Ritual de Emulacion

RITUAL DE EMULAÇÃO A Maçonaria Inglesa no Brasil Colaboração: Ronaldo Camillo Rosa fontes FABIO MENDES PAULINO RITU

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RITUAL DE EMULAÇÃO A Maçonaria Inglesa no Brasil

Colaboração: Ronaldo Camillo Rosa fontes

FABIO MENDES PAULINO

RITUAL DE EMULAÇÃO História e Generalidades do Sistema de Trabalho Maçônico baseado no Ritual de Emulação. Manual Ritualístico e de Procedimentos.

1ª edição (Revista e atualizada em 2012)

Sorocaba-SP Edição do Autor 2010

RITUAL DE EMULAÇÃO – A Maçonaria Inglesa no Brasil Copyright © 2010-2012, Fabio Mendes Paulino. Capa, diagramação e ilustrações: Fábio Mendes Paulino Publicação e venda: Clube de Autores – www.clubedeautores.com.br Impressão: AlphaGraphics – www.alphagraphics.com.br Original revisado em: 22.02.2012 (Publicado em fev./2010; aproximado da Nova Ortografia em 2012 ).

Paulino, Fábio Mendes RITUAL DE EMULAÇÃO – A Maçonaria Inglesa no Brasil. História e Generalidades do Sistema de Trabalho Maçônico baseado no Ritual de Emulação. Manual Ritualístico e de Procedimentos / Fábio Mendes Paulino. Sorocaba (SP): Editado pelo Autor, 2010. Revisado em 2012. 216 p. ISBN 978-85-910509-0-1 Inclui fontes e bibliografia 1. Maçonaria – História - Generalidades. 2. Rituais – Procedimentos 3. Outros. I. Título. CDD 360

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissão expressa do autor, o editor desta obra. (Lei n.º 9.610, de 19.2.98). Todos os direitos desta edição reservados ao Editor: Fábio Mendes Paulino Ritual de Emulação – A Maçonaria Inglesa no Brasil www.ritualemulacao.com [email protected]

DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTOS

Aos Irmãos, José Alfredo Ferreira Braga, por sua iniciativa e seu empenho em mostrar-me a verdadeira luz na maçonaria regular. Por seu pedido e incentivo de me fazer estudar o Ritual de Emulação, e pela paciência em nossas discussões. Ronaldo Camillo Rosa Fontes, especialmente, por sua dedicação em realizar alguns dos estudos em conjunto sobre o Ritual de Emulação, pelo esforço em adquirir obras raras e tão necessárias às nossas pesquisas e por ser um verdadeiro Irmão no mais sublime sentido da fraternidade maçônica, nas horas em que se faz necessária a sua irmandade. Dennys Dayan Daher, por ser um Irmão extremamente fraterno e confiável, ter apoiado e incentivado esta obra e se dedicado diariamente à boa prática do Ritual de Emulação. O Autor. Fevereiro de 2010.

CONTEÚDO

DA

OBRA

PREFÁCIO DO AUTOR ............................................................................................. 11 PREFÁCIO DO AUTOR À EDIÇÃO REVISADA ....................................................... 15 CAPÍTULO 1: A MAÇONARIA INGLESA ................................................................. 17 1.1. O QUE É MAÇONARIA SEGUNDO A UGLE ................................................... 18 1.2. COMO SE TORNAR UM MAÇOM NA INGLATERRA .......................................... 21 1.3. RELAÇÃO ENTRE A MAÇONARIA E RELIGIÃO ................................................. 23 1.4. BREVE HISTÓRICO SOBRE A FRANCOMAÇONARIA BRITÂNICA ............................ 26 1.5. O “COWAN” E A MAÇONARIA REGULAR .................................................... 41 CAPÍTULO 2: RITUAL DE EMULAÇÃO ................................................................... 47 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2.5.

O QUE É RITO? ..................................................................................... 47 O QUE É RITUAL? .................................................................................. 48 POR QUE RITUAL DE EMULAÇÃO? ............................................................. 49 A TRADIÇÃO DO RITUAL DE EMULAÇÃO ...................................................... 58 O RITUAL DE EMULAÇÃO NO BRASIL E A CONFUSÃO COM O RITO DE YORK........ 60

CAPÍTULO 3: OS OFICIAIS NO RITUAL DE EMULAÇÃO ..................................... 67 3.1. OS OFICIAIS PROGRESSIVOS ..................................................................... 68 3.2. OS OFICIAIS NÃO-PROGRESSIVOS .............................................................. 85 3.3. O SISTEMA DE ESCRUTÍNIO/VOTAÇÃO ...................................................... 109 CAPÍTULO 4: A SALA DA LOJA NO RITUAL DE EMULAÇÃO ............................ 123

4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. 4.6. 4.7. 4.8.

LOJA OU ALOJAMENTO? ....................................................................... 123 A SALA DA LOJA .................................................................................. 125 ORIENTE E OCIDENTE VS. LESTE E OESTE .................................................. 128 O POSICIONAMENTO DA LETRA “G”........................................................ 129 O POSICIONAMENTO DA TÁBUA DE DELINEAR ........................................... 130 OS CASTIÇAIS...................................................................................... 134 “ESQUADRAR” A LOJA .......................................................................... 134 O SIMBOLISMO EM RESUMO .................................................................. 135

CAPÍTULO 5: O TRAJE, AS JÓIAS E INSÍGNIAS MAÇÔNICAS .......................... 139 5.1. O TRAJE EM LOJA................................................................................. 139 5.2. AS INSÍGNIAS (PARAMENTOS) MAÇÔNICAS ................................................ 141 5.3. A PREPARAÇÃO DO CANDIDATO E O USO DE PIJAMAS .................................. 150 CAPÍTULO 6: AS SESSÕES E AS CERIMÔNIAS .................................................. 153 6.1. AS SESSÕES EM LOJA ............................................................................ 153 6.2. AS CERIMÔNIAS EM LOJA ...................................................................... 156 CAPÍTULO 7: RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA ............. 165 7.1. ABERTURA E ENCERRAMENTO DA LOJA .................................................... 165 7.2. O USO DA REVERSÃO ENTRE OS GRAUS..................................................... 166 7.3. PROCISSÃO DE ENTRADA ....................................................................... 168 7.4. DISPONIBILIZAÇÃO DA CARTA CONSTITUTIVA ............................................ 169 7.5. O VOLUME DA LEI SAGRADA.................................................................. 170 7.6. ENTRADA DE RETARDATÁRIOS ................................................................ 172 7.7. LEITURA E CONFIRMAÇÃO DAS ATAS ........................................................ 173 7.8. O USO DO SINAL ................................................................................. 174 7.9. ORDEM DO DIA ................................................................................... 175 7.10. ENSAIOS .......................................................................................... 176 7.11. CHAMADA PARA O DESCANSO E PARA O TRABALHO .................................. 177 7.12. OS TRÊS LEVANTAMENTOS ................................................................... 178 7.13. A FRASE FINAL DO V.M.I. E O SN. QUANDO PRONUNCIADO F.F.F. .............. 179 7.14. PROCISSÃO DE SAÍDA ......................................................................... 180

CAPÍTULO 8: PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS ................................................ 183 8.1. 8.2. 8.3. 8.4. 8.5. 8.6. 8.7.

A SAUDAÇÃO E O APLAUSO .................................................................... 183 COLETA PARA CARIDADE........................................................................ 184 PALAVRA SEMESTRAL ........................................................................... 186 O JANTAR FESTIVO (FESTIVE BOARD) ...................................................... 187 AS PRELEÇÕES .................................................................................... 196 O INSTRUTOR DA LOJA.......................................................................... 202 A LOJA DE INSTRUÇÃO .......................................................................... 206

CAPÍTULO 9: RELAÇÃO ENTRE O OFÍCIO E O SANTO ARCO REAL ............... 209 9.1. 9.2. 9.3. 9.4.

HISTÓRIA ........................................................................................... 210 SANTO ARCO REAL COMO UMA EXTENSÃO DO OFÍCIO ................................ 210 A LENDA DA CERIMÔNIA ....................................................................... 211 A ORGANIZAÇÃO ................................................................................. 211

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 213

Prefácio do Autor

ingressei na Maçonaria, esta tão sublime Ordem da Quando qual tenho enorme orgulho de pertencer, o fiz no R.E.A.A., porém, infelizmente numa Loja não regular. Por sorte, ou pura Obra do Grande Arquiteto do Universo, posso dizer que fui resgatado por um irmão que empenhou-se a me trazer à regularidade maçônica. Esta regularização, após os trâmites legais e maçônicos, deu-se justamente em uma Loja do Ritual de Emulação, que em princípio me foi apresentada como praticante do “Rito de York”. Ao me fazer o convite para ser regularizado em sua Loja, este irmão fez questão de observar que eu encontraria muita diferença do REAA para o erroneamente chamado “Rito de York”, na verdade, o Ritual de Emulação. Após meu ingresso, este mesmo irmão, tendo notado em mim e em outro irmão uma aptidão para pesquisar, nos solicitou uma pesquisa a respeito do Ritual de Emulação, a fim de apurarmos certas imperfeições e impropriedades nos rituais que eram fornecidos às Lojas deste sistema de trabalho maçônico, pela Potência a que elas eram subordinadas. Durante mais de um ano pesquisamos a fundo o Ritual de 11

R I T U A L D E E M U L A Ç Ã O - A Ma ço n a r ia In g l e s a n o Bra s il

Emulação, e não encontrando fontes confiáveis em literatura brasileira, por conter vícios, até que entendíveis do R.E.A.A., fomos à fonte, ou seja, buscamos literatura britânica sobre o Ritual de Emulação, preferencialmente de membros da Emulation Lodge of Improvement, que a esta altura já conhecíamos sua autoridade sobre as questões do Ritual de Emulação, por ser a curadora deste. No final de mais de um ano de pesquisa, aquisição de livros importados da Inglaterra, e dezenas de e-mails trocados com irmãos de Lojas Inglesas – jurisdicionadas diretamente à Grande Loja Unida da Inglaterra – ao redor do mundo, apresentamos, em Dezembro de 2008, à nossa Loja e à Potência – diretamente em Brasília – uma tradução dos três rituais da loja base (Aprendiz, Companheiro e Mestre) diretamente do Ritual da Emulation Lodge of Improvement com todas as fundamentações, explicações e adaptações para o Brasil, e principalmente dos erros que os rituais brasileiros continham. Resultado: nem sequer um telefonema ou e-mail recebemos. Em 2009 foram editados novos rituais por esta Potência, com os mesmos erros dos rituais anteriores, a começar pela estúpida insistência infundada de chamá-lo de “Rito de York”. Não posso negar, houve um descontentamento e uma frustração muito grandes, uma sensação muito grande de abandono e completo descaso. Em seguida resolvi fundar um site para poder divulgar minhas pesquisas, o RITUAL DE EMULAÇÃO – A Maçonaria Inglesa no Brasil (www.ritualemulacao.com), e assim poder ajudar outros irmãos que compartilhassem deste sentido de querer trabalhar no ritual o mais correto possível, mas que não encontravam amparo e fidelidade nos Rituais lançados pela Potência, que se distanciavam e muito do Sistema de Trabalho Maçônico concebido pela Inglaterra. Continuei então minhas pesquisas, mo-

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PREFÁCIO DO AUTOR

tivado pelas visitas no site, e pelos e-mails e comentários recebidos pelos Irmãos, o que culminou com a edição desta obra. Ela não tem o objetivo de ser um manual definitivo, mas sim uma pequena e confiável luz no fim do túnel. Seria impossível tratar de todo este Sistema de Trabalho Maçônico, em seus pormenores, nesta primeira obra, mas se for seguido o que nela contém, em conjunto com os rituais traduzidos, o trabalho se aproximará, e muito, dos realizados pelas Lojas Inglesas jurisdicionadas à Grande Loja Unida da Inglaterra. E, por consequência, revelará o quão bonito, simples, objetivo e profundo é o Ritual de Emulação. Minha esperança é que esta obra possa ajudar aos praticantes do Ritual de Emulação, principalmente a dar-lhes consciência de que não podemos permitir que ocorra com ele o que aconteceu com o R.E.A.A., que ao longo do tempo foi sendo modificado ao bel prazer individual de Lojas e Potências, afastando-se e muito do seu original. O Ritual de Emulação é tradicional, é praticado da mesma forma há quase dois séculos, e funciona bem assim. Mais do que ficar modificando rituais, o maçom deve preocupar-se com seu crescimento pessoal de forma ética, sem se esquecer da fraternidade e da solidariedade. Ser um construtor social implica no aparar diário das imperfeições da conduta humana. Somos falhos porque somos humanos e, justamente por sermos humanos, é que somos falhos. O Autor, Fevereiro de 2010.

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Prefácio do Autor à Edição Revisada

se lançar uma obra, principalmente de cunho técnico, é Aonormal que algumas coisas mudem com o passar do tempo, e que tais coisas mudem para melhor. Existem também outros pontos que se modificam com o passar do tempo, de cunho informativo, e que são sempre importantes serem atualizados. Esta obra sofreu algumas mudanças, por isso justifica-se uma edição revista e atualizada. Mas o que mudou? Veremos, mas já adianto que não foram muitas relacionadas a algum equívoco cometido na primeira, pelo contrário, o conteúdo continua o mesmo, o que mudou foi o formato. Atualizei a diagramação, de modo a ficar um pouco mais agradável e organizada para propiciar ao leitor uma melhor leitura. Outra coisa que precisava ser mudado eram as informações sobre o autor. Quando do lançamento há um ano, o autor era membro da A.R.L.S. MA’AT – Verdade, Justiça e Retidão, n.º 3369 – G.O.B., onde integrou o quadro dos obreiros até novembro de 2010. E tem-se assegurado que a saída foi de forma extremamente pacífica, mas necessária aos projetos que o autor deseja 15

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encampar. Com o Quit Placet em mãos, vislumbrou a possibilidade de auxiliar na fundação de uma nova Loja, com a proposta de praticar o Ritual de Emulação, uma Loja a ser filiada na GLESP – Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo. Esta nova Loja apresentou propostas irrecusáveis e também uma estrutura - mormente física – espetacular. Assim, não teve jeito, este autor aceitou o convite e hoje – além de fundador – é membro do quadro de Obreiros da A.R.L.S. Ética e Cidadania, nº 723 – GLESP. Desta forma, fez-se necessária esta prestação de contas aos leitores desta obra e do site www.ritualemulacao.com, para mantê-los atualizados. E também evitar conversas paralelas e especulações, pois a saída deste autor da antiga Loja (MA’AT) tanto foi pacífica, que hoje ela mudou-se para o mesmo prédio de sua nova Loja, e aluga a mesma sala da Loja da Ética e Cidadania. Com a nova diagramação houve uma ligeira diminuição do número de páginas, sem implicar na diminuição do conteúdo. Como dito, foi apenas uma reorganização, ou seja, pequenos ajustes. Outro ponto foi a inserção da preposição “de” entre Ritual e Emulação, dois substantivos de formam a denominação do Sistema de Trabalho Maçônico Inglês. Isto conforme explicação na obra Ritual de Emulação – o Grau de Aprendiz Maçom, pág. 38. Para simbolizar esta pequena mudança mudou-se também a capa, para dar um novo ar a obra. Desejo a vocês uma ótima leitura. Um grande e fraterno abraço. O Autor, Sorocaba (SP), Fevereiro de 2011.

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Capítulo 1: A Maçonaria Inglesa

O

Ritual de Emulação, como um sistema de trabalho maçônico inglês, é um dos mais tradicionais do mundo e, se o considerarmos em termos de organização, de início de prática de acordo com registros antigos, está entre os mais antigos do mundo, servindo de base para outros rituais, inclusive estruturação de ritos, propriamente ditos. Veremos que há diferença entre Rito e Ritual, o primeiro, com sua prática sedimentada no Brasil, impregnado no consciente coletivo maçônico como um forte paradigma; o segundo, inserido num sistema inglês – nota-se que quando digo inglês, não me refiro ao americano – onde a concepção de Rito não existe, mas sim formas de trabalho em Loja, através de diversos Rituais, dentre eles, o mais praticado sendo o Ritual de Emulação. No sistema inglês não há, como em alguns Ritos – ou em sua maioria – uma forte conotação religiosa. Pelo contrário, no sistema inglês, Maçonaria é Maçonaria e Religião é Religião. Podem até se encontrar, se apoi-

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ar, mas, sem se misturar ou se fundir. Isto, particularmente, é ótimo, porque a maçonaria como um sistema de fraternidade universal, não pode dar aos seus trabalhos uma conotação religiosa, pois haveria de se ater a uma corrente em detrimento às demais, o que causaria desconforto e, porque não, discórdia entre seus membros. A maçonaria tem caráter universal, independentemente de credo, cor, raça, posição social ou qualquer outro atributo que desnivele seus pares. O importante é a crença em um ser supremo, seja ele Deus, Jeová, Maomé, Buda, etc. Na verdade, a crença numa força, num poder criador, algo ainda não compreensível em sua totalidade pelos simples mortais terrenos. Seria como reconhecer nossa insignificância compartilhada com nossos semelhantes, perante uma força divina, que a todos conduz, e a quem todos um dia haverá de prestar contas. O papel da maçonaria é este, reunir homens capazes de fazer a diferença na sociedade, não somente pela riqueza material, pelo contrário, pela riqueza espiritual. Já foi dito por um sábio que a chave para o cofre dos homens é o coração. Se não houver amor, por mais bem afortunado que seja este homem não será um construtor social, porquanto, não servirá para a maçonaria.

1.1. O que é Maçonaria segundo a UGLE Maçonaria é uma das mais antigas sociedades fraternas seculares do mundo. As seguintes informações destinam-se a explicar a maçonaria como é praticada no âmbito da Grande Loja Unida da Inglaterra (United Grand Lodge of England – UGLE), que administra Lojas de Maçons na Inglaterra e no País de Gales, e em muitos lugares no exterior. A explicação pode corrigir alguns equívocos. 18

A MAÇONARIA INGLESA

Maçonaria é uma sociedade de homens preocupados com valores morais e espirituais. Os seus membros são ensinados nos seus preceitos (lições de moral e autoconhecimento) por uma série de dramatizações ritualísticas, que seguem antigas formas, e usam os costumes e ferramentas dos “Pedreiros” (Trabalhadores com pedras - edificadores de Templos) como guias alegóricos. A UGLE prega que a qualificação essencial para admissão na filiação e sua contínua prática é uma crença em um Ser Supremo. A Ordem Maçônica está aberta a homens de qualquer raça ou religião que possam desempenhar esta qualificação essencial e que sejam de boa reputação. Maçonaria não é uma religião, nem tampouco, é um substituto para a religião. Ela abre a sua qualificação essencial para os homens de muitas religiões e que espera que eles continuem a seguir a sua própria fé. Ela não permite que a religião seja discutida em nenhuma reunião. Durante muitos anos os maçons têm seguido três grandes princípios: O amor fraterno - Todo verdadeiro Maçom demonstrará tolerância e respeito pelas opiniões dos outros e agirá com bondade e compreensão para seus semelhantes. Auxílio/Assistência - Maçons são ensinados a praticar a caridade e cuidado, não só para si próprios, mas também para a comunidade como um todo, tanto pela caridade que dá, e pelo esforço voluntário e individual. Verdade – Os Maçons lutarão pela verdade, o que exige elevados padrões morais e com o objetivo de atingi-las em suas próprias vidas. Os Maçons acreditam que estes princípios constituem uma forma de atingir padrões mais elevados na vida. Desde os primórdios de sua existência, a Maçonaria tem se

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preocupado com o cuidado de órfãos, dos doentes e dos idosos. Este trabalho continua hoje. Além disso, grandes somas são doadas a nível nacional e beneficência local, em toda a Inglaterra. No resto do mundo não é diferente, e existem Lojas que realmente trabalham com muito afinco no setor da caridade, sendo grandes exemplos e fazendo a diferença. A Maçonaria exige de seus membros o respeito pela lei do país em que um homem trabalha e vive. Os seus princípios não são de modo algum um conflito com os deveres de seus membros enquanto cidadãos, mas deveria reforçá-los no cumprimento das suas responsabilidades públicas e privadas. Um homem que não ama a sua pátria, que não respeitas as suas leis – quando não são injustas, e quando são, existem meios legais para discuti-las –, não serve para integrar a Ordem Maçônica, pois aí reside a inobservância de ser uma pessoa de bons costumes. Bons costumes, atributo que por si só não significa dizer a respeito somente à conduta moral do homem na sociedade, é muito mais amplo, passando pela ética civil e religiosa, pelo cumprimento de seus deveres, pelo exercício da cidadania. Um maçom não fica inerte perante uma injustiça alheia. É dever do maçom contribuir para a paz, harmonia e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O Maçom é um construtor social nato. A utilização por um Maçom da sua pertença à Ordem para promover-se ou de qualquer outra pessoa, ou de empresa, bem como interesses pessoais ou profissionais é condenável, e é contrária às condições em que ele procurou admissão à maçonaria. A ninguém poderá ser dado ingresso na sublime Ordem como forma de permuta de favores, ou de satisfação de interesses pessoais. A

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A MAÇONARIA INGLESA

única promessa de crescimento feito a um homem quando de seu ingresso, é o pessoal, no tocante à sua conduta e ao seu intelecto. Jamais alguém poder procurar ingressar na Ordem para a satisfação de interesses pessoais, e de crescimento patrimonial. Maçonaria não é uma bancada de negócios, embora, infelizmente, muitos ao contrário o pensem e como tal agem. A Maçonaria incute em seus membros uma abordagem moral e ética para a vida: ela visa reforçar a ponderação para os outros, a bondade na comunidade, a honestidade nos negócios, a cortesia na sociedade e a justiça em todas as coisas. Os membros são orientados a considerar os interesses da família como fundamental, mas, sobretudo, a Maçonaria também ensina e pratica a atenção para as pessoas, cuidar dos menos afortunados e para ajudar aqueles em necessidade.

1.2. Como se tornar um maçom na Inglaterra Ao contrário da prática brasileira, na Inglaterra não é o candidato, exclusivamente, proposto ou indicado por um membro da Ordem. Todo e qualquer homem que tiver o desejo de tornarse um maçom, será bem recebido ao procurar informações e manifestar este desejo. Depois de breves orientações de como funciona a Ordem, suas implicações e, colhidas as informações necessárias sobre o candidato, mormente sobre sua índole, sua reputação familiar, social e profissional, o candidato passa pelos trâmites de ingresso em Loja, para enfim tornar-se um membro da Ordem, através da Cerimônia de Iniciação. Este tema será melhor abordado em capítulo posterior e específico nesta obra. No Brasil, infelizmente, temos notícias de muitas Lojas e 21

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muitos membros que utilizam o “convite” maçônico como “moeda de troca”, a fim de trazer pessoas à Ordem que possam lhe render frutos na sociedade, digam-se, frutos pessoais – particulares - e não coletivos – ou sociais. Já ouvi muito relato de irmão que diz ter ficado horrorizado porque “beltrano” ou “sicrano” pediu ingresso na ordem, o que em tese, no país, seria inadmissível.

1.2.1. Por que se tornar um Maçom? Esta é a primeira questão que a Grande Loja Unida da Inglaterra se preocupa em orientar seus possíveis candidatos. As pessoas têm suas próprias razões para tornarem-se maçons, a seguir tem-se um exemplo das razões que são dadas: -Realização – Progredindo através dos vários cargos em Loja para torna-se um dia Venerável Mestre. Junto com essa evolução em Loja, vem a evolução pessoal, pois cada cargo oferece um nível de aprendizado diferente. -Fraternidade – Possibilidade de fazer novos amigos cuja relação será baseada na fraternidade. Uma possibilidade de conhecer diversos estilos de vida, de diferentes grupos sociais e faixa etária. -Caridade – Tornar-se capaz de contribuir para causas merecedoras, tanto maçônicas quanto não-maçônicas. -Educação – Aprendendo com seus pares e mentores, pela prática do ritual e breves discursos. -Conhecimento – Saber sobre a história e mistérios da Maçonaria. -Autoaperfeiçoamento – Uma contribuição para sua própria família e para a sociedade.

