulher lhe avisa sobre alguém que ela sente ter intenções erradas, tome cuidado! Mulheres, se o seu marido chama a atenção sobre a forma de

outro homem agir perto de você, preste atenção!

3. Reconheça a sua vulnerabilidade Um provável candidato para a falha moral é a pessoa que se considera invencível sobre a tentação, que orgulhosa ou ingenuamente pensa: Isso nunca poderia acontecer comigo! Esses dois avisos da Bíblia vêm à minha mente: Aquele, pois, que pensa estar em pé veja para que não caia. — 1 Coríntios 10:12 A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda. — Provérbios 16:18 Como um líder espiritual, você é um alvo de “grande valor”, e Satanás amaria levá-lo para longe do seu chamado.

4. Lembre-se das consequências dolorosas da imoralidade O adultério é um ato insano, arrasador e autodestrutivo: Sairá cheio de ferimento, detonado, e com a reputação totalmente arruinada. — Provérbios 6:32-33 (A Mensagem) Segue algo que foi adaptado de uma lista desenvolvida por um ministro. Ele revisava essa lista toda vez que se sentia vulnerável à tentação sexual. Ele a citou como um lembrete das consequências negativas que uma decisão moral errada poderia produzir.37

• Angústia ao Senhor que me redimiu. • Arrastar o Seu nome sagrado para a lama. • Um dia ter que olhar para Jesus, o Justo Juiz, e face a face prestar contas por minhas ações. • Seguir os passos daqueles cuja imoralidade confiscou ou aleijou seus ministérios e me faz tremer: (lista de nomes). • Infligir uma mágoa indescritível a minha melhor amiga, minha leal esposa. • Perder o respeito e a confiança da minha esposa. • Machucar os meus amados filhos. • Destruir o meu exemplo e credibilidade com meus filhos e anular meus esforços presentes e futuros de ensiná-los a obedecer a Deus (“Por que ouvir um homem que traiu mamãe e a nós?”) • Se minha cegueira continuasse ou minha esposa fosse incapaz de perdoar, talvez eu perca minha esposa e meus filhos para sempre. • Trazer vergonha à minha família (“Por que papai não é mais pastor?”) • Perder o respeito próprio. • Criar uma forma de culpa muito difícil de aplacar. Embora Deus me perdoasse, eu me perdoaria? • Formar memórias e flashbacks que poderiam assolar a minha intimidade futura com a minha esposa. • Perder anos de treinamento ministerial e experiências de um

longo tempo, talvez de forma permanente. • Perder o efeito de anos de testemunho para outros membros da família e reforçar a sua desconfiança por ministros, piorando essa imagem com meu exemplo, talvez os tornando ainda mais duros de coração por causa da minha imoralidade. • Minar o fiel exemplo e trabalho duro de outros cristãos em nossa comunidade. • Trazer grande prazer a Satanás, o inimigo de Deus e de tudo o que é bom. • Amontoar julgamentos e dificuldades sem fim sobre a pessoa com quem cometi adultério. • Possivelmente

colher

consequências

físicas

tais

como

gonorreia, sífilis, clamídia, herpes e AIDS; talvez infectar minha esposa, ou no caso da AIDS, eventualmente levá-la à morte. • Possivelmente causar uma gravidez, com todas as implicações pessoais e financeiras, incluindo um lembrete para a vida toda do meu pecado. • Machucar os seguintes pastores e anciãos: (lista de nomes). • Causar vergonhar e dor a esses amigos, especialmente àqueles que eu levei a Cristo e discipulei: (lista de nomes). • Invocar vergonha e embaraço pela vida toda sobre mim mesmo. Também beneficiaria a cada pessoa que está em uma liderança espiritual (e dessa forma a todo crente), periodicamente ir ao livro de Provérbios e ler sobre a dinâmica e consequências que estão envolvidas no adultério. Algumas das passagens-chave

de alerta para estudo e meditação incluem: • Provérbios 2:16-19

• Provérbios 5:1-23

• Provérbios 6:20-35

• Provérbios 7:1-27

• Provérbios 9:13-18

• Provérbios 23:27-28

• Provérbios 31:1-3 No início de Provérbios, nós aprendemos que esses escritos refletem o conselho de um pai para os seus filhos. Claro, provérbios maternos (conselhos) para a sua filha seriam lidos diferentemente. Jovens precisam de instruções e avisos sobre perigos nos relacionamentos também. Independentemente de quem estiver recebendo a instrução, é importante lembrar que “o pecado levará você além de onde você pretende ir, o manterá mais longe do que você pretende ficar, e lhe custará mais do que você pretende pagar”.

5. Reconheça que uma falha moral não começa com o ato físico do adultério. Seja consciente disso e evite fatores precipitantes Líderes espirituais muitas vezes proporcionam cuidado e conforto a pessoas machucadas. Às vezes, isso pode criar ligações emocionais e mesmo que as intenções tenham sido inocentes, o que recebe tal intervenção pode nutrir um apego e uma atração emocional para com o cuidador. Além disso, a gratidão e o apreço que é expresso pelo receptor podem

começar a alimentar o ego do cuidador e começar a suprir uma possível necessidade emocional em sua vida. Por conseguinte, isso pode desenvolver um relacionamento doentio. “Nenhum pastor pode demorar muito a perceber a discrepância entre a valorização realista de sua esposa a respeito dele como marido e o generoso elogio de membros bajuladores que derramam sobre ele como ‘o ministro piedoso’. Quando isso ocorre, o pastor está vulnerável à tentação de transferir a intimidade de sua esposa para alguém que tão acriticamente alimenta suas necessidades emocionais.”38 O adultério não começa com o ato físico. Ele começa com a camaradagem emocional, flerte, desejos não fiscalizados, fantasias, justificativas, violação de limites, etc. Os ministros precisam evitar qualquer tipo de comportamento de flerte, inclusive brincar com as emoções das pessoas. Seja profissional, e acima de tudo seja cristão! Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério.” Mas eu lhes digo: quem olhar para uma mulher e desejar possuí-la já cometeu adultério no seu coração. Portanto, se o seu olho direito faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ser atirado no inferno. Se a sua mão direita faz com que você peque, corte-a e jogue-a fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno. — Mateus 5:27-30 (NTLH) Você precisa ser brutalmente honesto consigo mesmo se você se encontra:

• Sentindo uma atração inapropriada por uma pessoa que não é o seu cônjuge. • Pensando em uma pessoa, esperando receber telefonemas dessa pessoa, ou tendo fantasias sobre outra pessoa. • Fabricando maneiras para legitimar um relacionamento próximo com aquela pessoa (ex.: designando aquela pessoa para uma posição a fim de ter mais interação com ela). • Comunicando-se com, ou encontrando aquela pessoa em horários ou lugares inapropriados, ou em lugares fora da rotina. • Pensando ou se comunicando com aquela pessoa sem querer que sua esposa saiba a respeito. 6. Estabeleça e mantenha limites adequados para você mesmo, em sua vida e ministério Isso significa ter orientações que o manterão longe das extremidades. Aqui estão algumas orientações gerais: • Não aconselhe membros do sexo oposto sozinho. • Não se coloque em uma situação em que, se uma acusação for levantada, será a sua palavra contra a de outra pessoa. • Não dê uma passadinha na casa de uma pessoa do sexo oposto a menos que seu cônjuge esteja com você ou o cônjuge da pessoa que você está indo visitar esteja presente. • Não use linguagem que poderia significar mais do que você pretende dizer. Uma amizade muito íntima e uma revelação inapropriada vão além da conduta adequada.

• Não toque as pessoas de maneira que seja inapropriado ou possa ser mal interpretado. 7. Preste Contas Tenha alguém para quem possa falar caso esteja sendo tentado. A quem você presta contas? Deve haver alguém (ou mais de uma pessoa) que seja capaz de observá-lo em seu ministério e demonstrar cuidado sobre qualquer problema que possa ver; alguém que você ouvirá e cuja opinião você respeitará. Aqueles que são “Guerreiros Solitários” são mais suscetíveis do que aqueles que têm os nobres princípios de prestar contas do que fazem em suas vidas. Alguns anos atrás, um amigo pastor me perguntou se eu poderia ser seu parceiro a quem ele prestaria contas no tocante ao seu uso da internet. Eu concordei, entretanto estabeleci a condição de que ele faria o mesmo por mim. Ambos baixamos um software para controle de acessos e começamos a receber relatórios semanais dos sites de internet que visitávamos. O pecado ama tomar vantagem do sigilo e esse tipo de prestação de contas pode ser um forte impedimento à tentação. Efésios 5:13 diz: “Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz”.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. O quanto você se sente culpado pela causa de Cristo ter sido ferida por meio da imoralidade dentro da igreja e entre seus representantes? 2. Quão claramente você crê que a Bíblia considera relevante a conduta moral dos crentes e líderes espirituais? Quais decisões isso tem levado você a tomar, e quais orientações você tem estabelecido para manter a pureza moral em sua vida? 3. Neste capítulo concernente às dolorosas consequências da imoralidade, uma lista escrita por um ministro foi citada. Ele usou a lista como um lembrete, pois a qualquer momento ele sentia que poderia ser tentado. Ao rever essa lista, algum ponto em particular se destaca para você? Se sim, qual? 4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

35

Blackaby, Henry e Richard, Liderança espiritual (Nashville, TN: B&H publishing Group, 2001). 36

Chaucer, Geoffrey, Os contos de Canterbury (Oxford, England: Oxford University Press. 1985), 13. 37 38

Alcorn, Randy, “Estratégias para evitar a queda”, Jornal da liderança, inverno 1988, 46.

Grenz, Stanley e Bell, Roy D., Traição da confiança (Grand Rapids: Baker Books, 2001), 50.

Capítulo Dezessete R “Aqueles que ensinam por meio da doutrina precisam ensinar por intermédio de suas vidas, senão eles derrubarão com uma das mãos o que construíram com a outra.” — Matthew Henry Pensamento-chave: Líderes espirituais precisam entender que suas decisões e ações nunca são “privadas”, pois eles têm o potencial de trazer grande vergonha à causa de Cristo. que acontece quando um escândalo atinge a igreja? Qual é a O consequência? Todos os crentes, e especialmente aqueles em posição de liderança espiritual e em responsabilidade na igreja, deveriam lembrar-se frequentemente do significado dos seus testemunhos. O rei Davi criou um mundo de dores e problemas quando cometeu adultério com Bate-Seba (e então assassinou Urias em uma tentativa de encobrir o seu erro). Davi foi perdoado do seu pecado, mas ainda assim houve graves repercussões. O restante da vida de Davi foi marcado por “dores de cabeça” e tragédias, por conta disso o seu reinado foi marcado por um desastre após o outro. Vamos observar três consequências do pecado de Davi:

1. Natã disse: “Não se apartará a espada jamais da tua casa” (2 Samuel 12:10). Isso é preocupante! É importante entender que o perdão espiritual não erradica imediatamente todas as consequências das nossas ações. Se eu roubar um banco amanhã, eu creio que Deus me perdoará; contudo, os tribunais provavelmente não. Por conseguinte, eu envergonharia a minha família e destruiria a confiança que outros depositam em mim. Confiança é a moeda do ministério, e sem credibilidade nossa habilidade de influenciar a vida de outras pessoas é grandemente comprometida. Sim, Davi recebeu perdão, mas as ramificações das consequências do seu pecado foram experimentadas socialmente, nos relacionamentos e politicamente. Por causa do seu pecado, as consequências foram intensas, horríveis e em longo prazo.

2. Deus não olhou para Davi como alguém que meramente cedeu à tentação; aos olhos de Deus o pecado de Davi foi mais profundo que isso. Em referência ao ato de desobediência de Davi, Deus disse: “... porquanto me desprezaste…” (2 Samuel 12:10). Deus toma nossa obediência (e nossa desobediência) muito seriamente e muito pessoalmente. Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Deus nunca fica impressionado com as nossas palavras se as nossas ações estiverem erradas. 1 João 2:4 declara: “Aquele que diz: Eu o

conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade”. Antes de haver uma “Grande Comissão” havia um “Grande Mandamento”, que envolve amar o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, alma, mente e forças. Amor real a Deus produzirá obediência a Ele.

3. Outra seríssima afirmação é: “Mas, posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do S ...” (2 Samuel 12:14). Sabemos que o Evangelho é verdadeiro, mesmo que um ministro em particular o esteja vivendo ou não; contudo, a sociedade como um todo tende a julgar a mensagem pelo mensageiro. Quando Paulo falou daqueles que pregavam uma coisa e viviam outra (Romanos 2:21-24), ele encerrou as suas observações com: “... o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa”. Começando em Mateus 18:6, Jesus falou a respeito de ofensas, e apontou sérias consequências a quem ofender “um destes pequeninos”. As palavras traduzidas por “ofender” e “ofensa” (usadas seis vezes nesses poucos versículos), em grego são skandalizo e scandalon. Essas palavras dão origem à nossa palavra “escândalo” em português. Comportamentos escandalosos por parte dos cristãos trazem ofensa e levam pessoas a tropeçarem. Isso desanima e confunde crentes novos na fé, alienam aqueles que podem estar considerando a ideia de se unirem ao Cristianismo, e oferece uma

grande ocasião para o inimigo do Senhor blasfemá-lo. O que eu estou escrevendo não intenta projetar condenação a qualquer um que falhou no passado. Somos chamados a sermos participantes da misericórdia e restauração (Gálatas 6:1; Tiago 5:1920). Estou simplesmente resumindo o que foi um forte lembrete no tocante à seriedade do nosso chamado e do mandato que devemos abraçar relacionado à vida piedosa que devemos ter, caso vivamos para pregar o Evangelho efetivamente. Não é tempo de nos levantarmos em julgamentos contra outros; é tempo de examinarmos os nossos próprios corações no temor piedoso do Senhor. Advertências contra o pecado existem desde o princípio. Quando Caim estava zangado e enciumado em relação a Abel, Deus disse: “Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo; mas você agiu mal, e por isso o pecado está na porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo” (Gênesis 4:7, NTLH). Até mesmo Paulo, tão espiritualmente maduro como era, não confiava em sua carne. Ele disse: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Coríntios 9:27). As palavras de Spurgeon também continuam ressoando até hoje: “Qualquer ‘chamado’ que um homem finja ter, se ele não foi chamado para a santidade, ele certamente não foi chamado para o ministério”.39 Alguém descreveu o enganador e destrutivo poder do pecado desta maneira: “O pecado levará você além de onde você pretende ir, o manterá mais longe do que você pretende ficar, e lhe custará mais do que você pretende pagar!”

Dizendo “Não”, Dizendo “Sim” Creio que os nossos destinos são formados mais pelas escolhas que fazemos do que pelas circunstâncias que enfrentamos. Nosso caráter e o nosso futuro são moldados pelas vezes que dizemos “não”, e às vezes que dizemos “sim”. • Abraão disse “não” às riquezas de Sodoma, e “sim” para as promessas de Deus. • José disse “não” à esposa de Potifar, e “sim” ao serviço fiel. • Moisés disse “não” aos tesouros do Egito, e “sim” às designações celestiais. • Eliseu disse “não” à prata de Naamã, e “sim” à integridade altruísta. • Daniel disse “não” aos manjares do rei, e “sim” à consagração piedosa. • Neemias disse “não” às negociações comprometedoras, e “sim” à persistência inabalável. • Paulo disse “não” ao ser pesado para as igrejas, e “sim” ao amor sacrificial. • Jesus disse “não” ao conforto, e “sim” à cruz. Jesus Cristo esperava que nós tivéssemos um “sim” forte e um “não” claro. Ele e Tiago disseram: “... que o seu ‘sim’ seja ‘sim,’ e o seu ‘não’, ‘não’”. Se nos sentimos forçados ou tentados quando precisamos fazer a coisa certa, é importante que voltemos para os

nossos valores fundamentais e nos lembremos de quem Deus nos chamou para ser. Roy Disney disse: “Não é difícil tomar decisões quando você sabe quais são os seus valores”.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Por que Davi continuaria a experimentar as consequências negativas do seu pecado com Bate-Seba se Deus o perdoara? O perdão espiritual automaticamente remove as consequências de nossas ações em todas as áreas? 2. Mais de uma vez neste capítulo, a frase, “confiança é a moeda do ministério” foi usada. O que isso significa para você? 3. É possível um crente que escolhe viver na prática do pecado ser mais do que alguém cedendo à tentação? Que fundamentos bíblicos nós temos para dizer isso? 4. Qual foi a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

39

Spurgeon, C. H. Letters to My Students (Grand Rapids, Zondervan, 1954), 9.

A :

Capítulo Dezoito A “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra.” — Provérbios 29:23 Pensamento-chave: Líderes espirituais precisam estar alerta e guardar a si mesmos contra a intoxicante e devastadora influência do orgulho, especialmente quando eles experimentam o “sucesso”. orgulho é insidioso. Ele engana aquele que está infectado, O levando-o a pensar “mais” de si mesmo e “menos” de Deus. • Orgulho foi o fator principal para a queda de Lúcifer. Ezequiel 28:17 diz “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura”. O resultado desse orgulho? “... Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”’ (Isaías 14:13). • O apóstolo Paulo ensinou que um novato não deveria ser designado como um bispo: “... que se ensoberbeça e incorra na mesma condenação do diabo” (1 Timóteo 3:6). • Antes de o rei Saul tornar-se orgulhoso, arrogante e desobediente, Samuel referiu-se a um momento anterior

dizendo: “Quando você era pequeno a sua própria vista, não fostes feito o cabeça das tribos de Israel, e o S te ungiu como rei sobre Israel?” (1 Samuel 15:17, AMP). • O Rei Uzias caiu em orgulho depois que Deus lhe deu sucesso. “... Ee fez o que era reto perante o S ... nos dias em que buscou ao S , Deus o fez prosperar. Divulgou-se a sua fama até muito longe, porque foi maravilhosamente ajudado, até que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltouse o seu coração para a sua própria ruína” (2 Crônicas 26:4-5, 15-16). • Provérbios 16:18 diz: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”. • Tiago 4:6 e 1 Pedro 5:5 dizem: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. Outros têm observado a conexão entre poder, sucesso e orgulho. Em 1887, Lord Acton escreveu: “O poder tende a corromper, o poder absoluto corrompe absolutamente”. Antes disso, Abraham Lincoln disse: “Quase todos os homens podem suportar a adversidade, mas se você quer testar o caráter de um homem, dê a ele poder”. O premiado autor britânico e professor da Bíblia, Donald Gee, disse: “Qualquer explosão de popularidade e sucesso pede por uma personalidade disciplinada para sustentá-la imaculada. Isso pode facilmente significar ruína espiritual. É necessária uma mão firme para segurar um copo cheio”.40 O ministério de Gordon Lindsay permitiu-lhe testemunhar a ascensão e a queda de muitos ministros proeminentes durante os reavivamentos Pentecostais e de cura nos Estados Unidos. Ele

observou: “Alguns moveres espirituais têm sido abençoados por Deus, e então repentinamente desaparecem por causa do comportamento presunçoso e errático de certos líderes. Um mover assim ocorreu há alguns anos nos Estados Unidos. No início, nós nos regozijamos com esse derramamento do Espírito. Mas rapidamente vimos algo se desenvolver que nos deixou alarmados. Alguns líderes estavam alegando que eles eram a ‘Casa de Poder’ e todas as outras igrejas estavam ‘secas’. Eles diziam que o povo deveria vir até eles para serem recarregados. Quando nós vimos tais pretensões ousadas, percebemos que a utilidade de tais líderes não duraria muito”.41 Em outro momento, o irmão Lindsay escreveu: “Certos homens de Deus, ao serem usados poderosamente pelo Senhor, não foram capazes de permanecer na prosperidade, mas se tornaram erráticos e inconsistentes em suas condutas, e no final saíram de um cenário sob a sombra, e até mesmo em desgraça. O ego humano, não contido, somente pode levar a um triste fim – vergonha e humilhação. Este é o mundo de Deus, e Ele não irá dividir a Sua glória com uma ambição carnal. A segurança espiritual só pode ser encontrada na humildade”.42 Robert Foster disse: “Quando nós fazemos mais do que nada, fazemos Deus menos do que tudo”.43 Da mesma forma, Andrew Murray declarou: “Enquanto formos alguma coisa, Deus não pode ser tudo”.44

Como o Orgulho É Revelado na Liderança Espiritual?

1. Tomando os créditos pela graça de Deus Bernard de Clairvaux disse: “O orgulho nos leva a usar nossos dons como se eles viessem de nós mesmos, e não benefícios recebidos de Deus. Agir dessa maneira é usurpar a glória do nosso benfeitor”.45 O Senhor Jesus Cristo viveu e ministrou na total dependência do Pai. Ele disse: • “Eu não posso fazer nada por minha própria conta... não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 5:30, NTLH). • “O que eu digo a vocês não digo em meu próprio nome; o Pai, que está em mim, é quem faz o seu trabalho” (Joao 14:10, NTLH). Se Jesus, em humildade, foi completamente dependente do Pai para tudo o que foi feito por intermédio do Seu ministério, o que nos faria pensar que nós podemos realizar qualquer coisa estando separados Dele? Paulo fez um importante questionamento aos crentes em Corinto: “O que tendes que Deus não tenha vos dado? E se tudo que tendes vem de Deus, porque vos vangloriais como se não fosse um dom?” (1 Coríntios 4:7, NTLH). Na sua segunda epístola à mesma igreja, Paulo compartilhou sua perspectiva sobre o seu próprio ministério: “Em nós não há nada que nos permita afirmar que somos capazes de fazer esse trabalho, pois a nossa capacidade vem de Deus. É ele quem nos torna capazes de servir à nova aliança, que tem como base não a lei

escrita, mas o Espírito de Deus. A lei escrita mata, mas o Espírito de Deus dá a vida” (2 Coríntios 3:5-6, NTLH). Charles Spurgeon sabiamente disse: “Não fique orgulhoso da sua carreira, aspecto, posição ou graça”. Sempre lembre que os dons que Deus deu a você são para a glória Dele e para o propósito de abençoar outros. • Se Deus lhe deu o dom do ensino, é para que outros possam aprender. • Se Deus lhe deu o dom do pastoreio, é para que outros possam ser cuidados. • Se Deus lhe deu o dom do evangelismo, é para que o perdido possa ser salvo. Nunca tome a glória para si mesmo independente do que Deus tem lhe dado ou da maneira como Ele usa você! Ministros humildes não apenas reconhecem a necessidade absoluta da habilidade de Deus operando em suas vidas, mas também reconhecem as valiosas contribuições de outras pessoas que trabalham com eles e para eles. Eles são rápidos em dar os créditos a outros e mostrar gratidão pelo serviço de outros.

2. Ambição Carnal Muito do que dissemos anteriormente implica em mostrar que o orgulho é mais provável a partir do momento que uma pessoa experimenta grande sucesso, mas existe também uma forma de orgulho que pode preceder qualquer tipo de conquista. Antes de seus ministérios serem lançados, o orgulho fez com que os

discípulos discutissem entre eles sobre qual deles seria o maior. Jesus teve de destruir argumentos orgulhosos entre eles, enquanto eles brigavam por posição e se esforçavam para alcançarem proeminência. Então, Jesus os reuniu para consertar a situação. Ele disse: “Vocês já devem ter notado como o poder sobe à cabeça dos governantes deste mundo que logo se tornam tiranos. Vocês não devem agir assim. Quem quiser ser o maior deve se tornar servo. Quem quiser ser o primeiro deve se tornar escravo. É o que o Filho do Homem faz: Ele veio para servir, não para ser servido — e para dar a própria vida para salvar muita gente”. — Mateus 20:25-28 (A Mensagem) Jesus deixou claro que o Seu Reino não era alicerçado na política de “cobra engolindo cobra” ou no sistema mundano de subir na vida à base do “custe o que custar”. No Reino de Deus é responsabilidade Dele chamar, designar responsabilidade do homem é servir.

e

promover;

e

a

Oswald Sanders disse: “A palavra ‘ambição’ vem de uma palavra latina que significa ‘campanha para a promoção’. A frase sugere uma variedade de elementos: visibilidade social e aprovação, popularidade, reconhecimento dos colegas, o exercício da autoridade sobre outros. Pessoas ambiciosas, neste sentido, desfrutam o poder que vem com dinheiro e autoridade. Jesus não tinha tempo para tais ambições dirigidas pelo ego. O verdadeiro líder espiritual nunca realizará uma ‘campanha por promoção’”.46 O que pareceria ambição carnal na vida de um líder espiritual?

• Desejar ser percebido. • Tenta se fazer importante. • Competir contra, em vez de cooperar com outros. • Exaltação própria. • Tentar parecer bem, mesmo que isso signifique fazer com que outros pareçam mal. • Envolver-se em jogos de poder. • Buscar posições visando o poder, não oportunidades para servir. O apóstolo João falou sobre um líder da igreja chamado Diótrefes: “... que gosta de exercer a primazia” (3 João 9). Paulo falou de outro grupo que estava ocupado fazendo “politicagem” contra ele tentando difamá-lo e miná-lo. “Os que fazem tanto esforço para agradá-los, não agem bem, mas querem isolá-los [de nós] a fim de que vocês também mostrem zelo por eles” (Gálatas 4:17, NVI). Jesus descreveu a atitude que Ele queria que os Seus líderesservos tivessem. Quando alguém convidá-lo para uma festa de casamento, não sente no melhor lugar. Porque pode ser que alguém mais importante tenha sido convidado. Então quem convidou você e o outro poderá dizer a você: “Dê esse lugar para este aqui.” Aí você ficará envergonhado e terá de sentar-se no último lugar. Pelo contrário, quando você for convidado, sente-se no último lugar. Assim quem o convidou vai dizer a você: “Meu amigo, venha sentar-se aqui num lugar melhor.” E isso será uma grande honra para você diante de todos os convidados. Porque

quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido. — Lucas 14:8-11 (NTLH)

3. Egocentrismo A trindade falsificada é eu, eu mesmo, e eu.47 — Edwin Louis Cole Anos atrás, um pastor falou-me: “O Senhor me mostrou que qualquer um que começar uma igreja a 80 quilômetros da minha está fora da vontade de Deus”. Eu fiquei impactado com o fato de que alguém pudesse ter uma mentalidade tão exclusivista e territorial, mas percebi que o orgulho criara uma mentalidade distorcida. Você já conheceu pessoas que eram tão autocentradas, que em conversas e em pregações tudo está relacionado a elas em vez de a Deus ou ao Seu povo? Se você conta algo que aconteceu com você, elas rapidamente interrompem com: “Isso me lembra da vez que eu…”. Alguém disse: “A presunção é a única doença conhecida pelo homem que deixa todos doentes, exceto aquele que a possui”. Quais são os outros traços de egocentrismo? • Pensar que o plano eterno de Deus gira em torno de mim. • Agir como se a nossa obra fosse a única que Deus estabeleceu na cidade. • Acreditar que o que Deus faz por meio dos outros é menos

significante do que o que Ele faz por meu intermédio. • Ser obcecado com a própria imagem. Deus nos chamou para abençoar, não para impressionar. Nossos ministérios deveriam ser uma expressão da bondade do Senhor, não uma extensão dos nossos egos.

4. Uma atitude de Superioridade Se líderes desenvolvem um complexo de superioridade, eles começam a sentir que estão acima da crítica e da repreensão. Eles são rápidos em se esconder por trás da defesa que diz: “Não toque em um ungido do Senhor” em vez de humildemente encararem o que poderia ser uma crítica justificável. Por meio de uma conduta inapropriada, alguns líderes podem na verdade estar promovendo e abastecendo as queixas que, pela própria autoridade, eles estão tentando erradicar. Certos líderes sentem que nunca devem ser questionados: “Não questione nada do que eu digo ou faço. O que eu digo e faço está certo porque eu sou um homem de Deus!” Tal sentimento presunçoso de infalibilidade é um indicador certo de que o orgulho trouxe grande cegueira. Líderes que julgam a si mesmos superiores podem requerer um reinado absoluto e exclusivo sobre o rebanho: “Não escutem a ninguém exceto a mim!” Eles podem usar a frase: “O Senhor me disse…” para explicar suas decisões e, em casos extremos, justificar uma conduta ilegal, imoral ou antiética. Outros indicadores de uma atitude de superioridade são:

• Um sentimento de infalibilidade (“Eu nunca estou errado; eu sempre estou certo.”). • “Minhas preferências são as diretrizes de Deus.” • “Eu tenho uma unção maior, uma revelação maior.” • O sucesso do outro é minimizado porque eles estão obviamente comprometidos (ou estão invalidados por alguma conduta). • “Somos mais profundos do que qualquer outro.” • Uma atitude de ter direito (“Eu mereço qualquer coisa que eu queira, por causa de quem eu sou.”). • Desinteresse de prestar contas ou receber correção. Líderes espirituais precisam evitar ser rodeados de “babões” que alimentarão seu ego e oferecerão elogios incansáveis. Eu sei de um líder que considerava todos os que diziam algo positivo sobre ele como pessoas enviadas por Deus. Da mesma maneira, qualquer outro que dissesse algo que parecesse um pouco negativo era alguém enviado pelo diabo. Norman Vincent Peale disse: “O problema com a maioria de nós é que preferimos ser arruinados com um elogio a sermos salvos pela crítica”. Sabedoria semelhante foi expressa muito tempo antes em Provérbios 27:6: “Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”.

5. A ausência de um coração de servo Jesus esclareceu que em Seu ministério Ele não tinha vindo para ser servido, mas para servir (Mateus 20:28). Se nos esquecermos

disso e começarmos a agir como se outros estivessem aqui para nos servir, então faremos mais por nós mesmos do que Jesus fez por Si. Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte–morte de cruz. — Filipenses 2:3-8 (NTLH) Aqueles de nós que forem mais fortes e capazes na fé têm o dever de ajudar os que são vacilantes, não devem fazer apenas o que for conveniente. Se temos força é para servir, não para ganhar prestígio. — Romanos 15:1 (A Mensagem) Os servos de Deus devem se guardar de ter uma mentalidade de “celebridade”. Deus quer que eles se conduzam como servos, não como celebridades.

6. Desprezo pelos Outros Líderes espirituais deveriam ser corteses, educados, respeitosos e valorizadores em relação aos outros. Eles não deveriam fazer

“acepção de pessoas”, tratando pessoas de alta posição com respeito, enquanto tratam outros de forma condescendente. Romanos 12:16 (A Mensagem) diz: “Ajudem-se uns aos outros. Não sejam arrogantes. Façam amigos entre as pessoas mais simples; não se julguem importantes”. A versão Nova Tradução na Linguagem de Hoje, altera a parte do meio desse versículo, dizendo: Não sejam orgulhosos, mas aceitem serviços humildes. Que nenhum de vocês fique pensando que é sábio!”. Se você quer saber algo a respeito do caráter de uma pessoa veja como ela trata pessoas que julga estarem em uma “posição inferior”. Elas podem ser muito respeitosas com o chefe ou com alguém de um alto status, mas como elas tratam o zelador, uma garçonete, uma balconista ou uma secretária? Simplesmente não existe lugar para grosseria ou altivez na vida de um líder espiritual. Se um líder se percebe como um ser superior a outros, então é provável que ele maltrate e desrespeite outros. Ele os enxergará meramente como um meio para cumprir seus próprios objetivos. Em suma, as pessoas acabarão sendo usadas. Líderes espirituais precisam delimitar uma linha distinta entre motivar pessoas e manipular pessoas. Motivações saudáveis não tomam lugar por meio da culpa, medo ou intimidação. Líderes espirituais encorajam outros a servirem de maneiras saudáveis, com os limites apropriados. Eles não querem que as pessoas sirvam a custo de suas famílias ou sua saúde. “Doa o que doer” é o lema de alguns líderes, e “dor” é exatamente o que seus ministérios produzem. No rastro desses ministérios você encontrará muitas pessoas doentes e feridas.

7. Grandiosidade O orgulho também virá à tona em um tipo de grandiosidade que produz uma mentalidade de superioridade em uma liderança. Tudo é exagerado. Números são esticados para fazer o líder parecer bem. Histórias são embelezadas. E uma lista de nomes é feita regularmente em uma tentativa de estabelecer uma reputação brilhante e impulsionar o ego de alguém. Quando a grandiosidade está presente, a verdade é secundária em relação à projeção de imagem e manutenção da imagem. Profissionais de vários campos têm sido conhecidos por “doutorizar” seus currículos, em uma tentativa de melhorar suas imagens. Alguns pregadores têm personalizado ilustrações genéricas enquanto estão pregando, apresentando a história como se fosse sua própria história. Tal enganação é uma violação da integridade pessoal, e quando descoberta, danifica a credibilidade de um líder.

Uma Palavra de Cautela Certamente existe uma maneira de exercitar a autoridade de boafé em uma legítima liderança espiritual. Há momentos em que os líderes precisam tomar uma posição forte e lidar com firmeza em certas situações; isso não significa ser um ditador ou um tirano. Um líder piedoso não é um capacho para ser pisoteado por “santos” descontentes ou uma panela para ser batida por fiéis indisciplinados. Uma liderança espiritual não é encontrada na falta de autoridade, mas no uso correto da autoridade. Até mesmo

quando Paulo estava lidando com conflitos, ele disse aos crentes: “Eu quero usar a autoridade que o Senhor me deu para fortalecêlos, não para derrubá-los” (2 Coríntios 13:10, NTLH). Esse deveria ser o clamor de cada pessoa em posição de liderança espiritual. Lideramos para beneficiar àqueles a quem temos o privilégio de servir. Nossa liderança deveria ser edificar, beneficiar e abençoar outros. O orgulho é um assassino de ministério, e é totalmente oposto à natureza de Deus e ao Seu plano para as nossas vidas.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. O que a declaração de Spurgeon (“Não fique orgulhoso da sua carreira, aspecto, posição ou da graça”) significa para você? 2. Você já reconheceu orgulho em sua própria vida? Como o orgulho foi expresso, como você veio a conhecê-lo como tal, e como você lidou com esse problema em sua vida? 3. Norman Vincent Peale disse: “O problema com a maioria de nós é que preferimos ser arruinados com um elogio a sermos salvos pela crítica”. Você já foi capaz de filtrar a sua reação emocional diante de uma crítica em alguma situação e perceber que nela existia alguma verdade e que, portanto, você precisava agir a respeito? 4. O que você acha que Paulo quis dizer quando afirmou: “Você precisa ter a mesma atitude que Cristo Jesus teve”? Quais orientações isso lhe dá? 5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

40

Gee, Donald. A Way To Escape (Springfield, MO: Gospel Publishing House, Reimpressão 1966), 61. 41

Lindsay, Gordon. God’s 20th Century Barnabas (Dallas, TX: Christ for the Nations, Reimpressão, 1982). 277-278. 42

Lindsay, Gordon. “Seven Dangers the Church Faces Today”. The Voice of Healing, setembro de 1951. 43

Bob Kelly, Editor. Worth Repeating (Grand Rapids: Kregel Publications, 2003), 306.

44

Ibid., p. 307.

45

Water, Mark. The New Encyclopedia of Christian Quotations (Grand Rapids: Baker Books, 2000). 46 47

Sanders, Oswald. Spiritual Leadership (Chicago: Moody Press, 1994), 15.

Cole, Edwin Louis. Strong Men in Tough Times (Southlake, TX: Watercolor Books, 1993, 34).

Capítulo Dezenove L “Deus cria do nada. Portanto, até que um homem seja nada, Deus não pode fazer algo com ele.” — Martinho Lutero Ponto-chave: A grandeza na liderança espiritual não é encontrada em exercitar sua força, mas em descobrir a força Dele na sua fraqueza.

E

xiste muito a ser dito a respeito da força. Diante de uma

escolha, eu acho que quase todos diriam que preferem força em vez da fraqueza. Todos desejam que a sua saúde, área financeira, casamento, família, igreja, etc. sejam fortes. Há também muitos versículos maravilhosos acerca de ser forte. Josué recebeu o comando seis vezes para “Ser forte e corajoso”. Paulo admoestou os efésios a “sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder” (Efésios 6:20), e encarregou seu jovem protegido, Timóteo, a “fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:1).

Evitando a Falsificação

Existe também uma força falsificada que pode ser mascarada como a autêntica. Apenas a força genuína, que é enraizada na graça de Deus, pode sobreviver ao teste do tempo. Expressões falsificadas de força incluem: • arrogância • presunção • projetar um ar de importância própria ou uma atitude de superioridade • pose • altivez • intimidação Essas coisas podem produzir certos resultados por um tempo, mas elas acabarão por ruir e falhar. Paulo estava falando sobre a força falsificada quando ele disse divertidamente que estava “fraco demais” para engajar em um tipo de liderança que ele considerava abusiva e manipuladora das pessoas. Ele expressou cuidado sobre a ingenuidade dos coríntios quando disse: “Tolerais quem vos escravize, quem vos devore, quem vos detenha, quem se exalte, quem vos esbofeteie no rosto. Ingloriamente o confesso, como se fôramos fracos. Mas, naquilo em que qualquer tem ousadia (com insensatez o afirmo), também eu a tenho” (2 Coríntios 11:20-21). Crentes e, especialmente líderes, podem se sentir pressionados a apresentar a si mesmos de maneira positiva, a projetar a imagem de que “Eu tenho tudo resolvido, eu sou grande e responsável”. Tais

fachadas são com frequência fragmentos superficiais de uma profunda insegurança enraizada. Reconhecer honestamente a própria fraqueza ou a incapacidade pode parecer uma violação da ação ou manutenção da “boa confissão”.

Encontrando o Genuíno Então, como encontraremos a força genuína que Deus quer que experimentemos? Começa com o reconhecimento das nossas próprias limitações. Somente assim seremos capazes de identificar e possuir a força verdadeira. Paulo era um líder forte, mas ele era profundamente consciente de suas fraquezas. Considere as declarações de Paulo que refletem sua transparência e seu elevado nível de autoconhecimento: • “E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós” (1 Coríntios 2:3). • “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Coríntios 12:10). • “Porque nós também somos fracos Nele, mas viveremos, com Ele, para vós outros pelo poder de Deus” (2 Coríntios 13:4). • “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos”(1 Coríntios 9:22). • “Quem enfraquece que também eu não enfraqueça?” (2 Coríntios 11:29).

• “Porquanto em nada fui inferior a esses tais apóstolos, ainda que nada sou” (2 Coríntios 12:11). Esses versículos precisam ser qualificados e lidos em contexto, mas não existe dúvida de que Paulo não era cheio de si mesmo, petulante ou autoconfiante. Ele não colocava a sua confiança em sua carne (Filipenses 3:3). Ele também disse: “Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” (2 Coríntios 1:9). Paulo não estava consumido com as suas realizações, ou com o fato de que ele havia começado certo número de igrejas, ou que ele tinha uma revelação de Deus especial. Em vez disso, ele se humilhava por uma atribuição que ele sabia que nunca completaria por si mesmo, e entendia que era inteira e completamente dependente da habilidade de Deus. Smith Wigglesworth disse: “Eu creio que Deus quer colocar a Sua mão sobre nós para que possamos alcançar a definição ideal de humildade, do desamparo humano, da insuficiência humana, até que não repousemos mais sobre os planos do homem, mas tenhamos os pensamentos de Deus, a voz de Deus e o Espírito Santo para falar conosco”.48 Jesus disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo” (João 5:30). A versão Amplificada desse versículo diz: “Eu não sou capaz de fazer nada de mim mesmo [independentemente, por minha própria vontade, mas somente o que eu sou ensinado por Deus e quando recebo suas ordens]”. Se alguém poderia ter de forma justa confiado em si mesmo ou se sentido autossuficiente, seria Jesus, e ainda

assim Ele confiava inteira e completamente em Deus. Ele não vivia de forma arrogante, a fim de impressionar outros. Ao contrário, Ele era “manso e humilde de coração” (Mateus 11:29). Jesus não apenas exemplificou a confiança absoluta em Deus, mas Ele também nos deixou saber que nós precisamos do mesmo senso de dependência. Ele disse em João 15:5: “Sem Mim nada podeis fazer”.

Então, se Você se Sente Um Pouco Fraco… Para mim, essa é uma das verdades mais libertadoras que nós podemos abraçar! Nós não temos que provar para ninguém o quão maravilhosos, quão perfeitos ou quão espirituais nós somos. Isso não é um convite para uma vida relaxada ou uma desculpa para não crescermos, mas nos habilita a sabermos que Deus nos aceita incondicionalmente, e nos escolhe a despeito da nossa “imperfeição”. Se você se sente fraco, está tudo bem, porque: • “... e [Deus] escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1 Coríntios 1:27). • “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor” (Isaías 40:29). • “Minha força brota da sua fraqueza” (2 Coríntios 12:9, A Mensagem). • Dos heróis do Antigo Testamento nós lemos: “Eles foram fracos, e ainda assim foram feitos fortes. Eles foram poderosos em

batalha e derrotaram outros exércitos” (Hebreus 11:34, New Century Version). Reconhecer sua fraqueza e confiar totalmente na força de Deus demanda muita segurança pessoal. É o tipo de fé como a de uma criança que é expressa nas palavras de uma canção que muitos de nós aprendemos na infância: Os pequeninos a Ele pertencem; eles são fracos, mas Ele é forte. Nós temos que nos tornar confortáveis com a nossa incapacidade e com a capacidade Dele. Eu oro para que você fique confortável na sua fraqueza e confiante na força do Senhor!

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Paulo fez algumas declarações indicando uma consciência da sua fraqueza. Por que você acha que Paulo fez tantas declarações sobre suas deficiências, e como ele teve um ministério tão poderoso a despeito de tais fraquezas? 2. Existem muitas admoestações bíblicas para “ser forte”, contudo até mesmo Jesus disse que era “manso e humilde de coração”. Como um cristão pode ser fraco e forte ao mesmo tempo? 3. Você já sentiu a necessidade de se apresentar como forte de uma forma que poderia ser interpretada como intimidação ou até mesmo arrogância? Se sim, qual foi a motivação e propósito por trás de tal ação? 4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

48

Patricia Culbertson, Editor, Smith Wigglesworth Devotional (New Kensington, PA: Whitaker House, 1999, 256.

Capítulo Vinte G

,

“Não somos responsáveis pelo modo segundo o qual vocês vivem a fé. Não nos comportamos como inspetores, e sim como companheiros, trabalhando com vocês num ambiente de alegre expectativa. Sei que vocês permanecem firmes por sua própria fé, não pela nossa.” — 2 Coríntios 1:24 (A Mensagem) Pensamento-chave: Líderes espirituais não devem cultivar a dependência de outros acerca de si mesmos; eles ensinam outros a pensar biblicamente e a descansar no Espírito Santo.

S

e você é da minha idade ou um pouco mais velho, deve se

lembrar da histeria envolvendo os Beatles quando eles se tornaram famosos. Além dos sucessos Let It Be e I Want to Hold Your Hand, você pode se lembrar dos fãs que seguiam as tendências, que ficavam fora de si gritando, chorando e desmaiando na presença deles. Esse fenômeno de ser pego e levado em um frenesi de entusiasmos irracionais não está restrito a adolescentes estrelas do rock. Às vezes, é algo bem mais sinistro com resultados morais. Adolf Hitler disse: “Que sorte para os governantes que os homens

não pensem”. Um dos principais capangas de Hitler, Herman Goering, disse: “Eu não tenho consciência, Adolf Hitler é minha consciência”.49 Se alguém quer evitar ser enganado em assuntos grandes (ou pequenos), é essencial possuir habilidade e coragem para pensar claramente conforme o contexto da verdade. Devemos evitar ser como as gaivotas. Afinal, as gaivotas engolem tudo o que é lançado para elas sem mastigar. Da mesma forma, uma pessoa ingênua é facilmente enganada, aceitando os pensamentos de outros sem uma inteligente consideração quanto a sua veracidade. Os crentes, às vezes, tornam-se enamorados de certos líderes carismáticos e cegamente abraçam cada palavra dita por eles, colocando-os em pedestais e se esquecendo das admoestações da Bíblia sobre a nossa necessidade de operar com um discernimento afiado e com entendimento bíblico. Isso não apenas demanda revelação espiritual para discernir a verdade, mas também coragem de levantar-se pela verdade e não ser varrido com os desmaios em massa. É importante lembrar que nem tudo que é popular é alicerçado em princípios. No prefácio do livro Bonhoeffer: Pastor, Mártir, Profeta, Espião, Timothy J. Keller aborda a associação da igreja germânica a Hitler: “Como ‘a igreja de Lutero’ o grande professor do Evangelho, chegou a tal lugar? A resposta é que o verdadeiro Evangelho — resumido por Bonhoeffer como a graça cara — foi perdido. Por um lado, a igreja tornou-se marcada pelo formalismo. Isso significa ir à igreja e ouvir que Deus apenas ama e perdoa a todos, então realmente não importa como você vive. Bonhoeffer chamou isso de a ‘graça

barata’. Por outro lado, houve legalismo, ou salvação pela Lei e boas obras. Legalismo significa que Deus o ama porque você se recompôs e está procurando viver uma vida boa e disciplinada”.50 Bonhoeffer demonstrou o que significa ser um pensador independente. Educado em meio ao extremo liberalismo teológico, ele desafiou muitos dos gigantes acadêmicos dos seus dias, e da mesma forma posteriormente resistiu ativamente aos males do nazismo. Admiro sua coragem e a deliberação de seus processos de pensamento. A independência de Bonhoeffer me lembra da tenacidade de Paulo e sua defesa pela verdade à luz do que ele via na igreja em Antioquia. Gálatas 2:11-13 diz: “Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles”. Pedro e Barnabé eram sem dúvida bons homens, mas nesse infeliz momento, eles se tornaram “fanáticos”, simplesmente seguindo a multidão. Nessa situação em particular, faltou-lhes o discernimento ou a coragem de se levantarem em defesa do que era correto. A Bíblia enfatiza a necessidade de não sermos ignorantes, mas de utilizarmos o estudo, a sabedoria e o discernimento em nossas vidas. O inexperiente acredita em tudo que lhe dizem, mas o prudente

escolhe e pondera cada palavra. — Provérbios 14:15 (A Mensagem) ... quero também que sejam prudentes, afeiçoados ao bem e distantes do mal. Não se deixem enganar pelas conversas suaves e ao mesmo tempo malignas. Fiquem atentos. — Romanos 16:19 (A Mensagem) Pois, assim como Eva foi enganada pelas mentiras da cobra, eu tenho medo de que a mente de vocês seja corrompida e vocês abandonem a devoção sincera e pura a Cristo. Porque vocês suportam com alegria qualquer um que chega e anuncia um Jesus diferente daquele que nós anunciamos. E aceitam um espírito e um evangelho completamente diferentes do Espírito de Deus e do evangelho que receberam de nós. — 2 Coríntios 11:3-4 (NTLH) Mas teste e prove todas as coisas [até que você possa reconhecer] o que é bom; [e a isto] se apegue. — 1 Tessalonicenses 5:21 (AMP) Amados, não creiam em todo espírito, mas teste os espíritos, se eles são de Deus; porque muitos falsos profetas têm entrado no mundo. — 1 João 4:1 Tudo isso não envolve apenas conhecer a Bíblia e ser guiado pelo Espírito Santo, mas também envolve uma habilidade conhecida como “pensamento crítico”. Algumas das muitas definições de

pensamento crítico incluem: • Ter um pensamento crítico é ser razoável, ter um pensamento reflexivo que é focado em decidir no que acreditar e o que fazer. • ... interpretar, analisar, avaliar e sintetizar informações para formar um bom entendimento, julgamento ou solução. • ... uma habilidade de avaliar informação e opiniões em uma eficiente maneira, proposital e sistematicamente. Ser um pensador crítico não significa que você seja uma pessoa crítica. Nós tipicamente pensamos sobre crítica no sentido de alguém que sempre é negativo, apreensivo, levando os outros para baixo, etc. Contudo, não é isso que estamos dizendo. Tampouco um pensador crítico significa alguém sem imaginação ou indisposto a considerar o ponto de vista de outros. Lembro-me de um líder espiritual que compartilhou acerca de um momento em que ele estava ouvindo no rádio outro ministro pregando, e ele recorda que discordou dele em alguns pontos do seu ensino. Em vez de desligar o aparelho por causa do desacordo, o líder espiritual continuou ouvindo-o (mesmo que estivesse filtrando enquanto ouvia), e posteriormente, ele nos disse que esse ministro comunicou uma verdade marcante que respondeu a uma questão acerca da qual ele pensara por anos. Ele disse que ficou feliz por não ter desligado porque ele disse algumas coisas na mensagem com as quais ele discordou. Jó 34:3 diz: “Porque o ouvido prova as palavras, como o paladar,

a comida”. Enquanto precisamos ser cuidadosos para não exaltarmos o nosso raciocínio acima de Deus e de sua Palavra, Deus quer que usemos as nossas mentes (guiados por Sua palavra e Seu Espírito) para discernirmos a verdade. Em Isaías 1:18, Deus diz: “Vinde, pois, e arrazoemos…”. Observe que nós deveríamos arrazoar com Deus, não contra Ele. Lógica e razão certamente não são nossos deuses, mas elas são ferramentas a serem usadas para estabelecer as nossas crenças e práticas. Por isso Paulo disse: “Estude e esteja ávido ao máximo para apresentar-se a Deus aprovado (testado pelo experimento), um trabalhador que não tem do que se envergonhar, analisando corretamente e manejando com precisão [manuseando corretamente e ensinando habilidosamente] a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15, AMP). Como líderes, Deus não nos chamou para sermos gurus. Como liderados, Deus não nos chamou para sermos fanáticos. E Deus certamente não chamou qualquer um de nós para sermos ingênuos. Que Deus possa nos ajudar enquanto discernimos, abraçamos e proclamamos a verdade.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Como você se sente na área da ingenuidade? Você acredita ter um equilíbrio saudável entre o respeito aos outros e o pensar biblicamente por si mesmo? Você é como um bereano que recebeu “a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (Atos 17:11)? 2. Você encoraja outros a aprenderem a pensar biblicamente por eles mesmos e a não serem totalmente dependentes de você? 3. Você evita colocar outras pessoas sobre pedestais? Você desencoraja outras pessoas a lhe colocarem sobre um pedestal? 4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

49

Fest, Joachim E., The Face of the Third Reich: Portraits of the Nazi Leadership (Boston; Da Capo Press, 1970), 75. 50

Metaxas, Eric. Bonhoeffer (Nashville: Thomas Nelson, 2010), Prefácio.