1.2.2. Passos sugeridos para tornar-se maçom Primeiro, que o Candidato obtenha informações junto ao 22

A MAÇONARIA INGLESA

site da UGLE (http://www.ugle.co.uk), ou na própria sede dela (Freemasons’ Hall, Great Queen Street, London, WC2B 5AZ – Tel.: +44(0)20 7831 9811), e até mesmo pessoalmente em Lojas, com conhecidos maçons. Se, depois de obter as principais informações, ainda houver o interesse de ingressar na Ordem, então ela sugere que em primeiro lugar converse com a família sobre esta decisão. Então, procure um familiar, amigo ou colega que se tenha conhecimento ser pertencente à Ordem. Eles serão capazes de explicar o que puder sobre a fraternidade e ajudar a encontrar uma Loja adequada. Se o Candidato não conhece ninguém em todos os que são membros, então deverá entrar em contato com uma Loja Maçônica mais próxima da residência, ou entrar em contato a própria UGLE e eles poderão recomendá-lo a uma Loja que mais se adequar.

1.3. Relação entre a Maçonaria e Religião Apesar de que alguns Ritos tenham uma conotação religiosa forte, às vezes até se confundindo com algumas religiões, ou até mesmo, em alguns casos específicos, adotando em seus trabalhos passagens de cunho estritamente religiosos, não é este o objetivo da Maçonaria. Volto a dizer, embora entenda desnecessário, que sempre adotarei a interpretação Inglesa do que é Maçonaria, pois é o que se tem de registro mais antigo do início da Maçonaria especulativa no mundo e são grandes os indícios de influência nos demais Ritos. Assim, se estamos a trabalhar num Ritual concebido na Inglaterra, a nós não cabe modificá-lo, ou até mesmo adaptá-lo, mas sim segui-lo da forma mais fiel possível. Eu, particularmente, acho muito prudente este posiciona23

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mento da UGLE - United Grand Lodge of England (Grande Loja Unida da Inglaterra). Pois religião é algo muito pessoal, muito subjetivo e por que não, muito particular. Vemos correntemente e diariamente em várias regiões do mundo diversos conflitos religiosos, o que nos entristece muito, pois ninguém deveria matar ou morrer com supedâneo da religião. Com certeza absoluta, Deus, ou qualquer que seja a denominação do Ser Supremo, de qualquer religião, nunca prega o ódio ou a desavença, se assim alguns acreditam, é porque deram uma interpretação errada e humana demais às leis Supremas. Ou seja, visaram interesses particulares com intuitos escusos. Assim, portanto, entende a Maçonaria, cujo intuito não é desagregar, afastar ou criar desavenças, mas sim unir homens de bom costume e boa índole, de forma que unam esforços, habilidades e capacidades individuais no auxílio e assistência do próximo, do menos favorecido. Isto faz da Maçonaria uma forma de apoio a Religião, seja ela qual for. Por isso, na Maçonaria, desde que haja a crença num Ser Supremo, não importa a religião do candidato, reunindo outros requisitos, ele será admitido. Dentro da maçonaria ele poderá aprimorar-se, instruir-se e progredir cada vez mais, para se tornar um verdadeiro construtor social. A Maçonaria sempre se preocupou, se preocupa e se preocupará com questões sociais e filantrópicas, e a Maçonaria é feita por homens, com atitudes humanas. O Comitê – UGLE - (Câmara, Conselho, etc.) tem considerado este como um dos mais importantes assuntos, estando convencido de que é de fundamental importância para o prestígio e bem-estar da Maçonaria Inglesa, que nenhum equívoco sobre tal assunto permaneça dentro da Ordem.

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A MAÇONARIA INGLESA

Não se pode ser tão fortemente afirmado que a Maçonaria seja nem uma religião nem um substituto para ela. Pois não é, e o que a Maçonaria pretende é inculcar em seus membros uma norma de conduta e de comportamento que ela acredita ser aceitável para todos os credos, mas cuidadosamente abstém-se de intervir no domínio do dogma ou teologia. A Maçonaria, desta forma, não é, em hipótese alguma, uma concorrente com a religião, assim considerado na esfera da conduta humana, pois o que pode ser esperado da Maçonaria é que seu ensino seja complementar ao da Religião, seja ela qual for. Por outro lado, o seu requisito fundamental é que cada membro da Ordem deve acreditar em um Ser Supremo e o esforço estabelecido mediante o seu dever para com Ele deve ser prova suficiente a todos os preconceitos intencionais que a Maçonaria é uma defensora da Religião, tanto que exige do homem que ele tenha algum tipo de crença religiosa, antes que realmente seja admitido na Ordem como Maçom, e que uma vez admitido continue a praticar sua religião, talvez até com mais afinco e dedicação que antes. O Maçom, antes de tudo, é um exemplo de conduta na sociedade. Esteja onde estiver, deve o maçom, se for chamar a atenção, que a chame de forma positiva, de forma exemplar, pregando a justiça, a tolerância, enfim, o bem-estar social de uma forma geral. O Comitê espera da Grande Loja que esta seja uma declaração válida da posição Maçônica sobre o tema, e na aplicação prática dos princípios a seguir estabelecidos: I – Que os ritos maçônicos, as preces e as cerimônias sejam confinadas (reservadas) à sala da Loja, e que a dispensa em trajar insígnias - os paramentos (termo o qual inclui luvas brancas) - em

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público, seja deferido (garantido ou permitido) somente em casos excepcionais; II – Que não haja a participação ativa de um Maçom, como tal, em qualquer parte da cerimônia de sepultamento ou cremação do Irmão falecido, e que não haja preces Maçônicas, leituras, ou exortação qualquer durante ou no final do sepultamento, visto que as exéquias finais de qualquer ser humano, Maçom ou não, são completas por si só e não clama da Maçonaria qualquer auxílio adicional. Mas que, no entanto, se isto for desejo para recordar ou aludir à vida e ações Maçônicas do irmão falecido, isto pode ser feito adequadamente na próxima reunião da Loja, com a presença dos demais irmãos, ou numa Cerimônia comemorativa especialmente agendada; III – Mas que jamais sejam colocados quaisquer obstáculos aos Maçons que desejam participar da homenagem conjunta, apenas em raros e excepcionais casos deverá ser concedida a dispensa do uso de insígnias – paramentos - ; além disso, que a ordem da cerimônia de homenagem em todos os casos deva ser como o Ministro Oficial ou seu Superior Hierárquico considerem ser mais apropriados para a ocasião.

1.4. Breve histórico sobre a Francomaçonaria britânica As origens da Francomaçonaria são objeto de debates de alto nível. A Francomaçonaria organizada, como a conhecemos hodiernamente teve início com a fundação da primeira Grande Loja, em 1717 na “Goose and Gridiron Ale House” (Taverna - Casa da Cerveja, Cervejaria - Ganso e Grelha) no “St. Paul's Churchyard” (Cemitério de São Paulo). 26

A MAÇONARIA INGLESA

Ela formou-se com o assentimento de quatro Lojas de Londres, a mais velha, cujos indícios remontam sua existência em 1691. Evidências de um movimento anterior a 1691 são esparsas, por isso as verdadeiras origens permanecem um mistério. A Francomaçonaria também não se originou ou sequer existiu na época do Rei Salomão. Muitos historiadores têm tentado provar que a Francomaçonaria é descendente dos mistérios clássicos da Grécia ou Roma, ou que até mesmo tenha derivado da religião dos construtores das pirâmides do Egito. Outras teorias de estudiosos, historiadores e especuladores, incluem que a Francomaçonaria: - Nasceu de classes de pedreiros (stonemasons) viajantes que atuavam sob a autoridade Papal; - Evoluiu de uma classe de Cavaleiros Templários que escaparam da Escócia depois da ordem de perseguição na Europa; - Derivou da sombria e misteriosa Irmandade dos Rosacruzes, os quais poderiam ou teriam existido no início do século 17. No entanto, as respostas honestas para as questões “quando”, “onde” e “porquê” a Francomaçonaria originou-se, são que, simplesmente, nós não sabemos.

1.4.1. A teoria dos pedreiros A teoria dos pedreiros - trabalhadores que desbastavam ou lapidavam pedras para edificações - diz existir uma concordância geral entre historiadores e pesquisadores de que a Francomaçonaria se desenvolveu, ainda que diretamente ou indiretamente, dos pedreiros medievais - também conhecidos como Maçons Operativos - os que construíam grandes Catedrais e Castelos. 27

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Os que são favoráveis a esta teoria dizem existir três estágios para a evolução destes pedreiros medievais para a Francomaçonaria: -Os pedreiros reuniam-se em “cabanas” ou Lojas (Alojamentos) para poderem descansar e alimentar-se; -Estas Lojas (Alojamentos), com o tempo tornaram-se um local também para as reuniões onde regulavam o Ofício ou a Ordem dos Pedreiros. Ou seja, as reuniões eram para definir os parâmetros de organização desta sociedade medieval; -Eventualmente, e em comum com outras organizações, eles desenvolveram as primitivas Cerimônias de Iniciação para novos aprendizes. Então, como os pedreiros eram acostumados a viajar por todo o país, e como não existiam cartões, crachás ou outra forma de identificação destas organizações, ou certificados de aprendizagem, eles começaram a adotar uma palavra privativa que eles poderiam usar quando chegassem a um novo local de trabalho, numa obra, para provar que eles foram devidamente qualificados (iniciados) e que tinham sido membros de uma Loja. Esta foi, afinal, a forma mais fácil de comunicar uma palavra secreta a fim de se provar quem era e qual a sua qualificação para receber o salário correspondente, do que ter que passar horas esculpindo uma pedra bruta para então provar suas habilidades e ser adequadamente designado para o posto de trabalho. Sabe-se que por volta do início do século 17, as Lojas Operativas começaram a admitir os “não-pedreiros”. Eles eram os Aceitos ou Maçons (Pedreiros) Nobres. Por que e como eram as cerimônias de ingresso destes, ainda são fatos desconhecidos. No

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final do século 17, havia muito mais Nobres maçons nas Lojas, o que fez com que ela, gradualmente, fosse se transformando em “Lojas dos Livres e Aceitos” ou dos “Maçons Especulativos”, e assim estas Lojas já não tinham qualquer ligação com as antigas Lojas do Ofício dos Pedreiros. Esta teoria é baseada em informações e registros da Escócia, onde existem amplas evidências das Lojas Operativas Escocesas - geograficamente unidades definidas com o apoio da Legislação da época para controlar o que foi denominado “A Ordem dos Pedreiros”. Existem também evidências abundantes de que estas Lojas começaram a admitir Nobres como Maçons Aceitos. No entanto, não existem evidências de que estes membros aceitos eram diferentes, ou gozavam de maiores privilégios que os antigos maçons, ou até mesmo que eles tenham alterado de alguma forma a natureza das Lojas Operativas. Alguns dizem que foi uma evolução natural, principalmente na época do iluminismo. Além disso, nenhuma evidência veio à luz, depois de cem anos, de um similar desenvolvimento na Inglaterra. Registros de Construções Medievais têm referências às Lojas de Maços (Pedreiros), mas a partir do século 15, além das Guildas de pedreiros em algumas cidades, inexiste evidência para Lojas Operativas.

1.4.2. Teoria “Construindo uma sociedade melhor” Foi na Inglaterra que surgiu a primeira evidência sobre a fundação de uma Loja constituída sem qualquer resquício da maçonaria operativa. Elias Ashmolean, o antiquário e fundador do Museu Ashmolean em Oxford, registrou em seu diário em 1646 que ele 29

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tornou-se um Francomaçom numa Loja constituída e por proposta de seu sogro, em Warrington. Ele registrou quem esteve presente nesta reunião: todos os nomes foram pesquisados e concluiu-se que nenhum deles tinha qualquer ligação com a Maçonaria Operativa. Evidências inglesas do século 17 apontam que a Francomaçonaria na Inglaterra surgiu sem qualquer ligação com qualquer organização contemporânea ou supostamente de Maçons (Pedreiros) Operativos. Esta falta de evidência para a existência de Lojas Operativas, em detrimento a evidência de Lojas de maçons aceitos levou à teoria de uma ligação indireta entre os Pedreiros Operativos e a Francomaçonaria. Aqueles que sustentam a ligação indireta teorizam que a Francomaçonaria foi concebida em sua existência por um grupo de homens entre o fim do século 16 e o início do século 17. Este foi um período de grande religiosidade, desordem política e intolerância. Os homens eram incapazes de se reunirem sem deixarem de lado suas convicções políticas e religiosas, o que gerava muito conflito. As famílias foram divididas por opiniões opostas e a Guerra Civil Inglesa, entre 1642 e 1646, foi a consequência. Aqueles que sustentam a ligação indireta acreditam que os criadores da Francomaçonaria eram homens que desejavam promover a tolerância e construir um mundo melhor onde homens de diferentes opiniões pudessem pacificamente coexistir e trabalhar juntos pela melhoria da humanidade. No costume de sua época, eles usavam alegorias e simbolismo para passarem suas ideias e princípios. Como a ideia central deles era construir uma sociedade me-

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lhor, eles tomaram emprestados as formas e símbolos da Ordem dos Construtores Operativos e tiraram sua alegoria central da Bíblia. As ferramentas dos Pedreiros forneceram-lhes uma multiplicidade de símbolos para ilustrarem os princípios que estavam seguindo.

1.4.3. Teoria de uma Estrutura Caridosa Uma teoria mais recente posiciona a origem da Francomaçonaria dentro de uma Estrutura Caridosa. No século 17, não havia nenhum Estado-Providência (que se coloca à disposição do bem-estar da Nação), então qualquer um que adoecesse ou tornase deficiente, contava apenas com a ajuda da “Lei dos Pobres”. Naquela época havia muitos Ofícios que ficaram conhecidos como “Clubes da Caixa”. Estes grupos surgiram do convívio de membros de um mesmo Ofício, em reuniões onde todos no decorrer destas depositavam quantias em dinheiro em uma caixa comum, sabendo que se algum deles um dia estivesse passando por dificuldades, poderia socorrer-se a este dinheiro para aliviar sua angústia. Como evidências de sobrevivência destes “Clubes da Caixa”, sabe-se que começaram a admitir membros que não pertenciam ao mesmo Ofício e tinham muitos traços ou indícios das primeiras Lojas Maçônicas. Eles se reuniam em tavernas, tinham cerimônias de iniciações simples, palavras de passe e praticavam a caridade de acordo com a necessidade local. Assim é possível que a maçonaria tenha tido sua origem justamente num “Clube da Caixa” por Maçons Operativos. Independentemente da origem, depois de 1717 e da fundação da Primeira Grande Loja (como era conhecida), a Fran31

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comaçonaria cresceu na popularidade, espalhando-se muito através do mundo, (expandindo na medida em que o Império Britânico crescia) atraindo muitas personalidades famosas e notáveis. Quando a Grande Loja foi fundada em 1717, Anthony Sayer foi eleito com o primeiro Grão-Mestre. Inicialmente, a Grande Loja promovia uma grande festa anual, na qual o Grão-Mestre e os Grãos-vigilantes eram eleitos. Porém, em 1721 outras reuniões começaram a ser feitas, e a Grande Loja tornou-se um poder regulador. Em 1723, com o crescimento do quadro de obreiros, a Grande Loja editou o Livro das Constituições, que trazia em seu bojo as diretrizes e regulamentos para se governar a Francomaçonaria.

1.4.4. Expansão Em 1730 a Grande Loja já possuía mais de 100 Lojas sob a sua jurisdição, incluindo uma na Espanha e outra na Índia. Também neste ano já tinha começado a operar um grande fundo central de caridade e promoveu uma ampla imagem positiva de suas Lojas perante a sociedade. Algumas Lojas discordaram desta Constituição e, das regras propriamente ditas, e em 1751 uma Grande Loja rival foi fundada por Maçons desafetos. Estes fundadores reclamavam que a primeira Grande Loja havia se distanciado dos costumes antigos estabelecidos pela Ordem, e suas intenções eram a de praticar a Francomaçonaria de acordo com as “Antigas Instituições”. De forma bastante desconcertante, chamavam-se a si próprios de Grande Loja dos Antigos, e apelidaram pejorativamente seus primeiros rivais de Modernos. Eles conquistaram a adesão de muitas Lojas em Londres e eram conhecidos como Os Antigos ou 32

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Grande Loja de Atholl, depois o terceiro Duque de Atholl foi quem se tornou o primeiro Grão-Mestre desta Loja.

1.4.5. Francomaçonaria unida As duas Grandes Lojas rivais coexistiram, porém jamais se reconheceram como regulares, ou qualquer de seus membros como Maçons regularmente iniciados. As tentativas para se unir as duas Lojas rivais começaram no final do Século 18, aproximadamente em 1790, sem êxito, até que o Duque de Sussex tornou-se Grão-Mestre dos Modernos e o seu irmão, Duque de Kent, tornou-se Grão-Mestre dos Antigos, pois só então foi que se teve algum progresso na tentativa de união das Lojas rivais. Após muita conversa e negociação, ao longo dos anos, a união das duas Grandes Lojas rivais deu-se em 27 de dezembro de 1.813, sob o Grão-mestrado do Príncipe Augusto Frederico, Duque de Sussex, o sexto filho do rei George III. Assim fundou-se a Grande Loja Unida da Inglaterra - GLUI (United Grand Lodge of England - UGLE).

1.4.6. Livro das Constituições O Livro de Constituições foi reimpresso e passou por muitas edições desde a sua publicação inicial, mas as regras fundamentais estabelecidas em 1723 ainda se aplicam hoje. O que demonstra a tradição e estabilidade da Maçonaria Inglesa, que acaba sendo refletida nos diversos rituais praticados pelas Lojas Inglesas.

1.4.7. Cronologia das Origens da Maçonaria na Inglaterra As questões de quando, como, porquê e onde a Maçonaria

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originou, como dito, ainda são objeto de intensa especulação. O consenso geral entre os estudiosos da maçonaria é que descende diretamente ou indiretamente da organização dos pedreiros operatórios que construiu as grandes catedrais e castelos da Idade Média. 1646 O primeiro registro documentado de uma reunião, feito por um maçom Inglês, Elias Ashmole, em Warrington, em 1646. 1660 Desta década de 1660 existem evidências e provas de Senhores –cavalheiros da alta sociedade, intelectuais - sendo feitos maçons em Lojas não-operativas. 1717 24 de junho de 1717 em Londres quatro Lojas, que já existiam há algum tempo, uniram-se na Goose and Gridiron Tavern em St Paul's Churchyard, declararam-se uma Grande Loja e foi eleito Anthony Sayer como seu Grão-Mestre. Esta foi a primeira Grande Loja no mundo. 1723 A essa altura, a nova Grande Loja havia publicado seu primeiro livro de regras - O Livro das Constituições da Maçonaria - e foram realizadas reuniões trimestrais, as quais foram registradas. Isto estendeu sua autoridade fora de Londres. 1725 A Grande Loja da Irlanda foi estabelecida/fundada.

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1736 A Grande Loja da Escócia foi estabelecida/fundada. As três Grandes Lojas Nacionais começaram a abrigar a Maçonaria no exterior e o desenvolvimento da Maçonaria no exterior espelha a evolução dos séculos 18 e 19 do Império Britânico. 1751 A Grande Loja rival apareceu em Londres. Seus membros originais eram maçons irlandeses que alegaram que a original Grande Loja tinha feito inovações. Eles chamavam a primeira Grande Loja dos Modernos e chamaram a si Antigos. As duas existiram lado a lado - tanto internamente como no exterior - por aproximadamente 63 anos, sem nem ao menos reconhecerem uns aos outros como regular. 1813 Após quatro anos de negociação, as duas Grandes Lojas da Inglaterra, uniram-se em 27/12/1813, para formar a Grande Loja Unida da Inglaterra. Essa união levou a uma grande normalização do ritual, dos procedimentos e da regalia (insígnias e joias). 1814 Cerca 647 Lojas estavam em existência. O século 19 viu uma grande expansão da Maçonaria - tanto em âmbito nacional como no estrangeiro. 1900 Cerca de 2.800 Lojas tinham sido estabelecidas apesar das perdas, quando Grandes Lojas independentes foram formadas no

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Canadá e na Austrália na última parte do século. GUERRAS MUNDIAIS As duas Guerras Mundiais, ambas tiveram um grande efeito na Maçonaria Inglesa. Nos três anos após a Primeira Guerra Mundial, mais de 350 novas Lojas foram instaladas, e nos três anos após a Segunda Guerra Mundial, cerca de 600 novas lojas chegaram a ser. Em muitos casos, os fundadores eram militares que queriam continuar a fraternidade que haviam construído durante o seu serviço de guerra, e estavam procurando um centro calmo em um mundo muito mudado e em constante mudança. 1967 Em 14 de Junho de 1967, o 250 aniversário da Grande Loja foi comemorado no Royal Albert Hall. O centro das comemorações foi a instalação como Grão-Mestre do HRH, o Duque de Kent, que detém ainda este encargo até hoje. 1992 Em 10 de junho de 1992 mais de 12.500 maçons e convidados se reuniram em Earls Court, no oeste de Londres para celebrar o 275 aniversário da Grande Loja. A imprensa e a televisão, pela primeira vez, estiveram presentes na reunião da Grande Loja e o evento foi destaque nos noticiários da televisão em todo o mundo. 2017 Os preparativos para comemorar o tricentenário da Gran-

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de Loja, em junho de 2017, já foram iniciados, e promete ser um evento jamais visto na história da Francomaçonaria.

1.5.8. A História da Câmara Maçônica (Freemasons’ Hall)

Freemasons’ Hall – Câmara Maçônica UGLE - Londres (Vista externa)

Freemasons’ Hall – Câmara Maçônica UGLE - Londres (Vista interna)

A Câmara Maçônica – Freemasons’ Hall - é a sede da Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE), que é o corpo diretivo da Maçonaria na Inglaterra, equivalente ao que chamamos de Potência Federal, aqui no Brasil. Esta sede fica na Great Queen Street, Londres. Por questões administrativas, as Lojas ao redor do País são agrupadas sob a jurisdição da Grande Loja Metropolitana de Londres ou das Grandes Lojas Provinciais (todas as outras áreas) dependendo da localização geográfica de cada Loja. A UGLE é governada por um Grão-Mestre, o Soberano Venerável, Sua Alteza Real o Duque de Kent. Certo número de Al-

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tos Oficiais Executivos e Grandes Irmãos selecionados, o ajudam nesta administração, por sua própria hierarquia. Pelo fato do Grão-Mestre pertencer à família real, existe um Pró-Grão-Mestre nomeado para agir em seu nome, quando o Grão-Mestre precisa cumprir seus deveres reais. Ele também é auxiliado por um Grão-Mestre Deputado e um Grão-Mestre Assistente. A Grande Loja se reúne quatro vezes por ano, o que é conhecido como Comunicações Trimestrais (Quaterly Communications). Muitos países no exterior têm Lojas Maçônicas governadas por uma por uma Grande Loja definida – por exemplo: Grande Loja da Suécia, Grande Loja da Hungria, etc. Algumas destas Grandes Lojas estrangeiras têm descendência direta da UGLE. As Constituições, Regras e Regulamentos de cada Grande Loja são reconhecidos como regulares, e maçons ingleses (britânicos) estão autorizados a participar destas reuniões. Cronologia da Freemasons’ Hall 1769 O Presidente do Conselho da Grande Loja anuncia planos para construir um salão central e começa a registrar todos os seus membros para levantar fundos. 1774 Um local é adquirido na Great Queen Street, Londres, consistindo de uma casa de frente para a taberna da rua com um jardim atrás levando a uma segunda casa. Thomas Sandby, RA, ganha a concorrência de arquiteto para o Hall - Câmara. Seu Grand Hall é construído sobre o jardim, ligando as duas casas.