Capítulo Vinte e Um T “Não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos.” — 2 Coríntios 12:14 Pensamento-chave: Verdadeiros pais espirituais buscam o bemestar e o aperfeiçoamento daqueles a quem eles servem.

A

lguns anos atrás, quando eu estava me preparando para ministrar em uma conferência internacional de ministros, o

missionário anfitrião perguntou se eu poderia ensinar não apenas acerca de “Como ser um Timóteo”, mas também sobre “Como ser um Paulo”. Ele explicou que houve um racha significativo em seu país entre “pais” espirituais e “filhos” espirituais. Ele disse que alguns “filhos” estavam sendo treinados e então minando os pastores e dividindo suas igrejas. Além disso, alguns pastores temiam tal revolta e fugiam de qualquer “filho” que parecia ter potencial ministerial antes que tais problemas pudessem se levantar. Existiam problemas em ambos os lados. Também já ouvi a respeito de situações em que os chamados “pais espirituais” ofereceram seus serviços (por um preço), mas

parece questionável saber se seus esforços foram realmente para o desenvolvimento e o progresso dos filhos, ou se eles estavam meramente criando uma hierarquia autopromovida e cultivando a lealdade dos filhos a eles mesmos. Não consigo imaginar Paulo endossando uma abordagem de “alugue um pai” para o ministério! Relacionamentos sadios e legítimos entre pai e filho continuam importantes. O Dr. Howard Hendricks disse que existem “... três tipos de relacionamentos de mentoreamento que um homem desesperadamente precisa perseguir: um Paulo, um homem mais velho que pode edificá-lo em sua vida; um Barnabé, um colega, um irmão de alma com quem ele pode contar. E um Timóteo, um jovem cuja vida ele está edificando”.51 Paulo era um pai espiritual não apenas para Timóteo e Tito, mas também para as igrejas. Paulo, às vezes, referia-se a si mesmo no papel de um “tipo de paternidade”. E ele articulou certas características que exibiu para aqueles a quem ministrou. O que observamos nessas passagens concernentes ao coração de um pai espiritual? • Ele não os bajulavam (1 Tessalonicenses 2:5). Paulo não os mimava para que eles gostassem dele ou para que pudesse tirar algo dos tessalonicenses. • Paulo não era cobiçoso em relação a eles (1 Tessalonicenses 2:5). Ele não visou ter um relacionamento com eles como uma forma de obter os seus bens. • Paulo não buscava a glória dos homens, não procurava ser exaltado (1 Tessalonicenses 2:6). Isso não diz respeito a Paulo

reunindo filhos para si, a fim de alimentar o seu próprio ego. • O apóstolo Paulo não exigia deles. Ele não era controlador, manipulador ou ditatorial (1 Tessalonicenses 2:6). • Paulo, enquanto líder, demonstrava uma preocupação sincera e compassiva sobre o bem-estar deles. • Paulo era gentil para com eles (1 Tessalonicenses 2:7). • Ele os nutria (1 Tessalonicenses 2:7). • Ele ansiava afetuosamente pelos irmãos em Tessalônica (1 Tessalonicenses 2:8). • Paulo não lhes deu apenas o Evangelho, mas deu sua própria vida por eles (1 Tessalonicenses 2:8). • Eles eram queridos por Paulo (1 Tessalonicenses 2:8). • Paulo exortava, confortava, e cuidava de cada um deles, como um pai faz com os seus filhos (1 Tessalonicenses 2:11). • Sua energia e seus esforços foram direcionados para o desenvolvimento espiritual deles (Gálatas 4:19). • Paulo não estava interessado em envergonhá-los, mas se sentia obrigado a avisá-los. Ele não os levou a uma viagem de culpa ou os fez se sentirem intimidados (1 Coríntios 4:14). • Ele era diferente de um mero mestre, não estava apenas passando informação para os coríntios, mas ele os tinha “gerado” pelo Evangelho e estava estabelecido como um exemplo que eles poderiam seguir em seu desenvolvimento espiritual (1 Coríntios 4:15-16). • Paulo não estava buscando o que era deles (seu dinheiro), mas buscava a eles (2 Coríntios 12:14).

• Ele estava disponível para investir e para se deixar gastar por seus liderados, em outras palavras, Paulo estava disposto a viver e a se doar sacrificialmente por eles, pelo avanço e desenvolvimento deles (2 Coríntios 12:15). Se você é um líder maduro, eu oro para que esses sejam os traços que você irá exibir em relação àqueles a quem você tem o privilégio de influenciar. Se você está em busca de uma figura paterna, um mentor ou um modelo no ministério, eu acredito que você irá manter esses traços em mente enquanto busca alguém que possua uma boa influência e um bom exemplo para você. Concluindo, deixe-me compartilhar a busca de um ministro por alguns mentores. Muitos anos atrás, um bom amigo meu (pastor Gerald Brooks) percebeu que ele precisava desenvolver-se em sua vida e ministério, então solicitou mentoreamento de um ministro mais experiente. Sua tentativa não foi recebida calorosamente, por isso ele partiu para obter mentoreamento da melhor maneira que sabia. Ele identificou três líderes cristãos que admirava e percebeu a força distinta que cada um deles tinha. Embora não conhecesse a personalidade de qualquer desses homens, ele adquiriu tantos livros e fitas de ensino o quanto foi possível. Por anos, estudou os escritos e ensinos desses homens para absorver o máximo que podia. De um, ele focou em aprender as verdades espirituais e bíblicas, do segundo, ele se concentrou em aprender as habilidades pastorais, e do terceiro ele procurou aprender os princípios de liderança. Finalmente, ele foi capaz de encontrar e formar relacionamentos

com esses três homens, mas não até tê-los estudado à distância por anos. Cada um desses ministros desempenhou um papel importante de mentor e eles o ajudaram a se desenvolver em várias áreas de sua vida. Que Deus possa nos ajudar a seguir bons exemplos e a sermos bons exemplos.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Referente à declaração de Howard Hendricks (“Todos precisam de um Paulo, um Barnabé, e um Timóteo”) ... Quem tem sido influente em mentorear você? Quem tem sido um Barnabé (um encorajador) para você, e para quem você tem sido um Barnabé? Quem é o Timóteo sobre quem você tem derramado a sua vida? Você tem trabalhado para cultivar esses tipos de relacionamentos em sua vida? 2. Ao analisar a lista de características dos pais espirituais, quantas daquelas características estão presentes em sua vida? 3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

51

Hendricks, Howard. As Iron Sharpens Iron (Chicago, IL: Moody Publishers, 1995), 78.

A :

Capítulo Vinte e Dois L “Trabalhar por tanto tempo sem uma pausa é uma forma de orgulho.”52 — Dave Williams Pensamento-chave: Líderes espirituais dedicam tempo para aprender qual é o seu próprio ritmo, fazem pausas e buscam rejuvenescimento durante a jornada.

M

uitos começam o seu trabalho no ministério com zelo,

dedicação, entusiasmo e idealismo. Afinal, o que seria mais honroso do que ser chamado para trabalhar para Deus, e o que poderia ser mais gratificante e recompensador do que servir ao povo de Deus? Enquanto alguns mantêm a vibração e a energia em alta em longo prazo, muitos líderes inadvertidamente “dão de cara com a parede” em algum momento em suas jornadas. De acordo com um levantamento, “45,5% dos pastores dizem que já experimentaram depressão ou síndrome de burnout (esgotamento) a tal medida que precisaram tirar uma licença para afastamento do ministério”.53 Eles podem não ter previsto, ainda que tenham alcançado um ponto de esgotamento e estejam já sem forças. Por muito tempo,

eles têm dado, dado e dado... muito mais do que recolheram. Eles não se reabasteceram ou fizeram pausas suficientes. Talvez eles tenham ficado tão ocupados ministrando a outros que se esqueceram de monitorar sua própria saúde espiritual e emocional. Talvez eles quiseram corresponder às expectativas impossíveis (impostas por eles mesmos ou por outros) ou se desgastaram lidando com pessoas difíceis, não cooperativas ou depreciativas. Decepção e desilusão podem desgastar a motivação de um líder espiritual, e ao longo do tempo, eles se encontram apenas tentando manter a cabeça fora da água. O que é a síndrome de burnout? Frank Minirth e Paul D. Meier descrevem o burnout como “... uma perda de entusiasmo, energia, idealismo, perspectiva e propósito. Ela pode ser vista como um estado mental, físico e um esgotamento espiritual provocado por estresse contínuo”.54 Um dicionário afirma que é “esgotamento físico ou de força emocional ou motivação normalmente como resultado de um estresse prolongado ou frustração”.55 O Dr. Richard A. Swenson fala sobre essa síndrome de esgotamento no capítulo “Bacon Carbonizado” de seu livro, Margin (Margem). Ele escreve: “Na próxima vez que você fritar bacon, deixe uma tira na panela por quinze minutos extra. Então pegue-o e olhe para ele. Ele está murcho, carbonizado, como uma tira dura e é semelhante ao que uma pessoa experimenta com o burnout”. Alguns dos sintomas e atitudes de alguém com a síndrome de burnout incluem: • Exaustão

• Depressão • Irritabilidade, hostilidade • Paranoia, desconfiança • Afastamento, não envolvimento • Várias doenças psicossomáticas • Atitude de “Eu não aguento mais esse trabalho” • “Eu tenho pavor de ir ao trabalho” • “Eu prefiro ficar sozinho” • “Eu não ligo” • “Eu odeio isso”56 Gregory de Nazianzo, que ministrou no século 4, aparenta ter lidado com a síndrome de burnout quando disse: “Estou gasto, Oh meu Cristo, Sopro da minha vida. Surto e estresse perpétuos, juntos, alongam o tempo nesta vida, esse negócio de vida. Lidando com inimigos interiores e exteriores, a minha alma tem perdido sua beleza, turvou sua imagem”. Muito antes de Gregory expressar a sua experiência, proeminentes figuras bíblicas, ocasionalmente, expressaram diferentes níveis de angústia, frustração, desesperança e desespero. A síndrome de burnout poderia ser afinal um fator que contribui para a dor por trás de algumas dessas declarações? • Moisés – “Eu sozinho não posso cuidar de todo este povo; isso é demais para mim! Se vais me tratar desse jeito, tem pena de mim e mata-me! Se gostas de mim, não deixes que eu continue

sofrendo deste jeito!” (Números 11:14-15, NTLH). • Jó – “Eu prefiro ser estrangulado; é melhor morrer do que viver neste meu corpo. Detesto a vida; não quero mais viver. Deixame em paz, pois a minha vida não vale nada” (Jó 7:15-16, NTLH). • Elias – “e foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim:–Já chega, ó SENHOR Deus! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados.” (1 Reis 19:4, NTLH). • Jeremias – “Maldito seja o dia em que eu nasci! Esqueçam o dia em que a minha mãe me deu à luz! Por que nasci? Será que foi só para ter tristeza e dor e acabar a minha vida na desgraça?” (Jeremias 20:14,18, NTLH). • Paulo – “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Porque, chegando nós à Macedônia, nenhum alívio tivemos; pelo contrário, em tudo fomos atribulados: lutas por fora, temores por dentro” (2 Coríntios 1:8, 7:5). Em todos esses casos, houve outros problemas e fatores envolvidos além do burnout, mas algum tipo de esgotamento e exaustão ocorreram enquanto esses homens lidaram com vários fatores de estresse em suas vidas. Quem é mais vulnerável à síndrome de burnout? Gary R. Collins escreve: “A síndrome de burnout é comum em todas as profissões

de auxílio, inclusive o pastorado. Ela ocorre com mais frequência em pessoas perfeccionistas que são idealísticas, profundamente comprometidas com o seu trabalho, relutantes a dizer não, e inclinadas a serem viciadas em trabalho”.57

Chaves para Prevenir e se Recuperar de um Desgaste 1. Conheça a Verdadeira Natureza de Deus Como você reconhece Deus? Alguns parecem pensar que Deus é como um dos capatazes severos do Egito que estavam constantemente exigindo mais e mais. A Bíblia diz: “Por isso os egípcios puseram feitores para maltratar os israelitas com trabalhos pesados. E assim os israelitas construíram as cidades de Pitom e Ramessés, onde o rei do Egito guardava as colheitas de cereais... e os tornaram escravos, tratando-os com brutalidade. Fizeram com que a vida deles se tornasse amarga, obrigando-os a fazer trabalhos pesados na fabricação de tijolos, nas construções e nas plantações. Em todos os serviços que os israelitas faziam, eles eram tratados com crueldade” (Êxodo 1:11, 13-14, NTLH). Se você se sente impelido e não importa o que você faça, nunca é o bastante, então você pode ter uma visão distorcida de Deus. Lembre-se de que é o inimigo que procura nos levar a uma sensação de pânico; Deus nos guia com uma sensação de paz. Não é errado trabalhar pesado, mas tenha certeza que o seu trabalho pesado é motivado pelo amor de Deus, e não por uma sensação de compulsão. “Compulsão é um desejo insaciável de

fazer mais e ser mais. É um desejo que pode ser mascarado por motivos positivos e caridosos, mas, na verdade, pode ser originado no íntimo do ser humano, talvez mesmo que inconscientemente por sentimentos de inadequação e vergonha.”58 Considere estes versículos: Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. — Salmos 23:2-3 Como um pastor cuida do seu rebanho, assim o SENHOR cuidará do seu povo; ele juntará os carneirinhos, e os carregará no colo, e guiará com carinho as ovelhas que estão amamentando. — Isaías 40:11 (NTLH) Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é leve. — Mateus 11:28-30 (A Mensagem) Conhecer a verdadeira natureza de Deus é uma coisa; contudo, tomar parte da Sua natureza é outra coisa. O Salmo 34:8 diz: “Oh, provai e vede que o S é bom…” Comunhão com Deus através da oração e alimentar-se de Sua Palavra são essenciais.

2. Estabeleça um Ritmo Saudável Quando entendermos que Deus não é um capataz severo, que está estalando o chicote e fazendo pedidos irracionais, seremos capazes de entrar em um ritmo que é sustentável para nós e para aqueles que lideramos. Se formos impulsivos, nós levaremos outros a serem da mesma forma. Se aprendermos nosso próprio ritmo, então seremos bons exemplos e uma influência positiva sobre outros. Um exemplo clássico desse princípio encontrado na Bíblia ocorreu quando Jacó encontrou o seu irmão, Esaú, depois de muitos anos de separação. O relacionamento deles havia sido tão tenso que Jacó não estava certo de como Esaú o receberia. Ele seria hostil ou amigável? Quando o encontro acabou sendo amigável, Esaú quis que Jacó viajasse com ele e essencialmente disse: “Segue-me, e eu irei acertar o ritmo para ti e para aqueles que viajam contigo”. Veja como isso se desenvolveu, e especialmente como Jacó respondeu. Então Esaú disse: “Bem, vamos embora; eu vou na frente”. Jacó respondeu: “Meu patrão, o senhor sabe que as crianças são fracas, e eu tenho de pensar nas ovelhas e vacas com crias. Se forem forçados a andar depressa demais, nem que seja por um dia só, todos os animais poderão morrer. É melhor que o meu patrão vá na frente deste seu criado. Eu vou atrás devagar, conforme o passo dos animais e dos meninos, até que chegue a Edom, onde o senhor mora”. — Gênesis 33:12-14 (NTLH)

Insegurança, medo ou um desejo de não entristecer Esaú poderiam ter feito Jacó ignorar o bem-estar daqueles que estavam confiados a ele. Mas Jacó demonstrou sabedoria e compaixão quando ele disse: “Eu vou atrás devagar, conforme o passo dos animais e dos meninos”. Então, em essência, ele disse: “Nós chegaremos lá quando chegarmos, e então o veremos, mas eu não vou ferir aqueles que estão sob os meus cuidados para tentar me manter bem com você, ou superar suas expectativas”. Líderes espirituais precisam ser sábios para aplicar a estratégia de Jacó. Tenha certeza de que você está considerando o bem-estar do seu cônjuge e filhos assim como dos seus trabalhadores enquanto você segue a sua jornada. Lembre-se de que aqueles que o amam são afetados pelo seu ritmo. Como meu amigo Gerald Brooks diz: “Líderes espirituais precisam não apenas considerar sua própria tolerância à dor no ministério, mas também a tolerância dos seus cônjuges”. Richard A. Swenson disse: “Nós precisamos ter espaço para respirar. Precisamos de liberdade para pensar e permissão para curar. Nossos relacionamentos têm estado fadados à morte por causa da velocidade. Ninguém tem tempo para ouvir, muito menos para amar. Nossas crianças caem feridas ao chão, atropeladas pela alta velocidade das nossas boas intenções. Deus é a favor da exaustão? Ele não guia mais as pessoas às águas tranquilas?”59

3. Encontre o Ritmo Que Deus Ordenou para a sua Vida Todos nós ouvimos o velho ditado: “Todo o trabalho sem diversão faz de Jack um bobão”. Existe uma grande verdade nisso. Richard

Exley escreveu: “Tome um minuto e pense sobre isso. Você está vivendo em qual ritmo de vida? Qual é o seu equilíbrio entre trabalho, descanso, adoração e diversão? Você é realizado? Os relacionamentos mais importantes da sua vida são como deveriam ser? Você tira tempo para si mesmo? Para Deus? E quanto à diversão? Você se diverte vivendo assim?”60 Se você tem tendências a ser viciado em trabalho, então essa declaração pode ser desafiadora de se ouvir. Eu era assim. Quando uma pessoa está trabalhando para Deus, é fácil negligenciar outros relacionamentos e atividades, e parecer tão virtuosa enquanto faz isso. Contudo, Deus não nos criou simplesmente para ser uma máquina de trabalho que incessantemente produz resultados. Paulo disse que Deus “... tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1 Timóteo 6:17). Se é esse o caso, nós deveríamos desfrutar das coisas naturais, relacionamentos, vida, etc. Contudo, nós não poderemos fazer isso se estivermos exclusivamente obcecados com trabalho. Precisamos rir, muito! Não podemos nos levar tão a sério. Todos na igreja têm uma vida fora da igreja, e nós também precisamos ter. Passatempos podem ser uma ajuda dando descanso dos pensamentos constantes sobre o ministério. Nosso cérebro precisa de tempo para descansar e “recriar!” Charles Spurgeon sabiamente disse: “Repouso é tão necessário para a mente quanto o sono é para o corpo... Se não descansarmos, teremos um colapso. Até mesmo a Terra precisou ficar de repouso e ter os seus sábados, da mesma forma nós. Daí a sabedoria e compaixão do Nosso Senhor, quando Ele disse: ‘Vamos

ao deserto descansar por enquanto’”.61 A passagem a qual Spurgeon se refere aqui é Marcos 6:31. Está escrito: “E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham”. Jesus não defendeu a pegar mais e mais pesado o tempo todo; Ele defendeu o descanso. Enquanto não estamos debaixo do Antigo Testamento, a “Lei” do Sábado, existe um princípio do Sábado que permanece, e deveríamos ser sábios em honrá-lo. Pausas são imperativas! Pequenas paradas são importantes, mas grandes pausas também. Não se engane evitando dias livres e férias!

4. Tome Cuidado de Si Mesmo Paulo falou para Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1 Timóteo 4:16). Líderes espirituais são com frequência eficientes em cuidar de outros, mas eles, às vezes, são negligentes em cuidar de si mesmos. Trabalhar para Deus é maravilhoso, mas não é um substituto para cuidar corretamente da saúde do corpo, mente e emoções. Quão bem estamos cuidando de nós mesmos? • Como está a sua dieta? Você está comendo comidas saudáveis? • E quanto aos exercícios? • Você está descansando o suficiente? Dormindo bem?

• Quando foi a última vez que você viu o seu médico ou fez um exame físico? • Como está o seu relacionamento pessoal com Deus? Você só interage com Deus relativo ao seu ministério, ou você desfruta de comunhão com Ele, alimentando-se da Sua Palavra e desfrutado da Sua presença, em um nível pessoal? • O que você tem feito para se divertir recentemente? O que você faz para se divertir regularmente? Em seu marcante livro sobre a síndrome de burnout, Wayne Cordeiro diz: “Não esquecemos que somos cristãos. Esquecemos que somos humanos, e que apenas um descuido pode debilitar o potencial do nosso futuro”.62

5. Mantenha-se Emocionalmente Sadio Como está a sua alma? • Você sabe o seu valor intrínseco como um filho de Deus? Você está mantendo um senso de autoestima positiva a respeito do seu desempenho e da opinião de outros? • Você está praticando a arte do contentamento? • Você está desfrutando de alegria em sua vida? • Você tem um senso de resiliência? Você ainda dá uma “ressaltada” antes de responder às adversidades? • Você está processando bem as emoções? • Você é honesto com relação à raiva, frustrações e decepções?

• Você já lidou com temores não resolvidos em sua vida? Ofensa? • Você já derramou o seu coração para Deus ou você suprime o que é negativo e mantém a fachada? • O Salmo 23:3 (“Refrigera a minha alma?”) é uma realidade para você? Existe alguma crença errada que o tem mantido preso? Alguma das frases a seguir faz parte da sua conversa consigo mesmo? • Deus só me amará se eu agir perfeitamente. • Eu preciso ter a aprovação dos outros para me sentir bem comigo mesmo. • Se algo está errado, deve ser culpa minha. • Eu preciso fazer tudo perfeitamente. • Eu preciso ser forte e estar no controle. • Ninguém pode ver qualquer fraqueza em minha vida. 6. Mantenha os Fogos de Casa Acesos Deus não nos chamou para sacrificarmos as nossas famílias no altar do ministério. Seu relacionamento com sua esposa e filhos precisa ser uma prioridade. Você não pode se permitir ser tão drenado, tornar-se desgastado e exaurido pelo seu ministério, de forma que não tenha sobrado nada para investir em casa. Você precisa ter tempo de qualidade com o seu cônjuge, e você deveria levar a sério qualquer aviso ou preocupação que o seu cônjuge expressa.

Se você tem crianças ou adolescentes, tenha certeza de que você é uma grande parte de suas vidas. Um dos pontos altos da minha vida foi quando fui capaz de ser o treinador do grupo de basquete do meu filho quando ele era jovem. Fomos afortunados de trabalhar para um pastor sênior que encorajava todos da equipe a serem altamente envolvidos nas vidas dos filhos.

7. Conheça os Seus Limites Paulo disse: “Estamos presos aos limites estabelecidos por Deus” (2 Coríntios 10:13, A Mensagem). Faríamos bem em fazer o mesmo. Sempre que possível, deveríamos focar no que fazemos bem, e delegando funções, deixar outros prosperarem naquilo em que eles têm o dom. Se você tende a ter um senso superestimado da sua própria importância, seria bom lembrar-se com frequência das seguintes declarações: • Eu não sou o Messias. • Eu não sou o Espírito Santo. • Eu não sou indispensável. • Eu não sou onisciente, onipresente, nem onipotente. • Eu não posso suprir cada necessidade. • Está tudo bem para mim no tocante a estabelecer limites e dizer “não” a certas coisas. • Eu tenho permissão para delegar e compartilhar a carga do trabalho com outros.