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1776 A nova Freemasons’ Hall é dedicada em 23 de Maio. Além de eventos maçônicos, torna-se um espaço importante em Londres; vida social para shows, bailes, saraus literários e encontros de sociedades eruditas e de caridade. 1814 Sir John Soane torna-se Grande Superintendente de Obras, responsável pelo Hall. Em 1820, ele realiza uma remodelação da Câmara, incluindo a cozinha e uma sala de reunião, todos, infelizmente, perderam-se. 1862 – 1869 O Hall original de Sandby é generosamente alargado a leste, de projetos por Frederick Pepys Cockerill, em um estilo severamente clássico. Parte desta fachada ainda existe, agora frente para os Quartos de Connaught. 1919 O Fundo Memorial Maçônico Million está configurado e pronto para reconstruir a Freemasons’ Hall, como um memorial para os 3.000 membros, que morreram em serviço na Grande Guerra. 1925 Uma competição internacional de arquitetos é realizada. O desenho vencedor pela parceria do HV Ashley e Newman Winton é baseado em uma estrutura de aço maciço. 1925 Em 8 de Agosto cerca de 7.250 irmãos almoçaram com

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Soberano Venerável, O Grão-Mestre, em Olímpia, ainda a maior refeição já servida na Europa. No final do almoço, é anunciado que mais de £ 825.000 foram levantados para o fundo de construção. 1927 Em 14 de Julho mais de 6.000 irmãos, no Royal Albert Hall assistiram o Grão-Mestre colocar a pedra fundamental do novo prédio. Por meio de um relé elétrico, enquanto uma pedra fictícia foi tombada na reunião, a pedra real era assentada no local, na esquina da Great Queen Street. 1927 - 1933 A Obra avança no novo edifício, começando com a torre no extremo oeste e gradualmente se espalhando para o oeste com a demolição gradual da antiga Câmara. 1933 Em 19 de Julho 5353 Irmãos preencheram o novo Freemasons’ Hall, e o edifício é dedicado ao serviço maçônico realizado pelo Grão-Mestre, HRH o Duque de Connaught, KG. 1985 A Câmara torna-se totalmente aberta ao público e vê um retorno ao espírito original de ser simultaneamente um centro maçônico e disponível para eventos não-maçônicos. Em um novo ponto de partida, torna-se um local popular para os filmes e dramas de TV.

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2007 As áreas de armazenamento e depósito do piso térreo são convertidas em escritórios modernos em que as quatro instituições de caridade maçônica nacional são cossediadas.

1.5. O “Cowan” e a Maçonaria Regular No Ritual de Emulação em Inglês (Emulation Ritual), ou seja, o original, editado e publicado pela Emulation Lodge of Improvement for Master Masons (Loja de Emulação para Aperfeiçoamento de Mestres Maçons – Curadora Oficial do Ritual de Emulação), encontramos num determinado ponto o termo “Cowan”, como sendo uma das pessoas, além de profanos e estranhos, que determinado cargo tem a função de impedir a entrada na Loja, armado com uma esp. des.. Este termo chamou-me muita atenção, pois não achei uma tradução para o português, e depois descobri que realmente não existe um termo correspondente em nossa Língua. Mas então, o que seria “Cowan”, e o que tem a ver com maçonaria regular? Vamos entendê-lo. Mais uma vez, para se entender o Ritual de Emulação, à luz da Maçonaria Especulativa, temos que voltar à Maçonaria Operativa, pois foi ali que surgiu o termo “Cowan”, e por isso ele consta hoje do ritual, mas num sentido de regularidade, como será demonstrado. O Dicionário Internacional Oxford da Linguagem Inglesa traz a seguinte definição da palavra “Cowan”: “Cowan”. 1. Aquele que faz o trabalho de um Maçom (pedreiro), mas não teve o aprendizado para a profissão; 2. Assim, um não-iniciado nos segredos da Francomaçonaria; 3. Gíria: bisbilhoteiro, abelhudo, intrometido, pessoa que escuta às escondidas a conversa particular de outros.

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“Cowan” é essencialmente um termo profissional Escocês, e ele vem da época em que as “Lojas”, como organizações do comércio, ou do Ofício Maçônico Operativo, impediam a contratação destes “Cowans”, com o objetivo de preservar o mercado para os profissionais que realmente tinham sido treinados (iniciados) para o Ofício, ou seja, uma mão-de-obra especializada na época. Os Maçons eram uma elite de mão-de-obra na construção de edifícios, pois, ninguém, além deles, detinha a habilidade de trabalhar com as pedras, na construção de templos, igrejas, etc. A mais antiga determinação oficial para a não contratação de “Cowans” é encontrada nos “Schaw Statutes”, de 1598: “...que nenhum mestre ou companheiro de ofício receba/empregue qualquer ‘cowan’ para trabalhar em sua Loja (sociedade ou companhia) e nem enviem seus servos para trabalhar com ‘cowans’, sob a penalidade de vinte ‘pounds’, aplicada a qualquer pessoa que ofenda o que aqui está escrito." Então, os “Cowans” competiam com os maçons, especialmente treinados para o Ofício, mas eles não sabiam os verdadeiros segredos de se trabalhar com a pedra e argila, um dos principais segredos era o cimento, ou seja, a utilização de cal para dar a liga correta na argamassa, e assim ligar as pedras para as edificações. O desbastador de pedras e o construtor eram ambos maçons por excelência, entretanto o desbastador foi especialmente o franco-maçom, o Estatuto Inglês de 1459 mostra que os maçons mais braçais, ou construtores de muros, ou simplesmente construtores, por trabalharem com pedras e sem cal - ou a argamassa (como os “Cowans” Escoceses) - eram a mais baixa classe de Trabalhadores do Ofício de acordo como os salários eram fixados.

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Os Maçons Operativos, em seu auge, eram muito respeitados e detinham “passe-livre” por toda a Europa Medieval, coisa rara à época. Daí se explica porque muitos homens comuns, às vezes, faziam passar-se por maçons, gozando assim destes privilégios. Os Maçons, desde esta época, já se utilizavam de toques e palavras para diferenciarem-se dos demais trabalhadores. Quando um Maçom chegava a determinada obra ele cumprimentava diretamente o mestre, e de acordo com o toque, o mestre já sabia se tratavase de um Maçom, em primeiro lugar, e depois se este era aprendiz ou companheiro, então poderia destinar o ofício e fixar o salário. Os “Cowans” eram então bisbilhoteiros, que tentavam se passar por maçons, em determinadas situações. Alguns deles tentavam a todo custo descobrir um toque ou palavra, o que nem sempre era fácil. Os mais habilidosos e privilegiados do Ofício, como uma associação, foram convencionalmente divididos nos seguintes membros: 1. Honorário, ou não-comercial, o que após tornou-se a característica dominante levando à Maçonaria especulativa; 2. Homens Livres do Ofício, todos associados e com todos os privilégios; 3. Serventes ou Operários habilitados, colaboradores permanentes mantidos por alguns homens livres como trabalhadores; 4. Artífices, livres do Ofício, operários devidamente qualificados e disponíveis para o emprego no dia-a-dia, mas viajando de um mestre para outro, e não nos próprios negócios; 5. Aprendizes 6. “Cowans” ou “Cowaners”, ou seja, homens livres ou artífices, restritos a uma classe de trabalho (últimos na hierarquia).

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Portanto, o “Cowan” era um intruso, um bisbilhoteiro, que procurava aprender, além dos toques e palavras, o verdadeiro segredo dos maçons, para assim poder ganhar mais, mas ele não poderia aprender o Ofício, e se conseguiu aprender alguma coisa, foi escutando embaixo das Telhas das Lojas (Alojamentos, Guildas, Associações), e isto era muito mal visto pelos verdadeiros maçons, pois já na Maçonaria operativa têm-se registros que os maçons eram iniciados no ofício, portanto, não era qualquer um que seria um maçom. Desta breve abordagem da Maçonaria Operativa, pode-se observar que o termo “Cowan” significa algo muito diferente, dos anos da Maçonaria Operativa e o que já está em uso na Maçonaria Especulativa. Parece bastante evidente que a palavra “Cowan” é de origem escocesa, e é da Maçonaria Operativa. O “Cowan” até que poderia tornar-se um membro do Ofício dos Maçons. Mas eles foram diferentes em muitos aspectos: 1. Cowans não poderiam utilizar cal na sua argamassa. Ou seja, era de uso exclusivo dos Maçons; 2. Cowans trabalharam apenas com pedras brutas. 3. Cowans eram livres para trabalhar apenas na zona em que a sua associação tinha jurisdição. Se eles passassem, eles estariam fora do trabalho, até que fossem admitidos para outra Loja (Alojamento, Guildas). Não à toa surge entre os maçons a expressão “goteira”, entre tantos outros meios próprios de se reconhecerem ou dialogarem, pois, já na Maçonaria Especulativa, temos a transposição do termo “Cowan” como um intruso, bisbilhoteiro, e que deveria ser punido, e os segredos preservados. A mais antiga menção, na Maçona-

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ria Especulativa, de “Cowans” aparece em “Masonry Dissected”, de Prichard, de 1730: P. Onde se posiciona o novo Aprendiz Admitido? R. No norte. P. Qual a tarefa dele? R. Manter longe todos os “Cowans” e Bisbilhoteiros. Hodiernamente, o termo “Cowan” na Maçonaria Especulativa, é utilizado para designar um praticante da Maçonaria, mas que não foi devidamente iniciado, ou seja, não recebeu a Luz na Maçonaria, não detém os segredos da Ordem. Assim são considerados também os membros de Potências Espúrias, pela UGLE. Portanto, Maçom não regular, ou aqueles que tentam se passar por Maçons, do ponto de vista da Maçonaria inglesa, são os atuais “Cowans” e como tais devem ser mantidos afastados de todas as Lojas Regulares e reconhecidas.

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Capítulo 2: Ritual de Emulação

2.1. O que é Rito?

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vocábulo “Rito”, como um substantivo masculino, é derivado do latim – ritus. Designa o Cerimonial próprio de um culto, determinado pela autoridade competente; seu significado clássico é: “Uma prática, um costume aprovado; ou conjunto de normas e práticas que se faz com regularidade” (Ir. Sérgio Cavalcante - Livro “Rito York”). Rito vem a ser uma coletânea de rituais, onde, por exemplo, o Rito de York (De origem Americana e que em nada tem a ver com o Ritual de Emulação, de origem puramente Inglesa) é constituído por quatro corpos devidamente distintos uns dos outros, mas de forma hierárquica, a saber: Graus Simbólicos, Graus Capitulares, Graus Crípticos e Ordens de Cavalaria. Da mesma forma, a título de exemplo, no R.E.A.A. - Rito Escocês Antigo e Aceito, onde se tem os graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) e mais 30 graus acima, numa hierar-

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quia própria do Rito. Mas o R.E.A.A. não para por aí, ele tem uma estrutura tão enraizada na Maçonaria Brasileira, que até administrativamente acaba interferindo nos demais ritos e rituais – sistemas de trabalho -, criando vícios que os descaracterizam (Ex.: Exigência de “Orador” na Ata de Votação, para os Trabalhos de Emulação). No Ritual de Emulação isso não existe. Ou seja, há apenas os Rituais dos graus simbólicos, e as Ordens Superiores são ordens totalmente independentes, e não há obrigação de iniciar esta evolução. Depois do grau de Mestre o Irmão escolhe como vai se aperfeiçoar. São 17 “corpos” – ou capítulos -, por assim dizer, e no Brasil ainda temos somente 5. Mas não há hierarquia. Existem duas escadas e o Irmão escolhe por qual vai começar subir. Ou faz primeiro o “Arco Real” ou o “Mestre da Marca”. Tais “corpos”, tanto são independentes de Rito que são abertos a qualquer outro Irmão de um Rito qualquer, desde que já tenha sido Elevado (=Exaltado, no R.E.A.A.) a Mestre. Então, apesar de erroneamente o a maioria das Lojas e suas respectivas Potências chamarem nossos trabalhos de “Rito de York” hoje sabemos que não é, mas sim sistema de Trabalho Maçônico, chamado Ritual de Emulação.

2.2. O que é Ritual? Ritual, como um adjetivo, derivado do latim (ritualis), designa o que é relativo a Ritos. Como substantivo masculino, designa o livro que contém a ordem e a forma de uma determinada Cerimônia, e das dramatizações e representações ritualísticas, ou seja, é um conjunto de regras e/ou normas estabelecidas para a liturgia das cerimônias maçônicas. Sempre existiram os rituais, inicialmente através das tradi48

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ções e de forma oral, posteriormente, com o passar dos anos por escrito, mas isto não tirou a tradição inglesa de nas reuniões da Loja praticar o Ritual de forma decorada. Pode-se concluir claramente que Ritual é totalmente diferente de Rito.

2.3. Por que Ritual de Emulação? Para ajudar na compreensão deste Sistema de Trabalho Maçônico, se faz interessante analisar o nome deste, gramaticalmente e historicamente, e então entender qual a razão dele ter sido assim “batizado”. Nesta análise será demonstrado que a tradição do Ritual de Emulação está inserida e justificada já em seu nome, e que por sua prática errada acaba-se por sucumbi-lo. Como de costume numa análise deste tipo, vamos por partes, tomando por base o substantivo feminino “emulação”, ou seja, a segunda parte da denominação do Sistema de Trabalho Maçônico Inglês (Britânico). Depois vamos juntá-lo ao substantivo masculino “Ritual”, o qual já foi analisado em outro artigo do livro. Pois bem, EMULAÇÃO, do latim “aemulatione” é um substantivo feminino que dentre as várias acepções temos como um sentimento que incita a igualar ou superar outrem, um estímulo ou incentivo a alguém. Desta acepção, aprofundamos e analisamos o verbo EMULAR, sim, pois a denominação do ritual insere a sua prática, e a prática se faz através de atos e condutas, ou seja, de ações e as ações gramaticalmente são descritas pelos verbos, por isso importante se faz a análise do verbo EMULAR. No dicionário Aurélio EMULAR é descrito como um verbo transitivo direto, significando seguir o exemplo de; imitar. O Ritual de Emulação só tem esta denominação devido à Loja de Emulação para Aperfeiçoamento de Mestres Maçons 49

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(Emulation Lodge of Improvement for Master Masons - ELOI) que é a curadora oficial do Ritual. Ser a curadora oficial significa dizer que somente ela tem a autoridade para tirar as dúvidas sobre a prática correta deste ritual. Ou seja, é a referência mais fidedigna sobre o Ritual de Emulação. Por isso os artigos concebidos e dispostos neste livro e no site Ritual de Emulação: www.ritualemulacao.com, tomam-se por base literatura inglesa de ex-membros e membros atuais da Emulation Lodge of Improvement, dentre eles destacam-se Colin F. W. Dyer (EMULATION: A Ritual to Remember) e Graham Redman (Emulation Working Today). O Ritual de Emulação é o ritual concebido após união das duas Grandes Lojas Rivais em Londres (“Antigos” e “Modernos” 1.813), e a Grande Loja Unida da Inglaterra aprovou em 1.816 a forma de um Ritual para as Cerimônias dos 3 Graus. A Loja de Emulação citada (ELOI) reúne-se semanalmente, todas as sextasfeiras, de outubro a junho, na Freemasons’ Hall (Sede da Grande Loja Unida da Inglaterra - UGLE) desde 1.823, sendo sua primeira reunião em 2 de outubro daquele ano. Esta Loja de Instrução foi formada especificamente para Mestres Maçons que desejavam aperfeiçoarem-se para assim estarem preparados para a sucessão à cadeira do Venerável Mestre. Portanto, o Ritual de Emulação, foi produzido pela Loja de Reconciliação e foi confirmado e aprovado pela Grande Loja Unida de Inglaterra em Junho de 1.816. Desde então, tem sido uma constante preocupação da Loja de Emulação a preservação do sistema de Trabalho aprovado pela Grande Loja, assim, permite apenas as mudanças que a Grande Loja aprova, e por isso o que por ela não se é aprovado não se é colocado em prática. Devido ao fato de a Grande Loja por vários anos proibir a

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impressão do Ritual, a sua transmissão era feita apenas pela forma oral. Por isso o sentimento de Emular, ou seja, copiar, aprender e praticar apenas olhando. Mas isto durou apenas até 1.969, pela proibição em se imprimir o ritual, diversas obras não-oficiais começaram a surgir, e com o intuito de se preservar a sua prática e, principalmente a essência do Ritual, em 1.969 a Loja de Emulação (ELOI) foi autorizada pela Grande Loja (UGLE) e assim patrocinou a primeira impressão do Ritual de Emulação, e até hoje somente ela tem autorização para estas impressões. Desde a sua fundação até hoje, as reuniões da Loja de Emulação para Aperfeiçoamento de Mestres Maçons (ELOI) servem a este propósito: preparar os mestres para a sucessão. Mas também, em grande importância, tirar as dúvidas para que as Lojas bem pratiquem o Ritual de Emulação. As dramatizações do ritual são feitas de forma dinâmica, e todos ali podem observar para depois Emular em suas próprias Lojas. Na Inglaterra, e nas Lojas Inglesas espalhadas pelo mundo, a prática do Ritual é de forma decorada, e não lida. Mesmo depois da autorização para que o mesmo fosse impresso. Ao ler o Ritual estamos indo contra sua própria nomenclatura e em nada estamos emulando. Ler o ritual significa apenas declamá-lo e não praticá-lo. “Emulação” é um destes reconhecidos Trabalhos-padrão e é o básico, embora não seja necessariamente a completa -, sendo prática detalhada de provavelmente mais da metade das Lojas Inglesas. Como já dito, ele tem este nome devido a Loja de Emulação para Aperfeiçoamento...(ELOI) - e por isso significa dizer que o sistema o qual é praticado na Loja de Emulação (ELOI) tornouse conhecido como Trabalho de Emulação, e não que a Loja tenha sido formada para ensaiar um Trabalho que tenha sido previamen-

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te nomeado, pelo contrário, o nome veio somente depois. O Ritual de Emulação, portanto, foi aprovado oficialmente pela Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE, deu-se pela união das Lojas dos Antigos e dos Modernos) em 1816, e foi criado um Comitê curador do Ritual, chamado de Emulation Lodge of Improvement for Master Masons (Loja Emulação para Aperfeiçoamento de Mestres Maçons). Este Comitê é o responsável – curador - pela edição e publicação do Ritual de Emulação, com plena autorização da UGLE, respeitando os princípios gerais impostos pela mesma. Este Ritual aprovado em 1816, na verdade, trazia já as práticas de 1717, pela Loja dos “Modernos”, que eram assim chamados pejorativamente, por terem modificado os Rituais antigos, tirando toda influência religiosa, mística ou esotérica. Com a união das Lojas rivais, algumas destas práticas retornaram, no chamado Trabalho Emulação (Ritual de Emulação), mas em proporção muito menor, sendo tais práticas inteiramente resgatadas posteriormente, pelo então Rito de York. Por isso o Ritual de Emulação é como se fosse um “Monitor” que contém o conjunto de práticas consagradas pelo uso e costume, e que assim se devem de forma invariável em momentos determinados. Ou seja, é o cerimonial propriamente dito. Na Inglaterra, compete às Lojas a regulamentação das formas de ritual, reservando-se, a UGLE, o direito de intervir em qualquer Loja Inglesa que adote formas ou modificações estranhas a prática do ritual conforme ensinado desde 1813 – oficializado em 1816 -, ou algo que venha a se opor aos princípios gerais estabelecidos. Pois, segundo o Art. 155 do Livro das Constituição da Grande Loja Unida da Inglaterra, esta liberdade é concedida, mas também limitada.

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"Lodge may regulate its own proceedings" (As Lojas podem regular seus próprios procedimentos). ... "155. The members present of any Lodge duly summoned have an undoubted right to regulate their own proceedings, provided they are consistent with the general laws and regulations of the Craft; but a protest against resolution or proceeding, based on the ground of its being contrary to the laws and usages of the Craft, and for the purpose of complaining or appealing to a higher Masonic authority, may be and such protest shall be entered in the Minute Book if the Brother marking the protest shall so request.". Em tradução livre: “155. Os membros presentes de qualquer Loja, devidamente reunida, têm o direito inalienável para regular os seus próprios procedimentos, desde que eles estejam de acordo com as leis gerais e regulamentos do Ofício (ou da Ordem); contudo, um protesto (reclamação, denúncia) contra qualquer resolução ou procedimento que seja contrário às leis e aos costumes do Ofício e com a finalidade de reclamar ou atrair uma autoridade maçônica maior, pode ser feito, e tal protesto será anotado no Livro de Atas, se o Irmão que faz o protesto assim solicitar.” Assim, existem na Inglaterra, diversas formas de rituais, conforme já foi citado, pois a Grande Loja - UGLE - não legisla sobre a forma de ritual adotado por suas Lojas, mas sim sobre os princípios gerais da Ordem, e nenhum ritual pode ser contrário a isso. Ao pronunciar erroneamente o verdadeiro nome do Trabalho Maçônico, não se está simplesmente errando o nome, como se fossem sinônimos, mas está se misturando e distorcendo a essência de um Trabalho que nada tem a ver com outro. Rito é Rito, Ritual é Ritual, e o Ritual de Emulação nada tem a ver com os demais.