Jesus sabia quando dizer “sim”, e quando dizer “não”. Nós observamos exemplos na Bíblia quando Ele delimitou limites e disse “não”, permanecendo dentro dos limites do Seu chamado. • Jesus disse “não” a Pedro quando ele tentou redirecionar o curso de Jesus do caminho que envolvia sofrimento (Mateus 16:23). • Ele disse “não” para o povo que queria mantê-lo em um lugar e impedi-lo de pregar em outros locais (Lucas 4:43). • Jesus disse “não” ao povo que queria fazer dele um rei “natural” (João 6:15). Bill Cosby teve uma boa compreensão quando disse: “Eu não conheço a chave para o sucesso, mas a chave para falhar é querer agradar a todo mundo”.

8. Receba Ministração Você pode ter ouvido a frase: “Quando a sua despesa excede a sua renda, sua manutenção torna-se a sua queda”. Alguns têm dito isso no contexto das finanças, mas isso também é verdade concernente aos nossos recursos espirituais e emocionais. É fácil ficar tão envolvido em dar e servir a outros, que o líder simplesmente não toma tempo para reabastecer o seu próprio reservatório. Jesus e os seus discípulos continuaram a sua viagem e chegaram a um povoado. Ali uma mulher chamada Marta o

recebeu na casa dela. Maria, a sua irmã, sentou-se aos pés do Senhor e ficou ouvindo o que ele ensinava. Marta estava ocupada com todo o trabalho da casa. Então chegou perto de Jesus e perguntou: “O senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo este trabalho? Mande que ela venha me ajudar”. Aí o Senhor respondeu: “Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela”. — Lucas 10:38-42 (NTLH) Ninguém pode culpar Marta por sua ética de trabalho, mas ela foi além do esforço consciente. De acordo com esses versículos, ela estava distraída, preocupada e desapontada. Graças a Deus pelos trabalhadores, mas não podemos trabalhar o tempo todo. Jesus viu um valor enorme no desejo de Maria em receber a ministração, e o chamou de “a melhor de todas”.

9. Tenha um Amigo Líderes espirituais precisam de alguém com quem eles possam conversar aberta, franca e livremente. Eles precisam de alguém com quem eles possam ser reais, alguém com quem eles não precisem ser “profissionais” ou impressionar, alguém com quem eles possam ser totalmente transparentes e esquecer-se da própria “imagem”. Tipicamente, a pessoa que representa esse papel é outro líder, talvez um mentor ou conselheiro, alguém que possa ser confiável. O isolamento é um convite para o desastre para o ministro e para qualquer crente, contudo 70% dos pastores indicam que eles não têm alguém que considerem um amigo.63 Não podemos esquecer a

admoestação de Provérbios 27:17: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo”.

Pensamento Conclusivo Não posso imaginar outro líder enfrentando mais estresse e pressão do que o apóstolo Paulo enfrentou. Entre açoites, prisões e naufrágios, Paulo também disse: “Tenho tido trabalhos e canseiras. Muitas vezes tenho ficado sem dormir. Tenho passado fome e sede; têm me faltado casa, comida e roupas” (2 Coríntios 11:27, NTLH). A despeito de tudo isso, Paulo estava determinado a terminar a sua carreira com alegria (ver Atos 20:24). Existem dois tipos de líderes espirituais: aqueles que acabam a sua carreira com alegria, e aqueles cuja carreira está acabando com eles. Determine-se a estar no primeiro grupo. Se você estiver experimentando algum nível de síndrome de burnout, por favor, saiba que Deus é por você, não contra você. Ele quer trazer uma rica restauração sobre sua vida. Isaías profetizou sobre o Messias dizendo: “Não quebrará o caniço rachado, e não apagará o pavio fumegante” (Isaías 42:2, NVI). Isaías 40:29-31 (A Mensagem) fala mais da natureza restauradora de Deus: “Ele fortalece os que estão cansados, renova as forças dos que desistiram. Pois até os jovens se cansam e desistem, os jovens na flor da idade tropeçam e caem. Mas os que esperam no Eterno renovam suas forças. Abrem as asas e voam alto como águias, correm e não se cansam, andam e não ficam exaustos”. Enquanto andamos na sabedoria de Deus, eu creio que a

admoestação de Paulo será cumprida em nossas vidas: “Não se deixem esgotar: mantenham-se animados e dispostos” (Romanos 12:11, A Mensagem). A versão amplificada desse versículo diz: “Nunca fique lento no zelo nem no anseio ardente; esteja brilhando e queimando no Espírito, servindo ao Senhor”.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Como você sente que tem ritmado a si mesmo e se reabastecido durante seu tempo servindo a Deus? Isso tem sido uma prioridade e disciplina que você tem mantido, ou você tem negligenciado o seu bem-estar físico e emocional enquanto tem servido a outros? 2. Qual tem sido a sua percepção de Deus? Você O tem visto como um duro capataz ou um pastor gentil? Você se sente forçado em seu trabalho para Ele, ou tem sido guiado em paz? 3. Quão bem equilibrado é o ritmo da sua vida nas áreas da adoração, trabalho, descanso e diversão? 4. Volte e revise os pontos de “Mantenha-se Emocionalmente Sadio”. Faça uma autoanálise. Existem alguns ajustes que você precisa fazer? 5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

52

Wiliams, Dave, Emerging Leaders (Lansing, Al. Decapolis Publishing, 2005), 115.

53

London, Jr. H. B. e Wiseman, Neil B. Pastors at Greater Risk (Ventura, CA: Regal Books, 2008), 172. 54

Minirth, Frank e Meier, Paul D., How to Beat Burnout (Chicago, LA, Moody Press, 1986), 15. 55

www.merriam-webster.com

56

Swenson, Richard A., M. D, Margin (Colorado Springs, CO: NavPress, 1992), 70.

57

Collins, Gary R., Christian Counseling (Dallas, TX: Word Publishing, 1988), 35.

58

Robert Hemfelt, Frank Minirth e Paul Meier, We are Driven (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1991), 6. 59

Swenson, Richard A., M. D., Margin (Colorado Springs, CO: NavPress, 1992), 30.

60

Exley, Richard, The Rhythm of Life (Tulsa, OK: Honor Books – A Division of Harrison House, 1987), 15. 61

Spurgeon, C. H. Letters to My Students (Grand Rapids, Zondervan, 1954), 160.

62

Cordeiro, Wayne, Leading on Empty (Minneapolis, MN: Bethany House, 2009), 13.

63

London, Jr. H. B. e Wiseman, Neil B. Pastors at Greater Risk (Ventura, CA: Regal Books, 2008), 264.

A : -

Capítulo Vinte e Três L “Orem para que estejamos protegidos dos malfeitores, que querem nos prejudicar. Penso que nem todos os ‘cristãos’ são de fato cristãos.” — 2 Tessalonicenses 3:2 (A Mensagem) Pensamento-chave: Líderes espirituais que desejam ser bemsucedidos terão de aprender como lidar com pessoas difíceis.

V

ocê conhece aquele personagem infantil chamado O Grinch? A criatura hostil, que estava determinada a arruinar

o Natal e roubar a alegria dos cidadãos de Whoville? Apesar de ter conseguido roubar os seus presentes e decorações, o Grinch, um verdadeiro estraga-prazeres, descobriu que os habitantes daquela cidade eram tremendamente resilientes, e celebraram o feriado apesar do seu plano de acabar com a festa. Existem pessoas assim, verdadeiros estraga-prazeres com os quais todos nós temos de lidar, pessoas que tentarão tirar a nossa alegria, se nós permitirmos. Nunca me esquecerei de quando um dos graduados da nossa escola bíblica voltou e encontrou-se comigo, depois de pastorear por um bom tempo. Ele disse: “Quando nós estávamos na escola

bíblica, lembro-me de ter sido alertado por diversas vezes a respeito de não me tornar um desses pastores que batem no rebanho. Mas vocês não me alertaram a respeito das congregações que comem os seus pastores no almoço”. Depois de perceber que muitos dos membros da igreja são bondosos, atenciosos e amáveis, o livro Pastors at Greater Risks (Pastores em grandes riscos) declara que: “... algumas congregações têm um indivíduo ou um pequeno grupo de pessoas que ferem os pastores e causam danos horríveis na vida da congregação. Alguns pastores que têm sofrido em suas mãos chamam essas pessoas de assassinos do clero. Psicólogos podem chamá-los de antagonistas patológicos. Geralmente, eles são parte de uma voz ou minoria controladora que causa tamanho caos que o pastor que sofre o dano sai e a congregação é deixada para juntar os pedaços”.64 Marshall Shelley descreve alguns dos que causam problemas nas igrejas: “Dentro da igreja, eles geralmente são sinceros, santos bem-intencionados, mas deixam atrás de si feridas, relacionamentos tensos e rastros de ressentimentos. Eles não se consideram pessoas difíceis. Eles não passam noites pensando em maneiras de como serem desagradáveis. Muitas vezes, eles são pilares da comunidade, talentosos, de personalidade forte, merecidamente respeitados, mas por alguma razão, eles minam o ministério da igreja. Eles não são naturalmente rebeldes ou patológicos; eles são membros fiéis da igreja, convencidos de que estão servindo a Deus, mas acabam fazendo mais mal do que bem”.65 Shelley prossegue listando alguns tipos e pessoas que trazem

tristeza aos líderes espirituais: • O Cão de Caça – Sempre apontando para o que outros deveriam fazer. • O Cobertor Molhado – Transpira negatividade, é contagioso. • O Empreendedor – Usa as conexões da igreja para, agressivamente, construir o seu negócio. • O Financiador Inconstante – Tenta controlar a igreja por meio de doações ou ameaça sonegar as finanças. • O Intrometido – Excessivamente envolvido nos negócios dos outros. • O Atirador de Elite – Não dirá coisa alguma face a face, mas fala dos líderes pelas costas. • O Contador – Mantém o controle de cada erro que os líderes cometem. • O Comerciante de Sujeira – Atrai outras pessoas descontentes, ouve ansiosamente e incentiva a insatisfação delas. • O Legalista – Tem opiniões rígidas de como tudo deveria ser feito.66 Lembro-me de visitar um pastor anos atrás que, durante a nossa conversa, fez uma referência passageira a alguns dos seus membros “RGE”. Não tive tanta certeza do que ele disse, então eu apenas continuei ouvindo. Alguns minutos depois, ele fez a referência aos “RGE” novamente. Dessa vez eu o interrompi e disse: “Você se referiu a alguns dos membros ‘RGE’? O que isso

significa?” Ele sorriu e disse: “Desculpe-me, esse é um termo que eu uso com a minha equipe. Significa ‘Requer Graça Extra’. Existem algumas pessoas que são um pouco difíceis, e nós sempre precisamos olhar para Deus para alcançarmos uma graça extra quando temos de lidar com elas”. A lista de Shelley é apenas uma pequena amostra dos tipos de pessoas difíceis que podemos encontrar em nossa jornada de vida e ministério. Les Parrott identifica outros em seu livro intitulado: High Maintenance Relationships (Relacionamentos de manutenção elevada). • O Crítico – Reclama constantemente e dá conselhos indesejados. • O Mártir – Sempre é a vítima e é devastado pela autocomiseração. • O Desanimador – Pessimista e automaticamente negativo. • O Rolo Compressor – Cegamente insensível aos outros. • O Fofoqueiro – Espalha rumores e compartilha os segredos. • O Controlador Anormal – Incapaz de deixar passar algo. • O Esfaqueador de Costas – Um duas caras irrepreensível. • O Ombro Gelado – Ele se desprende e evita conflito. • O Monstro Roxo – Ferve de inveja. • O Vulcão – Solta fumaça e sempre está pronto para entrar em erupção.

• O Esponja – Constantemente em necessidade, mas nunca dá nada de volta. • O Concorrente – Sempre controlando o “olho por olho”. • O Cavalo de Trabalho – Sempre empurrando e nunca satisfeito. • O Namorador – Transmitindo insinuações que margeiam o assédio. • O Camaleão – Ansioso para agradar e evita conflitos.67 Às vezes, é apenas um pequeno aborrecimento lidar com personalidades irritantes. Outras vezes, é francamente perigoso. Jesus alertou os Seus discípulos acerca de como lidar com pessoas difíceis quando disse: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas” (Mateus 10:16-17). O apóstolo Paulo encontrou mais do que a quantidade normal de pessoas difíceis. Ele falou por experiência que teve “muitas lágrimas e provações” por causa da oposição religiosa (Atos 20:19). Ele disse: “[Eu tive de] enfrentar ladrões, lutar com amigos e inimigos... Também fui traído pelos que pensei ser meus irmãos” (2 Coríntios 11:26, A Mensagem).

Doze Coisas Que Você Precisa Saber Quando Estiver Lidando com Pessoas Difíceis

1. Permaneça Focado no Positivo Quando uma pessoa é ferida em relacionamentos da igreja, facilmente ela se torna cansada e estressada. Uma pessoa pode esquecer as 100 pessoas que são positivas e encorajadoras caso fique consumida com a pessoa que está causando dor e dificuldade. Mantenha uma atitude positiva e se recuse a permitir que detratores tirem a sua alegria. Provérbios 3:4 diz que nós podemos “encontrar favor com Deus e com o povo”. Sem dúvida, Jesus encontrou grande oposição, mas Ele também experimentou um grande favor com Deus e os homens (ver Lucas 2:52). Um líder espiritual não pode se permitir desenvolver uma mentalidade de vítima ou um complexo de mártir. Revirar-se na lama da autocomiseração não ajudará de maneira alguma, e não levará a qualquer resultado positivo. É importante ter relacionamentos saudáveis! Todos nós precisamos de força e encorajamento que vêm de relacionamentos positivos. Tenho sempre estudado relacionamentos na Bíblia, especialmente os que envolvem Paulo. Em 2 Timóteo, na última epístola que Paulo escreveu, podemos observar uma lista de pessoas com as quais Paulo interagiu. Vamos dividi-la em duas categorias. Relacionamentos Negativos Que Paulo Experimentou • “Você já sabe que todos os irmãos da província da Ásia, inclusive Fígelo e Hermógenes, me abandonaram” (2 Timóteo 1:15, NTLH). • “Porque Demas, tendo amado o presente século, me

abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia” (2 Timóteo 4:10). • “Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns” (2 Timóteo 2:18). • “Alexandre o latoeiro me fez tantos males...” (2 Timóteo 4:14). • “Da primeira vez fui trazido diante do juiz, ninguém veio comigo. Todos me abandonaram” (2 Timóteo 4:16). Quanto abandono e abuso uma pessoa assim poderia suportar? Paulo poderia ter facilmente sido profundamente desencorajado por tudo o que lhe aconteceu, e ainda assim haveria um tom de triunfo em sua última epístola. Certamente Paulo tinha uma fé forte, mas ele também permaneceu ciente dos relacionamentos positivos em sua vida, mesmo quando algumas das pessoas envolvidas estavam distantes. Paulo não permitiu a si mesmo ficar obcecado com o negativo; ele se deleitava na riqueza de seus relacionamentos. Relacionamentos Positivos Que Paulo Experimentou • “Timóteo, meu filho querido” (2 Timóteo 1:2). • Onesíforo “... ele frequentemente me visitou e encorajou... procurou por toda parte até me encontrar... você sabe bem o quão útil me foi em Éfeso” (2 Timóteo 1:16-18, NLT). • “Lucas está comigo…” (2 Timóteo 4:11, NLT). • “Marcos... será útil em meu ministério” (2 Timóteo 4:11, NLT). • Paulo mencionou Tíquico (2 Timóteo 4:19). Em Efésios 6:21 (NLT), ele o chamou, “... um amado irmão, ministro fiel, um

conservo no Senhor”. • Paulo se referiu a Priscila e Áquila (2 Timóteo 4:19). Em outro lugar ele fala deles como, “... cooperadores em Cristo Jesus, que arriscaram o próprio pescoço por minha vida, a quem... eu agradeço” (Romanos 16:3-4 NLT). • Acima de tudo, Paulo era grato pela fidelidade de Deus. “Mas o Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu para que eu pudesse pregar as Boas Novas... E ele me resgatou da morte certa. Sim, e o Senhor me livrará de todo o ataque maligno e me trará a salvo para o Seu Reino celestial” (2 Timóteo 4:17-18, NLT). Talvez a razão por que Paulo tinha tanto vigor, tanta perseverança e tanta resiliência, é porque ele tirou tanto encorajamento e força de todos os relacionamentos positivos em sua vida. Ele permaneceu grato e apreciativo pelo positivo, mesmo no meio de grande negatividade.

2. O Conflito É Universal Por toda a Bíblia, conflito, tensão e atrito entre pessoas eram muito comuns. • Adão culpou Eva. • Caim matou Abel. • Os servos de Ló não puderam permanecer com os servos de Abraão. • Jacó e Esaú tiveram uma forte briga.

• José foi odiado pelos seus irmãos, traído e vendido como um escravo. • Jó foi atormentado e duramente criticado por aqueles que ele acreditava serem seus amigos. • Davi teve de se esquivar das lanças de Saul. • O próprio Davi lidou traiçoeiramente com Urias, ignorou o estupro de sua filha, e teve de fugir da insurreição rebelde de seu amargurado filho, Absalão. • Davi falou daqueles que o odiaram com aversão cruel, dos que o odiaram sem causa e daqueles que o odiaram injustamente (Salmos 25:19; 35:19; 38:19). • Elias fugiu das ameaças de Jezabel. • Herodes tentou matar Jesus quando Ele era uma criança pequena. • Quando adulto, Jesus foi traído por um dos Seus próprios discípulos. • Paulo teve uma grande discussão com Barnabé e um confronto face a face com Pedro. • Evódia e Síntique foram cotrabalhadoras no Senhor, mas foram exortadas a conviver com outros e resolver suas diferenças. Quando está sob fogo, é tentador para um líder espiritual pensar: “Se eu apenas fosse um líder melhor, isso não estaria acontecendo”. Às vezes, é útil saber que você não é o primeiro líder a estar em uma tempestade de conflitos. Também é bom saber que não é algo pessoal (apesar de que possa parecer extremamente pessoal), quando pessoas são críticas, descontente, reclamadoras, etc. Isso

geralmente é mais um reflexo do que eles são, e não necessariamente um reflexo seu ou da sua liderança. Também é possível começar a pensar: Se eu for para outra igreja, eu não terei de enfrentar esse tipo de problemas. Contudo, o problema é que onde quer que você vá, outras pessoas continuarão a estar lá, e pessoas são pessoas. Você não pode fugir da natureza humana. Quando os crentes do primeiro século enfrentaram perseguição por sua fé, Pedro os admoestou: “Resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” (1 Pedro 5:9-10). Lembre-se, o conflito é universal. A questão não é se você irá enfrentá-lo, a questão é como você irá gerenciá-lo. Deus tem ajudado muitos outros em tempos assim, e Ele irá ajudá-lo também.

3. Existem Dois Tipos de Dor Que um Líder Espiritual Encontrará A primeira dor é o atrito. Atrito se refere à redução numérica. A segunda é a dor da agressão. Essa se refere a pessoas que atacam o líder. Paulo experimentou atrito quando ele disse: “Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Fígelo e Hermógenes” (2 Timóteo 1:15). É também o que ele experimentou

quando disse: “Demas me abandonou…” (2 Timóteo 4:10, NLT). Até mesmo Jesus experimentou atrito em Sua posição (João 6:66-67). “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com Ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?’” Deus também experimentou atrito em seu Reino. Lembre-se de que um terço dos anjos seguiu Lúcifer em sua rebelião. Líderes espirituais querem unir e influenciar pessoas, então tipicamente eles são feridos quando indivíduos os deixam, especialmente quando a partida é desagradável. Ministros experientes: • Não deixam partidas esmagá-los ou deixá-los calejados. • Não abrigam falta de perdão, ofensa ou amargura sobre o passado. • Lideram com “mão aberta”, reconhecendo que as pessoas têm livre-arbítrio e que elas, às vezes, escolhem ir para outras direções. • Sabem que o povo e o ministério pertencem a Deus, não a eles. • Sabem que nem todas as partidas são da mesma forma. • Alguns saem de uma maneira saudável, na vontade de Deus, e deveriam ser celebrados. Mesmo quando uma partida não é positiva, um líder precisa manter uma boa atitude, e fazer o melhor possível, e se manter avançando. • Usa as partidas como um tempo para avaliar métodos, o ministério, etc... para aprender com a situação e fazer qualquer ajuste necessário sem se tornar autocondenado.

• Focam nas pessoas que permanecem, não naquelas que saíram. • Mantêm a visão do grupo e erguem grupos para o futuro. Paulo também experimentou a dor da agressão. Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras. Tu guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras. — 2 Timóteo 4:14-15 A tradução Weymouth diz isso da seguinte forma: “Alexandre, o Latoeiro, mostrou hostilidade amarga em relação a mim…”. Observe que nesse caso em particular, Alexandre parecia odiar a mensagem de Paulo. Essa questão não era a respeito de Paulo em si, era acerca da Palavra de Deus que ele pregava. Jesus disse: “Vocês lembram-se do que eu vos tenho dito? ‘Um servo não é maior do que o seu mestre’. Já que eles me perseguiram, naturalmente eles irão persegui-los. E se eles me ouviram, também os ouvirão” (João 15:20).

4. Quando Estiver Nadando com Tubarões, Não Sangre Líderes espirituais que experimentaram a dor do atrito e sofreram a agressão genuína podem atestar a verdade que Stuart Briscoe articulou como as qualificações de um pastor: “A mente de um estudioso, o coração de uma criança, e a pele de um rinoceronte”.68 Tenacidade e resiliência são necessárias para líderes espirituais

que cumprirão o seu desígnio. E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. — Atos 20:22-24 O caminho para impedir que as críticas e oposições nos destruam é estar focado em um propósito maior do que o nosso ego. Paulo entendeu que os ataques contra ele não eram pessoais, e que a perseguição que ele encontrou era por causa da mensagem que ele pregava. Paulo poderia ter evitado toda a perseguição fazendo uma simples coisa: parando de pregar o Evangelho! A força de caráter, no entanto, irá fazer com que uma pessoa invariavelmente avance para o que é correto. Martinho Lutero reconheceu o quão importante a força era em uma liderança espiritual. Tendo ele mesmo enfrentado amarga oposição, ele disse: “Um pregador precisa ser, ao mesmo tempo, um soldado e um pastor. Ele precisa nutrir, defender e ensinar, ele precisa ter dentes na sua boca e ser capaz de morder e lutar”. Enquanto é verdade que líderes espirituais “... não militam segundo a carne” (2 Coríntios 10:3) e “... nossa luta não é contra o sangue e a carne” (Efésios 6:12), ainda assim, eles têm de ser duros quando se trata de lidar com “lobos cruéis” (Atos 20:29).

A tenacidade foi enaltecida quando: • Paulo falou aos Tessalonicenses para: insubmissos” (1 Tessalonicenses 5:14).

“admoesteis

os

• Quando Timóteo foi encorajado a “combate, firmado nelas, o bom combate” (1 Timóteo 1:18). • Quando Paulo instruiu a Tito para: “Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze” (Tito 2:15). • Quando Judas admoesta os crentes a: “... lutem de todo o coração pela fé que nos foi confiada como um dom a ser guardado e cultivado” (Judas 3, A Mensagem). 5. Quando Estiver Lutando Contra Dragões, Não se Torne Um Deles Salomão disse: “Acima de qualquer coisa guarda o teu coração, porque ele determina o curso da tua vida” (Provérbios 4:23, NLT). Quando estiver lidando com pessoas difíceis, é essencial guardar o seu coração contra a amargura, o ressentimento e a ofensa. Não permita uma pessoa com um comportamento inadequado arrastá-lo para o nível dela. Aqui estão algumas coisas importantes para lembrar: • Não deixe o problema de outra pessoa tornar-se o seu. • Não deixe a carnalidade de outras pessoas estimular a sua carnalidade. • Não deixe o pecado de outra pessoa levá-lo a pecar.