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2.3.1. A Loja de Emulação para Aperfeiçoamento de Mestres Maçons. Curadora do Ritual. Então, quase duzentos anos desde que a Loja da Reconciliação foi criada no início de dezembro de 1813, pouco antes da união das duas Grandes Lojas rivais, de 27 de dezembro do mesmo ano, para resolver, e depois a demonstrar, a forma de ritual para a Grande Loja Unida da Inglaterra. A Loja da Reconciliação deixou de trabalhar em junho de 1816, depois que o novo ritual tinha sido aprovado na comunicação trimestral da Grande Loja. A “Loja Estabilidade de Instrução”, que incluiu vários membros da Loja da Reconciliação entre os seus dirigentes, começou a trabalhar em 1817, mas a Emulation Lodge of Improvement (Loja de Emulação para Aperfeiçoamento) não foi fundada até outubro de 1823. O Emulação pode, no entanto, afirmam indiretamente, quase como reivindicar uma proximidade com a Loja da Reconciliação, como pode com a “Loja Estabilidade”, porque muitos dos fundadores da Emulation Lodge of Improvement tinham sido membros das Lojas Burlington e Perseverança de Instrução. A Burlington começou a trabalhar em 1810 (sob a Principal ou Grande Loja dos “Modernos”) e a Perseverança começou em 1818. Houve um grau substancial de pertença comum, bem como uma certa quantidade de “entrar e sair rapidamente” entre as duas, de modo que, embora a Burlington ficasse em suspenso durante dois períodos relativamente curtos, o resultado foi praticamente uma linha ininterrupta de sucessão, de o tempo que a Loja da Reconciliação estabeleceu e demonstrou o ritual dos três graus, até a fundação da Loja de Emulação. Foi no dia 2 de outubro de 1823 que a Loja de Emulação de Aperfeiçoamento para Mestres Maçons se reuniu pela primeira vez sob a sanção da Lodge of Hope, n º 7 (em 1832, rebatizada para 54

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Royal York Lodge of Perseverance, n º 7). Quando ela começou a trabalhar, a Loja de Emulação ensinou o ritual estabelecido pela Loja da Reconciliação, por meio das Preleções, e não começou a demonstrar regularmente as cerimônias reais até determinada época - a data exata é incerto - na década de 1830. As Preleções foram naqueles dias o método normal de ensino do ritual, e a Loja Emulação então iniciou os trabalhos das Preleções de acordo com o sistema da The Grand Steward’s Lodge, que incorporou o novo ritual de 1815; The Grand Steward’s Lodge continuou a demonstrar as suas Preleções em suas Noites Públicas semestrais, até que a último deixou de ser realizada depois de 1867. A Emulation aderiu a esse sistema, sendo as alterações incorporadas à medida que foram introduzidas pela The Grand Steward’s Lodge e, mais importante, tem continuado a trabalhar com regularidade até os dias atuais. Não demorou muito para que o futuro da recém-criada Loja da Melhoria parecesse estar sob séria ameaça. Desde 1818, o Livro de Constituições previu (como ainda o faz) que cada Loja de Instrução deveria ser concebida sob a sanção de uma Loja regular, ou pela licença de autoridade e do Grão-Mestre. Embora a partir de 1823, Emulação seja sancionada pela Loja da Esperança (Lodge of Hope), em março de 1830 parecia provável que, na sequência de uma mensagem enviada pelo Grão-Mestre, o duque de Sussex, a comunicação trimestral da Grande Loja realizada no início do mês, do Regulamento do Livro de Constituições seria apertada para exigir o Mestre ou um Mestre da Loja de sanção, no futuro, para presidir a cada reunião de uma Loja de Instrução. Neste momento a Loja da Esperança era muito pequena, e bastante fraca. Os membros da Emulação, presentes na reunião de 19 de março, decidiram proteger a sua posição através da apresentação de um Memorial

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para o Grão-Mestre, recitando suas circunstâncias especiais, como a Loja Geral de Instrução servindo muitas Lojas e não apenas a Loja sancionadora, e pugnaram ao Grão-Mestre conceder-lhes a sua licença especial para o futuro. O Grão-Mestre, através do Grande Secretário, se recusou a conceder tal licença, e os membros da Emulação, por conseguinte, consideraram prudente recorrer à sanção de uma Loja mais forte. Eles escolheram a Loja dos Sindicatos, aos quais vários membros da Emulação então pertenciam e que se manteve a Loja de Sanção para este dia. A Emulation ao longo dos anos teve o apoio de muitos, não só distintos, mas também muitos dedicados maçons. Entre os distinguidos foram quatro Grandes Secretários, três presidentes da Câmara de Propostas Gerais, cinco Grandes Diretores de Cerimônias e vários Grão Mestres. O primeiro foi o dedicado Ir. Peter Gilkes, que uniu a Emulação em 1825 e rapidamente tornou-se seu líder reconhecido até sua morte em dezembro de 1833; foi ele que deu o seu espírito de Emulação permanente de sempre verificar os erros, e de passar o correto, para que ela não caísse na banalidade e no descrédito. Logo no início do século XX, um sistema de reconhecimento de Lojas de Instrução começou. O Comitê da Emulation Lodge of Improvement aprovou Preceptores para ensinar o ritual em estrita conformidade com o Trabalho de Emulação, e isto conferiu reconhecimento na Loja de Instrução em questão. Um irmão que aspira a trabalhar sobre a Cadeira da Loja Emulação normalmente precisa ter um “penhor” de um Preceptor pré-aprovado para comprovar que ele é capaz de fazer o trabalho com o padrão exigido. Cada ano, em Junho no Festival anual de Preceptores, to-

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dos os cargos são ocupados por irmãos das Lojas de Instrução reconhecidas, que demonstram um dos três graus (em rodízio), seguido da Cerimônia de Instalação. Este é, portanto, com efeito, uma equipe constituída do zero, muitos de cujos membros serão estranhos para os outros, e isso mostra que é possível para os irmãos que foram treinados no Trabalho de Emulação em diferentes partes do país para se unirem e trabalhar com êxito. Emulation Lodge of Improvement se reúne na Freemasons’ Hall, Great Queen Street, Londres, toda sexta-feira de Outubro a Junho inclusive, exceto durante o Natal e na Passagem de Ano Novo e Sexta-feira Santa. As reuniões começam às 18h15min horas, exceto para o festival anual que é realizada na última sexta-feira em fevereiro (17h30min) e o Festival dos Preceptores na última sexta-feira, em junho (16h30min). Os irmãos jantam juntos somente após os dois festivais. Os Irmãos que irão pela primeira vez, se não confirmado em pessoa por um Irmão conhecido, deve estar preparado para ser provado em todos os sinais, toques e as palavras dos três graus. Exceto nos Festivais, onde o traje e paramentos ordinários estão dispensados em sua integralidade (sem luvas), como em uma reunião de Loja normal, o código de vestuário é o “relativamente casual”, com o avental de Mestre Maçom ou de Mestre Instalado, conforme o caso, para além dos membros da comissão, que vestem o avental de suas respectivas graduações, mas sem colares e joias. Na primeira reunião da temporada, quando a presidência é tomada por um membro da comissão (geralmente aquele que está tentando concluir o seu registro para a caixa de fósforos), e a última, que é o Festival dos Preceptores, o programa consiste em um

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dos três graus na primeira parte da noite, e a cerimônia de instalação, no segundo. No festival anual, quatro seções das Preleções são trabalhadas pelos membros do comitê assistida por irmãos que têm mostrado capacidade especial no ritual. Nas reuniões restantes, a primeira parte da noite é ocupada por uma das quatro cerimônias, trabalhadas em rodízio, e a segunda parte de uma seção de uma das Preleções. Por todo o exposto, a Emulation Lodge of Improvement tornou-se a curadora oficial do Ritual de Emulação. Com a autorização da Grande Loja da Inglaterra para imprimir o Ritual de Emulação e a ensinar a sua prática aos Mestres que se disponham a frequentar suas reuniões, às sextas-feiras, de outubro a junho.

2.4. A tradição do Ritual de Emulação Por muitos anos o Comitê se recusou a dar ao Emulação uma impressão para publicar um ritual, como consequência, uma série de livros de rituais destinados a refletir sobre o Trabalho de Emulação começaram a existir. Em última análise, o mais usado deles foi o “Ritual Nigeriano”, que foi publicado pela Lewis (Editora Maçônica Inglesa), um pouco antes da Segunda Guerra Mundial; era notável por conter muito mais palavras explícitas do que qualquer livro de ritual que tinha existido antes e, provavelmente, se a guerra não tivesse concentrado pensamentos e esforços noutros locais, poderiam ter sido feitas tentativas para reprimir isso. No momento de normalidade, regressou, após a Guerra, o “Ritual Nigeriano”, que tinha se revelado imensamente popular entre os irmãos, também havia se tornado tão firme e seguro para supressão de ser uma opção viável. Eventualmente, isto deu a impressão ao Comitê que nada foi conquistado por alguma longa recusa de 58

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autorizar uma versão mais oficial, e em 1969 foi publicado o Ritual de Emulação. Um acordo foi alcançado com a Lewis para a publicação do novo trabalho, sendo uma parte do acordo que o editor iria retirar da venda outros Rituais de Emulação, tais como o “Cerimônias Perfeitas” e o “Ritual Nigeriano”. Ao longo disso, seria uma alegação presunçosa dizer que o Emulação tem preservado todas as palavras do ritual de 1816 inalteradas, ao longo dos anos, no entanto, sucessivos membros do Comitê Preceptor garantiram que, na medida do possível, não houve nenhuma mudança através de descuido. O Comitê tem, de fato, sustentado ao longo dos anos, que não tem autoridade para modificar o ritual que foi resolvido pela Grande Loja, em 1816, e tem, portanto, somente feito alterações no texto da cerimônia, em observância às resoluções da Grande Loja. Todavia, tanto a Grande Loja, quanto o seu Conselho de Fins Gerais têm sido particularmente relutantes em envolverem-se num pronunciamento sobre os pormenores do ritual maçônico, o que levou a que as únicas alterações significativas formalmente autorizadas tenham implicado às sanções. Em 1964, o Grão-Mestre Provincial de Norfolk, Herbert Bishop, sancionou uma resolução na Grande Loja, autorizando a utilização de um preceito (“sempre tendo em mente as penalidades tradicionais sobre a violação de qualquer deles, o de ter a...”) o que tornou claro que as sanções nas Obrigações eram meramente figurativas - a chamada “variações permissivas”, que o Comitê de Emulação demonstrou na segunda sexta-feira de cada mês desde 1965 até 1986. Sem dúvida, muitos Francomaçons mais tradicionais esperavam que as variações permissivas não fossem ganhar escala de variações mais abrangentes e eventualmente suplantar a mais anti-

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ga forma das penalidades. No caso, porém, as Lojas não mostraram qualquer sinal de uma rápida mudança para a nova forma e em 1985 o Conselho de Fins Gerais retornou para a questão. A mais extensa revisão das cerimônias foi empreendida, removendo as sanções das obrigações e transferindo-as para outras partes do ritual. Uma série de demonstrações do ritual revisado foi dada aos Grão-Mestres Provinciais e aos Mestres Instalados das Lojas, em Londres e outros lugares, durante o Outono de 1985 e os primeiros meses de 1986, com o intuito de informar o parecer maçônico. As mudanças foram debatidas na Grande Loja na comunicação trimestral em junho de 1986 e foram aprovadas por uma maioria substancial, embora o lamentar de muitos. Às Lojas foi dado um prazo de carência antes de serem obrigadas a adotar as novas formas, e neste interregno, diversas Corporações (Comitês) de rituais, incluindo Emulação, tiveram a tarefa de revisar os seus rituais para incorporar as mudanças que a Grande Loja tinha feito. O resultado foi uma nova “Edição Revisada”, que atingiu uma grande venda para os irmãos familiarizem-se com a nova redação.

2.5. O Ritual de Emulação no Brasil e a confusão com o Rito de York Muitos Irmãos confundem ou pensam que o Ritual de Emulação é um Rito. E que esse rito é o Rito de York. Acontece que não é. Eis que, na verdade, não se trata de um Rito, mas sim de um Ritual pelo qual é demonstrado e expressado por meio de dramatizações ritualísticas. Na Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE) o vocábulo “Rito” não existe, ou seja, é inominado. Os ingleses não consideram um Rito, eles consideram Rituais (Emulation, Bristol, Stability, 60

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Taylor's, Logic, West End, etc.). Todos os diversos Rituais Ingleses pouco diferem-se uns dos outros, uma palavrinha aqui, outra palavrinha lá. Mas as Salas das Lojas (=Templos, no R.E.A.A.) usadas por todos Rituais são iguais, nisto não há diferença. É plenamente entendível, pois, o que eles praticam é a Maçonaria, na sua mais pura origem, pois, como é cediço, o Ritual de Emulação serviu de base para praticamente todos os demais Ritos existentes no mundo - foi a base principal do Rito Brasileiro. Para se ter uma ideia, a União das duas Grandes Lojas Inglesas deu-se em 1813, mas antes disso, em 1797 já era fundado o Rito de York (Thomas Webb), e antes disso por volta de 1717 já ocorriam reuniões nos Trabalhos de Emulação, ou seja, a forma pura de Maçonaria. Este Ritual era praticado pelas Lojas sob a Égide da Grande Loja de Londres, chamada pejorativamente de “Loja dos Modernos”. No entanto, era a mais antiga que a “Loja dos Antigos”. Entendo que o nome, em 1717 poderia não ser Emulação, mas a forma como era praticado já o era em esboço, por isso duas Grandes Lojas rivais. A dos “modernos”, fundada em 1717 já havia feito modificações à sua conveniência, que não agradou aos “antigos”, os quais somente em 1751 “resgataram” de forma oficial os rituais antigos. Em 1813, não foi criado o Ritual de Emulação – este somente aprovado em 1.816 -, mas sim a Grande Loja Unida da Inglaterra - UGLE, e houve uma mútua concessão na forma de trabalhar, tanto dos “antigos” quanto dos “modernos”. Só por curiosidade, os mais antigos Rituais originais do Rito Escocês Antigo e Aceito (R.E.A.A.), amplamente difundido no Brasil, são de 1804, de origem francesa, e não têm nada a ver com o que se pratica no Brasil e em outras partes do mundo. Assim, erroneamente no Brasil tem-se utilizado o termo

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“Rito de York” para se dirigir ao “Rito Inglês” – não é a forma mais apropriada -, ou aos Trabalhos de Emulação (Emulation Working). Para se entender onde o erro ou equívoco se operou, precisamos voltar um pouco ao passado, precisamente em 1976 quando a “Campos Salles Lodge”, por um Irmão agindo nas melhores das intenções, atualizou o ritual concebido (traduzido) em 1920 pelo Irmão Joseph Thomaz Wilson Sadler (Loja Unity, São Paulo), o qual foi denominado “CERIMÔNIAS EXACTAS DA ARTE MAÇÔNICA”. O referido Irmão, da “Campos Salles Lodge”, assim denominou a sua atualização: “RITO DE YORK”. E logo abaixo fez a inserção de “CERIMÔNIAS EXATAS (EMULAÇÃO) APRENDIZ, COMPANHEIRO E MESTRE”. No Grande Oriente do Brasil, a nomenclatura “Rito de York” começou a ser utilizada através de um tratado com a Grande Loja Unida de Inglaterra UGLE, onde, em 1912, esta nomenclatura foi consolidada, ao admitir, no texto em português do referido tratado, o nome “Grande Capítulo do Rito de York”. Para se ter uma ideia do equívoco cometido no texto em português, no texto em inglês, do referido tratado, usou-se a expressão “Grand Conseil of Craft Masonry in Brazil” (Grande Conselho da Ordem Maçônica no Brasil). Oras, nada a ver uma coisa com a outra, então, não há falar que a Inglaterra autorizou a nomenclatura “Rito de York”, pois no texto em inglês nenhuma referência a isso foi feita. No Brasil, o “Rito de York”, ou seja, o “Rito Americano” era praticado por algumas Lojas fundadas por norte-americanos, que aqui se refugiaram. Dentre elas podemos citar as Lojas Vésper (Rio de Janeiro), Washington (Santa Bárbara do Oeste) e Lessing (Santa Cruz do Sul), as quais mais tarde seriam incorporadas ao

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Grande Oriente do Brasil. Porquanto, “Emulação” (Emulation), pode ser entendido em várias acepções, no entanto, maçonicamente, a mais correta seria no sentido de “IGUALAR” ou “IMITAR”, sem contudo, referenciar “invejar”. Nos primórdios da prática dos Trabalhos de Emulação, nada era escrito − não existiam rituais escritos, os quais, inclusive, eram terminantemente proibidos. As sessões eram tão somente faladas e conduzidas pelos Mestres, onde os Aprendizes e Companheiros eram incentivados a emular (igualar ou imitar) o estilo de seu Mestre, buscando a perfeição. Em vista ao exposto, tem-se em mente a questão de como ficaria a denominação do que hoje chamamos de “Rito de York” em referência ao Ritual Inglês, se um dia, num futuro próximo, mediano ou longínquo, a Potência Federal contemplar como regular o verdadeiro “Rito de York” e oriundo dos Estados Unidos da América? Mudar-se-ia a nomenclatura do novo rito? Seria chamado de “Rito de York 2”? Ou seria mais fácil desde já o ajustamento da nomenclatura do Ritual Inglês hoje praticado no Brasil?

2.5.1. Evolução do Ritual de Emulação no Brasil. Pode-se dizer que, pelo menos oficialmente, o Ritual de Emulação veio para o Brasil em 1.912, com a assinatura do Tratado do G.O.B. – Grande Oriente do Brasil, e a Grande Loja Unida da Inglaterra - UGLE, e que começou efetivamente a ser praticado com a tradução do Irmão Sadler, em 1.920. Logicamente, exclui-se desta assertiva as Lojas Inglesas, ou seja, Lojas subordinadas exclusivamente ao Distrito Inglês no Brasil, e por consequência, diretamente à UGLE, que até podem ter sido fundada antes, mas acredito que no início eram exclusivamente para Ingleses residentes no 63

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Brasil. Ainda são poucas as Lojas que trabalham no Ritual de Emulação, comparando-se com as Lojas que praticam o R.E.A.A., e não sei se posso chamar esta prática de evolução, pois sequer o nome correto é propagado, a maioria das Lojas o chamam de “Rito de York”, quando na verdade este se refere ao Rito Americano, nascido nos E.U.A. Se já começamos errando pelo nome, que dirá o restante? Vejo uma tendência muito prejudicial de se “escocesar” o Ritual de Emulação – numa palestra, um sábio Irmão disse que se não refrearmos a modificação do Ritual de Emulação, um dia veremos a taça sagrada em umas das cerimônias -, pois este é de uma prática muito mais simples e objetiva, e as Lojas que o aderem, sentem falta de toda aquela “mise-en-scène” do R.E.A.A., ou seja, de toda aquela exacerbada conotação religiosa – e aqui não se faz uma crítica negativa. Mas se decidem adotar a prática de outro Ritual, por que modificá-lo? Por que não continuar no mesmo? Não tenho resposta lógica ou plausível para isso. Espero que a prática do Ritual de Emulação no Brasil realmente evolua, com sua observação do modo correto a praticá-lo, pois em contribuição a isso, editou-se este livro.

2.5.2. O Rito de York Apenas para se entender a definição do que é “Rito de York” e a sua origem, de modo a se afastar a confusão entre Ritual de Emulação e Rito de York, que muitos no Brasil insistem em chamar de “a mesma coisa”, é necessário voltarmos um pouco no passado. O Rito York é baseado nos antigos rituais remanescentes da Antiga Maçonaria que era praticada no começo do século 64

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XVIII (“Loja dos Antigos”). Referidos Rituais eram praticados pelos Maçons da “Grande Loja dos Antigos”, fundada no ano de 1751 por Maçons irlandeses, que haviam sido impedidos de entrar na Grande Loja de Londres (Loja dos Modernos - Emulation Working), fundada no ano de 1717. O Ir. Thomas Smith Webb é considerado como se fosse o organizador e fundador do Rito York, ou seja, o “pai” do Rito. Ele nasceu em 30 de outubro de 1771, em Boston. Foi iniciado na Loja do Sol Nascente, em Keene, New Hampshire, aos 19 anos. No ano de 1797, ele pesquisou, catalogou, organizou e codificou todos os rituais antigos e fez um conjunto de 13 (treze) rituais, de forma condensada, em um Monitor e denominou-os de "Rito York", em homenagem a cidade de York, pois em suas pesquisas foi tida como berço da Maçonaria no mundo, ou seja, a cidade onde se tem os registros mais antigos de reuniões maçônicas.

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Capítulo 3: Os Oficiais no Ritual de Emulação

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a maioria das Lojas Inglesas – ou não - que trabalham no Ritual de Emulação, existem 18 Oficiais, sendo 7 Oficiais progressivos e 11 Oficiais não-progressivos - também denominados por alguns como “sucessórios” e “não-sucessórios”. Os Oficiais da Loja são reconhecidos por suas joias suspensas dos seus colares e das posições – assentos - que ocupam em uma Loja. Quando dissemos na maioria, o dizemos porque dependerá do números de membros desta Loja. A prioridade é para se preencher os cargos dos Oficiais Progressivos que será o equivalente à Diretoria Administrativa da Loja durante a gestão do Venerável Mestre – V.M. -. Depois, conforme o crescimento gradual, a Loja vai ocupando os cargos dos Oficiais não-Progressivos. Ao contrário de muitos Ritos, ou da maioria deles, apenas três cargos são eleitos: Venerável Mestre, Tesoureiro e Cobridor. O restante dos cargos são preenchidos por nomeação do próprio V.M., e o seu mandato é de apenas um ano.

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3.1. Os Oficiais progressivos Usualmente, a cada ano um Irmão pode progredir por esses Cargos, numa trajetória que se inicia pelo Mordomo, via Diáconos e Vigilantes, até o mais honrado de todos dentro de uma Loja - o Venerável Mestre. Entretanto, a escolha de cada Cargo (progressivo ou não), com exceção do Tesoureiro e Cobridor, que como dito, também são eleitos, é de responsabilidade e prerrogativa do V.M. para o ano de mandato - normalmente o V.M. é eleito para o mandato de um ano, podendo reeleger-se.

3.1.1. O Mordomo

O cargo de Mordomo (do inglês Steward) é geralmente o primeiro a ser conquistado por um Irmão (e hoje em dia ele é, com frequência, exercido na maioria das Lojas até que o Irmão seja Elevado - M.M.). Assim, é um cargo exercido por novos membros - recém-iniciados e Companheiros - não havendo qualquer impedimento que a interpretação de “novo membro” seja estendida também a um membro recém-filiado, mesmo que ele já seja M.M., mas é interessante que ele exerça o cargo de Mordomo, durante al-

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gum tempo, para auxiliar na sua adaptação à Loja e aos novos Irmãos. Até mesmo porque, um novo membro filiado fatalmente encontrará todos os cargos da Loja previamente preenchidos, sendo que a oportunidade de exercer qualquer outro cargo ser-lhe-á, talvez, dada na próxima gestão do futuro Venerável Mestre, quando um remanejamento natural ocorre dentro da Loja. Não há um limite para a nomeação de Mordomos pelo Venerável Mestre, e esta prerrogativa lhe é conferida pelo Livro das Constituições (UGLE), Artigo nº 129. No entanto, qualquer denominação no sentido de diferenciar ou dar uma conotação hierárquica ao cargo não é permitida, ou seja, não existe Primeiro ou Segundo Mordomo, simplesmente Mordomo. A função primária do Mordomo é servir a bebida no Jantar, contudo, em algumas Lojas ele também serve a comida, e em casos raríssimos ele ainda cozinha a comida a ser servida. Além de servir, o Mordomo também auxilia na orientação correta dos assentos, durante o Jantar Festivo. É também dever do Mordomo auxiliar os visitantes, inclusive na recepção, além de cuidar das necessidades internas dos próprios membros da Loja. O Mordomo que bem desempenha suas funções tem a grande oportunidade de conhecer e conversar com diversos membros da Loja e visitantes e, em troca, permite que os Irmãos da Loja tenham a oportunidade de melhor conhecer os novos membros. O trabalho do Mordomo tem lugar fora da Sala da Loja, onde um conjunto de tradições é executado, embora estas sejam por costume e prática, ao invés de serem ordenadas. É importante que o Irmão nomeado para Mordomo, tenha a consciência de que está exercendo o seu primeiro cargo em Loja, e recebendo o seu primeiro colar de Cargo; deve ter visão de futuro e estar pronto a um

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longo período de aprendizado, numa longa caminhada cujo apenas o primeiro passo foi dado. Ele deve ser auxiliado pelos irmãos mais experientes para melhor aproveitar este período, eis que por pelo menos dois graus dentro da Loja (A.M. e C.M.), será o único cargo a exercer. Alguns autores entendem que os Mordomos podem até auxiliar os demais Oficiais nas suas funções, tais como: assistir na coleta de emolumentos e assinaturas, etc. . Se o Mordomo não esquecer-se de que é um Oficial da Loja, descobrirá que poderá torna-se muito útil, e por consequência, aprender muito. Não há dúvida que o cargo de Mordomo é uma grande oportunidade para os novos membros familiarizarem-se com a Loja, os membros e a noção de dever a cumprir dentro da Loja, tudo isso a fim de preparar o Irmão na sua evolução nos cargos da Loja, até que um dia ele chegue ao mais alto e honrado posto dentro de uma Loja de Emulação: o de Venerável Mestre. A joia apensa ao colar do Mordomo é uma Cornucópia (também conhecida como "Chifre da Abundância". Na mitologia era um vaso em forma de chifre, com frutas e flores, que dele saiam em abundância e expressa um antigo símbolo da fertilidade, riqueza e abundância), envolvida com um Compasso aberto.

3.1.2. O Guarda Interno

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O Guarda Interno tem assento dentro da Loja, bem próximo à entrada. Muitas vezes, é um cargo exercido por um membro bastante inexperiente, e a ele é dada a responsabilidade de assegurar que apenas aqueles com direito a estarem presentes estejam presentes. Isso pode ser uma tarefa bastante difícil, mas com o apoio do Diretor de Cerimônias e Cobridor, que guarda a entrada exterior para a Loja, esta tarefa pode ser mais fácil e interessante. No curso normal este é o primeiro cargo que, realmente, o jovem Maçom detém, e no qual ele tem deveres dentro da prática do ritual, o que não ocorre quando é apenas Mordomo, eis que não há passagem ritualística para ele. Não se trata de um cargo excessivamente exigente, mas fornece uma primeira oportunidade para um irmão impressionar os seus superiores, de uma forma ou de outra. É um dos primeiros passos na progressão para a Cadeira do Mestre – V.M., e a exigência de que o novo membro para o trabalho o faça no piso da Loja, pois irá fornecer-lhe uma maior valorização das cerimônias realizadas na Sala da Loja. O Guarda Interno será encontrado apenas dentro da Sala Loja, junto da porta. Ninguém pode simplesmente ignorar a forma como o Guarda Interno conduz a si próprio, ou seja, da forma pela qual exerce seu cargo, e se ele é competente no exercício das suas funções, a impressão que ele pode dar é fora de qualquer proporção com a quantidade de esforço envolvido na aprendizagem delas. O primeiro ponto, e fundamental, é que cada Guarda Interno deve entender é que ele é o único responsável pela porta da Loja, e deve se resguardar, para que nenhum outro irmão, ainda que superior (ou impaciente), venha a abri-la ou fechá-la. Assim sendo, ele deve estar atento para garantir que quando alguém qui-

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ser deixar a Loja, ele se antecipe ao irmão à porta. Quando o Guarda Interno abre a porta, ele deve sempre mantê-la em uma mão firme, (na verdade, é melhor se ele colocar o pé atrás dela, assim, de modo a tornar difícil para alguém de fora ganhar a entrada, até que ele esteja pronto para recebê-lo); quando ele fecha a porta, ele deve sempre assegurar que ela está bem fechada também. Essas observações se aplicam, com não menos vigor, no início e no final de cada sessão, do que durante o curso dela. Assim, quando todos os irmãos entraram na Sala da Loja, e a sessão está prestes a começar, é dever do Guarda Interno fechar e trancar a porta, do mesmo modo, após a Loja estar definitivamente encerrada, o Guarda interno deve se assegurar de alcançar a porta na hora de destravar e abri-la, para que então o Mestre e os irmãos possam passar. Em segundo lugar, o Guarda Interno deve exercer as suas funções de forma eficiente, mas sem ostentação excessiva. No Ritual de Emulação, o Guarda Interno ocupa o assento do lado esquerdo do Primeiro Vigilante. A posição da qual ele faz todos os relatórios, é imediatamente à frente de sua cadeira (com as costas dos joelhos quase tocando a frente da cadeira), e de pé, em esquadro, com o corpo voltado para o Leste, ele não avança para a borda do tapete (ou do piso/pavimento mosaico). Quando se dirige ao Segundo Vigilante ele não vira o seu corpo, mas depois de ter dado o P. e dado o Sn. (se for o caso), ele só vira a cabeça. Na abertura da Loja, em cada grau, quando se pede para verificar se a Loja está devidamente coberta, o Guarda Interno vai para a porta, mas não a abre, e dá as batidas do grau em que a Loja está aberta, ou seja, no caso de abertura no primeiro grau, as batidas do primeiro grau. Depois que ele deu as próprias batidas, não há nenhuma necessidade para que ele aguarde na porta até que se-

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jam devolvidas pelo Cobridor, pelo contrário, ele retornará instantaneamente ao seu lugar, imediatamente à frente de sua cadeira, o Cobridor baterá de forma que seja claramente audível em Loja. Assim que eles o tenham feito, o Guarda Interno fará o relatório – ou se reportará - ao Segundo Vigilante. Na abertura do primeiro grau, ele não dará o P. ou fará qualquer Sn., e se endereçará ao irmão pelo nome; nos outros graus, ele dá o primeiro P. e dá o Sn. do grau em que a Loja está então aberta e se endereça ao irmão como “Irmão Segundo Vigilante”. Em cada caso, o relatório de abertura é “A Loja está devidamente coberta” (enquanto que no fechamento é “A Loja está completamente coberta”). No fechamento da Loja, o procedimento é o mesmo, em relação às batidas e ao posicionamento do Guarda Interno, sempre seguindo o ritual. O primeiro dever de o recém-nomeado e investido Guarda Interno é admitir o Cobridor para a investidura. Quando o V.M. dá um golpe duplo de malhete para chamar o Cobridor, levanta-se o Guarda Interno, e prossegue imediatamente para a porta. Ele admite o Cobridor, fecha e tranca a porta, volta ao seu lugar e senta-se. Nos Trabalhos Emulação ele não deve sair da loja com o pretexto de garantir que a Loja permaneça coberta. Quando o Cobridor saudar antes de sair da Loja, o Guarda Interno levanta-se, e lidera o caminho até a porta, assim como ele faz quando um candidato se retira para restaurar seu conforto, em qualquer um dos três graus. A Joia suspensa no colar do Guarda Interno são duas espadas, em Saltire - Saint Andrew's Cross (Cruz de Santo André).

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3.1.3. Primeiro e Segundo Diáconos

Os Diáconos acompanham os candidatos durantes as cerimônias dos três Graus da Loja. A joia do colar de ambos os Diáconos são idênticas. Eles carregam uma vara como uma insígnia do seu cargo. O Primeiro Diácono tem assento no lado direito do Mestre da Loja, e do Segundo Diácono tem assento à direita do Primeiro Vigilante, como dito, são os dois Oficiais que conduzem o candidato através da várias cerimônias. Sobre eles recai uma grande responsabilidade pelo sucesso da cerimônia. Eles precisam ter conhecimento e confiança para realizar as perambulações, pois se o candidato vier a encontrar-se na parte errada da Sala da Loja, na hora errada, seria motivo para desvirtuar a cerimônia e comprometer seu êxito. À respeito da cerimônia que esteja em pauta, uma Loja com dois Diáconos eficientes, significa que raramente ela dará errado. Como dito, cada diácono carrega uma vara como sua insígnia do cargo, mas apenas durante o exercício de suas funções no ritual, nas cerimônias de Iniciação, Passagem e Elevação. Quando ele a carrega, ele deve sempre fazê-lo com dignidade. Enquanto ele está em movimento, a extremidade do bastão deve estar alguns centímetros acima do chão, e quando ele está em repouso a sua extremidade inferior deve descansar no piso da Loja. Em ne74

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nhuma circunstância deve Diácono usar sua vara como apoio, e nem ele deve portá-la na outra mão, que não a sua direita - e em uma posição vertical - salvo se o ritual requer especificamente que o faça (Como em algumas partes, de algumas cerimônias). Não existe um único método correto de segurar a vara; alguns Diáconos seguram-na levemente com o punho cerrado, e com o antebraço paralelo ao chão, mas o melhor método para o Diácono é segurá-la suavemente entre o polegar e o dedo indicador, utilizando os dedos restantes da mão direita para firmá-la no ponto onde a mão naturalmente se agarra, e o cotovelo é ligeiramente curvado e a extremidade da vara fica descansando no chão. Se a vara é suportada desta forma, em seguida, dobrando o cotovelo de modo que seu antebraço forme um ângulo de quarenta e cinco graus com a horizontal, o Diácono pode levantar sua vara para a posição ideal para carregá-la enquanto ele estiver em movimento. Cada cerimônia trará em seu bojo, nos respectivos rituais, os deveres dos Diáconos. Em especial, na cerimônia de Instalação, os Diáconos não têm funções a desempenhar. Há, no entanto, um ponto que merece atenção. Quando cada Diácono é investido, ele é empossado de sua vara. Isso ele transfere momentaneamente para a mão esquerda para apertar as mãos do Mestre da Loja, em agradecimento. Feito isso, ele imediatamente transfere-a de volta para sua mão direita, de modo que quando ele é conduzido ao seu lugar pelo Mestre Instalador (ou Diretor de Cerimônias), o último leva-o pelo pulso ou antebraço direito. A vara não deve ser carregada na mão esquerda neste momento. O mais importante desses direitos é a realização das votações. Na Emulation Lodge of Improvement, o Segundo Diácono distribui as fichas ou cédulas, começando com o V.M.I. – Venerável

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Mestre Imediato, e passando num círculo no sentido horário da Loja para que ele termine com o Venerável Mestre. Ele deve entregar uma ficha para cada membro da Loja, e deve em hipótese alguma oferecer o saco ou caixa de votação, somente as cédulas. Ele então retorna ao seu lugar e senta-se. O Primeiro Diácono, entretanto, leva a urna para o lado sul do pedestal do Mestre da Loja (V.M.), onde permanecerá em esquadro, de frente para o norte, enquanto a urna será checada. Ele então recolhe os votos começando com o V.M.I., e terminando com o Mestre da Loja, cujo voto ele recolhe no lado norte de seu pedestal. Ele então passa para o lado sul, onde mais uma vez ficará em esquadro, de frente para o norte, até que o resultado do escrutínio seja declarado. Em seguida, ele deposita a urna em cima da mesa do secretário, retorna ao seu lugar e senta-se. Na Emulation Lodge of Improvement, também faz parte das funções de diáconos a de recolher os óbolos em cada reunião. O Primeiro Diácono começa com o V.M.I. e termina com o Primeiro Vigilante. O Segundo Diácono começa com o Guarda Interno e termina com o Mestre da Loja. Cada Diácono leva sua sacola ou bolsa de caridade direto para a mesa do Secretário, assim que terminarem suas coletas. Deve-se, no entanto observar, que nem toda prática da Emulation Lodge of Improvement se aplica às Lojas regulares, e nesta questão de coleta de óbolos, falar-se-á melhor no item “Coleta para Caridade”, num Capítulo mais adiante. O Segundo Diácono. Este cargo é geralmente de funções secundárias envolvidas nos rituais, para cujo qual um irmão é nomeado durante o seu progresso para a Venerança. É, no entanto, um dos cargos mais im-

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portantes e responsáveis de todos na Maçonaria. É o Segundo Diácono que, na Cerimônia de Iniciação, tem o primeiro contato significativo com o candidato sobre a sua admissão para a Loja, e ele, quase tanto como o Mestre da Loja, pode bem fazer ou estragar a Cerimônia. Até a sua restauração à luz, o candidato é fortemente dependente do Segundo Diácono, e por isso é essencial que este último não só seja completamente familiarizado com os seus deveres, mas também seja plenamente capaz de realizá-las com confiança. Se, como às vezes acontece, o Segundo Diácono está quase tão nervoso quanto o candidato, o perigo espreita em cada volta. O Venerável Mestre deve ser sempre muito criterioso na nomeação do Segundo Diácono, sob pena de comprometer a qualidade das Cerimônias sob a sua gestão. O Primeiro Diácono. Este é o terceiro dos cargos “progressivos” com funções nos rituais. Essas funções, ou deveres, são mais extensas do que as do Segundo Diácono, em que o Primeiro Diácono tem o encargo de instruir e conduzir candidatos em duas cerimônias (Passagem e Elevação), mas elas não são mais importantes ou mais exigentes que a de encargo do Segundo Diácono, ou seja, a Cerimônia de Iniciação. Por ter encargos em duas cerimônias, que são em certos detalhes um pouco mais complexas, o Primeiro Diácono deve estar bem treinado e familiarizado com os respectivos rituais. Se existe um procedimento de dificuldade dentre as três cerimônias, este é o de avanço do Oeste para o Leste no Segundo Grau. Por isso, para a execução dos Ps. na esc. em esp...l, tem de haver muito treino, e deve ser realizado exatamente um semicírculo, a dois metros

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do pedestal do Venerável Mestre. Na Emulation Lodge of Improvement, a Ata das reuniões não é assinada pelo Venerável Mestre. Em uma Loja regular, no entanto, é dever do Primeiro Diácono levar o Livro de Atas ao Mestre para assinatura. Ele não carrega a sua vara no cumprimento deste dever. Em nenhuma circunstância ele deve descansar o Livro de Atas sobre Volume da Lei Sagrada (Bíblia), enquanto o Mestre assina o livro. A joia suspensa nos colares dos Diáconos é uma pomba, com um ramo de oliveira.

3.1.4. Primeiro e Segundo Vigilantes

Apesar de suas posições relativamente elevada entre os Oficiais de uma Loja, os Vigilantes têm deveres ritualísticos significativamente menos onerosos do que os dos Diáconos, e muito menos onerosos do que os do Mestre da Loja. Eles seguirão bem o conselho, se ainda não o tenham feito, para que utilizem o alívio destes dois cargos de luxo, a fim de aprender o trabalho do Mestre da Loja, visto que tradicionalmente são os mais próximos a um dia

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ocupar tão honrada cadeira. O Primeiro Vigilante tem assento de frente para o Mestre da Loja, no Oeste, enquanto o Segundo Vigilante tem assento cerca de 50 graus à esquerda do Mestre, no Sul. Eles têm papéis importantes a desempenhar, ajudando o Venerável Mestre na administração da Loja. Atuando como um Vigilante também lhes proporciona a oportunidade para demonstrar à Loja a sua capacidade e empenho que os tornará candidatos adequados para o avanço, ou seja, para serem Veneráveis Mestres no futuro. Como é cediço, a qualificação para o avanço à Cadeira do Mestre da Loja – V.M. - é que um irmão deve ter atuado um ano inteiro como um Vigilante de uma Loja regular (isto é, a partir de uma reunião de instalação normal até a próxima instalação regular no período correspondente no ano seguinte - Livro das Constituições, art. 105A). Naturalmente, um irmão que já havia atuado no cargo de Mestre da Loja (V.M.) também é qualificado para atuar no cargo novamente, mas não continuamente na mesma Loja por mais de dois anos consecutivos, salvo por autorização, nem deve ser um Irmão, Mestre da Loja – V.M. - de duas ou mais Lojas, ao mesmo tempo, sem autorização (L.C - Livro das Constituições, art. 115). Se a posse de um Vigilante não puder ser feita na reunião em que o Mestre da Loja foi instalado, e, assim, o irmão nomeado não serviu um ano inteiro, ele não pode ser incluído entre os elegíveis para a eleição de Mestre da Loja, exceto por autorização (L.C. - Livro das Constituições, art. 109). Em cada ocasião - exceto uma - que o malhete do Mestre (quer em Loja ou Descanso) os Vigilantes repetirão a batida, ou as batidas. Quando o fizerem, devem esforçar-se a reproduzir o seu ritmo tanto quanto possível, e também para manter a mesma pausa

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entre os respectivos impactos. A única batida dada pelo Mestre, que não se repete é a dupla batida que ele dá para chamar o Cobridor. Os Vigilantes devem ter em mente que, à semelhança do Mestre da Loja, eles sempre entram e saem de seus pedestais no sentido horário. Assim, o Segundo Vigilante entra pelo lado leste e deixa pelo oeste, enquanto que, o Primeiro Vigilante entra pelo sul e sai pelo norte. O Segundo Vigilante. Este é geralmente o quarto dos cargos inferiores, ocupado por um irmão durante seu progresso para a Cadeira do Mestre da Loja. Como já foi observado, os deveres ritualísticos do cargo são relativamente pouco exigentes. É, portanto, neste momento em sua carreira maçônica que um irmão deve começar a aprender a sério o trabalho do Mestre - se ele ainda não o tenha feito - a fim de fazer justiça a esse cargo quando ele vier a ocupar a Cadeira do Mestre. Quando o Segundo Vigilante se endereça ao Mestre da Loja ou ao Guarda Interno, ele deve estar em esquadro, de frente para o norte e virar apenas a cabeça para o irmão, a quem se dirige. No jantar, o Segundo Vigilante tem poucas funções, mas talvez valha à pena observar que na maioria das Lojas, especialmente nos arredores de Londres, é o Segundo Vigilante que propõe o brinde aos visitantes. O Primeiro Vigilante. Este é geralmente o quinto dos cargos inferiores ocupado por um irmão durante seu progresso para a Cadeira do Mestre. O

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Primeiro Vigilante deve assegurar de que ele esteja bem familiarizado com as questões gerais de procedimentos do Ritual de Emulação, que, como no caso do Segundo Vigilante, cobrir a maior parte das suas funções. Embora os deveres do cargo no ritual não sejam, também neste caso, excessivamente pesados, há um ou dois pontos a que o Primeiro Vigilante deve prestar muita atenção, principalmente na abertura e fechamento da Loja. Na abertura da loja em primeiro grau, a resposta do Primeiro Vigilante à primeira pergunta do Mestre, para ele é “de verificar que ninguém, além dos maçons, esteja presente.” Na abertura da loja nos outros dois graus, e no fechamento de todos eles, a resposta é “Para verificar que os irmãos apresentam-se à Ordem como Maçons” (ou “Companheiros” ou “Mestres Maçons”). É importante prestar atenção, para obter as palavras certas neste momento. Da mesma forma, tanto na abertura e fechamento em primeiro grau, o Primeiro Vigilante é perguntado por que ele é colocado no Ocidente, mas sua resposta é ligeiramente diferente em cada caso. É uma marca de um competente Primeiro Vigilante que ele corretamente distinga o um do outro. Na Emulation Lodge of Improvement, a pergunta “O lugar do Mestre?” é dirigida ao Primeiro Vigilante, e é respondida por ele, como é a questão que lhe suceda. Em muitas Lojas, no entanto, estas são dirigidas, e respondidas pelo, V.M.I (No Brasil, erroneamente, P.M.I). Sugerimos que se siga o padrão da Emulation Lodge of Improvement, porque dizer que muitas Lojas fazem diferente, não significa que seja a maioria. Ademais, existe orientação do Emulation Ritual para que seja dirigida ao Primeiro Vigilante.

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A Joia suspensa ao colar do Primeiro Vigilante é o Nível e, no colar o Segundo Vigilante é o Prumo.

3.1.5. O Mestre da Loja (Venerável Mestre)

Antes de ser efetivamente Venerável Mestre, primeiro o Irmão precisa ser eleito, depois Instalado neste, que é o cargo mais alto dentro de uma Loja. A qualificação necessária para ser elegível para a eleição de Mestre da Loja é de que o irmão deverá ter ocupado por um ano inteiro o cargo de Primeiro ou Segundo Vigilante em uma Loja regular. O Mestre é efetivamente o Chefe Executivo da Loja. Praticamente nada acontece em uma Sessão da Loja até que o Mestre inicie os procedimentos, e só então os membros percorrerão suas etapas, enquanto o Mestre não fechá-la! Entre a abertura e o fechamento da loja, dependendo do assunto a ser tratado, o Mestre vai convidar vários Oficiais para realizar tarefas específicas, embora muitas sejam realizadas pelo próprio Mestre da Loja. Em muitas Lojas há o que pode ser descrito como “um sistema de escada” ou “linha sucessória” com cada Oficial progredindo um passo acima na “escada”, na sessão anual de Instalação. Mesmo em Lojas empregando o sistema “escada”, a progressão nem sempre é estritamente observada e, normalmente, não se apli-

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cam a certos Oficiais, como o Secretário da Loja, o Diretor de Cerimônias, o Esmoler e o Administrador de Caridade, como estes são cargos que beneficiam a Loja após um período de continuidade e, portanto, não são considerados progressistas. Embora a nomeação de todos os Oficiais, com exceção dos eleitos, seja como se disse anteriormente, uma prerrogativa do Venerável Mestre, um mestre sábio vai aderir a uma prática sensata a fim de manter a harmonia dentro da sua Loja, onde alguns cargos, em especial, não se convêm incluir no rodízio ou sucessão. Não é obrigatório para os membros avançar através dos cargos, mas em circunstâncias normais, um membro não deverá aceitar o cargo de Vigilante, a menos que ele esteja preparado para avançar para a Cadeira do Mestre da Loja. Não há mais elevado, e, teoricamente, mais importante, cargo em uma Loja do que o Venerável Mestre. Sobre ele recai a responsabilidade de conduzir as cerimônias durante seu ano de mandato, ou para delegar a outros membros, algumas partes, para realizar os trabalhos. Além dessas funções ritualísticas, há muitas outras que lhe incumbem, mas elas estão fora do escopo deste livro – até mesmo por constar em detalhes no ritual. No entanto, o fato de que esses deveres existam torna-se ainda mais desejável que o Mestre da Loja deva ter se familiarizado com o ritual antes de ele chegar à Venerança, como o tempo disponível para a aprendizagem nessa fase final é diminuída pelas pressões concorrentes. Se o Mestre da Loja vier a falecer ou for removido ou se as circunstâncias não lhe permitam exercer a função que lhe cabe por força do seu cargo, o Primeiro Vigilante, ou na sua ausência, o Segundo Vigilante, ou, na ausência de ambos os Vigilantes, o V.M.I., ou na sua ausência, o Ex-V.M. mais antigo da Loja deverá adminis-

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trar a Loja até à próxima instalação do outro Mestre a ser eleito, ou até que o Mestre da Loja possa ser capaz, mais uma vez, de exercer a sua função. Salvo como casos estabelecidos acima, se o Mestre da Loja não puder estar presente, numa eventual sessão regular, o V.M.I., ou se ele também estiver ausente, o Ex-V.M. mais antigo da Loja dentre os presentes, ou se nenhum Ex-V.M. da Loja estiver presente, o Mestre Instalado mais antigo que seja um membro inscrito na Loja tomará a Cadeira e conduzirá os trabalhos da Loja, ou poderá solicitar a qualquer outro Mestre Instalado, que seja inscrito como membro da Loja para que o faça. Se nenhum Mestre Instalado, que seja membro inscrito da Loja, estiver presente, seguir-seá o encargo ao Primeiro Vigilante, ou na sua ausência, o Segundo Vigilante deverá conduzir os trabalhos da Loja, mas, deverá solicitar a um Mestre Instalado – mesmo que não seja membro inscrito da Loja - para ocupar a Cadeira e abrir e fechar a Loja, bem como e conferir graus, se estiver na Ordem do Dia alguma cerimônia (Artigo 119 (b) do L.C.). Se, na ocasião acima exemplificada para qualquer sessão de uma Loja, nenhum Mestre Instalado esteja presente para ocupar a Cadeira do Venerável Mestre, a reunião deve ser suspensa e o fato registrado no Livro de Atas da Loja. Pois a Loja não pode em hipótese alguma ser aberta ou fechada por nenhum outro Oficial, que não seja Mestre Instalado (Artigo 119 (c) do L.C.). A Joia suspensa ao colar do Mestre é o Esquadro; um colar de Mestre, na Inglaterra, em certas ocasiões pode ser adornado com uma joia comemorativa indicando que os membros de sua Loja desempenharam o seu papel na criação de um fundo de caridade, colocado à disposição do Royal College of Surgeons. Nenhuma

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outra joia ou insígnia são permitidas a qualquer colar.

3.2. Os Oficiais não-progressivos Estes cargos normalmente são ocupados por aqueles que são ex-veneráveis da Loja, e tendem a ser ocupados pela mesma pessoa por um número de anos, a fim de se propiciar a continuidade e experiência no cargo. Eles também são indicados pelo Mestre, anualmente, exceto o Tesoureiro e o Cobridor, que como dito, são eleitos juntamente com o Mestre da Loja. O Venerável Mestre Imediato - V.M.I. - é aquele que precedeu o atual Mestre da Loja, no ano anterior. Algumas Lojas indicam formalmente um Mentor para cuidar ou assistir novos membros.