• Não viva a sua vida reagindo aos problemas “carnais” de alguém. Viva a sua vida respondendo ao poder do amor de Deus. Jonathan Edwards disse: “Decisão: que todos os homens deveriam viver para a glória de Deus. Segunda decisão: que se outros viverão ou não, eu viverei”. Seguir o exemplo de Edwards nos levará a ter os seguintes propósitos: • Eu andarei em amor, se outros o fizerem ou não. • Eu demonstrarei o fruto do Espírito se outros o fizerem ou não. • Eu manterei uma atitude piedosa se outros mantiverem ou não. • Eu manterei a minha paz, não importando o quão tumultuada qualquer situação se torne. 6. Não Presuma Que as Pessoas Sempre Retribuirão a Sua Bondade Nossas expectativas exercem grande influência na maneira como reagimos às situações. Se nós esperamos que as pessoas sejam sempre graciosas, apreciativas e bondosas conosco, então provavelmente experimentaremos desilusões e decepções. É muito bom termos uma perspectiva positiva na vida, mas nós deveríamos, também, ser realistas nas nossas expectativas. Infelizmente, existem pessoas que dão pouco apreço e não demonstrarão uma gratidão apropriada. Talvez fosse o entendimento de Paulo desse fato que o levou a dizer: “Eu de boa

vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?” (2 Coríntios 12:15). Davi foi profundamente magoado pela maneira que as pessoas reagiram a ele. Ele disse: “Pagam-me o mal pelo bem, o que é desolação para a minha alma” (Salmos 35:12). Ao longo dos anos, tenho falado com líderes espirituais que, como Davi, foram entristecidos por pessoas que foram tão ingratas com eles. De fato, é maravilhoso (e apropriado) quando pessoas expressam gratidão para com aqueles que têm ministrado a elas, contudo, isso não pode ser a nossa motivação como líderes espirituais. Se servimos pelos elogios dos homens, nós podemos ficar desapontados. Se servimos, entretanto, para a glória e honra de Deus, nunca ficaremos desapontados. Nossa recompensa final está nos céus. Naquilo que ele chamou de “Os mandamentos Paradoxais,” Kent Keith escreveu: • Pessoas são irracionais, ilógicas e autocentradas. • De qualquer maneira, ame-as. • Se você fizer o bem, pessoas podem acusá-lo de ter segundas intenções egoístas. • De qualquer maneira, faça o bem. • Se você é bem-sucedido, você ganhará amigos falsos e inimigos verdadeiros. • De qualquer maneira, seja bem-sucedido. • O bem que você faz hoje será esquecido amanhã.

• De qualquer maneira, faça o bem. • Honestidade e franqueza o tornam vulnerável. • De qualquer maneira, seja honesto e franco. • Os maiores homens e mulheres com as maiores ideias podem ser derrubados pelos menores homens e mulheres com as menores mentes. • De qualquer maneira, pense grande. • Pessoas gostam dos mais fracos, mas só apostam nos mais fortes. • De qualquer maneira, lute por alguns mais fracos. • O que você investe anos construindo pode ser derrubado da noite para o dia. • De qualquer maneira, construa. • As pessoas realmente precisam de ajuda, mas podem atacá-lo se você ajudá-las. • De qualquer maneira, ajude. • Dê ao mundo o melhor que você tem, e você será chutado nos dentes. • De qualquer maneira, dê ao mundo o que você tem de melhor.69 Alguém adaptou levemente a peça citada e adicionou o seguinte pensamento: “Veja, na análise final, de qualquer maneira, isso é entre você e Deus. Nunca foi entre você e as pessoas”.

7. Nem Todos os Conflitos Serão Resolvidos da Maneira Que Você Gostaria Que Fossem

É bom esforçar-se pelo melhor em cada relacionamento, mas não temos a habilidade de fazer cada um se tornar exatamente como gostaríamos que fosse. Paulo fez uma declaração muito interessante sobre a responsabilidade do crente concernente a relacionamentos: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Romanos 12:18). Paulo está dizendo que deveríamos fazer tudo o que pudermos para promover relacionamentos produtivos, saudáveis e positivos, mas observe as qualificações que ele usa. Primeiro, “Se possível” (implica dizer que nem sempre é possível), e segundo, “quanto depender de vós” (implica dizer que a vontade, as decisões e ações de outras pessoas estão envolvidas). Muitos descobriram que mesmo que eles fizessem tudo o que podiam, caminhando mais uma milha e exercitando a melhor habilidade humana, evitando um conflito com outra pessoa, ainda assim não funcionou da maneira que eles gostariam. Contudo, algumas dessas mesmas pessoas descobriram que quando entregaram a situação para Deus, a reconciliação acabou vindo, mesmo depois de anos. Existem momentos em que temos de entregar uma situação a Deus e deixar um relacionamento tenso ou destruído em Suas mãos, confiando Nele ao longo do tempo, a cura ocorrerá, enquanto avançamos no plano de Deus para as nossas vidas nesse meio tempo. O ponto de partida é que temos de fazer o melhor com o que temos para fazer, e confiar em Deus para os melhores resultados.

8. As Pessoas Mais Próximas a Você Têm o Maior Potencial

de Feri-lo Quando um líder espiritual se depara com um conflito com uma pessoa periférica na igreja, pode ser aborrecedor. Contudo, quando um líder espiritual tem um conflito com uma pessoa do núcleo da igreja, com alguém muito próximo a ele, ou com um membro da família que é altamente visível na igreja, isso pode ser devastador. Jesus foi traído com um beijo, e Davi sabia da traição de seu próprio filho, Absalão. Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus. A sua boca era mais macia que a manteiga, porém no coração havia guerra; as suas palavras eram mais brandas que o azeite; contudo, eram espadas desembainhadas. — Salmos 55:12-14, 21 Você percebeu a falsidade da pessoa que causou essa dor intensa revelada no versículo 21? Palavras brandas? Ao longo dos anos, tenho observado que existem três tipos de pessoas acerca das quais líderes espirituais precisam ser cautelosos: • O superespiritual • O superdoce • O superescorregadio

Quando uma pessoa for exagerada em alguns aspectos do seu caráter, eu simplesmente o encorajo a ter cautela. Quando uma pessoa, por exemplo, é excessivamente doce, eu sempre me pergunto se isso é genuíno (e pode ser), ou se ela está compensando algo. Todos nós apreciamos uma pessoa verdadeiramente bondosa, mas eu tenho percebido que alguns que parecem “hiperdoces”, estão de fato tentando encobrir uma tendência à maldade no seu caráter. Do mesmo modo, uma pessoa que vai além do normal para impressionar você com sua extrema espiritualidade pode ser um acidente de trem prestes a acontecer. Lembro-me de um jovem ministro me contando que quando ele era candidato para uma posição pastoral, uma senhora deu para ele uma profecia de que ele deveria ser o novo pastor. Ele ficou animado com essa confirmação, contudo, eu senti que deveria dar-lhe uma palavra de cautela. Eu expliquei para ele que se essa senhora pudesse profetizar para ele entrar na igreja, ela também poderia profetizar para ele sair da igreja. Não sou contra pessoas que são doces ou espirituais. Graças a Deus por tais expressões, quando elas são genuínas. Contudo, quando essas pessoas usam esses traços em uma tentativa de conciliar e promover seus próprios interesses torna-se um grande problema. Quando se trata de superescorregadios (“malandros”), observe que essas pessoas vêm com muita conversa. Quando uma pessoa sempre tem um projeto grandioso em andamento e está continuamente recrutando pessoas para a sua causa com

promessas luxuosas, então provavelmente problemas estão a caminho. Não seja paranoico, mas perceba que algumas pessoas tentarão chegar perto de você (como um líder espiritual) para ganhar influência pelo aparente relacionamento próximo a você.

9. Nem Todos os Conflitos São Entre Uma Pessoa Boa (Você) e Uma Pessoa Má (A Outra Parte) Nós gostamos de classificar a boa e a má pessoa em todos os conflitos (e claro, nós entendemos que sempre somos a boa pessoa). Mas, nem todo conflito é tão facilmente claro como Caim matando Abel ou Judas traindo Jesus. Precisamos ser cuidadosos para vermos tudo através do filtro de autojustificação, especialmente quando estivermos experimentando um conflito com outra pessoa. Quando eu dirigia uma associação ministerial, ocasionalmente recebia uma ligação de um pastor que estava entristecido quanto a um membro de sua equipe. O pastor focava as questões negativas concernentes ao trabalho daquele membro da equipe. Muitas vezes, ele apresentava a situação como se o ofensor membro da equipe fosse como o Absalão maligno que estava se rebelando contra o bom rei Davi. Sem o conhecimento de qualquer das partes, recebi uma ligação um ou dois dias depois daquele membro da equipe, reclamando de dificuldades que ele estava experimentando com o pastor sênior (aquele que havia ligado reclamando do membro da equipe). O membro da equipe focou nas faltas do pastor, apresentando assim a si mesmo como o jovem e fiel Davi que estava tendo de servir ao

mau rei Saul. Normalmente, ambas as partes são boas pessoas que simplesmente enfrentam conflitos de personalidade, e normalmente esses indivíduos aprenderam a trabalhar com o outro. Efésios 4:2-3 diz: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz”. Parte do versículo na versão A Mensagem diz: “... dedicandose uns aos outros com amor, considerando as diferenças entre vocês, sempre resolvendo logo todo e qualquer desentendimento”. Vocês se lembram da grande discussão que Paulo e Barnabé tiveram a respeito do que fazer com João Marcos (Atos 15:36-40)? Eles eram dois nobres e grandes homens. Acredito que ambos eram sinceros em suas convicções, mas tinham posições e visões diametralmente opostas. Paulo estava olhando para a situação de uma perspectiva orientada pela tarefa, enquanto Barnabé era mais pessoal em sua abordagem. As

diferenças

entre

eles,

naquele

momento,

pareciam

completamente irreconciliáveis. Contudo, muitos anos depois de Paulo se recusar a aceitar Marcos como parte do seu grupo, ele disse: “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2 Timóteo 4:11). Graças a Deus que aquela ponte não foi queimada completamente. Quando você tiver um conflito, sonde destemidamente o seu coração e veja se existe qualquer ajuste que você precisa fazer. Não apenas presuma automaticamente (e de forma orgulhosa) que você está 100% correto, e a outra parte está 100% errada. Nunca será

prejudicial nos certificarmos de que não estamos contribuindo para a natureza problemática da situação. E mais, não faça de qualquer desacordo uma quebra de associação. Se você sente que deve se afastar dos caminhos de alguém toda vez que você tem uma perspectiva ou opinião diferente, então você irá terminar muito isolado e individualmente sozinho. Dar uma folga à outra parte, especialmente em questões não tão críticas, é importante em todos os relacionamentos, especialmente no matrimônio. O Dr. James Dobson disse: “Um bom casamento não é um em que a perfeição reina; é um relacionamento em que uma perspectiva saudável sobrepõe uma multidão de problemas ‘irresolvidos’”.70 O Dr. Dobson foi à origem das frustrações das mulheres, cujos maridos não foram sensíveis às suas necessidades: “Meu conselho é que você mude naquilo que pode ser alterado, explique o que pode ser entendido, ensine o que pode ser aprendido, revise o que pode ser melhorado, resolva o que puder ser definido, e negocie aquilo que está aberto a acordo. Crie o melhor matrimônio possível a partir da matéria-prima trazida de dois seres humanos imperfeitos com duas personalidades únicas. Mas para todas as arestas que precisam ser aparadas e as faltas que precisam ser erradicadas, procure desenvolver a melhor perspectiva e determine na sua mente aceitar a realidade exatamente como ela é. O primeiro princípio da saúde mental é aceitar o que não pode ser mudado”.71 Quando você tiver de tolerar as imperfeições de outros e precisar aparar algumas arestas, lembre-se de que eles provavelmente estão

fazendo a mesma coisa com você.

10.Mantenha Seu Senso de Visão, Foco e Propósito e Não Fique Distraído por Conflitos de Personalidade Quando Neemias estava reerguendo os muros de Jerusalém, ele foi apaixonadamente consumido por um senso de missão e propósito. Primeiro, seus inimigos (Sambalate, Tobias e Gesém) zombaram e o criticaram, mas quando o significante progresso se efetivou, eles o convidaram para vir e se encontrar com eles. Contudo, Neemias viu além das intenções deles, recusou o seu convite enganador, e respondeu: “Eu estou engajado em uma grande obra, então não posso ir. Porque eu pararia de trabalhar para ir encontrar você?” (Neemias 6:3, NLT). Neemias entendeu o poder do foco. Ficar concentrado na sua missão era a principal prioridade para ele. Marshall Shelley escreveu: Talvez o maior dano feito por verdadeiros dragões não foi em sua oposição direta. É mais intangível. Eles destroem o entusiasmo, a moral tão necessária para a saúde e o crescimento da igreja. As pessoas não mais se sentem bem em convidar amigos para os cultos de adoração. O ar está tenso, a igreja abatida, e todos alertas a respeito de “nós” e “deles”. O efeito sobre pastores é igualmente sério. Eles sugam a energia dos pastores, e tão prejudicial quanto isso, eles o levam a reagir em vez de agir.

“O problema real não é as suas francas ações”, observa um pastor veterano. “Mas eles desviam sua atenção e o mantém desprevenido mesmo que eles nunca se opuseram abertamente a você. Você se encontra sem planejamento, sem pensar no futuro, sem buscar uma visão para a igreja, você está apenas tentando sobreviver.” Se os pastores ficam preocupados com os dragões, com medo de desafiá-los ou pelo menos muito preocupados com respeito a “lutar apenas batalhas que precisam ser guerreadas”, eles muitas vezes perdem sua espontaneidade e criatividade. A mudança é sufocada, o crescimento atrofiado, e a direção do ministério é definida pelo curso de menor resistência, o qual como todos sabem, é o curso que faz rios tortuosos. Se as primeiras vítimas em uma guerra contra dragões são a visão e a iniciativa, a próxima vítima é o alcance. Quando um pastor é forçado a se preocupar mais em apagar os incêndios do que acender a chama da igreja, os dragões venceram, e o ministério está perdido.72 Jesus enfrentou incontáveis distrações, e ainda assim permaneceu focado em Sua missão. Isaías falou profeticamente do Senhor Jesus Cristo quando disse: “Porque o S Deus me ajudou, pelo que não me senti envergonhado; por isso, fiz o meu rosto como um seixo e sei que não serei envergonhado” (Isaías 50:7). Paulo descansava tão confortavelmente no cuidado do Senhor concernente à sua vida que ele também se recusou a permitir que

as opiniões e críticas de outros o transtornassem. Sua determinação é um grande exemplo para seguirmos. Pouco importa o que vocês pensem ou digam a meu respeito. Eu não me avalio. Nesse caso, os rótulos são irrelevantes. Desconheço algo que me desqualifique na minha tarefa para com vocês, mas isso não quer dizer muita coisa. O Senhor é que faz este julgamento. — 1 Coríntios 4:3-4 (A Mensagem)

11.Às vezes, Você Precisa Isolar o Problema Billy Martin uma vez foi entrevistado e perguntaram o que o fez ser um bem-sucedido técnico de um time de beisebol profissional. Ele respondeu que em todos os times existem cinco jogadores que o amam, cinco que o odeiam, e quinze que simplesmente querem jogar. “Ser um técnico bem-sucedido”, ele continuou, “é manter os cinco que odeiam você longe dos outros vinte”.73 Provérbios 22:10 diz: “Lança fora o escarnecedor, e com ele se irá a contenda; cessarão as demandas e a ignomínia”. Romanos 16:17 declara: “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles”. Tito 3:10 diz: “Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez”. Tenho testemunhado muitas situações ao longo dos anos nas quais havia algumas pessoas cronicamente descontentes na igreja. Não importa o que a igreja ou o pastor fizessem, não estava certo, havia uma contínua detecção de falhas, resmungos e críticas. Quando a pessoa finalmente deixou a igreja (ou foi convidada a

sair), todos ficaram impressionados sobre o quão melhor a atmosfera da igreja se tornou e quanto a moral global da igreja melhorou. É lamentável que esse tipo de coisa, às vezes, seja necessário, mas se as pessoas não podem estar contentes onde elas estão, deveria ser do melhor interesse de todos, se elas encontrassem outro lugar onde pudessem ir e ser positivas e solidárias. Infelizmente, esses tipos de pessoas carregam sua atitude com elas onde quer que vivam, portanto, normalmente acabam sendo descontentes em qualquer lugar. Entretanto, líderes espirituais deveriam fazer tudo o que puderem fazer para que os relacionamentos funcionem. Pedir a alguém para sair deveria ser o último recurso, não a primeira opção. Estive conduzindo uma reunião de ministros muitos anos atrás em outro país, e nós tivemos uma sessão de perguntas e respostas. Três dos pastores que perguntaram eram de certa cidade, e todas as questões deles tinham a ver com, “Está tudo bem expulsar alguém da igreja quando eles fazem isso”, e “Está tudo bem expulsar alguém da igreja quando eles fazem aquilo?” Depois de várias dessas perguntas, eu lembrei a eles de qual era o nosso propósito na liderança espiritual, de que não é ver quantas pessoas nós podemos expulsar das nossas igrejas, mas em vez disso, quantas pessoas nós podemos manter lá. Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o

arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo... — 2 Timóteo 2:24-26

12.Escolha as Suas Batalhas Quando Paulo escreveu a Timóteo acerca das qualificações dos líderes espirituais (os anciãos), ele disse, entre outras coisas que eles precisam ser: “... não violentos... porém cordatos, inimigos de contendas…” (1 Timóteo 3:3). Em acréscimo, Paulo falou a Tito que o bispo não pode ser “irascível” (Tito 1:7). Se você já encontrou pessoas que eram contenciosas, argumentativas, que tinham um pavio curto ou estavam procurando por uma briga, então você entende por que tais pessoas enfraquecem os líderes espirituais. Eles repelem e dispersam outros; eles não atraem nem reúnem as pessoas. Paulo queria que Timóteo evitasse esse tipo de interação e o instruiu: “E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas” (2 Timóteo 2:23). Existem algumas questões momentâneas, insignificantes e periféricas que nunca deveriam se tornar um ponto controverso. Como alguém disse, há certas montanhas que não vale a pena escalar. O papa João XXIII sabiamente disse: “Veja tudo, deixe passar uma grande parte e corrija um pouco”. Provérbios 26:17 diz: “Quem se mete em questão alheia é como aquele que toma pelas orelhas um cão que passa”. Até mesmo Jesus recusou se envolver em certos conflitos. Quando alguém

pediu a Jesus para orientar a divisão de uma herança, Jesus respondeu: “Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?” (Lucas 12:14). Imediatamente, Jesus começou a abordar as questões da ganância e cobiça, que podem ser os fatores envolvidos em sua rejeição de tentar mediar aquelas disputas. Até mesmo a sabedoria popular nos ensina a evitar o conflito infrutífero e desnecessário: • Nunca entre em uma batalha com pessoas perigosas porque elas não têm nada a perder. • Nunca lute contra um porco na lama. Vocês dois ficarão imundos, e o porco ama isso. • Nunca entre em uma batalha de cuspe com um gambá. Mesmo que você ganhe, sairá fedendo! Como líderes espirituais, nós deveríamos ser sábios para não reagir a todo problema pequeno. Nós temos uma responsabilidade de lidar com questões quando o bem-estar de outros crentes e a saúde da igreja estão em jogo. Um mercenário pode fugir quando o lobo vem, mas não o pastor (João 10:11-13).

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. O quão moderado você é quando é necessário lidar com conflitos e pessoas difíceis? Você é mais como o velcro (onde as coisas ficam pregadas) ou como o Teflon (onde as coisas deslizam e passam por você)? 2. Releia as listas de tipos de pessoas difíceis de Marshall Shelley e Les Parrott. Há um, ou alguns desses tipos de pessoas, sendo especialmente difícil para você lidar? Que habilidades você tem desenvolvido para lidar com tais pessoas? 3. Quando você leu o “Conflito É Universal”, e viu que Paulo teve múltiplos encontros com pessoas difíceis, como você reagiu? O que isso lhe diz sobre o modo como você lida com pessoas difíceis? 4. Volte e revise o ponto 5 (Quando Estiver Lidando Contra Dragões Não se Torne Um Deles). Como você está indo nessas áreas? 5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

64

London, Jr. H. B. e Wiseman, Neil B. Pastors at Greater Risk (Ventura, CA: Regal Books, 2008), 52. 65

Shelley, Marshall, Well-Intentioned Dragons (Waco, TX: Word Books, 1985), 11.

66

Ibid., 37-41.

67

Parrott, III, Les. High-Maintenance Relationships (Wheaton, IL: Tyndale House Publishers, 1996). 68

Shelley, Marshall, Well-Intentioned Dragons (Waco, TX: Word Books, 1985), 11.

69

Keith, Kent, Anyway: The Paradoxical Commandments: Finding Personal Meaning in a Crazy World (New York NY: G. P. Putman’s Sons, 2001), 16-17. 70

Dobson, James, What Wives Wish Their Husbands Knew About Women (Carol Stream, IL: Tyndale House Publishers, 1975) 146. 71

Ibid.

72

Shelley, Marshall, Well-Intentioned Dragons (Waco, TX: Word Books, 1985), 41-42.

73

Dale, Robert, Surviving Difficult Church Members (Nashville, TN: Abingdon Press, 1984), 35.

Capítulo Vinte e Quatro T

?

“Carregar um rancor é como ser picado até a morte por uma só abelha.” — William H. Walton Pensamento-chave: Viva livre da ofensa; deixe que os desafios do ministério possam torná-lo melhor, não mais amargo.

V

ocê já percebeu quantas histórias diferentes e referências existem na Bíblia sobre o povo de Deus encontrando situações envolvendo algum tipo de envenenamento?

• Êxodo 15 – Quando o povo de Deus encontrou as águas amargas de Mara, o Senhor mostrou a Moisés uma árvore. Quando ela foi lançada nas águas, elas se tornaram doces (a árvore prenunciava a cruz). • Números 21 – Serpentes no deserto que mordiam as pessoas. Deus direcionou Moisés a colocar uma serpente de bronze sobre uma haste, quem quer que olhasse para ela seria curado e viveria (veja João 3:14-15). • 2 Reis 4 – Eliseu e os filhos dos profetas estavam comendo guisado quando gritaram: “Existe morte na panela!” Eliseu disse

a eles coloquem farinha na panela, e “não havia nada nocivo na panela”. • Marcos 16 – Jesus disse que os Seus discípulos “pisariam em serpentes, e se eles bebessem alguma coisa mortal, não causaria dano algum”. • Atos 28 – Após o incidente do naufrágio, Paulo estava ajuntando gravetos para uma fogueira quando uma víbora “ficou presa em sua mão”. Os nativos esperaram Paulo morrer, mas ele sacudiu a serpente no fogo e não sofreu mal algum. Uma das primeiras coisas que observamos é que Deus está consistentemente providenciando aos Seus servos um antídoto, protegendo-os do envenenamento, e até mesmo transformou amargura em doçura. Mas, eu tenho de perguntar, por que tantas histórias sobre amargura e envenenamento? Existem algumas lições adicionais, princípios e aplicações que podemos extrair dessas histórias? Não quero espiritualizar em excesso essas histórias, mas estou ciente de que a vida é cheia dessas experiências que têm o potencial de nos amargar, enchendo-nos de ressentimento e nos deixando sentir a dor do arrependimento. Creio que Deus é tão interessado em sermos livres daquele tipo de envenenamento tanto quanto Ele protegeu o Seu povo nesses relatos bíblicos. Provavelmente todos já ouvimos a frase: “A vida o tornará amargo ou o tornará melhor”. Creio que a forma como damos respostas a Deus irá determinar se acabaremos temperados ou envenenados. Se alguém teve o direito (naturalmente falando) de sentir pena de si

mesmo, esse era Paulo. Ele fora fiel a Deus e ainda assim foi transportado para Roma como prisioneiro. Ele suportou a horrível e extensa tempestade no mar que resultou em um naufrágio, e teve de nadar para garantir sua sobrevivência. Estava frio e chovendo quando ele foi recolher gravetos para a fogueira, e então uma serpente o mordeu. Esse não era um bom mês para a carta de notícia do ministério de Paulo! Nessa situação vivida por Paulo, amo o fato de que ele não apenas sacudiu a serpente da sua mão no fogo, mas que pouco depois disso, ele colocou as mãos sobre o pai de Públius e ministrou cura para ele, assim como a muitos outros naquela ilha (Atos 28:1-9). Então, em vez de ser envenenado, Paulo sacudiu a cobra e terminou usando a mesma mão, a mesma que o inimigo tentou injetar veneno, para trazer bênção a outros. Paulo era verdadeiramente temperado pela graça, não envenenado pela adversidade! Quais são os potenciais venenos aos quais estamos expostos hoje? • Traição – alguém que você confiou e pensou que estava do seu lado se volta contra você. • Desapontamento – alguém não faz o que você esperava que fizesse e o deixa frustrado. • Promessas quebradas. • Rejeição. • Desrespeito. • Ingratidão – você busca ajudar ou servir a outra pessoa, mas

suas ações não são apreciadas e são desconsideradas. • Alguém é insensível a você ou falha em reconhecer as suas necessidades básicas • Crítica. • Alguém mente ou faz fofoca a seu respeito. • Alguém o mina, trabalhando contra você em vez de trabalharem por você. • Suas convicções e valores são desconsiderados. • Pessoas posicionam demandas irracionais e expectativas em você, e diminuem você quando não consegue cumpri-las. • Falsas acusações. Você é culpado por coisas que não são culpa sua. Todas essas coisas podem nos envenenar se nós permitirmos. Quando penso sobre como podemos reagir a tais mágoas trago à memória a história a seguir, bem conhecida, que provavelmente você já ouviu. (Não conheço o autor original.) • Sacuda e Suba • Certa vez, havia um fazendeiro que tinha uma velha mula. Um dia a mula caiu no poço do fazendeiro. O fazendeiro ouviu a mula zurrar, então ele correu para ver o que havia acontecido. Depois de cuidadosamente avaliar a situação, ele decidiu que nem a mula nem o poço valiam a pena ser salvos. Ao contrário, ele ajuntou os seus vizinhos, contou a eles o que acontecera, e os pediu para ajudá-lo a carregar terra para enterrar a velha mula no poço e acabar com seu sofrimento.