3.2.1. O Venerável Mestre Imediato (V.M.I)

Antes, porém, de dar início à explicação, faz-se necessário explicar a razão da adoção da nomenclatura Venerável Mestre Imediato. Sugerimos esta nomenclatura em português, em contramão da maioria que pronuncia P.M.I. – Past Master Imediato – como uma versão abrasileirada de I.P.M. – Immediate Past Master, que significaria Mestre Passado Imediato, ou Ex-Mestre Imediato. 85

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A utilização de P.M.I., não traz uma nomenclatura de cargo corretamente traduzida, mas o absurdo de formar uma nomenclatura composta de 2/3 em inglês e 1/3 em português, uma forma não aceita gramaticalmente, em nossa Língua cotidiana. Assim, a meu ver, V.M.I., traduz melhor o sentido e finalidade do cargo, ou seja, refere-se àquele que foi Venerável Mestre da Loja na gestão anterior – ano precedente – ao que atualmente preside a Loja. Muitos irmãos assim que instalam os seus sucessores na Cadeira de Venerável, dão um suspiro de alívio e acomodam-se, pretendendo não se juntar aos trabalhos, pelo menos, para relaxar um pouco. Tal atitude não poderia ser mais equivocada. Se o Mestre tem um trabalho difícil na administração e condução da Loja, ou pelo menos, presidindo suas cerimônias, o Venerável Mestre Imediato tem um encargo ainda mais exigente, pois ele tem que cuidar de seu sucessor, para assessorá-lo, orientá-lo e, ainda, se possível, antecipar-se a cada movimento dele errado, no decurso de uma reunião. Embora não seja de fato um cargo (como o posicionado à sua direita) o V.M.I. é usualmente o Mestre da Loja precedente e ele atua como um guia e auxiliar ao Mestre da Loja atual quando este necessita. Ele tem assento imediatamente à esquerda do Venerável Mestre. O Venerável Mestre Imediato, se ele exerce as suas funções conscientemente, tem, na verdade, o trabalho mais difícil na Loja: no desempenho das funções que foram acima citadas, o Venerável Mestre Imediato deve, acima de tudo, discrição em seu exercício. Ele deve saber quando agir para corrigir, e quando deixar o atual Venerável bem, sozinho - sendo este último, de longe, o mais importante. O V.M.I. deve, portanto, ser tão familiarizado com o ritual

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como ele foi durante seu próprio ano como Mestre da Loja, e ele deve ser ainda mais bem atencioso, para que ele possa identificar qualquer erro que - se não antes - ocorra. Para ser capaz de fazer isso, não há substituto para ter o trabalho fora do coração, o V.M.I., que tem o nariz enterrado em seu livro de ritual (um objeto que não é permitido para ser aberto na Emulation Lodge of Improvement) raramente é capaz de agir com a rapidez necessária, simplesmente porque ele é muito imerso na palavra escrita, e pode mesmo estar a ler um parágrafo ou dois à frente quando algo vai mal, e que ele não poderá ajudar porque ele está ocupado demais para ver! Mas não só ele deve ser capaz de reconhecer um erro quando isso acontece, ele também deve exercer um juízo de valor quase instantâneo ao fato, de saber se ele é suficientemente grave para ser corrigido, ou se (que é geralmente o caso) é relativamente trivial e, seja muito melhor deixar de lado. O V.M.I. sofre de uma outra desvantagem: quando ele era Mestre da Loja, e tinha cuidadosamente se preparado para as cerimônias, ele tinha uma boa ideia desses pontos na cerimônia onde era mais provável que ele fosse se desviar, e poderia estar em seu controle, como ele se aproximaria da zona de risco em conformidade. Como V.M.I., a menos que ele e o atual Mestre da Loja assistiam a mesma Loja de Instrução ou ensaiem juntos regularmente, ele vai ter pouca ideia de onde seus serviços são mais susceptíveis de serem convocados. Finalmente, o V.M.I. deve entender que ele é um ponto de apoio e não um preceptor, ou professor e nem mesmo um fiscal. Em uma Loja de Instrução, onde o objetivo é treinar os irmãos para alcançar os mais altos padrões de trabalho, cada erro deve ser corrigido imediatamente. Em uma Loja regular essa abordagem é

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desastrosa - mas é, infelizmente, um fato frequentemente ocorrido. Se o V.M.I insiste em corrigir cada erro pequeno, ou não permite que o Mestre faça uma pausa para lembrar o que vem em seguida, antes de saltos com um aviso, ele quer desmoralizar o Mestre para que ele se torne cada vez mais propenso a cometer erros, ou ele vai estragar o fluxo da cerimônia de candidatos (que, não se deve ser esquecido, é a principal razão de ser de todo o procedimento), muitas vezes, na verdade, ele vai acabar fazendo ambos. Nas aberturas e encerramentos e nas cerimônias em si, o V.M.I tem pouco a dizer, e não muito mais que fazer, para além do seu papel de supervisão já referido, cuja importância não pode ser sobrevalorizada. No decurso da abertura da Loja, na Emulation Lodge of Improvement, ele tem o dever de responder com “Que assim seja!” no final da oração – ou prece; na maioria das Lojas regulares essas palavras são faladas ou cantadas por todos os irmãos. Na Emulation Lodge of Improvement, ao contrário de muitas – mas não a maioria - Lojas regulares, ele não responde à pergunta: “O lugar do Mestre?” Ele, no entanto, abre o V.L.S. – Volume da Lei Sagrada (Bíblia) e ajusta o Esq. e Comp. Na Emulation Lodge of Improvement, isso é feito a partir de sua posição, ou de seu próprio assento, à esquerda do Venerável Mestre, e ele não se move para frente do pedestal para executar esta função, e menos ainda, se curva ou saúda o Venerável Mestre quando ele fez isso. Ambos os últimos são muito comumente vistos nas Lojas regulares – felizmente, não em sua maioria; ambos são desnecessários, porém, dentre os dois, o primeiro é provavelmente preferível, se não houver outro jeito. Umas palavras são necessárias, para o posicionamento do Esq. e Comp.: eles devem ser sempre colocados na página da direita, tal como vista pelo V.M., porque a mão do Candidato será co-

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locada sobre a outra página, nos dois primeiros graus. (Nos Trabalhos de Emulação o V.L.S. é sempre orientado para que o Mestre possa lê-lo – embora não o vá fazê-lo-, com o ângulo do Esq. e as pontas do Comp. direcionados ao fim da página. Mesmo nos trabalhos onde a Bíblia é posicionada de outra maneira, o Esq. e Comp. devem sempre apontar para a parte inferior da página.). No segundo grau, o procedimento é simples, mas vale a pena anotar que é indiferente qual das duas pontas do Comp. estará descoberta. É igualmente irrelevante onde a Bíblia é aberta; nos Trabalhos de Emulação não há passagens significativas, ou que varie de acordo com o grau em que a Loja está aberta. O único requisito é o senso comum, de que um livro deve ser aberto em algum lugar perto do meio para que as páginas sejam divididas aproximadamente iguais em cada lado e o Esq. e o Comp., portanto, não deslizem sobre ele. Na abertura do terceiro grau, o V.M.I. não deve esquecerse de dar um passo após o ajuste do Esq. e Comp., ficando assim de prontidão para “Toda a glória ao Altíssimo”. No encerramento, a mesma coisa. Se a Loja é chamada ao Descanso, é dever do V.M.I., depois de o Mestre haver dado sua batida única, fechar o V.L.S., deixando o Esq. e Comp. na posição entre as páginas fechadas. Na prática, um prudente Venerável Mestre Imediato desliza o Esq. e o Comp. cuidadosamente para baixo da página, de forma que o ângulo do Esq. projeta-se um pouco por entre as folhas fechadas, isto irá tornar mais fácil para ele reabrir o V.L.S., quando a Loja é chamada de volta ao Trabalho. Na Emulation Lodge of Improvement, o membro da Comissão na qualidade de V.M.I. também exerce as funções de Preceptor. É ele, ao invés do Mestre da Loja, quem faz as perguntas nas Prele-

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ções se estiver em condições deste trabalho, e que inspeciona as urnas, antes e após tenha ocorrido a votação - um processo que seria anormal, embora não seja realmente errado, em uma Loja regular. Em muitas Lojas regulares, o V.M.I. fica encarregado da “tomada de vinho” – um procedimento especial - no jantar. A Joia suspensa ao colar do Venerável Mestre Imediato é o Esquadro e o diagrama da 47ª proposição do Livro 1 de Euclides, gravados em uma placa de prata, pendente no seu interior.

3.2.2. O Capelão

Todas as reuniões iniciam e terminam com uma prece, e este é o papel do Capelão da Loja: conduzir os membros nesta parte da reunião. O encargo do Capelão não é surpreendentemente, unicamente devocional. Ele oferece as preces da Loja, mas não precisa ser um homem de batina, ou religioso, especificamente. Ele geralmente é posicionado próximo e ao lado esquerdo do Mestre da Loja e é muitas vezes um Maçom muito experiente. Ele deve ficar feliz ao ser abordado pelos membros menos experientes para o conselho e instrução. O cargo de Capelão, como os outros cargos adicionais autorizados pelo artigo 104 do Livro das Constituições, é um que não está previsto no esquema básico da Emulation Lodge

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of Improvement. Na visão do Irmão Graham Redman (Emulation Working Today), pode-se assim a comentar de uma única vez, sob dois pontos de vista, que muitas vezes são avançadas sobre o capelão e as suas funções. O primeiro é que ninguém, além um clérigo deve ser nomeado para o cargo. Agora, enquanto ele pode ser altamente desejável, que se uma loja tem um clérigo entre os seus membros deve ser aquele que ocupa o cargo de Capelão, isto não se segue se não houver nenhum membro que seja do clérigo, então o cargo deve ser deixado vago. Se não for nomeado Capelão, cabe ao Mestre fazer as preces e só raramente é que ele vai estar em Obrigações Sagradas - de modo que um leigo ainda poderá acabar fazendo o trabalho que poderia ter recaído ao Capelão! O segundo ponto de vista, é que o Capelão nunca deve fazer as preces de memória, mas deve sempre lê-las. A base para o ponto de vista parece ser que, como as orações são dirigidas ao Todo-Poderoso, devem ser prestadas com maior grau de precisão, sem o menor risco de erro. Há de se concordar que as preces, tanto quanto outras partes do ritual merecem ser feitas com a maior precisão possível, mas desde que o Capelão possa ser confiável para obter o sentido correto das preces, e não para produzir um disparate, a precisão total não é essencial: cerimônias maçônicas não são uma forma de magia que irá falhar por completo em seu resultado, se houver os mínimos deslizes na formulação das preces, e essa é a verdade das preces como em outras partes do ritual. Decorre do exposto que o irmão nomeado como Capelão deve ser confiável e competente no ritual. Ele também deve possuir certa dignidade na forma: orações à Divindade têm sonoridade, bem como devem ser, sinceras. O cargo de Capelão frequentemen-

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te é realizado por um membro mais velho de uma Loja que tenha sido anteriormente aproveitado em um cargo mais ativo, como o de Secretário ou de Diretor de Cerimônias. Estes Irmãos, na maioria das vezes, preenchem todos os critérios que acabo de mencionar, mas alguns, infelizmente, já não se encontram aptos a fazer. As funções do capelão são bastante evidentes, ou seja, oferecer as diferentes preces, distribuídas no Trabalho de Emulação, para auxiliar o V.M., que ocorrem durante as cerimônias de abertura e fechamento da loja em vários graus, e dos próprios graus. A única questão de qualquer dificuldade é garantir que a passagem do Mestre para o Capelão nas aberturas e fechamentos seja efetuada sem problemas. O único conselho que posso dar razoavelmente neste livro é que o Mestre e o Capelão devem acordar uma política comum entre eles, de antemão, e não deixar as questões ao acaso. O capelão normalmente terá um dever contínuo a cumprir: nele recairá a obrigação de fazer a prece antes e depois do jantar. A Joia suspensa ao colar o Capelão é o V.L.S. em um triângulo, sobrepondo uma glória (Sunburst).

3.2.3. O Tesoureiro

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A qualificação para ser Tesoureiro é que ele seja um membro da Loja. Ele, como já foi dito, é eleito e não nomeado, e é responsável pela recepção e aplicação bancária de fundos, pagamentos e à produção de um balancete das contas. Ele apresenta também uma prestação de contas anual para auditoria e circulação entre os membros da Loja, e fornece o controle financeiro sobre as receitas e despesas Loja, de forma mensal. Algumas Lojas têm uma mesa e cadeira particular para ele, mas isso depende da disponibilidade e do espaço na Sala da Loja. O Tesoureiro, então, compartilha com o Mestre da Loja e mais o Cobridor a distinção de ser eleito anualmente pelos membros da Loja. Historicamente, ele era um homem de conteúdo e de integridade, que poderia ser indicado para manter os fundos da Loja seguro e entregá-los quando solicitado. A tarefa de manter os registros financeiros da Loja geralmente era atribuída ao Secretário. Mais recentemente, porém, a natureza do cargo mudou, e os Tesoureiros tendem agora a serem eleitos, e não somente por sua habilidade em contabilidade. Na Emulation Lodge of Improvement, o cargo de tesoureiro é exercido por um irmão de distinção no interior da Ordem dentre todos. Os nomes de vários Grandes Diretores de Cerimônias e Grão-Mestres Provinciais são encontrados na lista dos que tenham servido nessa capacidade. O Oficial neste caso específico é semelhante à do Presidente ou Patrono, sendo uma sinecura virtual, mas, paradoxalmente, corresponde, pelo menos, tão próximo ao conceito original tal como o Cargo moderno em uma Loja regular. O Tesoureiro não tem funções de natureza ritualísticas para executar. Seu encargo, no entanto, sem dúvida é um cargo importante, e merece, portanto, este capítulo para si mesmo. A Joia suspensa ao colar do Tesoureiro é uma chave.

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3.2.4. O Secretário

O Secretário é responsável pelos assuntos da sessão. Ele mantém as Atas da Loja e é responsável por toda papelada em geral, incluindo a emissão de convocações e os relatórios anuais para Grande Loja. Ele também é o responsável pela conexão com a Grande Loja Provincial, relações com outras Lojas e de comunicações de e para os membros. O cargo de Secretário é geralmente ocupado por um ExV.M., e se preocupa principalmente com a administração dos assuntos da Loja. No entanto, o Secretário não tem um papel a desempenhar no ritual, exceto durante a cerimônia de instalação e há também uma série de observações que podem ser feitas em relação a certas questões procedimentais. Na cerimônia de Instalação a atenção do Mestre Eleito, se ele não for ainda um Mestre Instalado, é dirigida ao Secretário para a leitura das Instruções Antigas e Regulamentos. Quando o Mestre Eleito volta-se para a mesa do Secretário, o Secretário se levanta e lê essas Instruções, no final da qual ele senta-se. Ele não saúda o Venerável Mestre, antes ou após a leitura. Se ele se acha incapaz de

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abster-se de saudar, ele deveria, pelo menos, lembrar-se - como alguns Secretários não fazem - que a Loja está então aberta no segundo grau, e não no primeiro, para assim saudar de forma correta. Por isso, a fim de se evitar confusão ou erros, é preferível que não se saúde. O texto da décima primeira dessas Instruções foi alterado em 1986, a fim de restaurá-lo quase em sua forma original e, agora, lê-se: "11. Você admite que não esteja no poder de qualquer Homem ou Grupo de Homens para fazer qualquer Alteração ou Inovação na Essência – ou no tronco principal - da Maçonaria sem primeiro obter o consentimento da Grande Loja". Dele se espera que tenha um bom conhecimento da regulamentação da Ordem (Constituição, Princípios, Regimentos, Regulamentos, etc.), pois ele pode ser consultado pelo Mestre da Loja em determinadas questões de procedimento. Existe uma mesa própria do Secretário, mas a sua posição poderá variar de Loja para Loja. O secretário tem frequentes ocasiões para se dirigir ao V.M. no decurso de uma sessão da Loja, e se ele está de pé, por qualquer período de tempo – enquanto se dirigir ao V.M. -, é certamente desejável que ele não mantenha o seu sinal por todo o tempo, mas saúde de forma inteligente, no início e no final de o que ele tem a dizer. Em uma Loja regular, o Livro de Atas é normalmente levado pelo Primeiro Diácono ao Mestre para assinatura neste momento, e o Secretário deve se lembrar que não há necessidade dele girar o Livro antes de entregá-lo para o Diácono. A Joia suspensa ao colar do Secretário é constituída de du-

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as canetas de pena em Saltire (Saltire em heráldica significa uma cruz diagonal, por exemplo, Bandeira Escocesa ou a Cruz de Santo André), amarradas por uma fita.

3.2.5. O Diretor de Cerimônias

O Diretor de Cerimônias é responsável pelo cerimonial da Loja e ao bom funcionamento da sessão. Ele deve garantir que todos os artigos (objetos) necessários para uma sessão sejam expostos corretamente, e irá organizar procissões de entrada e saída da Sala da Loja. Ele também atende a questões de protocolo, como a maneira correta de receber visitas importantes e dar saudações a Grandes Oficiais. Na maioria das Lojas o Diretor de Cerimônias se compromete com grande parte do trabalho na Cerimônia de Instalação realizada na Emulation Lodge of Improvement pelo Mestre Instalador. Porque o Diretor de Cerimônias, ao contrário do Mestre Instalador, carrega uma vara, e é provável que ele ache conveniente, durante a posse dos Oficiais, delegar ao Diretor de Cerimônias Assis-

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tente – ou Assistente - o dever de trazer ao pedestal do Mestre, os colares, malhetes, colunas e varas. Além da Cerimônia de Instalação, o seu trabalho real durante as Cerimônias em si se limita a acompanhar Irmãos que estão a realizar uma parte do trabalho atribuído ao Mestre da Loja e, geralmente, extinguir e restaurar as luzes na Cerimônia de Elevação. Seu papel nas Cerimônias dos três graus é, por outro lado, limitado a dirigir ou supervisionar o trabalho e agindo como um ponto de apoio – servindo para lembrar partes do ritual, tendo em vista que o mesmo deve ser decorado para aqueles que possam precisar (além do Venerável Mestre - que é de responsabilidade exclusiva do V.M.I.). Ele necessitará posicionar-se em um lugar de destaque na Loja, para que possa observar de perto se todos os procedimentos e trabalhos dos rituais estão sendo realizados corretamente, e possa rapidamente intervir para ajudar em caso de necessidade. Ele também é responsável pela maneira como a pós-sessão é realizada na Sala de Jantar, garantindo o cumprimento dos protocolos, mas permitindo que os irmãos se divirtam dentro dos limites da decência. A outra área de responsabilidade do Diretor de Cerimônias dentro da Sala Loja é a gestão do cerimonial, como distinta das cerimônias (ou seja, não ritualísticas). Este engloba a condução de visitantes ilustres na Loja, antes ou depois de ter sido aberta, liderar as saudações aos irmãos ilustres e - principalmente - a organização das procissões para dentro e fora da loja antes de ser aberta e após ter sido fechada, respectivamente. A forma de organização de procissões, como pode variar consideravelmente de Loja para Loja, mas uma das maneiras mais comuns será apresentada neste livro em um capítulo especial.

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Não deve ser esquecido que o Diretor de Cerimônias tem muitas responsabilidades em relação aos preparativos para as sessões de sua Loja. Mesmo que ele não seja o Preceptor da Loja de Instrução (se houver – trata-se de uma Loja de Estudos, comum na Inglaterra. Normalmente as preleções são ministradas nestas Lojas de Instrução, e não em sessões regulares) sancionado pela Loja, ele normalmente terá a missão de realizar ensaios antes das sessões e assessorar o Mestre da Loja nos costumes e práticas dentro da Loja; bem como sobre os Irmãos para quem o Mestre deve delegar as partes do trabalho que ele não deseja realizar (o V.M. não precisa conduzir a Cerimônia sozinho, partes do ritual, de sua responsabilidade, podem ser delegadas a outros Mestres); ou a quem ele deve convidar para atuar no lugar de um Oficial ausente. A Joia suspensa ao colar do Diretor de Cerimônias são duas varas em Saltire – Cruz de Santo André -, amarradas por uma fita.

3.2.6. O Esmoler

O Esmoler é o Oficial da Assistência Social da Loja – internamente e externamente -. Ele mantém contato com as viúvas

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de membros falecidos e com aqueles que estão doentes ou passando por qualquer outro impedimento para o comparecimento em Loja. Ele também é treinado para ajudar aqueles que estão em necessidades financeiras. Ele tem, portanto, um conhecimento da variedade de recursos que existem para o momento de necessidade, e por isso é tido como o responsável pelo bem-estar da Loja. Cada Esmoler tem o seu próprio método de trabalho, mas normalmente um Esmoler organiza visitas aos hospitais, organiza ajuda prática para os membros quando eles ou suas famílias estão em dificuldades, ou simplesmente visita membros que se encontram impossibilitados de frequentar as sessões. O Esmoler proporciona a um determinado Irmão uma importante ligação com várias fontes de Assistência. Com a ajuda do Esmoler, os irmãos podem receber assistência em tempos de pobreza ou de sofrimento e este recurso é previsto de total confiança – ou seja, confidência. Como o Administrador da Caridade, o Esmoler não tem um lugar reservado, ou fixo e pré-estipulado, na Sala da Loja. As funções do Esmoler, como visto, são inteiramente de caráter não-cerimonial. Pode-se, no entanto, notar que, enquanto até 1975 o Esmoler era classificado imediatamente antes do Organista (e de 1975-1991 após o Administrador da Caridade), desde essa data, ele foi classificado antes do Administrador da Caridade e os Diáconos, em reconhecimento da importância das suas funções de cuidar do bem-estar dos irmãos e seus dependentes, que poderiam necessitar de sua ajuda. Ademais, desde 1991, embora ele seja um Oficial adicional, a sua nomeação tem sido obrigatória. À primeira vista isso pode parecer uma contradição em termos, pois, antes dessa data era da

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essência de um Oficial adicional que sua nomeação fosse opcional. Na prática, porém, é um dispositivo bastante claro que permite que o titular de outro cargo venha a ser nomeado também como Esmoler, o que é um benefício significativo em uma Loja que tem poucos membros - ou poucos membros ativos. A Joia suspensa ao colar do Esmoler é uma Bolsa de Mensageiro, com um coração.

3.2.7. O Administrador da Caridade

As funções do Administrador da Caridade, assim com as do Esmoler, são também inteiramente de caráter não-cerimonial. Pode-se, no entanto, notar que o seu Cargo é de criação muito recente, datando apenas de 1975, momento em que ele classificou-se após os Diáconos e antes do Esmoler. Desde 1991, é classificado após o Esmoler e antes dos Diáconos. Como o Esmoler ele é um Oficial adicional, cuja nomeação é obrigatória, permitindo assim uma solução bastante tipicamente Inglesa para o problema potencial de provimento de cargos em uma Loja com poucos membros.

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O papel do Administrador da Caridade é organizar as coletas de caridade na Loja e sugerir a ela instituições filantrópicas (maçônicas ou não-maçônicas) para que os membros possam decidir se desejam ou não contribuir. Ou seja, ele traz algumas opções de entidades para que os membros da Loja decidam qual delas receberá os fundos arrecadados em Loja. Então, o responsável pela entrega da doação é o Administrador da Caridade, o qual também prestará as devidas contas para a Loja. Ele não tem um lugar especial reservado para ele na Sala da Loja. A Joia suspensa ao colar Administrador da Caridade é uma Trolha.

3.2.8. O Diretor de Cerimônias Assistente

O Diretor de Cerimônias Assistente é exatamente isso – um auxiliar - e, dependendo do Diretor de Cerimônias, poderá verse envolvido no trabalho de chão – no piso - ou simplesmente ocupar um Cargo relativamente inativo. O D.C.A. normalmente irá sentar-se junto ao D.C. O cargo de Diretor de Cerimônias Assistente em muitos

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casos é uma transição - quer num terreno de treinamento para o Irmão que é destinado para o cargo de Diretor de Cerimônias, dali em um ano ou dois, ou da vaga de um mentor para o irmão que acabou de desocupar o Ofício, e então para permanecer nele, no sentido de executar uma função bastante semelhante ao do V.M.I. para seu sucessor. Este sistema “ampulheta" de inverter os titulares dos dois cargos é muito recomendável, bem como ele ajuda a garantir uma transição suave no cargo de Diretor de Cerimônias. O Diretor de Cerimônias Assistente, em suma, faz o que o nome de seu cargo implica: ele assiste o Diretor de Cerimônias. Em especial, durante a posse dos Oficiais na Cerimônia de Instalação, é conveniente que se comprometa com o manejo dos colares, malhetes, colunas e varas, deixando o Diretor de Cerimônias livre para condução dos Oficiais e do Mestre da Loja. Ele não deve, contudo, esquecer que ele poderá a qualquer momento ser chamado a substituir o Diretor de Cerimônias na sua ausência. A Joia suspensa ao colar do Diretor Cerimônias Assistente são duas varas em Saltire encimado por uma barra com a palavra “Assistente”.

3.2.9. O Secretário Assistente

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O papel do Secretário Assistente, como o Diretor de Cerimônias Assistente, varia consideravelmente de Loja para Loja. Ocasionalmente, a ele pode ser dado tarefas interessantes, mas mais frequentemente do que não, especialmente se o Secretário tem o serviço há muitos anos, seu assistente é subutilizado. Com um volume crescente de tráfego de correio eletrônico, permitindo uma comunicação mais rápida e mais eficaz, deve-se reconhecer que alguns Secretários de Loja mais idosos podem não ser capazes de se comunicar dessa maneira. Isto em si não representa um problema, eis que é possível manter a grande experiência de tais Secretários, trazida para o cargo, recomendando ao Secretário Assistente que atue como uma “caixa de correio” para o Secretário. O trabalho do Secretário Assistente, em qualquer Loja, é aliviar o Secretário de parte do encargo de seu ofício muito exigente e, no caso de sua ausência, para ficar no lugar dele. Em uma Loja regular, será objeto de um acordo entre o Secretário e o “subsecretário” como as funções serão divididas. O cargo de Secretário Assistente, como o de Direção de Cerimônias Assistente, é muitas vezes um transitório. Assim, é recomendável que seja utilizado pelo irmão que será o próximo Secretário, a fim de se obter um treinamento para o cargo. A Joia suspensa ao colar do Secretário Assistente são duas canetas de pena em Saltire, encimadas por uma barra com a palavra “Assistente”.

3.2.10. O Cobridor

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O nome Cobridor vem do inglês Tyler ou tiler, ou seja, derivado de tile (telha). Trata-se de uma designação inglesa para o Telhador ou, propriamente dito, o Cobridor da Loja, aquele que se encarrega de eliminar as goteiras, com um bom telhamento. Embora no Ritual o termo Guarda Externo seja usado uma única vez, o correto é Cobridor. Assim, de um modo geral, sua função básica é garantir que a Loja esteja protegida contra profanos e estranhos – “Cowans”. A qualificação para ser eleito para o cargo de Cobridor é a de ser um Mestre Maçom. Como foi referido anteriormente, o Cobridor assiste o Guarda Interno no sentido de garantir as pessoas autorizadas a estarem presentes estejam presentes e, adicionalmente, vigia depois que os Irmãos primeiramente tenham entrado na Loja. Em algumas Lojas, o cargo de Cobridor está na escada da evolução, ou na linha sucessória. No entanto, existe uma corrente de pensamento que acredita que o Cobridor deve ser um cargo ocupado após ser V.M.I., como um maçom experiente, é mais apto para orientar e ajudar o Guarda Interno e garantir que os visitantes

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são devidamente qualificados. O Cobridor é posicionado apenas fora da porta da Sala da Loja e muitas vezes pode se comunicar com o Guarda Interno por meio de um postigo - janelinha, portinhola, etc. - instalado na porta. O Cobridor está em último lugar entre os Oficiais de uma Loja. Ele é o único dos Oficiais que não precisa ser um membro da inscrito na Loja, conforme artigo 104 (b), do Livro das Constituições: “104 (b). Um irmão que não seja um membro subscrito na Loja não pode exercer quaisquer funções nela, exceto o de Cobridor.” E geralmente ele não é, mas é eleito anualmente e recebe uma taxa por seus serviços. Este é a situação na Emulation Lodge of Improvement. Uma questão interessante – na verdade uma exceção à regra - é que pelo artigo 113 do Livro das Constituições, no entanto, uma Loja pode resolver que um membro inscrito da Loja será Cobridor sem emolumentos. Nesse caso, ele será apontado pelo Mestre da Loja, junto com os demais (com exceção do Tesoureiro, que deve sempre ser eleito). Vejamos: 113. O Cobridor será eleito pelos membros no dia da eleição regular do Mestre. A Loja, no entanto, poderá resolver que um membro da subscrição da Loja seja Cobridor sem compensação financeira, caso em que será nomeado com os demais Oficiais pelo Mestre. Nos casos em que o Cobridor é eleito pelos membros, ele pode, a qualquer momento, ser afastado por ser considerado insuficiente pela maioria dos membros presentes em reunião ordinária da Loja. Todo Cobridor deve ser um Mestre Maçom e registrado como tal nos livros da Grande Loja.

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Recai sobre o Cobridor, em especial, a preparação da Sala da Loja antes da sessão. Se um Cobridor “profissional” é eleito anualmente pela Loja, ele pode vir a estar completamente familiarizado com estas questões, e as únicas orientações que ele pode requerer será em relação à realização das suas funções cerimoniais, em conformidade com os requisitos específicos dos Trabalhos Emulação. O método de preparação dos Candidatos para os vários graus é devidamente detalhado no ritual impresso, como são os as batidas a serem empregadas. Isto é, no entanto, o que vale a pena insistir neste momento: nunca nos Trabalhos Emulação o Cobridor dá um golpe só para anunciar que há um irmão do lado de fora, que requer ingresso. No caso de um irmão que chega atrasado, ou volta para a Loja, as batidas do grau em que a Lojas está então aberta é que são dadas. No caso de um Candidato para passar ou elevar, os golpes são os de mais alto grau o que o candidato já tenha recebido. E, no caso de um candidato à Iniciação, três batidas distintas são dadas, em intervalos um pouco mais longos do que os de primeiro grau, de modo que é evidente para quem está dentro da loja que não é apenas uma chegada tardia de um membro. No começo da Cerimônia de Iniciação, o Candidato deve repetir as palavras “Com a ajuda de Deus, sendo livre e de boa reputação”, após o Cobridor, em resposta à segunda questão, o Guarda Interno e o Cobridor devem garantir que ele assim o faça, infelizmente, isso raramente acontece em uma Loja regular. Quando o candidato está pronto para regressar à Loja depois de restaurar o seu conforto pessoal em cada um dos três graus, o relatório correto pelo Cobridor é “o candidato no seu retorno” e o nome do candidato não deve ser utilizado.

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É uma grande ajuda em uma Loja regular se o Cobridor perde alguns momentos antes de ele dar o relatório, para garantir que o candidato é proficiente no (s) passo (s) e sinal (is) que ele terá de dar, quando ele voltar a entrar na Loja. Ou seja, perder um pouco mais de tempo e treinar o candidato nestes quesitos. Na conclusão do jantar, o Cobridor, se houver, será normalmente o encarregado de propor o “brinde do Cobridor”. Nas duas ocasiões no ano em que a Emulation Lodge of Improvement janta depois de uma reunião, este brinde é dado pelo Cobridor. A forma correta do brinde são as palavras da Instrução na conclusão da Terceira Seção, da primeira preleção, a saber: “ A Todos os pobres e angustiados maçons, onde dispersos sobre a face da terra e da água, desejando-lhes um alívio rápido de todos seus sofrimentos, e um retorno seguro para o seu país natal, se eles quiserem.” A Joia suspensa ao colar do Cobridor é uma espada.

3.2.11. O Organista

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Um Maçom recentemente iniciado rapidamente virá compreender que um bom Organista realmente faz uma enorme diferença para a atmosfera de uma sessão da Loja. Sua capacidade de interpretar o os procedimentos a partir do teclado acrescenta enormemente para o drama e tensão da Cerimônia. Em muitas Lojas, embora nem todos cantem, é uma parte importante da noite, que os membros desfrutem extremamente. Por não podermos cantar todos em sintonia, o organista é frequentemente chamado para resgatar o momento! A música é uma das sete artes liberais e das ciências – o que se verá em um grau específico. Não há dúvida de que um músico hábil e sensível pode melhorar enormemente as Cerimônias de uma Loja. Há muito mais para a arte de ser um bom Organista da Loja que possam aparecer. Certo nível de competência mínimo (embora não demasiado exigente) do órgão ou piano é essencial, e se uma Loja não consegue encontrar um irmão que atenda a esse nível, é melhor deixar o cargo vago. Quase mais importante, porém, é a capacidade de adequar a música de fundo discreto para as exigências das perambulações e outras partes das Cerimônias onde ninguém está falando. A maioria das Lojas não dispõe de um membro com as habilidades necessárias para tocar um órgão, então recorrem a organistas Maçônicos profissionais, o que pode se tornar caro, dependendo da ocasião. Contudo, com o advento da tecnologia digital, a maioria das Lojas executa as músicas apropriadas em aparelhos eletrônicos, com CDs elaborados especialmente para as sessões do Ritual de Emulação. A Joia suspensa ao colar do Organista é uma lira.

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3.3. O sistema de escrutínio/votação Numa Loja de Emulação, o sistema de votação ou escrutínio é semelhante aos demais ritos ou sistemas de trabalho maçônico. Quer dizer que a votação dos assuntos da Loja, dependendo na natureza deste, poderá ser feito por cédula de votação – eleições ou através de bolas pretas ou bolas brancas – aprovação ou rejeição de candidatos -, e ainda, a variação de bolas brancas e cubos negros, para evitar que o eleitor se confunda com as cores, sendo ambas as esferas; assim, com formas diferentes, não há como confundir-se. Qualquer assunto da loja que dependa da maioria dos irmãos para se decidir, passa pelo sistema de escrutínio ou votação. Normalmente quando o assunto se trata de aprovação de candidatos ou novos membros, o sistema é o de bolas brancas ou pretas, ou bolas brancas e quadrados pretos.

Bolas utilizadas em votações

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Bolas e cubos utilizadas em votações

A cor preta sempre significando negativa ou oposição à proposta, e a cor branca a positividade ou aprovação dela. Diferenciação pela forma, ao invés de cor, ajuda muito na votação. Sempre que deva acontecer que os votos sejam iguais a qualquer outra questão a ser decidida por maioria, seja por voto ou de outra forma, o Mestre, sob a presidência ou o parecer do Vigilante, a Loja deve realizar uma segunda votação ou distribuir novamente os votos. De praxe, três bolas pretas indicam número suficiente para que a proposta não seja aceita. Contudo, nos estatutos da Loja, este número pode ser modificado, para baixo, sendo duas ou uma no caso de candidatos a Iniciação ou Filiação/Regularização. Ou, em caso de propostas diversas, constarem de maioria simples de bolas brancas, ou dois terços, etc. Tudo dependerá da organização da Loja. É necessário enfatizar que as eleições que devem ser por escrutínio – votos em cédulas - devem ser realizadas estritamente 110

OS OFICIAIS NO RITUAL DE EMULAÇÃO

de acordo com o procedimento constitucional. É inconstitucional anunciar, em conexão com uma votação de um Oficial da Loja, que as cédulas em branco serão consideradas como um voto para qualquer pessoa em particular, pois isso tende a invalidar o segredo do voto. Todas as cédulas que estão em branco, ou por qualquer outro motivo incertas ou rasuradas, devem ser excluídas da contagem. No caso da eleição de um Mestre, não há oposição para uma declaração que seja feita pelo Primeiro Vigilante (ou qualquer outro membro qualificado) de que está disposto a servir, se for eleito, e da mesma condição se aplica à eleição do Tesoureiro. Mas a Loja também deve ser lembrada que cada membro é livre para votar em qualquer outro membro qualificado, se ele assim o desejar.

3.3.1. A Caixa ou Bolsa de Votação/Escrutínio A urna de votação – ou eleitoral - poderá ser em formato de Caixa – mais comum na Inglaterra – ou em formato de Bolsa. A Bolsa não é tão comum no Emulação quando se fala em votação. No entanto, tem-se notícia que algumas Lojas a utilizam, ao invés da Caixa, até mesmo porque, às vezes a Caixa precisa ser confeccionada por um hábil marceneiro, e isso tem um custo, enquanto que bolsa já existe nas Lojas para as coletas de óbolos. Mas isto é um assunto que a própria Loja decidirá como irá proceder. O importante é que a Loja tenha consciência de que as votações e escrutínios são de grande importância para a Loja, e tratase de um ato a ser realizado com bastante eficiência e seriedade. Vejamos então alguns exemplos de caixa de votação.

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Fig. 1

A Caixa acima (Fig. 1) é um modelo dos mais simples de ser confeccionado, pois utiliza como meios de votação cubos negros para NÃO e bolas brancas para o SIM. Desta forma não há como confundir-se, nem mesmo errar na contagem. Normalmente usada para aprovação ou não de candidatos, ou de propostas simples que dependam apenas de SIM ou NÃO.

Fig. 2

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OS OFICIAIS NO RITUAL DE EMULAÇÃO

A Fig. 2 também é um modelo simples de Caixa, no quesito votação, pois sua forma já é um pouco mais fina e detalhada. Porém, contém apenas uma gaveta, utilizando-se de bolas brancas para SIM e cubos/bolas negros para NÃO. Também utilizada para aprovação de candidatos.

Fig. 3

A Fig. 3 já é um modelo diferente que pode gerar um pouco de confusão entre os votantes, pois com duas gavetas, sendo a da esquerda para SIM e a da direita para NÃO, costuma utilizar-se apenas de bolas brancas. É muito fácil de o votante equivocar-se e ao depositar seu voto, fazê-lo na gaveta errada. Por isso, é um modelo que não costuma ser muito utilizado.

Fig. 4

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A Caixa de votação da Fig. 4 é um modelo bem interessante, pois é bem pequena e portátil, sendo facilmente transportada em Loja sem que os irmãos deixem seus assentos para que a votação seja realizada. Utiliza-se um pano para se garantir o sigilo da votação. Nada impede que ela fique fixa num ponto da Loja, atrás de uma cortina ou um tapume. São usadas somente bolas de uma única cor, pois se notarmos, os buracos de depósito das bolas na figura são diferentes, um claro e um escuro, sendo respectivamente SIM e NÃO.

Fig. 5

Na Fig.5, finalmente, um exemplo de uma Caixa de votação para cédulas. Nestas normalmente são feitas as votações do Mestre da Loja, Tesoureiro e Cobridor. Na verdade, podemos bem chamar de eleição, através da votação.

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OS OFICIAIS NO RITUAL DE EMULAÇÃO

3.3.2. Votação de candidatos Salvo em caso de urgência (conforme previsto no artigo 160 do L.C, ou conforme definido pela Potência do País da Loja praticante do Emulação), um candidato para a Iniciação pode apenas ser proposto e apoiado – no Ritual de Emulação, em diversas situações é necessário que um irmão faça a proposta e um outro a apoie, ou a secunde - em uma reunião regular, e ele deve ser votado na próxima reunião regular. Se a votação não puder ser feita, então, a proposta será anulada. Os dados exigidos do candidato, bem como de seu proponente e apoiador, serão fornecidos ao Secretário da Loja, previamente à reunião da Loja em que a proposta será feita. O proponente e apoiador de um candidato ou devem ser inscritos como membros da Loja, ou ser qualificado a este respeito, ou seja, ser um membro honorário da Loja (conforme artigo 167 do L.C.), o candidato deve ser conhecido pessoalmente por eles, e devem ser capazes de afirmar que ele é um homem de boa reputação e habilitado para se tornar um membro da Loja. Quando um candidato não é iniciado no dia da sua votação, a data desta votação será indicada na convocação para a reunião na qual a Iniciação será realizada. Se o candidato não for iniciado no prazo de um ano após sua votação, a votação será anulada. Cada irmão Iniciado deve receber uma cópia do Livro das Constituições (No Brasil, a Constituição da Potência a que a Loja está federada), e sua aceitação será considerada uma declaração implícita de sua submissão ao seu conteúdo. Todos os candidatos antes de sua iniciação devem assinar, num comprometimento total, uma declaração de importação como o modelo a seguir: “Ao Mestre, Vigilantes, Oficiais e membros da Loja............... No.: ...... 115

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Eu, ....................., por ser um homem livre, e da faixa etária de ........ anos, declaro que, não incitado por solicitação indevida de amigos, e não influenciado por mercenários ou outro motivo torpe, venho de forma livre e voluntariamente oferecer-me como um candidato para os mistérios da Maçonaria; que fui motivado por um parecer favorável concedido pela instituição, e um desejo de conhecimento, e que eu vou satisfatoriamente cumprir a todos os usos e os costumes antigos estabelecido na Ordem. Testemunha minha mão, neste ......................... de ........ Testemunha ..................................................................” Um candidato que, conscientemente, faz uma declaração falsa ou deixa de informar fatos de relevância na forma impressa do pedido, caso ele venha posteriormente a torna-se um membro da Ordem será passível de expulsão ou de alguma pena maçônica menor. O Proponente ou apoiador de um candidato, ou o Secretário da Loja, que, conscientemente, aceita tal declaração falsa, sabendo que os dados não correspondem à realidade ficarão sujeitos à mesma pena. Então, a responsabilidade por um novo membro, ou por sua idoneidade, melhor dizendo, recai sobre o Secretário, o proponente e o apoiador (secundador). No caso de um candidato para sua iniciação, a sua declaração deve conter: A) Nome completo, B) Idade; C) Profissão ou ocupação (se houver), D) Local ou locais de residência, E) Endereço comercial, ou endereços, F) Os nomes de seu proponente e apoiador – ou secundador. G) A data da sua proposta em Loja aberta.

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OS OFICIAIS NO RITUAL DE EMULAÇÃO

Nenhuma pessoa deve ser feito Maçom, ou um novo membro ser admitido, em uma Loja, se, na votação, três bolas pretas aparecem contra ele, mas os estatutos de uma Loja podem decretar que apenas duas bolas pretas ou uma única bola preta já sejam suficientes para excluir um candidato, e os estatutos também podem decretar um prazo razoável, o qual deve decorrer, a qualquer candidato rejeitado, antes que ele possa novamente ser proposto nessa Loja. Muitas vezes, os motivos das bolas pretas não são assim tão graves a ponto de uma exclusão ou impedimento permanente. Assim, neste interregno, o candidato pode suplantar seus impedimentos e ser novamente proposto.

3.3.3. Votação de novos membros (filiação/regularização) Um Irmão que deseja tornar-se membro ou retornar ao quadro de membros de uma Loja deve ser proposto e apoiado – ou secundado – apenas em uma reunião (sessão) regular. Ele deve ser votado por escrutínio secreto, na reunião ordinária seguinte. Se a votação não pode ser feita nesta próxima reunião, a proposta será considerada nula. Se for votado de forma favorável, ele deverá fazer adesão ao quadro da Loja no prazo de um ano, e se ele não o fizer, a votação será anulada. Os dados exigidos do candidato a tornar-se membro de uma Loja – seja filiando-se ou regularizando-se, ou porque retorna ao quadro de obreiros -, bem como de seu proponente e apoiador, devem ser apresentados ao Secretário da Loja, previamente à reunião da Loja em que a proposição será feita. O proponente e apoiador de um candidato devem ser classificados da mesma maneira e cumprir os mesmos requisitos que são mencionados nos artigos 117

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159 e 167 do L.C., e como foi mencionado no item reservado ao escrutínio de candidatos à iniciação. Desta forma, os procedimentos são bastante parecidos em termos de votação. Antes de a votação ser realizada, o candidato deverá apresentar ao Secretário da Loja, seu Certificado da Grande Loja e, em conformidade com o artigo 175 do L.C., um certificado de idoneidade de cada uma das Lojas, das quais ele é – ou foi - um membro para mostrar que todas suas obrigações estão em dia – equivalente ao Quit Placet no Brasil -, indicando as circunstâncias em que ele deixou a Loja, e se nesse momento todas as dívidas foram pagas, ou estão sendo pagas, se for o caso. Se alguma das Lojas tenha deixado de existir, e o candidato não está na posse do certificado necessário, deverá ser substituído por um certificado do Grande Secretário, informando todos os fatos relevantes na medida em que são conhecidos. Se algum Irmão que tenha sido excluído de uma Loja ou que tenha renunciado sem ter cumprido com os seus estatutos ou do regulamento geral da Ordem visa ingresso em outra Loja, as circunstâncias de tal exclusão ou renúncia devem ser indicadas para a Loja antes da tomada de votação, da melhor forma possível, para que os irmãos possam exercer o seu poder discricionário quanto à sua admissão. Se uma Loja, mesmo ciente da existência de eventuais pendências, aceita um irmão como um membro do quadro, será responsável por qualquer dívida que ele tenha contraído para a com a(s) Loja(s) da(s) qual(is) foi excluído ou tenha renunciado. Assim como na Iniciação, se um candidato a filiação ou regularização em uma determinada Loja que, conscientemente, faz uma declaração falsa ou deixa de informar fatos de relevância na forma impressa do pedido, caso ele venha posteriormente a torna-

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OS OFICIAIS NO RITUAL DE EMULAÇÃO

se um membro da Ordem será passível de expulsão ou de alguma pena maçônica menor. O Proponente ou apoiador de um candidato, ou o Secretário da Loja, que, conscientemente, aceita tal declaração falsa, sabendo que os dados não correspondem à realidade ficarão sujeitos à mesma pena. Então, a responsabilidade por um novo membro, ou por sua idoneidade, melhor dizendo, recai sobre o Secretário, o proponente e o apoiador. No caso de um candidato para ingressar ou reingressar ao quadro de membros de uma determinada Loja, as mesmas exigências que as da Iniciação (com exceção de idade) são feitas para constar de sua declaração, juntamente com o nome e o número da Loja ou Lojas de que ele é ou tenha sido membro, deve ser especificado na convocação para a reunião em que o escrutínio será realizado, e uma cópia da convocação deve ser enviada a cada membro da Loja com pelo menos dez dias de antecedência da data de tal sessão.

3.3.4. Escrutínio para eleição do Mestre da Loja A eleição do Mestre da Loja, ou seja, o Venerável Mestre – assim que for instalado – seja mediante escrutínio, ou seja, através de cédulas, pois apesar de haver uma linha sucessória, esta não é obrigatória, sendo requisitado para ser eleito o Mestre da Loja, primeiramente um Mestre, e em segundo lugar que já tenha ocupado cargo de Vigilante – Primeiro ou Segundo - durante um ano. Desta forma, dependendo da idade da Loja, a cada eleição para Mestre da Loja, muitos irmãos estarão habilitados para ocupar o posto ou, melhor dizendo, para concorrer a tão sublime posto. Toda Loja anualmente, no dia definido em seu regimento interno – ou no calendário da federação, no caso do Brasil - para o 119

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efeito, proceder-se-á à eleição de um Mestre, por escrutínio, dentre os seus membros que têm, ou previamente à instalação do Mestre devam ter, servido por um ano (o que quer dizer, de uma sessão de instalação regular até a próxima instalação regular no período correspondente no ano seguinte) no cargo de Mestre da Loja, ou de Primeiro e Segundo Vigilante, em uma Loja regular jurisdicionada sob a Grande Loja, ou que devam ter sido declarados elegíveis por dispensa nos termos do artigo 109 do L.C. – Livro das Constituições. A eleição será declarada em favor do membro, portanto, qualificado, que receber o maior número de votos dos membros presentes e votantes. Se houver apenas uma indicação – ou candidatura - e se nenhum outro membro, devidamente qualificado, tenha comunicado ao Secretário que pretendia ser considerado elegível ou, melhor dizendo, que queria ter concorrido nas eleições, enfim, se nenhum membro presente solicita sua candidatura, então é permitido ao Mestre declarar a eleição em favor do único membro candidato, desde que as eleições não tenha qualquer impedimento, por exemplo, sem que tenha havido a devida comunicação da convocação da sessão em que a eleição iria ocorrer, e tempo hábil a todos para se apresentarem como candidatos. Nenhum Mestre Eleito deve assumir a Cadeira do Mestre da Loja, até que ele tenha sido regularmente instalado. Na próxima sessão regular à eleição, o Mestre Eleito será devidamente instalado de acordo com os costumes antigos da Ordem, em Cerimônia chamada de Instalação, desde que nenhum requerimento ou moção para que o Mestre Eleito não seja instalado tenha sido apresentado e analisado na forma nele prevista. Uma moção nesse sentido deve ser admitida pela Grande Loja por noti-

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OS OFICIAIS NO RITUAL DE EMULAÇÃO

ficação escrita, assinada pelo proponente e secundador, e uma declaração separada, da mesma forma assinada, por razões que se fundamentam para a moção, onde esta deve ter sido dada ao Secretário da Loja pelo menos quatorze dias antes da sessão de Instalação. Nesse caso, as cópias da moção proposta e da declaração em separado devem ser enviadas imediatamente para o Mestre Eleito pelo Secretário, e uma cópia da moção proposta, mas não uma cópia da declaração em separado, deve ser impressa na convocação da reunião. Caso a moção, em uma votação a ser feita, receba o apoio de três quartos dos membros presentes, a eleição será anulada e os membros de imediato procederão a nova eleição de outro irmão qualificado para o Cargo de Mestre da Loja. A instalação do Mestre então eleito será sujeita à condição anterior, realizar-se dentro de cinco semanas a contar da data da eleição ou na próxima sessão regular da Loja, caso sejam realizadas nesse período, ou em uma reunião de emergência, especialmente convocada para o efeito. O Mestre Eleito deverá sujeitar-se à condição anterior, e então, será devidamente Instalado, e ele e os Vigilantes por ele nomeados ou indicados serão, até próxima reunião sessão regular de instalação, considerados titulares dos cargos de Mestre e Vigilantes, respectivamente, para um ano, em conformidade com as disposições do Artigo 9 (do L.C.) como aqui descrito. Se faltando menos de sete dias antes do dia marcado para a sessão regular da Loja, para a instalação do Mestre Eleito, este vier a morrer ou tornar-se inabilitado ou incapacitado, ou enviar para o Mestre da Loja um aviso por escrito da sua intenção de não aceitar o cargo de Mestre, em seguida, o Mestre que cessaria seu mandato deverá continuar como Mestre da Loja até o final do período para o qual o Mestre foi Eleito, e deve em sessão próxima investir os

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Vigilantes e Oficiais escolhidos pelo Mestre Eleito (se houver), ou, se não houver qualquer Oficial assim selecionado, que sejam indicados pelo próprio, juntamente com o Tesoureiro e o Cobridor. Todo Mestre Eleito, antes de ser colocado na Cadeira de Venerável, deve-se solenemente prometer preservar os Landmarks da Ordem, observar os usos e costumes antigos estabelecidos, e estritamente reforçá-los dentro de sua própria Loja. Exceto nos casos de morte, impedimento ou desistência do Mestre Eleito, conforme acima descrito, nenhum Mestre da Loja poderá ocupar este cargo por mais de dois anos consecutivos (eleição e reeleição), salvo com permissão expressa da Grande Loja, em caso de extrema necessidade, e muito singulares. No entanto, ficando afastado por um período de um ano após o término do mandato, poderá novamente concorrer nas próximas eleições.