• No início, a velha mula ficou histérica! Contudo, enquanto o fazendeiro e seus vizinhos jogavam as pás de terra e a terra tocava as costas da mula... um pensamento lhe ocorreu. Repentinamente ela pensou que toda vez que a areia pousasse em suas costas ela poderia sacudi-la e subir sobre ela. • Então foi exatamente o que ela fez, pá após pá de areia. “Sacudir e subir, sacudir e subir, sacudir e subir”, ela repetiu para encorajar a si mesma. • Não demorou muito até que a velha mula ferida, suja e exausta pisasse para fora do poço. O que parecia que iria enterrá-la, na verdade, a abençoou, pela maneira como ela lidou com a adversidade. Como sabemos se somos temperados ou envenenados? Considere alguns dos seguintes contrastes:

O Que Podemos Fazer? • Tome uma decisão. Tome a decisão de que você deixará a vida temperá-lo, não envenená-lo! Alguém disse: “Você cria as suas decisões, e as suas decisões criam você”. • Ande no poder do perdão. Dale Carnegie disse: “Quando odiamos os nossos inimigos damos a eles poder sobre nós, poder sobre o nosso sono, o nosso apetite e a nossa felicidade. Eles dançariam de alegria se soubessem quanto nos preocupamos por causa deles. Nosso ódio não os machuca nem um pouco, mas ele transforma os nossos dias e as noites em tumultos infernais”.

• Viva livre da inveja e abrace uma vida de gratidão. A. W. Tozer disse: “Um coração grato não pode ser cínico”. • Monitore as suas expectativas. Elas são realistas? Muitas vezes, o senso de decepção que experimentamos é intensificado por nossas expectativas irrealistas. Por exemplo, se nós pensamos que tudo acontecerá sempre da nossa maneira e que todos irão nos tratar de forma agradável, estamos nos condicionando para a desilusão. • Veja a figura completa. Charles Noble disse: “Você precisa ter longo alcance para impedi-lo de ficar frustrado com falhas de pequeno alcance”. Em vez de focar em situações imediatas, precisamos considerar a perspectiva de longo alcance, especialmente as ramificações eternas das nossas vidas. Martin Luther King Jr. disse: “Precisamos aceitar decepções finitas, mas nunca podemos perder a esperança infinita”. Creio que todos esses princípios são parte de terminar o nosso curso com alegria! Que Deus ajude cada um de nós a nos tornarmos seguidores de Jesus bem temperados.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Você sente que tem sido capaz de ficar livre da amargura em sua vida? E quanto à autocomiseração? Se você já teve esses problemas em sua vida, quais foram os efeitos sobre você? Como você venceu e ficou livre dessas coisas? 2. Você sente que tem desenvolvido as habilidades da “velha mula”, ao lidar com circunstâncias negativas? 3. Refletindo sobre a citação de A. W. Tozer: “Um coração grato não pode ser cínico”, qual o seu nível de gratidão na vida? 4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

Capítulo Vinte e Cinco L

“Há tantas opiniões quanto existem especialistas.” — Franklin Delano Roosevelt Pensamento-chave: Líderes espirituais sábios aprendem como rejeitar o veneno da crítica, mas aprendem com ela, caso haja algo a ser extraído disso.

L

embro-me, quando eu era jovem, de assistir a certas modalidades olímpicas, como patinação e ginástica, em que os juízes faziam a contagem de pontos dos atletas. Existia

um painel de juízes de diferentes países, e eles sempre lançavam fora as notas mais altas e mais baixas para determinar a nota final. Pensei a respeito disso à luz do elogio e crítica (especialmente da crítica) que, às vezes, encontramos na vida. Não seria grandioso se nós pudéssemos nos tornar bem desenvolvidos em nossa habilidade de lançar fora a crítica injusta bem como a bajulação que inflama o ego? Você tem tido alguém no seu pé ultimamente? Você sente que alguém tem sido apontado como o “Apóstolo da Correção” em sua

vida? Você tem lidado com uma crítica injusta e desleal? Se a resposta for “sim”, para qualquer dessas questões, então creio que essa informação será útil para você. Se você aprender a lançar fora as notas mais baixas, então você será capaz de focar em quem você realmente é no que você foi chamado para fazer. Abraham Lincoln certamente teve de lançar fora as notas mais baixas, para liderar de forma bem-sucedida a nação durante a sua presidência. No museu de Lincoln, em Springfield, Illinois, existe uma área chamada “A Galeria do Sussurro”, que é uma galeria escura e distorcida onde vozes cruéis podem ser ouvidas falando contra o presidente. Essas paredes são forradas com artigos de jornais e charges políticas que atacaram caluniosa e cruelmente o presidente e a Sra. Lincoln de formas muito pessoais. A imprensa se referia a Lincoln como um “babuíno grotesco”, um “advogado do interior de terceira categoria” que uma vez dividiu os trilhos e agora divide a união, um “coringa grosseiro vulgar”, um “ditador”, um “macaco”, um “palhaço” e outros nomes depreciativos. Um dos jornais locais do seu estado até mesmo o chamou de “o político mais astuto e desonesto que já desgraçou uma secretaria nos Estados Unidos”.74 Como Lincoln respondeu a essa torrente de ataques? Ele disse: “Se eu estivesse tentando ler, ou muito menos responder, todos os ataques feitos a mim, este escritório poderia ser fechado e trocado por qualquer negócio. Faço o melhor que sei, o melhor que posso; e pretendo continuar fazendo até o fim. Se o fim me mostra que estou errado, dez anjos jurando que fiz o certo não fariam diferença. Se o fim me prova que estou correto, então o que é dito contra mim agora

não fará diferença alguma”.75 Se Lincoln tivesse guardado essas críticas no coração, eu não acho que ele poderia ter realizado os seus deveres como presidente. Biblicamente falando, Jesus era o objeto e o alvo de tanto ódio que Ele tomou posse de uma passagem do Antigo Testamento que diz: “Odiaram-me sem motivo” (João 12:15). Graças a Deus que Jesus permaneceu focado em continuar a Sua missão a despeito de opiniões e críticas de outros!

José Pense no rancor direcionado a José durante o início de sua vida. Seus irmãos o venderam para a escravidão. A esposa de seu chefe falsamente o acusou e o lançou na prisão. Um homem que José ajudou na prisão (o mordomo de Faraó) rapidamente esqueceu-se de José a despeito das promessas de lembrar-se dele. Se José tivesse guardado essas coisas em seu coração, ele poderia ter sido um homem muito amargo e desmoralizado. Em vez disso, Jacó disse sobre José: “Os flecheiros lhe dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem. O seu arco, porém, permanece firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo Pastor e pela Pedra de Israel” (Gênesis 49:23-24). Para ter sucesso, José teve de basear sua identidade e senso de destino em uma coisa, e somente em uma coisa: o desígnio de Deus para a sua vida. Ele não poderia alicerçar sua identidade ou senso de destino no modo como seus irmãos o tratavam, na maneira como a esposa de Potifar mentiu a respeito dele, em sua prisão ou no esquecimento do mordomo. A única maneira de vencer

o medo da rejeição é valorizarmos a constante aprovação de Deus acima da aprovação condicional das pessoas. As opiniões de outros simplesmente não podem ter permissão para reger as nossas vidas!

Davi Em algum momento, o jovem Davi teve de encarar as lanças que Saul havia lançado contra ele. Uma opção era internalizar o trauma e dizer: “Realmente deve ter alguma coisa errada comigo”. A partir desse ponto, sua vida poderia ter culminado em vergonha, inferioridade, autodúvida e humilhação. Se Davi tivesse feito isso, ele teria continuado uma vítima dos caprichos, das inseguranças e da paranoia de Saul. A outra opção era dizer a si mesmo a verdade e entender que as lanças eram lançadas contra ele devido ao problema que Saul tinha com ele mesmo. Isso teria feito Davi perceber que a ira de Saul não era um reflexo da sua dignidade ou valor, mas em vez disso, era meramente uma expressão da disfunção interna não resolvida do próprio Saul.

Paulo Outro personagem bíblico intensamente criticado foi o apóstolo Paulo. Até mesmo os crentes em Corinto registraram sua opinião inconstante sobre Paulo, relativo a outros ministros, fazendo de Paulo uma parte indesejada em uma briga de popularidade. Imagine o relógio correndo na borda da tela: “Se você considera Paulo melhor do que Apolo ou Pedro, disque 0800-SIM-PAULO”. Qual era a atitude de Paulo diante desses julgamentos? Ele não era movido

pelas críticas ou bajulações. Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. Porque de nada me argúi a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor. — 1 Coríntios 4:3-4 Pouco importa o que vocês pensem ou digam a meu respeito. Eu não me avalio. Nesse caso, os rótulos são irrelevantes. Desconheço algo que me desqualifique na minha tarefa para com vocês, mas isso não quer dizer muita coisa. O Senhor é quem faz este julgamento. — 1 Coríntios 4:3-4 (A Mensagem) Kenneth E. Hagin disse: “Paulo cresceu na graça a tal medida que procurou recomendar-se somente a Deus. Ele não era influenciado ou afetado pelo que outros pensavam dele. Ele não se colocava em prisão por causa de alguém. Isso não era uma independência carnal, mas uma dignidade santa. A lei do amor o governava. Ele não ficava facilmente ensoberbecido, nem era melindroso ou ressentido. Seu espírito, onde o amor de Deus foi derramado, o dominava. Crentes imaturos se sentirão menosprezados ou ensoberbecidos. Se eles são criticados, ou imaginam que estão sendo, ficam inquietos, apreensivos e com pena de si mesmos. No entanto, se eles são observados e apreciados eles se sentem exaltados e cheios de importância própria. Cristãos infantis são autoconscientes. E até mesmo conscientes do que os outros acham deles. Portanto, eles são infantilmente ‘inconstantes’ popularmente

falando. O crente maduro é consciente de Deus. E até mesmo consciente do que a Palavra de Deus diz sobre ele e para ele. Porque ele é capaz de testificar com Paulo: ‘É uma coisa muito pequena eu ser julgado por vós ou pelo julgamento do homem’, ele é livre para andar e dar voz as suas convicções”.76 Em um nível prático, deveríamos sempre estar abertos a melhorias. Isso pode envolver aprender e tirar vantagem até mesmo da crítica. Contudo, na essência de quem somos, nunca devemos permitir que qualquer crítica diminua o nosso valor intrínseco e infinito como filhos de Deus. Nunca devemos dar a outros o direito de rebaixar o nosso valor ou invalidar o nosso destino. Deus é Aquele que nos chamou, e Ele é Aquele a quem teremos que responder por último. O que pode nos fazer vulneráveis às críticas de outros? Com frequência, o medo do homem. Somos chamados para andar no temor reverente do Senhor, não para sermos intimidados e paralisados pelo medo do homem. Eu amo a atitude de Billy Sunday. Ele disse: “Se você acha que alguém vai me assustar, você não me conhece ainda”. Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no S está seguro. — Provérbios 29:15 Temer o homem vai além de temer o mal físico. Muitos temem rejeição, ridículo ou desaprovação. Alguns até mesmo tornam-se “viciados em aprovação”, perseguindo obsessivamente a aprovação

humana a qualquer custo, e remoendo ansiosamente o que outros pensam sobre eles. De fato, a versão A Mensagem parafraseia Provérbios 29:25: “O medo da opinião dos homens pode paralisar; a confiança no Eterno o protegerá disso”. Isso me faz pensar muito melhor o quanto o corpo de Cristo, crentes e líderes, têm sido paralisados e temos tido nosso potencial minimizado devido ao medo do homem. Um exemplo clássico de medo do homem é encontrado na maneira como certos indivíduos respondem a Jesus. Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus. — João 12:42-43 (NLT) Quando indivíduos são regidos pelo medo do homem, eles irão recolher suas próprias convicções e violar sua própria consciência. Podemos perceber a partir desse versículo (e talvez por meio das nossas próprias experiências e observações), que a pressão do grupo não afeta apenas adolescentes. Se somos vencidos pelo medo da opinião humana, é porque provavelmente temos magnificado o homem e minimizado Deus em nossos pensamentos. Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para que temas o homem, que é mortal, ou o filho do homem, que não passa de erva? Quem és tu que te esqueces do S , que te criou, que estendeu os céus e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do tirano, que se prepara para

destruir? Onde está o furor do tirano? — Isaías 51:12-13 Quando reverenciamos a Deus de forma apropriada em nossas vidas e entendemos que a opinião Dele é aquela que importa finalmente, iremos evitar o laço, a deficiência e a paralisia que vêm do servilismo diante da desaprovação do homem. Jesus demonstrou grande maturidade, até mesmo quando tinha 12 anos de idade. Quando Seus pais finalmente O acharam no templo, Maria falou com Jesus com muita emoção. Lucas 2:48 descreve sua fala: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura”. Nem todos respondem bem a tal declaração, mas a resposta de Jesus revela muito: • Ele não respondeu com arrogância. A arrogância teria dito: “Eu farei o que eu quiser, quando eu quiser, e como eu quiser e não quero mais nenhuma palavra sua”. • Ele não respondeu desculpando-se. Uma desculpa poderia ser: “Desculpe-me. Eu nunca farei algo para chateá-los”. • Ele não respondeu com assertividade. Jesus simplesmente disse (Lucas 2:49): “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” Jesus era tão seguro, calmo, confortável e confiante na aceitação e aprovação de Deus, que não precisou responder com arrogância ou se acovardar em intimidação.

Se estivermos inseguros sobre o amor e a aceitação do Pai, então tentaremos preencher esse vazio em nossas vidas com a aprovação das pessoas. O problema aparece quando reconhecemos que o amor e a aprovação do homem são tipicamente condicionais, inconstantes e temporais. Como resultado, nunca estamos verdadeiramente seguros porque o amor do homem é sujeito à mudança. Contudo, o amor de Deus é incondicional, imutável e eterno. Nele, achamos verdadeira segurança. Por isso é tão melhor para nós andarmos no temor reverente e admiração por Deus, do que ser uma “montanha-russa” emocional em busca da aprovação do homem. Deus disse: “Eu nunca os deixarei e jamais os abandonarei”. Portanto, sejamos corajosos e afirmemos: “O Senhor é quem me ajuda, e eu não tenho medo. Que mal pode alguém me fazer?” — Hebreus 13:5-6 (NTLH) Esse é o tipo de confiança que todo filho e servo de Deus deveria ter. É importante entender que a liberdade do medo do homem não envolve ter uma atitude altiva que diz: “Bendito seja Deus, eu não ligo para o que qualquer pessoa pensa ou diz sobre mim”. É tão maravilhoso ter segurança na aceitação de Deus que você não se encolhe diante da rejeição ou desaprovação humana. Contudo, é outra coisa ter uma atitude rebelde, arrogante, carnal e independente que o leva a descuidar e desrespeitar outros. Para entender apropriadamente qual deveria ser a nossa posição, não apenas precisamos observar a perspectiva de Paulo em 1

Coríntios 4:3 (... pouco me importa como eu posso ser avaliado por vós), mas também precisamos ouvir o sábio equilíbrio que ele expressou posteriormente no mesmo livro. Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Vivam de tal maneira que não prejudiquem os judeus, nem os não-judeus, nem a Igreja de Deus. Façam como eu. Procuro agradar a todos em tudo o que faço, não pensando no meu próprio bem, mas no bem de todos, a fim de que eles possam ser salvos. — 1 Coríntios 10:31-33 Paulo se contradisse? Sabemos que Paulo disse em outro lugar (Colossenses 3:22) para não sermos alguém que agrada às pessoas, mas agora ele descreve como ele sempre tenta agradar a todos. Isso pode parecer um tanto paradoxal, mas não é contraditório. Na verdade, Paulo está falando sobre duas questões diferentes. Em 1 Coríntios 10, Paulo não está descrevendo uma insegurança ou um medo alicerçado na perseguição pela aprovação para o seu próprio benefício, mas em vez disso, um esforço, fundamentado no amor, para servir a outros para o benefício deles. Observe os qualificadores de Paulo: • Primeiro, ele diz que deveríamos fazer as coisas para a glória de Deus. • Segundo, ele diz que deveríamos evitar ofender ou ser um obstáculo desnecessário que afasta as pessoas de Deus.

• Terceiro, vemos Paulo buscando agradar a outros (não apenas a ele mesmo). Ele faz isso não pelo seu próprio benefício pessoal (para satisfazer uma necessidade em sua própria vida), mas para o benefício de outros a fim de que eles possam ser salvos. Como você tem feito com as opiniões dos outros? Há algumas notas baixas, até mesmo vozes para diminuí-lo vindas do passado, que você precisa lançar fora? Tem existido alguma “conversa fiada” lançada no seu caminho que você precisa se levantar sobre ela? Há algum elogio, uma nota alta que você precisa ignorar? Lembre-se de que você é simplesmente quem Deus disse que você é e quem Deus o criou para ser. Você não tem razão para se sentir inferior, e nenhuma razão para se ensoberbecer. Você é uma pessoa de grande valor porque Deus diz que você é. Você tem um grande potencial porque Ele o tem presenteado e chamado. Ande nisso, e se mantenha livre da prisão do medo das pessoas.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Você tem aprendido a reconhecer e a evitar ficar soberbo por causa de um elogio? 2. Você já se encontrou incapacitado pelo medo da opinião humana? Como você venceu isso? 3. Quando você está lidando com um conflito, sua tendência é responder desculpando-se, agressivamente ou assertivamente? 4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura deste capítulo?

74

Phillips, Donald T. Lincoln on Leadership (New York, NY: Warner Books, 1992), 66.

75

Burlingame, Michael. The Inner World of Abraham Lincoln (Champaign, IL: University of Illinois Press, 1994), 193-194. 76

Hagin, Kenneth E. Growing Up Spiritually (Tulsa, OK: Faith Library Publications, 1976), 41-42.

Capítulo Vinte e Seis A “De que maneira? Em paz com o Pai, e em guerra com os seus filhos? Isso não pode ser.” — John Flavel Pensamento-chave: O ensino difundido por todo o Novo Testamento nos lembra de quanto valor Deus atribui à unidade e aos relacionamentos positivos no Corpo de Cristo.

C

ada trecho do Novo Testamento tem algo a dizer a respeito de como devemos nos relacionar com outras pessoas.

• Como devemos amar e tratar um ao outro (encorajando, edificando, etc.). • Como construir proativamente relacionamentos positivos com os outros. • Vemos indivíduos navegando através de relacionamentos difíceis, às vezes bem, outras vezes não tão bem. • Somos desafiados a vencer a inclinação de nos distanciarmos das pessoas. Façamos uma verificação rápida dos livros do Novo Testamento

para observar o que eles dizem acerca de nos relacionarmos bem uns com os outros. Às vezes, a referência é um mandamento. Em outros momentos, é uma observação ou descrição, mas o modo como nos relacionamos com os outros e o significado dos nossos relacionamentos interpessoais são um tema importante do Novo Testamento.

O Evangelho de Mateus 5:9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. 5:23-24 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. 18:15 Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.

O Evangelho de Marcos 9:50 Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros.

O Evangelho de Lucas 17:1-4 Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham

escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos. Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe.

O Evangelho de João 13:34-35 Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros. 17:20-23 (NTLH) Não peço somente por eles, mas também em favor das pessoas que vão crer em mim por meio da mensagem deles. E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste. A natureza divina que tu me deste eu reparti com eles a fim de que possam ser um, assim como tu e eu somos um. Eu estou unido com eles, e tu estás unido comigo, para que eles sejam completamente unidos, a fim de que o mundo saiba que me enviaste e que amas os meus seguidores como também me amas.

Atos 2:1 ...eles estavam todos em um acordo, em um lugar.

2:46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração. 4:32 Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. 20:30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.

Romanos 12:18 Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens... 14:19 Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.

1 Coríntios 3:3-4 ...porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; não sois apenas homens? 6:6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos! 11:18 Porque, antes de tudo, estou informado de haver divisões

entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. 13:4-7 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

2 Coríntios 12:20 Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferente do que esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos. 13:11 Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolaivos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.

Gálatas 5:14-15 Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos. 5:26 Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.

Efésios 4:1-3 Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. 4:31-32 Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.

Filipenses 1:27 Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica... 2:2-4 ...completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. 4:2 Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor.

Colossenses 3:12-13 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós...

1 Tessalonicenses 5:12-13 Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros...

2 Tessalonicenses 1:3 Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando...

1 Timóteo 1:4 ...promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé. 5:1-3 Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães;

às moças, como a irmãs, com toda a pureza. Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. 5:17 Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. 6:1 Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra o próprio senhor…

2 Timóteo 2:24-25 Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade.

Tito 3:1-3 Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens. Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.

Filemom

15-16 Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer no Senhor.

Hebreus 10:24-25 (AMP) consideremos e sejamos atenciosos, e cuidando continuamente de assistir uns aos outros, estudando como podemos avivar (estimular e incitar) o amor e obras úteis e atividades nobres, não esquecendo ou negligenciando o reunir juntos [como crentes], como é o hábito de algumas pessoas, mas admoestando (advertindo, instando e encorajando) um ao outro, e ainda mais fielmente enquanto vedes que o dia se aproxima. 12:14-15 Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela; muitos sejam contaminados...

Tiago 3:16-18 Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que

promovem a paz. 5:16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.

1 Pedro 3:8-9 Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança.

2 Pedro 1:5,7 ...reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé… a fraternidade...

1 João 2:10-11 Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos. 3:11-12 Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou?

Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. 4:20-21 Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.

2 João 5 E agora, senhora, peço-te, não como se escrevesse mandamento novo, senão o que tivemos desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.

3 João 5-8 Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; pois por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios. Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos cooperadores da verdade.

Judas 16 (NTLH) Esses homens estão sempre resmungando e acusando os outros. Eles seguem os seus próprios maus desejos, vivem se gabando e bajulam os outros porque são interesseiros.

19-20 São estes os que promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito. Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo.

Apocalipse 2:4 (NTLH) Porém tenho uma coisa contra vocês: é que agora vocês não me amam como me amavam no princípio. A Bíblia reconhece que relacionamentos são vias de mão dupla. Lembre-se do que Paulo falou em Romanos: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (12:18). Até mesmo em relacionamentos que não funcionam bem, alicerçados em decisões e ações de outros, nós podemos ainda assim manter o nosso coração correto, nos mantermos positivos e andar em amor. O ponto de partida é que podemos fazer a coisa certa e manter uma boa atitude, mesmo que a outra pessoa não queira. Nossa atribuição é fazer o melhor que pudermos a fim de cultivar e manter o melhor relacionamento possível.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Você já havia observado o quão extenso é o ensino sobre relacionamento ao longo do Novo Testamento? O que isso comunica sobre a forma como Deus valoriza a maneira que interagimos uns com os outros? 2. Qual versículo fala de forma mais poderosa com você sobre como Deus espera que nos tratemos e trabalhemos uns com os outros? 3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

Capítulo Vinte e Sete T

, (

)

“Nunca corte o que você pode desatar.” — Joseph Joubert Pensamento-chave: Aprender a trazer à tona o melhor das pessoas e relacionamentos é uma das mais importantes habilidades que um líder espiritual pode possuir.

Um Estudo de Caso Acerca da Insensibilidade Houve um tempo na História em que o reino de Israel se dividiu, mas muitos não se recordam de que evento promoveu essa divisão. A divisão ocorreu quando o rei Roboão demonstrou insensibilidade e dureza àqueles que estavam sob o seu cuidado e respondeu a eles grosseiramente. A influência de Roboão como um líder foi drasticamente diminuída por causa da sua falta de diplomacia e tato em lidar com as pessoas (ele perdeu 10 das 12 tribos). A parte mais triste foi que ele fora avisado por conselheiros sábios exatamente como se relacionar adequadamente com aqueles que estavam sob o seu cuidado (2

Crônicas 10:7): “Eles lhe disseram: Se te fizeres benigno para com este povo, e lhes agradares, e lhes falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre”. Em vez de responder ao povo severamente, Roboão teria sido sábio em atentar para as palavras de Provérbios 15:1: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Quebras de relacionamentos podem ocorrer por muitas razões, contudo, não queremos negligenciar e perder essa importante lição concernente a tato e diplomacia.

Mas Eu Não Quero Ser Alguém Que Agrada a Todos Muitos hesitam diante do pensamento de “agradar as pessoas”, porque eles pensam na falsidade da qual Colossenses 3:23 fala. Não querem ser como o líder artificial, bajulador, de duas caras que eles já viram falando com uma voz suave e agradável na tentativa de abrir seu caminho para o topo. Apesar disso, ainda existe um lado positivo em agradar as pessoas. Considere essas duas passagens dos escritos de Paulo: Assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos. — 1 Coríntios 10:33 Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.

— Romanos 15:2 O motivo para agradar as pessoas é a chave. Paulo não estava em uma briga pela popularidade (Gálatas 1:10), não estava obcecado em ser politicamente correto, ele não estava buscando agradar as pessoas para um ganho pessoal. Em vez disso, ele procurou edificar pontes que serviriam posteriormente para os propósitos do Reino. Ele foi muito deliberado e intencional nisso (veja 1 Coríntios 9:19-23).

Conteúdo, Tempo e Tato A comunicação efetiva, a qual é uma das nossas maiores ferramentas na edificação de relacionamentos positivos, envolve três componentes-chave: • Conteúdo (o que dizer) • Tempo (quando dizer) • Tato (como dizemos) Infelizmente, muitas pessoas parecem focar exclusivamente no conteúdo em sua comunicação, enquanto ignoram os componentes vitais de tempo e tato. O que dizemos (conteúdo) é importante, mas não nos foi dito apenas para falar a verdade, mas para falar a verdade em amor (Efésios 4:15). O amor não apenas considera o conteúdo ou a exatidão da mensagem, mas também considera o bem-estar do ouvinte e se preocupa o suficiente para buscar a

melhor maneira para comunicar a verdade. Neste capítulo, iremos falar do tato, e é essencial entender que até mesmo o melhor conteúdo pode ser minado significativamente se não exercermos a sabedoria e a sensibilidade em como o comunicamos. Tato é definido como: • Um senso apurado de o que dizer ou fazer para evitar ofender alguém. • Habilidade em lidar com situações difíceis ou delicadas. • Um senso apurado do que é apropriado, de bom gosto ou esteticamente agradável. • Sabor. • Discriminação. Ouvi rapidamente uma história imaginativa que ilustra o significado de tratar as pessoas com tato. Um rei chamou um de seus videntes para inquirir a respeito de seu futuro. O vidente respondeu: “Você viverá para ver todos os seus filhos mortos”. Ouvindo isso, o rei irou-se e ordenou que o vidente fosse morto. O rei então fez a um segundo vidente a mesma pergunta. Esse vidente disse: “Você será abençoado com uma longa vida, e morrerá em uma idade madura. Você viverá mais do que todos os da sua família”. O rei ficou satisfeito e galardoou esse vidente com ouro e prata. Ambos reportaram basicamente os mesmos fatos, mas apenas um deles teve tato na maneira de comunicar a mensagem.

Grande Sabedoria

Discutindo as razões por que ministros falham, Gordon Lindsay disse: “... uma das maiores causas de falha é a falta de delicadeza ou tato. Muitos ministros possuem todas as qualificações para o serviço, exceto uma. E por que eles não têm isso? Acontece em grande parte porque eles não tiram tempo para dominá-la. Tato é delicadeza para com outros; é sensibilidade à atmosfera do momento; é uma combinação de interesses, sinceridade e fraternidade, dando a outro companheiro um senso de bem-estar na sua presença. Em uma palavra, é o amor cristão, a prática da regra de ouro”.77 Oswald Sanders, outro grande líder espiritual, disse: “O significado original da palavra ‘tato’ se refere ao senso de toque, e veio a significar a habilidade em lidar com pessoas ou situações sensíveis. Tato é definido como ‘a percepção intuitiva, especialmente uma percepção rápida e fina do que cabe e é próprio e correto’. Isso alude à habilidade de alguém de conduzir negociações delicadas e assuntos pessoais de uma forma que reconhece os direitos mútuos, e ainda guia a uma solução harmoniosa”.78 J. G. Randall declarou: “Tato é uma quantidade de qualidades trabalhando mutuamente: compreensão da natureza humana, simpatia, autocontrole, um talento especial de induzir os outros a um autocontrole, evitar ser desajeitado, prontidão para dar a uma situação imediata uma mente compreensiva e um segundo olhar. Tato não é apenas bondade, mas uma bondade habilidosamente estendida”. Baltasar Gracian disse: “Cultive o tato, porque é a marca de

cultura… o lubrificante das relações humanas, suaviza contatos e minimiza fricções”. O comentarista bíblico Alexander Maclaren comentou: “Bondade faz uma pessoa mais atrativa. Se você quiser ganhar o mundo, façao derreter, e não o martele”. Outro sábio disse: “Tato é a arte de argumentar, sem fazer um inimigo”. Se alguma pessoa entendeu que era impossível agradar a todos, esse foi o presidente Abraham Lincoln. Ele guiou os Estados Unidos através dos dias mais difíceis e divididos. Entendendo a importância de manter bons relacionamentos sempre que possível e evitar todas as ofensas desnecessárias, Lincoln disse: “A nitidez de uma recusa ou a proximidade de uma censura podem ser anuladas por uma história apropriada de modo a poupar sentimentos feridos e ainda servir ao propósito”. Em outras palavras, Lincoln sabia que ele tinha de tomar decisões duras que nem todos concordariam, mas ele buscou comunicar aquelas decisões e posições de uma maneira que causasse o mínimo de dano, e que poderia esperançosamente facilitar relacionamentos positivos em seu intercurso. Considere os seguintes versículos que lidam com graciosidade na comunicação: • OS Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos (Isaías 50:4). • Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra

dita a seu tempo (Provérbios 25:11). • Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo (Provérbios 16:24). • Todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que lhe saíam dos lábios, e perguntavam: Não é este o filho de José? (Lucas 4:22). • A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um (Colossenses 4:6).

As Limitações do Tato Seria enganoso dar a impressão, contudo, de que a delicadeza e a diplomacia são varinhas mágicas que garantem o sucesso em todas as situações. O fato de que você faz a sua parte, exercendo sabedoria e graciosidade, não garante que outros irão agir automaticamente da forma que você gostaria que eles agissem. As pessoas se maravilharam com as palavras graciosas que foram proferidas por Jesus, mas Ele ainda assim foi crucificado. João foi conhecido como “O Apóstolo do Amor”, mas ele ainda acabou sendo exilado na ilha de Patmos. Independentemente da reação dos outros, se eles fazem a coisa certa ou não, continuamos com a responsabilidade de nos tornarmos os melhores comunicadores que pudermos, andando em bondade e sabedoria e fazendo tudo o que está em nosso poder, com a ajuda divina, para edificar os melhores relacionamentos que pudermos com as pessoas.

Que Deus nos dê sabedoria enquanto tomamos a decisão de que as nossas palavras irão ministrar graça para todas as pessoas que as ouvem.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Você em algum momento já experimentou a realidade de Provérbios 15:1 “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”? 2. Como você avalia suas próprias habilidades de tato e diplomacia? Se você precisa de melhorias, quais áreas você deve trabalhar especificamente? 3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

77

Lindsay, Gordon. The Charismatic Ministry (Dallas, TX: Christ for the Nations, Reimpressão, 1979) 11. 78

Sanders, J. Oswald, Dynamic Spiritual Leadership (Grand Rapids: Discovery House Publishers, 1999), 31.

A :

Capítulo Vinte e Oito E

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“O engano nunca se mostra na sua realidade nua, a fim de não ser descoberto. Ao contrário, ele se veste elegantemente, para que o incauto seja levado a crer que ele é mais verdadeiro do que a própria verdade.”79 — Irineu de Lyon Pensamento-chave: A sã doutrina e as práticas saudáveis devem ser a marca registrada de um líder espiritual que teme a Deus.

Q

uando reuni o material dos “assassinos de ministério”, percorri as duas epístolas escritas por Paulo a Timóteo para verificar se Paulo havia dirigido algo nessas áreas ao seu protegido, e ele o fez. Observe alguns versículos que representam cada uma dessas áreas: • O Ouro – “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1 Timóteo 6:10). • As Mulheres – “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração

puro, invocam o Senhor” (2 Timóteo 2:22). • A Glória – “... não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na mesma condenação do diabo” (1 Timóteo 3:6). • A Rotina – “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:1,3). • Os Estraga-prazeres – “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras” (2 Timóteo 4:14). Quando Walt Disney precisou dar nome a um personagem de desenho que seria doido, desajeitado e um pouco menos inteligente, ele escolheu o nome “Pateta”. Pateta é um sinônimo de ser tolo, excêntrico, bobo, ridículo ou grotesco. Então, usaremos esse termo para descrever crenças e práticas que são extremas, errôneas e desequilibradas. Comecei a fazer um levantamento das cartas de Paulo a Timóteo, a fim de localizar versículos acerca da tolice, e fiquei chocado ao descobrir que ele disse mais acerca da necessidade de uma doutrina sólida do que ele fez sobre outros “Assassinos de Ministério” juntos. Considere o seguinte: Peço que você continue na cidade de Éfeso, como já pedi quando estava indo para a província da Macedônia. Existem aí

nessa cidade alguns que estão ensinando doutrinas falsas, e você precisa fazer com que eles parem com isso. Diga a essa gente que deixe de lado as lendas e as longas listas de nomes de antepassados, pois essas coisas só produzem discussões. Elas não têm nada a ver com o plano de Deus, que é conhecido somente por meio da fé. Essa ordem está sendo dada a fim de que amemos uns aos outros com um amor que vem de um coração puro, de uma consciência limpa e de uma fé verdadeira. Alguns abandonaram essas coisas e se perderam em discussões inúteis. Eles querem ser mestres da Lei de Deus, mas não entendem nem o que eles mesmos dizem, nem aquilo que falam com tanta certeza. — 1 Timóteo 1:3-7 (NTLH) … um bispo (superintendente, supervisor) precisa... ser um mestre capaz e qualificado. — 1 Timóteo 3:2 (AMP) Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência... — 1 Timóteo 4:1-2 Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas… — 1 Timóteo 4:6-7 Enquanto você espera a minha chegada, dedique-se à leitura

em público das Escrituras Sagradas, à pregação do evangelho e ao ensino cristão. — 1 Timóteo 4:13 (NTLH) Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que ensina. Continue fazendo isso, pois assim você salvará tanto você mesmo como os que o escutam. — 1 Timóteo 4:16 (NTLH) Ensine e recomende estas coisas: se alguém ensina alguma doutrina diferente e não concorda com as verdadeiras palavras do nosso Senhor Jesus Cristo e com os ensinamentos da nossa religião, essa pessoa está cheia de orgulho e não sabe nada. Discutir e brigar a respeito de palavras é como uma doença nessas pessoas. E daí vêm invejas, brigas, insultos, desconfianças maldosas. — 1 Timóteo 6:2-4 (NTLH) Timóteo, guarde bem aquilo que foi entregue aos seus cuidados. Evite os falatórios que ofendem a Deus e as discussões tolas a respeito daquilo que alguns, de modo errado, chamam de “conhecimento”. Algumas pessoas, afirmando que tinham esse “conhecimento”, se desviaram do caminho da fé. Que a graça de Deus esteja com vocês! — 1 Timóteo 6:20-21 (NTLH) Tome como modelo os ensinamentos verdadeiros que eu lhe dei... guarde esse precioso tesouro que foi entregue a você. — 2 Timóteo 1:13-14 (NTLH)

Recomende essas coisas aos que você dirige e ordene severamente, na presença de Deus, que não briguem por causa de palavras. Brigar não é bom, pois somente prejudica os que estão presentes. Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação de Deus, como um trabalhador que não se envergonha do seu trabalho, mas ensina corretamente a verdade do evangelho. Evite os falatórios contrários aos ensinamentos cristãos, pois eles fazem com que as pessoas se afastem de Deus. As coisas que os falsos mestres ensinam se espalham como a gangrena. Dois desses mestres são Himeneu e Fileto, os quais abandonaram o caminho da verdade… — 2 Timóteo 2:14-18 (NTLH) Assim como Janes e Jambres foram contra Moisés, assim também esses homens são contra a verdade. Eles perderam o juízo e fracassaram na fé. Mas não irão longe, pois todos verão como eles são tolos. Foi isso que aconteceu com Janes e Jambres. — 2 Timóteo 3:8-9 (NTLH) Quanto a você, continue firme nas verdades que aprendeu e em que creu de todo o coração. Você sabe quem foram os seus mestres na fé cristã. — 2 Timóteo 3:14 (NTLH) Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver. — 2 Timóteo 3:16 (NTLH) Portanto, intensifique o trabalho de divulgação da mensagem e

seja vigilante. Desafie, advirta e insista com seus ouvintes. Não desista. Use linguagem compreensível. Você descobrirá que daqui a um tempo o povo não vai mais ter estômago para ensino sólido, no entanto se encherão de alimento espiritual estragado, mensagens cativantes que combinam com suas fantasias. Eles vão virar as costas para a verdade, vão trocá-la por ilusão. — 2 Timóteo 4:2-4 (A Mensagem) Paulo ensina a Timóteo clara e repetidamente que se levantar a favor da verdade da Palavra de Deus era uma das suas responsabilidades mais importantes. Quanto mais isso é necessário para os líderes hoje? Vivemos na era da informação, e os cristãos têm acesso a mais ensino e influência hoje do que em qualquer tempo da História. Ideias religiosas de todas as formas estão sendo divulgadas por meio de livros, televisão, rádio, revistas, CDs, downloads e podcasts. Perspectivas doutrinárias são apresentadas aos crentes até mesmo por intermédio dos meios de comunicação social, como o Facebook e Twitter. Os crentes estão sendo influenciados por inumeráveis vozes exteriores, e algumas dessas vozes não são sadias ou benéficas. É preocupante para pastores quando os membros das igrejas abraçam e começam a promover entusiasticamente desequilíbrios e visões erradas para outros dentro da congregação. Como líderes espirituais, queremos que o nosso foco primário seja a promoção proativa da verdade, não reativa, corrigindo o erro. Não queremos estar sempre apagando incêndios e ter reações instintivas para todas as ideias variantes que possam vir durante o caminho, ainda que essas questões precisem ser abordadas.

Alguns procuram minimizar a importância da doutrina (ensino), contudo, a doutrina é importante porque o que as pessoas acreditam eventualmente afetará o que elas fazem. Doutrina e prática estão interligadas. Quando Jesus dirigiu-se às igrejas primitivas na Ásia Menor, Ele disse que odiava a doutrina e as práticas dos nicolaítas (Apocalipse 2:6-15). O ensino libertino não é errado simplesmente porque ignora e viola os textos bíblicos concernentes à santidade e à piedade, mas também porque facilita e encoraja o comportamento pecaminoso e suas associações. O universalismo não é errado apenas porque contradiz uma grande parte dos ensinos bíblicos acerca de julgamento e a necessidade do novo nascimento. Isto também é errado porque remove a motivação para o evangelismo. Se nosso ensino afinal não estiver apontando para a obra consumada de Cristo e promovendo obediência à Palavra de Deus, então algo está errado. Paulo desejou para todos os crentes o que ele expressou para os efésios: “Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4:14). Quão seriamente Paulo considerou o tratamento e o dano em potencial de uma falsa doutrina? Considerando a sua admoestação aos líderes da igreja de Éfeso: Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos

vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrandovos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um. — Atos 20:28-31 Alguns anos atrás, fiz uma lista de algumas observações relacionadas aos ventos de doutrina. Aqui estão alguns pontos dessa lista: • O erro não está completamente errado. Às vezes, o maior engano está enrolado em um bom pedaço de verdade. • O erro capitaliza-se sobre as áreas que têm sido ignoradas ou negligenciadas pela igreja. • Os dois objetivos do diabo são que a igreja: (a) aceite o engano, ou (b) rejeite o verdadeiro sem aversão aos excessos e abusos envolvendo o engano. • O erro resulta no estabelecimento de uma consciência imprópria nas pessoas (por exemplo: mais foco nos demônios do que em Jesus, mais foco nas obras do que na graça, etc.). • O erro resulta no estabelecimento de uma dependência imprópria nas pessoas. • O erro ocorre quando existe uma ênfase maior sobre uma questão de menor importância, ou uma ênfase menor em uma questão de grande importância. • Com o erro, há com frequência um forte apelo feito para elementos privados e subjetivos para fundamentar a doutrina e

métodos (exemplo: “O Senhor me disse…”). Isso muitas vezes envolve uma revelação “exclusiva” e “superior”, a qual produz isolamento e alienação de outros. • Com o erro, princípios básicos da interpretação bíblica são com frequência ignorados e negligenciados. • Aqueles que promovem o erro com frequência recusam ter sua doutrina ou métodos julgados, ou se mostram ofendidos se questões são levantadas. Eles não demonstram o espírito aberto de Paulo (Atos 17:11). • Aqueles que promovem o erro com frequência precisam difamar e depreciar os seus oponentes. Além disso, aqueles que ousarem questionar a doutrina deles são rotulados de “perseguidores”. Eles são rápidos ao usar o título de mártires se os seus ensinos são desafiados. Que passos um ministro pode dar para permanecer equilibrado em seu ensino? • Estude! Teologia não é uma má palavra! O que é ruim é a má Teologia. Doutrina não é uma má palavra! O que é ruim é a má doutrina. • Precisamos estar enraizados e firmados nas grandes doutrinas da Bíblia. Se não estivermos estabelecidos nas grandes verdades da Palavra de Deus, então estaremos mais favoráveis à queda para a mais nova doutrina da “moda” que aparecer no caminho. • Adicionando à teologia, precisamos estar estabelecidos nos

princípios de hermenêutica, a interpretação apropriada da Bíblia. Estar fundamentados na hermenêutica irá nos encorajar a: —Ler as passagens bíblicas com o contexto histórico, cultural e teológico próprio (fique alerta sobre os ensinos que são apresentados sem um suporte neotestamentário sólido e significante). —Evitar falsas combinações (colocar passagens bíblicas juntas que não foram designadas para estar juntas). —Evitar colocar ênfase excessiva em um aspecto do texto bíblico, enquanto negligencia o aspecto complementar ou de equilíbrio da Bíblia. Mais importância nos importantes e menos nos assuntos menores! —Preste conta! Tenha bons amigos ministros com os quais você pode discutir questões. Encoraje-os a desafiá-lo, especialmente se você estiver considerando ensinar algo delicado ou controverso. —Não caia no orgulho e sinta que você está acima da prestação de contas ou correção, ou que as pessoas deveriam receber o seu ensino, por causa de quem você é. Lucas (ver Atos 17:11) elogiou os crentes em Bereia que examinavam “... as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim”. Eu tenho ouvido que alguns ministros menosprezam e diminuem pessoas por não aceitarem imediatamente o que elas estão dizendo, em vez de elogiá-las por estar conferindo se as coisas são de fato assim.

• Precisamos considerar o fruto ou a aplicação da nossa doutrina. Expressando uma profunda apreensão no que diz respeito à ingenuidade da igreja dos coríntios, Paulo disse (2 Coríntios 11:4): “Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou Evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais”. Observe que Paulo não estava meramente preocupado quanto ao falso evangelho, ou uma percepção distorcida de Jesus; ele estava preocupado sobre um espírito “diferente”. O Espírito Santo foi enviado para nos guiar a toda verdade. Espíritos religiosos e atitudes erradas precisam ser evitados tanto quanto a falsa doutrina. • Aprenda pela História! A história da Igreja é cheia de revelações sobre vários indivíduos e grupos que têm se mantido fora da pista. Nem todos que caíram no erro ou se tornaram desequilibrados eram pessoas malignas; muitos eram bons, pessoas sinceras que podem até mesmo terem começado bem antes de sair do curso. Em seu livro, John Alexander Dowie, Gordon Lindsay aborda os fatores que precederam a ruína de Dowie. Lindsay falou de hábitos de trabalho excessivos de Dowie que o deixaram exausto e o levaram a ter um julgamento prejudicado. Ele também disse que Dowie absteve-se de tomar conselhos com outros. Ao longo do tempo, Dowie desenvolveu o que Lindsay chamou de uma “fixação”, e disse que “praticamente toda falsa doutrina envolve uma fixação na mente da vítima que a abraça”. Lindsay disse: “O apóstolo Paulo

com frequência advertia os crentes a aderir à ‘sã doutrina’. A alternativa é montar algum ‘cavalo de pau’ ou descer na tangente que viola o espírito da verdade evangélica, dividindo assim o Corpo de Cristo”. Ele posteriormente disse: “Quão triste é ver um homem cujas habilidades, sem dúvida, poderiam ser grandemente usadas por Deus, que perdeu o interesse nas grandes verdades do Evangelho, a salvação de vidas, e se tornou obcecado com um ‘cavalo de pau’ que imobilizou seu talento para Deus, e reduziu o seu valor para Deus e para a humanidade…”80 O grande pioneiro pentecostal, Donald Gee, escreveu em “A voz da Cura”, em 1953: “Tantos de nós estamos [firmemente estabelecidos] em extremos. Se nós virmos algum raio da verdade nós o empurramos a tal extremo que nossa pressão constante contra ele torna-se ofensiva, vã e, por último, errônea. Se descobrimos alguma linha bem-sucedida de pregação nós a perseguimos a tal extensão que a tornamos nauseante e esgotada. Estamos sempre perdendo a genuína utilidade pela nossa falha constante em nos mantermos bem balanceados. Por fim, os homens perdem a confiança em nós, a nossa intemperança entristece o Espírito Santo, e somos lançados no ferro-velho dos servos rejeitados e inúteis”.

Mantenha um Bom Coração Gosto das palavras de Richard Baxter: Em essencial, unidade. Não essencialmente, liberdade.

Em todas as coisas, caridade. Motivados pela questão de manter a pureza doutrinária, alguns têm se tornado francamente mesquinhos. Eles se autonomeiam “caçadores de heresias” que são rápidos em julgar e condenar todos que discordam deles, até mesmo no que concerne a áreas não essenciais. Eles têm uma atitude de “eles estão certos e todos os outros estão errados”. Eles fizeram muito pouco para edificar outros para fazerem um trabalho construtivo no Reino de Deus, enquanto prosperam em demolir outros. O Dr. Bob Cook sabiamente disse: “Deus reserva o direito de usar pessoas que discordam de mim”. Lembro-me de ter ouvido uma história de um pregador ignorante, que no meio da mensagem, mencionou como o apóstolo Paulo e sua mulher, Silas, estavam na prisão em Filipos, e seu pobre filho Timóteo estava andando para cima e para baixo na rua chorando porque sua mãe e seu pai estavam na cadeia. No final de sua mensagem, ele fez um convite ao altar e seis pessoas vieram à frente e entregaram suas vidas a Jesus. Embora esse ministro tenha compreendido completamente errado quem era Silas e desconhecido o fato de que Timóteo era apenas filho espiritual de Paulo, ainda assim havia sobrado verdades suficientes em suas mensagens a respeito de Jesus, que o Espírito Santo foi capaz de alcançar os corações desses indivíduos. Deus é o “Deus da Verdade”, mas, às vezes, Deus trabalha a despeito de algumas doutrinas erradas que são misturadas. Se Deus tivesse de aguardar até toda a nossa doutrina estar 100%

perfeita antes de Ele poder nos usar, então nunca seríamos usados. É um erro sério pensar que porque alguém foi abençoado, isso automaticamente legitima 100% do que está sendo ensinando ou dá total validação ao ministério que está promovendo o ensino. Precisamos ser cuidadosos para que não desenvolvamos uma atitude de “combate”, e por causa disso falhemos em ver o bem na simplicidade das pessoas porque discordamos com uma parte do que elas estão dizendo. Um grande exemplo de um coração certo em ajudar outros pode ser encontrado na maneira que Priscila e Áquila responderam a Apolo. Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áquila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus. — Atos 18:24-26 Apolo era correto, tanto quanto ele conhecia, mas seu conhecimento era incompleto. Em vez de rotulá-lo como um falso mestre ou atacá-lo publicamente, Priscila e Áquila passaram tempo pessoalmente com Apolo e o ajudaram a entender algumas coisas com as quais ele não estava familiarizado ainda. Aparentemente, existiam algumas questões que Paulo acreditava que não deveriam ter sido o foco de argumentos minuciosos. Porque ele valorizava altamente a verdade, ele disse para uma

igreja: “Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá” (Filipenses 3:15). Paulo parecia satisfeito em apenas deixar Deus mostrar às pessoas algumas coisas ao longo do tempo, e não sentiu a necessidade de querer corrigir a todos sobre todo assunto pequeno. Contudo, em questões maiores, Paulo estava completamente pronto para lutar pela verdade do Evangelho, especialmente se era uma área que minava a significância da obra consumada de Cristo. Quando Paulo viu a fé dos crentes da Galácia sendo subvertida pelo legalismo, ele não se poupou, dizendo: Estou muito admirado com vocês, pois estão abandonando tão depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo e estão aceitando outro evangelho. Na verdade não existe outro evangelho, porém eu falo assim porque há algumas pessoas que estão perturbando vocês, querendo mudar o evangelho de Cristo. Mas, se alguém, mesmo que sejamos nós ou um anjo do céu, anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que temos anunciado, que seja amaldiçoado! Pois já dissemos antes e repetimos: se alguém anunciar um evangelho diferente daquele que vocês aceitaram, que essa pessoa seja amaldiçoada! — Gálatas 1:6-9 (NTLH) Um sábio cirurgião sabe quando irá ao fundo do problema até extirpar uma malignidade mortal, mas ele também sabe quando deixar uma pequena condição permanecer, uma que irá se resolver sem uma intervenção drástica. Podemos receber sabedoria e maturidade de Deus a fim de lidar com questões doutrinárias com o

mesmo tipo de sabedoria.

QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE 1. Paulo obviamente enfatizou para Timóteo a importância da verdade e da precisão no ensino. Isso continua essencial hoje? Por que sim ou por que não? 2. Como podemos nos posicionar fortemente em favor das verdades importantes sem sermos cruéis e desnecessariamente controversos a respeito de assuntos não essenciais? 3. Releia a lista das observações relativas aos ventos de doutrina e veja se algumas delas se destacam para você como sendo especialmente relevantes. Você acha que outros pontos poderiam ser incluídos nessa lista? 4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

79

González, Justo L. The Story of Christianity: The Early Church to the Dawn of the Reformation (New York, NY: Harper Collins Publishers, 2010), 69. 80

Lindsay, Gordon. John Alexander Dowie (Dallas, TX: Christ for the Nations, Reimpressão, 1980), 206-207.

Capítulo Vinte e Nove D V

E

C

P I

O A ?

F

“Aquele que aprendeu a discordar sem ser desagradável descobriu o mais valoroso segredo de um diplomata.” — Robert Estabrook Pensamento-chave: Líderes espirituais podem ser bondosos mesmo quando eles discordam. Nós podemos até mesmo aprender coisas por meio da discordância.

E

xiste uma grande lição em entender a formação de pérolas. Pérolas naturais são formadas quando um grão de areia ou outro objeto desliza entre as duas conchas da ostra. Devido à irritação natural provocada pela areia, a ostra encapsula o grão em camadas da secreção de madrepérola, e a pérola cresce em tamanho proporcional ao crescimento do número das camadas, formando uma joia. Então, da próxima vez que você se encontrar discordando de alguém (ou alguém discordando de você), pergunte a si mesmo: Estou apenas ficando irritado ou estou produzindo pérolas? A

sabedoria nos ensina a nos beneficiarmos das discordâncias e transformar cada incidente em uma experiência redentora de crescimento, não importando o quão irritante possa parecer a princípio. Heráclito, o antigo filósofo grego, disse: “O improvável é unido, e das diferenças resulta a mais bela harmonia, e todas as coisas tomam lugar pelos conflitos”. Minha reação natural à palavra “conflito” é recuar diante dela como algo ruim e indesejável. Certamente existe uma forma tóxica de conflito que destrói e fere; contudo, existe outro entendimento desse princípio que é bem menos ameaçador. Quando pessoas com bom coração discordam, mas são respeitáveis e ensináveis, isso pode ser benéfico para ambos. Esse é o tipo de vantagem que é derivada do princípio falado em Provérbios 27:17: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo”. Tenho visto homens maravilhosos em conflito a respeito de algo que discordam, mas porque eles mantiveram um coração aberto e não eliminaram um ao outro, eles se tornaram melhores amigos (ou uma grande amizade), e ambos aprenderam e foram acrescentados como um resultado do que eles aprenderam trabalhando por meio do conflito. George Whitfield teve um conflito afiado com John Wesley a respeito da questão calvinista-arminiana, embora quando Whitfield foi perguntado (antagonicamente) se ele pensava que veria John Wesley no céu, Whitfield respondeu: “Eu temo que não, porque ele estará tão próximo ao trono eterno e nós a tamanha distância, que dificilmente teremos uma visão dele”.

Cultivando a Arte do Conflito Redentor Estou maravilhado com a graciosidade, o caráter e a maturidade que foram demonstrados por Pedro depois de ter recebido a repreensão pública de um enfurecido apóstolo, Paulo. Paulo não apenas corrigiu a Pedro em frente à congregação em Antioquia, mas ele também relatou o evento em sua epístola aos Gálatas, o que resultou nesse conflito sendo revivido repetidamente por crentes em gerações incontáveis (Gálatas 2:11-14). Enquanto Paulo foi correto doutrinariamente, é admirável como Pedro respondeu tão humildemente. Inicialmente, ele provavelmente sentiu-se ferido e se irritou com a repreensão, mas isso é algo que nós podemos apenas especular a respeito. Contudo, nós sabemos que ele posteriormente deixou essa experiência torná-lo melhor, não o amargurou. Homens menores, que foram embaraçados, teriam provavelmente permanecido rancorosos e seriam levados a depreciar Paulo. Não obstante, Pedro permitiu que o conflito o amadurecesse e recusou deixar que ele o envenenasse. Em vez de agir com insegurança, Pedro posteriormente honrou e defendeu a Paulo: “E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2 Pedro 3:15-16). Quando eu era jovem, era extremamente importante para mim

“estar certo”. Quando eu me graduei na escola bíblica, eu era quase onisciente (ou pelo menos pensava ser), e estava alerta para derrotar qualquer crença ou ideia que não concordasse com a minha. À medida que eu cresci um pouco, é impressionante quão menos eu sei agora do que eu sabia trinta anos atrás! Continuo segurando firmemente certas crenças centrais, e acredito que isso seja importante. Contudo, aprendi a ser mais respeitoso com as crenças de outras pessoas, ideias e pontos de vista que podem não concordar com o meu. Em vez de vê-los como ameaças a derrotas, eu agora os enxergo como oportunidades de aprendizado. Tenho achado muito libertador abraçar a atitude (em muitos assuntos não essenciais relacionados a estilos, métodos, etc.): “Você não tem que estar errado para que eu esteja certo”. Muitos indivíduos sábios têm aprendido a beneficiar-se, crescer e aprender por meio do conflito, eles têm cultivado a arte do conflito redentor. Considere o seguinte: Nós encontramos conforto entre aqueles que concordam conosco, mas crescemos entre aqueles que discordam. — Sydney Harris Quando estamos debatendo uma questão, lealdade significa me dar sua opinião mais honesta, quer você pense que eu vou gostar quer não. Discordância nesse estágio me estimula. Mas uma vez que uma decisão foi tomada, o debate se encerra. Desse ponto em diante, lealdade significa executar as decisões como se elas fossem nossas. — Colin Powell

Tenha um amigo para lhe dizer as suas falhas, ou melhor ainda, acolha um inimigo que irá assisti-lo atentamente para feri-lo selvagemente. Que bênção tal crítica irritante será para um homem sábio, e que incômodo intolerável para um tolo! — Charles H. Spurgeon Em seu livro O Despertar da Graça, Charles Swindoll compartilhou as seguintes orientações para moldar a graça em tempos de discordâncias: • Sempre abra espaço para um ponto de vista oposto. • Se um argumento precisa ocorrer, não o assassine. • Se não for da sua forma, supere isso, siga sua vida. • Às vezes, a melhor solução é a separação. A respeito do quarto ponto, Swindoll citou Paulo e Barnabé, e disse: “Se eu não posso ir em frente com a forma que as coisas estão em um ministério em particular, eu preciso me resignar! Mas fazendo isso eu deveria não arrastar as pessoas para os meus conflitos não resolvidos porque as coisas não aconteceram do meu jeito. Se a separação é a melhor solução, fazer isso com graça é essencial”.81

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Como você fica quando precisa discordar com alguém sem ser desagradável? 2. Qual é a sua impressão de como Pedro foi tão gracioso em relação a Paulo, mesmo após Paulo tê-lo repreendido em público? 3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura deste capítulo?

81

Swindoll, Charles, The Grace Awakening (Dallas, TX: World Publishing, 1990), 190.

Capítulo Trinta O



“Faça de Cristo o diamante cravado em cada sermão.” — Charles Spurgeon Pensamento-chave: Manter Cristo central e supremo em nossas vidas e ministérios é um dos melhores protetores que os líderes espirituais podem ter.

C

ristocêntrico. Gosto desse termo. Simplesmente significa que o Senhor Jesus Cristo está no centro. Se a Bíblia ensina algo, é que Jesus é supremo, preeminente e central

em todas as coisas. Colossenses 1 na versão A Mensagem se refere a Jesus, dizendo que “... tudo começou nele e nele encontra propósito” (vs. 16, 19) Quando você olha para esses versículos em um contexto, você pode observar quão fortemente Paulo enfatiza a centralidade do Senhor Jesus Cristo. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na

terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia... — Colossenses 1:15-18 (NVI) Cada seção maior da Bíblia apresenta um aspecto diferente concernente ao caráter de Jesus, Sua pessoa e Sua obra. • O Antigo Testamento é uma preparação para Jesus. • Os Evangelhos são a manifestação de Jesus. • O livro de Atos é a propagação da mensagem de Jesus. • As epístolas são a explanação da obra de Jesus. • Apocalipse é a consumação do Reino de Jesus. Parece haver uma tendência em alguns de fazer tudo ser o centro, menos o Senhor Jesus. As pessoas com frequência ficam animadas a respeito de um ensino, um movimento, uma doutrina, uma causa, e depois dão maior ênfase àquela questão do que dão ao próprio Jesus. O que quer que ensinemos, deve ser fundamentado e centrado na Pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo, além disso, deve apontar para a Sua glória e honra.

“As Pessoas Ficam Entediadas com Jesus” Muitos dos meus amigos ministros lembram-se do pastor Sam

Smith. Sam e sua esposa, Donna, estabeleceram o Centro de fé Cristã, em Seekonk, Massachusetts, e pastorearam lá por muitos anos, antes de Sam se aposentar e partir para o céu. Sam era o tipo de cara sincero e prático, que amava ver as pessoas sendo salvas. Ele sempre comentava que infelizmente os ministros pareciam buscar todo tipo de novo vento de doutrina e ficar obcecados com as novidades, pulando de um extremo para o outro. Ele comentou: “As pessoas ficam entediadas com Jesus”. Que comentário triste, mas verdadeiro. Uma perspectiva cristocêntrica não quer dizer que não ensinemos outras verdades bíblicas; significa que mantemos Jesus no centro e sendo supremo em nosso ensino. Por exemplo: • É ótimo ensinar fé, mas precisamos lembrar que Jesus é o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2). • É importante ensinar graça, mas devemos lembrar que a graça que proclamamos não é nada menos que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo (Atos 15:11 e treze referências similares). • É maravilhoso ensinar escatologia, mas é a vinda de Cristo que estamos contando. • Adorar é maravilhoso, mas não adoramos o ato de adorar, adoramos a Jesus. • Liderança é ótimo, mas somente se estivermos liderando pessoas para um relacionamento mais próximo de Jesus e a um serviço mais efetivo para Ele. • É tremendo ensinar santidade, mas devemos lembrar que Jesus é a base e o recurso para a nossa santidade.

• Queremos proclamar e ver os dons do Espírito em operação, mas eles são para glorificar a Cristo. A história da igreja, por exemplo, testemunhou alguns grupos focados no batismo nas águas (e algumas crenças específicas e práticas sobre batismo), até a quase exclusão de outras ênfases importantes do Novo Testamento. Em vez do batismo no seu próprio contexto, um “altar” foi construído ao redor do batismo nas águas, e mais ênfase pareceu ser colocada sobre isso do que sobre o próprio Senhor Jesus Cristo. Batismo é importante; eu não estou contestando isso. Contudo, o batismo, em si mesmo (sem fé e foco em Jesus) é um mero ritual. Seu significado não existe separado do Senhor Jesus e é parte da nossa identificação com a Sua morte, sofrimento e ressurreição. Ele é o que faz o batismo importante. Da mesma forma, nós ouvimos ensinamentos a respeito de batalha espiritual e demonologia que magnificam os demônios e os poderes demoníacos mais do que o nosso Senhor Jesus Cristo. Qualquer ensino legítimo deveria nos tornar mais informados, conscientes e impressionados com Jesus, não com os inimigos que Ele destronou e derrotou.

Apegando-se ao Cabeça Paulo deu uma indicação de como ele reconhecia falsos ensinos (Colossenses 2:19). Ele disse que tais indivíduos são “... desgarrados do Cabeça”, e é uma referência direta ao Senhor Jesus. Outra versão declara: “... e eles não estão conectados a Cristo, o cabeça da Igreja”. Antes de ensinar ou receber

ensinamento, talvez devamos parar e fazer algumas perguntas: • Como isso está relacionado a Jesus, o Cabeça? • Como isso está conectado e como isso nos conecta a Ele? • Como isso glorifica, honra e exalta a Ele? • Esse ensino realmente reflete e representa as Suas palavras, a Sua obra e a Sua natureza? Jesus certamente não era tímido ou acanhado acerca de declarar a Sua própria centralidade; contudo, não havia nenhuma arrogância ou orgulho Nele. Jesus simplesmente sabia quem Ele era, e o que Ele tinha vindo realizar. Considere o seguinte: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito”. — João 5:39 (NVI) “... eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. — João 14:6 “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.” — Lucas 24:27 “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o

Fim.” — Apocalipse 22:13 Se alguém mais fizesse tais afirmações, nós estaríamos horrorizados diante da sua grandeza delirante e seu narcisismo exagerado, mas Jesus estava meramente falando a verdade. Ser cristocêntrico em uma teologia não exclui ou diminui a importância do Pai ou do Espírito Santo. Não somente o Espírito Santo deu poder para Jesus para o ministério (Atos 10:38), mas Jesus disse: “... quando o ajudador vier... o Espírito da verdade... Ele testificará de mim” (João 15:26). João 16:14 diz que o Espírito Santo trará glória para Jesus revelando para nós o que quer que Ele (o Espírito Santo) receber de Jesus. O Pai também chamou atenção para Jesus quando disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Além disso, em Hebreus 1:6 e 9, nós lemos mais do testemunho de Deus Pai acerca de Jesus: • “E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”. • “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.” A descrição de Paulo da forma pela qual Deus Pai honrou Jesus é ilustre:

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. — Filipenses 2:9-11 Podemos descansar seguros de que não há tensão, atrito, inveja ou competição entre os membros da Trindade; Eles trabalham em absoluta e perfeita harmonia. Quando você exalta a Jesus, você também está honrando o Pai e o Espírito. A Bíblia revela quão infalível é o senso de trabalho em equipe Deles quando nós aprendemos que o dia está vindo: “E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder” (1 Coríntios 15:24). Faríamos bem em seriamente considerar se o que nós ensinamos está realmente atraindo pessoas a Jesus e exaltando-o como Ele merece, ou se somos culpados por disseminar distrações e diversões doutrinárias. Estamos trazendo clareza ou confusão no que diz respeito à Sua glória, centralidade e preeminência? Jesus não é algo que usamos para conseguir qualquer coisa. Em outras palavras, não meramente um “fim para os meios”. Jesus é o nosso “meio” e o nosso “fim”. Ele é “o caminho!”, Ele é o nosso “Destino!” Que você seja ricamente abençoado enquanto se apega a Cristo, o Cabeça, e enquanto você mantém o Senhor Jesus como centro de tudo que você faz e diz.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE 1. Você já ficou “entediado de Jesus”, e enfatizou mais outros assuntos do que Ele? Você o tem mantido no centro da sua vida e ministério? 2. É possível ensinar outros tópicos e ainda manter Jesus exaltado e supremo no que você ensina? Como isso é feito? 3. Qual foi a principal revelação que você obteve ao ler este capítulo?

Capítulo Trinta e Um A “Amor é a soma de todas as virtudes, e o amor nos dispõe para o bem.” — Jonathan Edwards Pensamento-chave: Líderes que operam nos mais altos níveis de qualificação são aqueles que mantêm o seu caminho no amor — amando a Deus e aos outros — diante de todas as suas decisões e ações.

E

screvendo estas páginas, venho continuamente ponderando: o que todos os jovens líderes espirituais precisam saber para serem mais efetivos, mais qualificados? Existem tantas coisas que poderiam ser enumeradas, até coisas práticas como maneiras, cortesia, verdadeiramente ser respeitoso e valorizar os outros, escrever cartas de agradecimento, e tantas outras coisas. Pensei no comentário de Paulo para o jovem Timóteo: “Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (1 Timóteo 3:1415).

Saber como se conduzir na casa de Deus enquanto estamos fazendo as coisas Dele é grandioso! Mas se existe algo que deveria ser ressaltado no final é a lei final de Deus — a lei do amor. Paulo disse: “O amor nunca falha” (1 Coríntios 13:8), e aqueles que desejam resultados de um verdadeiro ministério duradouro deveriam ter certeza de que o amor — o amor de Deus — é a base e a essência de tudo que eles fazem. Quando Jesus foi questionado a respeito do mandamento mais importante, Ele respondeu: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:37-39, NVI). Em vez de procurar manter dúzias de regras, Paulo instruiu os crentes do Novo Testamento a se concentrarem na lei de Deus, a lei do amor. Ele disse: A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor. — Romanos 13:8-10 Quero que foquemos a parte do versículo 10 que diz: “O amor não pratica o mal contra o próximo”. Se nós verdadeiramente andamos

em amor, não traremos mal ou prejuízo aos outros; o amor sempre busca edificar a outra pessoa. Se uma pessoa estiver andando em amor, ela não se envolverá em fofocas destrutivas, ela não enfraquecerá outra pessoa ou mentirá sobre ela. Tiago disse que a lei do amor iria ser a base pela qual seríamos julgados: Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem; se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguídos pela Lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a Lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade. — Tiago 2:8-12 Enquanto você busca plano de Deus, talvez perguntará seja esta: o fora de ética se o amor suas decisões e ações.

conduzir-se apropriadamente em cumprir o a questão mais importante que você se que o amor faria? Você não se conduzirá — o amor do tipo de Deus — governar as

Aqui está uma lista inspirada em como o amor age: O amor dura muito e é paciente e bondoso; o amor nunca é invejoso nem ferve de ciúmes, não é orgulhoso nem vanglorioso, não se apresenta altivamente. Não é vaidoso (arrogante e inflado com orgulho); não é rude

(sem modos) e não age indecorosamente. O amor (o amor de Deus em nós) não insiste nos seus próprios direitos ou na sua própria maneira, porque não é egoísta; não é irritável ou irascível ou ressentido; não leva em conta o mal feito contra ele [não presta atenção a um sofrimento]. Não se regozija com a injustiça e a perversidade, mas se regozija quando o certo e a verdade prevalecem. O amor resiste a tudo e a qualquer coisa que venha, está sempre pronto para acreditar no melhor de cada pessoa, suas esperanças não se findam sob qualquer circunstância, e dura sobre todas as coisas [sem enfraquecer]. O amor nunca falha [nunca acaba ou se torna obsoleto ou chega a um fim]... — 1 Coríntios 13:4-8 (AMP) Não é suficiente concordar somente mentalmente com esses versículos e dizer: “Sim, isso é o que o amor faz”. Deus quer que nós sejamos transformados e governados pelo Seu amor e que nós sejamos capazes de dizer: “Sim, é assim que eu sou. É assim que eu vivo a minha vida porque eu permito o amor de Deus, a Palavra de Deus e o Espírito de Deus governarem todas as minhas decisões e ações”. Outra forma de avaliar como nós estamos é olhar para o que tem sido chamado como “A regra de ouro”. Amo a forma como a versão A Mensagem parafraseia esta frase de Jesus: “Aqui está um guia simples e objetivo de conduta: pergunte a você mesmo o que quer que os outros façam a você, e, então, faça o mesmo a eles!” — Lucas 6:31 (A Mensagem)

Faça a si mesmo a seguinte pergunta: “É dessa forma que eu gostaria de ser tratado se a situação fosse reversa? Gostaria que alguém falasse de mim, ou me fizesse o que eu tenho falado e feito?” Alguém poderia listar milhares de faça e não faça, mas nunca haveria regras suficientes e regulamentos para cobrir todas as situações. Mas se pudermos aprender como andar no Seu amor, ser governados pela Sua Palavra e Espírito, e verdadeiramente andar em sabedoria, nós tomaremos as decisões corretas e faremos aquilo que glorificará a Deus e ajudará as pessoas. A congregação romana a que Paulo dirigiu as suas palavras era composta de pessoas de diferentes experiências, e tais diferentes experiências estavam causando que os crentes tivessem convicções divergentes a respeito de algumas questões não essenciais. Quando Paulo chega ao capítulo 14 de Romanos, ele fala aos crentes de lá sobre não julgarem uns aos outros, para não empurrarem as suas próprias convicções uns nos outros e que não se tratassem de uma forma que faria que os irmãos mais fracos caíssem. Isso significaria algumas vezes sacrificar as preferências pessoais de alguém em favor do que era melhor para o outro. Paulo faz uma afirmação dramática a respeito daqueles que buscam agradar em primeiro lugar ao Senhor: “Honre o seu irmão em segundo, e coloquem suas preferências pessoais em último”. Ele diz: “... e quem está nesse caminho devotadamente servindo a Cristo, Deus tem prazer nele e os homens o elogiam” (Romanos 14:18, versão de Weymouth). Não consigo pensar em uma expressão maior de ser qualificado

do que isso. Buscando a honra e a glória do Senhor primeiro, e buscando o benefício e a edificação dos outros em segundo. Oro para que todos nós possamos correr as nossas respectivas carreiras para que, quando tudo tiver sido dito e feito, Deus tenha tido prazer em nós e os homens nos elogiem.

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Deus o ama, não importa quem você seja, não importa o seu passado. Deus o ama tanto que deu o Seu Filho unigênito por você. A Bíblia nos diz que “... todo aquele que Nele crê não perecerá, mas terá a vida eterna” (João 3:16). Jesus entregou a Sua vida e ressuscitou para que pudéssemos passar a eternidade com Ele no céu e experimentar o Seu melhor na Terra. Se você deseja fazer de Jesus o Senhor da sua vida, faça a seguinte oração em voz alta e de todo o seu coração. Querido Pai Celestial, Eu venho a Ti em Nome de Jesus. Tua Palavra diz: “... aquele que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37), de modo que sei que Tu não me lançarás fora, mas me receberás e eu Te agradeço por isso. Tu disseste na Tua Palavra: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Romanos 10:13). Estou invocando o Teu Nome, por isso sei que Tu me salvaste agora. Tu também disseste: “... se com a tua boca confessares o Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o levantou dentre os mortos, serás salvo. Pois com o coração se crê para a justiça; e com a boca se confessa para a salvação” (Romanos 10:9-10). Creio em meu coração que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Creio que Ele foi ressuscitado dentre os mortos para a minha justificação, e confesso-o agora como meu Senhor.

Porque a Tua Palavra diz: “... com o coração se crê para a justiça...” e eu creio em meu coração, agora tornei-me a justiça de Deus em Cristo (2 Coríntios 5:21)... E estou salvo! Se você fez a oração para receber Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, entre em contato conosco em www.harrisonhouse.com para receber um livro gratuitamente. Ou você pode escrever para: Harrison House. P.O. Box 35035. Tulsa, Oklahoma 74153.

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O mestre da Bíblia e autor Tony Cooke tem servido ao Corpo de Cristo em diversas áreas desde 1980. Sua paixão pelo ensino da Bíblia levou-o a mais de 45 estados e a 26 nações. Seu website (www.tonycooke.org) alcança pastores, missionários e outros líderes da igreja em mais de 180 países com recursos ministeriais encorajadores e úteis. Tony esteve envolvido no ministério pastoral por mais de vinte anos, e serviu como instrutor e reitor do Rhema Bible Training Center. Ele também serviu por treze anos como diretor da International Ministerial Association. Desde 2002, Tony e sua esposa Lisa têm viajado em tempo integral com a missão de “fortalecer igrejas e líderes”. Além de ter se graduado em 1981 pelo Rhema Bible Training Center, Tony estudou religião na Butler University e recebeu o título de Bacharel em Ministérios Eclesiásticos na North Central University. Tony e sua esposa Lisa moram em Broken Arrow, Oklahoma, e são pais de dois filhos adultos, Laura e Andrew. Para receber ensinamentos mensais gratuitos de Tony Cooke, visite www.tonycooke.org e inscreva-se.