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Capítulo 4: A Sala da Loja no Ritual de Emulação

4.1. Loja ou Alojamento?

M

ais uma vez se faz necessário viajarmos na história da maçonaria, sobretudo a inglesa, para melhor entendermos um termo específico desta Ordem. O termo é Loja, o mais comum utilizado no Brasil, por tradição, mas ao estudar o Ritual de Emulação, cuja maioria da literatura consultada estava na língua inglesa, adveio uma grande surpresa quando ao traduzir a palavra “Lodge” encontrei a primeira tradução literal como “Alojamento”. Neste momento percebi que precisaria ir mais a fundo na interpretação deste termo. Maçom significa pedreiro, e a Maçonaria Especulativa, que hoje praticamos, advém justamente daí, dos Pedreiros Medievais, da chamada Maçonaria Operativa. Não há como entender a Maçonaria de hoje – a especulativa ou dos livres e aceitos – sem voltar ao passado e estudar a de ontem – a operativa. Já foi demonstrado ser extremamente necessário para se entender alguns termos espe-

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cíficos, como assim fizemos ao estudarmos o termo “Cowan” e sua ligação com a Maçonaria Regular. Os Maçons da Idade Média tinham por costume a construção de Cabanas – ou Alojamentos – onde quer que fossem realizar seus trabalhos, e estas eram bem próximas dos locais onde o trabalho seria realizado, onde, na maioria das vezes servia até de moradia para eles. Tais cabanas eram chamadas pelos ingleses de “lodges”, um termo muito próximo do anglo-saxão “logian”, que significa morar. Portanto, num primeiro entendimento, podemos concluir que loja seria o lugar destinado à moradia ou alojamento dos pedreiros medievais. Complementando, loja, para os antigos Maçons Operativos importava em pequenas construções – temporárias destinadas à sua habitação, bem próximas, ou até mesmo contíguas, ao grande edifício que estavam por construir. Existe outra corrente de pensamento que afirma que a palavra Loja deriva do francês “loge”, que deriva do alemão “laube”. Mas a corrente mais forte, no tocante à literatura inglesa, é a que Loja realmente deriva de um termo anglo-normando “loge”, coincidentemente. Esta corrente ganha força e crédito quando revela que a palavra “Lodge” teria sido introduzida na Inglaterra, em seu vocabulário, na época da sua invasão pelos normandos da França – por volta de 1066. Por mais uma coincidência a reforçar esta tese, todos os primeiros reis da dinastia normanda, eram grandes construtores. Para se ter uma ideia de quão grandes eram, durante os primeiros anos da conquista, segundo pesquisadores, construíram algo em torno de 5.000 edifícios, entre igrejas, catedrais, mosteiros e abadias. Estas Lojas, na Maçonaria Operativa, eram utilizadas pelos

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A SALA DA LOJA NO RITUAL DE EMULAÇÃO

Maçons para fazerem suas refeições e para poderem repousar – sem que fossem utilizadas à noite, para dormir, pois os Maçons moravam em tavernas à época, em suas próprias casas, ou até mesmo em construções construídas específicas para este fim. Além de ser um local para refeição e repouso, aos poucos às Lojas tornaram-se um local para as discussões à respeito dos problemas que interessavam à profissão. Com o passar do tempo, as Lojas Operativas foram se tornando verdadeiras organizações, ou corporações organizadas. Passando a evolução, já descrita em outro capítulo, Loja na Maçonaria Especulativa, sob o ponto de vista inglês, é o local onde os Maçons se reúnem. Embora, particularmente, entenda que e termo “Alojamento” seja o mais adequado em vistas da tradução literal em face da sua origem histórica, não vejo problema algum continuar com o termo naturalmente introduzido e arraigado no Brasil, que com certeza o foi por alguém, tão somente pela similaridade fonética dos termos, eis que muito distante de qualquer tentativa de tradução.

4.2. A Sala da Loja A sala em que as sessões e cerimônias são realizadas no Ritual de Emulação é chamada de Sala da Loja. Eventualmente, poderemos encontrar alguns dos Irmãos referindo-se a ela como “O Templo”, mas isto é um termo equivocado quando se fala em Ritual de Emulação e Maçonaria Inglesa, e é pela Inglaterra - ou seja, pela Grande Loja - ativamente desencorajado. Eis que o uso da palavra “Templo” é regado de conotações religiosas, e a maçonaria inglesa não se aproxima ou se confunde com religião.

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A SALA DA LOJA NO RITUAL DE EMULAÇÃO

Pode haver pequenas variações de Loja para Loja, mas os assentos do Venerável Mestre, dos Vigilantes e dos Diáconos, são invariáveis. Os pontos cardeais são fictícios, apenas como orientações geográficas e/ou de direção na Loja. Vejamos os significados das siglas no layout apresentado: Inglês WM IPM GO SW JW CH TRE SEC DC ALM ChS AsS SD JD ADC IG OR ST TY E W N S

Português V.M. V.M.I. G.O. 1º Vig. 2º Vig. Cap. Tes. Sec. D.C. Esm. A.C. Sec. A. 1º D. 2º D. D.C.A. G.I. Org. Mord. Cob. L O N S

Cargo e/ou posição em Loja Venerável Mestre Venerável Mestre Imediato Grandes Oficiais (ou Autoridades) Primeiro Vigilante Segundo Vigilante Capelão Tesoureiro Secretário Diretor de Cerimônias Esmoler Administrador da Caridade Secretário Assistente Primeiro Diácono Segundo Diácono Diretor de Cerimônias Assistente Guarda Interno Organista Mordomo Cobridor Leste Oeste Norte Sul

Outros termos traduzidos:

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-Banner: Estandarte da Loja. -Entrance: Entrada -Tracing Boards: Tábuas de Delinear (ou de Traçar). -Lodge members and guests: Membros da Loja e convidados

4.3. Oriente e Ocidente vs. Leste e Oeste Conforme preleciona o Ir. Nicola Aslan, em sua Obra “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbolismo”, Oriente é um local dentro da Loja, destinado ao assento do V.M. e de algumas autoridades. Nota-se, que este vocábulo “Oriente”, ao menos no REAA - Rito Escocês Antigo e Aceito, traz a ideia de um local físico dentro da Loja, ao contrário dos Trabalhos Emulação onde, dentro da Loja, não há diferenciação física dos assentos, nem mesmo local físico diferenciado, mas tão somente sentidos de direções (N., S., L., O.). No REAA, o Oriente é destinado, além do V.M., ao Grão Mestre, cuja cadeira deve ficar vazia na ausência deste. No restante dos assentos do Oriente ficam os Oficiais que ocupam cargo e têm assento as autoridades maçônicas do Simbolismo, tais como Veneráveis e Ex-veneráveis, Deputados, Juízes, Secretários, Delegados, Conselheiros, etc. O Ir. Albert C. Mackey, em sua obra referencial para os estudiosos da maçonaria, “Encyclopedia of Freemasonry”, no verbete “Orient” diz: “O Leste. O lugar onde uma Loja está situada às vezes é chamado de Oriente. Mas mais propriamente seria Leste. A sede de uma Grande Loja tem sido também, por vezes, chamada de Grande Oriente; porém, aqui, seria melhor Grande Leste. O termo Grande Oriente tem sido usado para designar alguns Órgãos Supremos no Continente da Europa, e também na América do Sul; como o Grande Oriente da França, o Grande Oriente de Portugal, o Grande 128

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Oriente do Brasil, o Grande Oriente de Nova Granada, etc. O título sempre foi referência para o Leste como o lugar de honra na Maçonaria (veja Leste, Grande).” Nos Trabalhos Emulação não há separação na Loja deste lugar físico, mas sim uma orientação “geográfica”, por assim dizer, ou seja, um sentido de direção. Se considerarmos outro fator que fundamenta a não existência de Oriente nos Trabalhos Emulação, em tese, é que no Oriente existem regras próprias de circulação, lado para subir, lado para descer, quantidade de degraus, etc., o que não existe no Ritual de Emulação, aliás, acredito que se existisse este conceito de Oriente e Ocidente, o próprio Ritual traria em seu bojo os dizeres “Orient” e “Occident”, ao invés de “East” (Leste) e “West” (Oeste). Quem quiser conferir, basta folhear um Ritual Inglês (Emulation Ritual) editado e publicado pela Emulation Lodge of Improvement for Master Masons.

4.4. O Posicionamento da Letra “G” Não existe um posicionamento que possamos chamar de correto, mas sim o mais recomendável. Um primeiro ponto a se comentar é quanto ao ponto de vista da letra “G”, esta deve ficar num ponto na Loja onde a mesma seja legível do Oeste. O seu posicionamento, propriamente dito, varia muito de Loja para Loja, existindo até Lojas que nem mesmo a possuem. Contudo, considerando algumas referências consultadas, estas dizem ser de costume antigo que a letra “G” fique posicionada no centro da Loja, mas que isso não seja considerado regra, pois al129

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gumas Lojas a preferem sobre a Cadeira do V.M.

4.5. O Posicionamento da Tábua de Delinear Esta é mais uma questão controvertida, e mais uma vez não podemos falar em “correto” e sim o mais recomendável segundo usos e costumes antigos, e até mesmo uma questão de tradição da maioria das Lojas. No próprio Ritual Inglês (ed.2007, pág. 24) há uma menção, corroborada por outras obras, de que a maioria das Lojas Inglesas, mormente as que trabalham no Ritual de Emulação, posiciona a T.D. no pedestal do 2.º V., sendo esta uma tarefa do 2º D. Mas, há também outros costumes: a) No centro da Loja; b) Próximo ao 2ºD., apoiada numa espécie de cavalete; c) Nos pedestais do 2º V, 1º V. e V.M., respectivamente as T.D. dos 1º, 2º e 3º graus; d) Suspensas na parede e cobertas por cortina, sendo descobertas no momento oportuno. Nota: Se a Tábua de Delinear está sendo explanada como parte do Ritual – ou seja, em uma cerimônia de qualquer grau -, então, o usual, e mais recomendado, é colocá-la no centro da Loja, para uma melhor visualização de todos os Irmãos, mormente o candidato. A seguir as Tábuas de Delinear consideradas oficiais do Ritual de Emulação, tendo em vista que foram adotadas pela Emulation Lodge of Improvement em 1845, depois de uma concorrência pública entre ilustradores, na qual saiu vencedor o ilustrador/pintor John Harris. Este portanto, pintou à mão as três Tábuas de Delinear adotas até hoje pelo Ritual de Emulação. 130

A SALA DA LOJA NO RITUAL DE EMULAÇÃO

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Tábua de Delinear do 1º Grau

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Tábua de Delinear do 2º Grau

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Tábua de Delinear do 3º Grau

4.6. Os Castiçais Existem três castiçais de velas, naturais ou elétricas, em cada um dos pedestais (V.M., 1º e 2º Vigs.), os quais geram muitas dúvidas e controvérsias a respeito do momento ideal em que devam ser acesas ou apagadas, e por quem, ou melhor, por qual Oficial. Em primeiro lugar isto não faz parte da Ritualística, por isso o Ritual Inglês não faz qualquer menção a isso. Ao contrário de outros “ritos” – na verdade sistemas de trabalho maçônico -, o Ritual de Emulação não considera estas velas com qualquer caráter ritualístico, esotérico ou místico, são apenas símbolos, por isso normalmente são artificiais (elétricas). Assim, não há um momento correto, dentro do Ritual. Não foi encontrada qualquer referência a respeito na literatura inglesa que embasou este livro, mormente o Emulation Ritual Book. Porém, com o intuito de sanar esta dúvida, foi feito contato com irmãos da Inglaterra, através de e-mail, e assim foi possível obter uma resposta clara sobre este assunto. O mais comum nas Lojas Inglesas é que sejam acesas pouco antes do início da reunião, juntamente com a iluminação da Loja. Isto normalmente fica a cargo do G.I. ou COB. Desta forma, cada Loja decide como fazer, em muitas Lojas, cada um (V.M., 1º e 2º Vigs.) acende a sua, depois da abertura da Loja (depois de todas as batidas). Portanto, esta é uma questão que cada Loja deve decidir quanto ao procedimento a se adotar.

4.7. “Esquadrar” a Loja 134

A SALA DA LOJA NO RITUAL DE EMULAÇÃO

Em Loja, no Ritual de Emulação, salvo em cerimônias, quando o próprio Ritual prevê, a regra é não “esquadrar” os cantos do piso Loja, ou seja, “vá pra onde tem que ir pelo caminho mais curto”, a circulação assim é livre. Não esqueçamos que o Ritual de Emulação tange pela simplicidade e objetividade. Mesmo em cerimônias, não há o “enquadramento” (percorrer obrigatoriamente os quatro cantos durante a perambulação) do piso, mas tão somente os cantos, que na verdade são “esquadrados”, ou seja, um movimento de 90º em cada um deles.

4.8. O Simbolismo em resumo Durante o decorrer das cerimônias, os candidatos irão, sem dúvida, notar que uma grande quantidade de simbolismo é empregada tanto em palavras, como em especial nos artefatos colocados e utilizados por toda a extensão da sala Loja. O resumo a seguir pode ajudá-lo a identificar alguns deles.

4.8.1. As Três Grandes Luzes( “do mobiliário da Loja”): *O Volume da Lei Sagrada – A PALAVRA, ou seja, a Escritura Sagrada relevante para a persuasão do candidato, sobre a qual ele faz seu juramento, por exemplo: A Bíblia, o Alcorão, o Sikh adequado ou as escrituras Hindus, etc. *O Esquadro - denota O GRANDE ARQUITETO e simboliza a moralidade. *O Compasso - designa O UNIVERSO e é o símbolo da justiça imparcial, definindo os limites do bem e do mal.

4.8.2. As Três Luzes Menores

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As três velas no leste, sul e oeste denotando o sol no seu ascendente, meridiano e poente para iluminar os homens em seus trabalhos e que simbolizam: *O Mestre para governar sua Loja *O Sol para governar o dia *A Lua para governar a noite

4.8.3. Os Três Grandes Pilares (ou Colunas) São ditas como a sustentação principal de uma Loja de Francomaçons, e são representadas por três colunetas: *A do Mestre – Jônica, denotando Sabedoria e representando Salomão, Rei de Israel. *A do Primeiro Vigilante – Dórica, detonando Força e representando Hiram, Rei de Tiro. *A do Segundo Vigilante – Coríntia, denotando Beleza e representando Hiram Abif.

4.8.4. Pavimento quadriculado em Preto e Branco (No Brasil mais conhecido como “Pavimento Mosaico”) Representa a luz e a escuridão ou as alegrias e tristezas da nossa diversificada existência sobre a terra e é uma réplica do piso do Templo do Rei Salomão.

4.8.5. As Colunas dos Vigilantes Representam os dois pilares – ou colunas – do pórtico ou entrada do Templo do Rei Salomão. A Coluna do Primeiro Vigilante (um Globo Celeste) quando está de pé significa que estão em trabalho, quando é a do Segundo Vigilante (um Globo Terrestre)

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A SALA DA LOJA NO RITUAL DE EMULAÇÃO

que está de pé, significa que estão em descanso. As duas colunas em conjunto significam a universalidade da Maçonaria.

4.8.6. As Três Joias Móveis *Esquadro – G.A.D.U. e moralidade. *Nível – Igualdade *Prumo – Justiça e retidão na vida e nas ações.

4.8.7. As Três Joias Imóveis *Tábua de Delinear – Para o Mestre traçar suas linhas e projetos sobre ela. *Pedra Bruta – Para o Aprendiz trabalhar, traçando-a e desbastando-a. *Pedra Polida – Para o Companheiro trabalhar, experimentando-a e ajustando-a.

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Capítulo 5: O traje, as joias e insígnias maçônicas

5.1. O traje em Loja

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xiste uma ética maçônica no vestuário, que na verdade é mais um “Padrão” de vestuário (Dress code). O Padrão de vestuário maçônico é composto de terno escuro (preferencialmente preto ou cinza carvão), camisa branca, gravata preta ou gravata da Grande/Provincial Loja – azul escuro, com esquadros e compassos -, sapatos pretos, meias pretas, e são usadas luvas brancas. Seu avental deve ser limpo e vistoso. Verifique se sempre você tem suas insígnias com você ao assinar o Livro de Presença na chegada. Procure nunca entrar na Loja, a menos que esteja devidamente vestido com o traje completo, exceto quando você está sendo submetido a uma cerimônia de passagem ou elevação, ou em um ensaio. No Brasil, em alguns ritos de algumas potências, existe a permissão de uso de uma vestimenta chamada balandrau. No Ritual de Emulação isso não existe. O padrão de vestuário é o citado acima.

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5.1.1. “The morning Dress” É uma variação do Padrão de Vestuário Maçônico, sobre o qual a Grande Loja Unida da Inglaterra não se manifesta e que muitas Lojas da Inglaterra o adotam, prevalecendo assim o costume/tradição de cada uma, que nos dias atuais contempla uma nova tendência no vestir maçônico.

O traje maçônico “Morning Dress” ou em sua variante “Morning Suit” é composto de um paletó preto e uma calça cinza escura listrada, o restante (camisa, gravata, sapatos e meias) é igual ao traje maçônico tradicional. Pela figura acima, estes trajes são vendidos na Inglaterra em estabelecimentos comerciais de trajes maçônicos, ou pela internet.

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O TRAJE, AS JOIAS E AS INSÍGNIAS MAÇÔNICAS

5.2. As insígnias (paramentos) maçônicas O comum em muitos ritos é que os aventais, joias e colares que complementam o traje maçônico em Loja sejam chamados de paramentos, mas no Ritual de Emulação isto não é assim. Paramento vem do latim paramentum, em seu plural paramentos significa as vestes que são usadas por sacerdotes, com as quais celebram as cerimônias de algum culto. Ou seja, são as vestes que adornam membros do clero em funções sagradas. Ora, em outro capítulo já foi discutida a questão da maçonaria e religião, a maçonaria inglesa não se confunde com religião, e não pratica cerimônias religiosas. Portanto, tais adornos maçônicos são mais bem representados pela expressão insígnia. O termo insígnia advém da tradução da palavra inglesa “Regalia”, a qual foi encontrada nas pesquisas realizadas justamente sobre os aventais, joias, colares e traje maçônico em literatura maçônica inglesa. Ao fazer a tradução, em nenhum dicionário encontrei o correspondente “paramentos” e ao ver a definição de paramentos, conclui que para maçonaria inglesa, mormente Ritual de Emulação, trata-se de um termo incorreto. Dicionário Michaelis Inglês-Português: re.ga.li.a - n pl 1 regalias ou prerrogativas reais. 2 insígnias da dignidade real. 3 emblemas ou decorações de qualquer sociedade ou ordem. Dicionário Michaelis Português: pa.ra.men.to - s. m. Adorno, enfeite, ornato. S. m. pl. Os ornamentos usados pelo clero nas funções sagradas. Assim, na Maçonaria – mormente a inglesa - são pelas insígnias que se identifica o posto ou cargo que o maçom ocupa dentro da loja, e também o seu grau. Os aventais, as joias, os colares etc., são todos insígnias e cada grau ou posto possui a sua corres141

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pondente.

5.2.1. Os Aventais O avental é o adorno essencial a qualquer maçom em Loja. De forma alguma lhe será permitido participar de uma sessão em Loja sem o seu avental. Um adorno derivado da pele de carneiro usado por Maçons antigos – operativos -, tanto para a proteção e quanto para aquecer as pernas, era usado amarrando-se a pele em volta do corpo, embora agora reduzido a uma dimensão simbólica e não mais cobrindo as pernas; ainda se é feito, em grande maioria – mormente na Inglaterra -, a partir da pele de um carneiro. O maçom usa o avental para simbolizar as vestimentas dos antigos Maçons, que usavam aventais de couro para se proteger, enquanto realizavam seu trabalho. Este é apenas um dos muitos legados dos Maçons Operativos, que continua através dos maçons de hoje. Não só nas vestimentas somos influenciados pelos Maçons Operativos, mas praticamente todo o simbolismo da Maçonaria Especulativa advém da Operativa. Em Loja base temos os aventais do Aprendiz, Companheiro, Mestre, Venerável Mestre, Venerável Mestre Imediato e dos Ex-Veneráveis Mestres da Loja.

Avental do Aprendiz

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O TRAJE, AS JOIAS E AS INSÍGNIAS MAÇÔNICAS

Quanto ao avental do aprendiz, cabem algumas observações específicas. Ele é branco, simbolizando a pureza, e antigamente, como dito, era confeccionado com pele de cordeiro. Hoje em dia são encontrados em diversos materiais, e sua utilização varia de acordo com o Rito praticado. O uso do avental na maçonaria especulativa, como também já mencionado, é herança da maçonaria operativa, quando o avental era um adorno de proteção, utilizado – não somente, mas principalmente - pelo aprendiz operativo no desempenhar de sua função: desbastar a pedra bruta, a ser utilizada na edificação de Templos. Hoje, o aprendiz, simbolicamente desbasta a pedra bruta vencendo suas paixões, seus vícios, seus defeitos e impurezas da vida profana, eis que agora como Maçom, ira instruir-se e aperfeiçoar-se como um homem cada vez melhor para a vida social. O uso do avental também faz alusão ao trabalho, para lembrar ao maçom especulativo que o trabalho dignifica o homem, o faz progredir e evolui a sociedade de uma forma geral. O verdadeiro maçom não pode esquecer que sua função na sociedade é de Construtor Social. Nos Trabalhos de Emulação, ao contrário do que se tem dito por aí, a respeito da Abeta ou Aba do avental, do último Aprendiz iniciado na Loja, manter-se para cima, o que encontrei em minhas pesquisas e consultas a outros Irmãos da Inglaterra, é que este costume não existe. Não há qualquer diferenciação do último para o primeiro Aprendiz, e a tradição manda que a Abeta ou Aba seja dobrada para baixo. Com absoluta certeza, se a abeta ou aba fosse de outro jeito, que não para baixo, certamente o próprio ritual traria informações a respeito, mormente no momento de investidura da insígnia, na cerimônia de iniciação. Mas pelo contrário, ao se comprar um verdadeiro avental de aprendiz do Ritual de

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Emulação, nota-se que a abeta vem inclusive costurada, para não se levantar, como nos demais aventais. Na Maçonaria Operativa, a Abeta ou Aba era para cima, e havia um botão que a prendia no peito, ou um laço que passava em volta do pescoço, e isto não era por acaso, eis que no desbaste da pedra bruta, o avental servia precipuamente de proteção. Na Maçonaria Especulativa, salvo outros ritos, com algumas reservas, os aventais sempre são com suas abas ou abetas dobradas para baixo.

Avental do Companheiro

Exatamente igual ao do Aprendiz, o avental do Companheiro diferencia-se por duas rosetas azul claro, distribuídas nos cantos inferiores, esquerdo e direito do avental.

Avental do Mestre

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O TRAJE, AS JOIAS E AS INSÍGNIAS MAÇÔNICAS

Como os anteriores, o avental do Mestre Maçom é branco – se possível em pele de carneiro – com bordas azul claro, correntes com pequenas bolas prateadas, e uma terceira roseta azul claro na abeta.

Avental do Venerável Mestre, do Venerável Mestre Imediato e dos Ex-Veneráveis Mestres

Similar no formato do avental do Mestre Maçom, com as rosetas sendo substituídas por linhas perpendiculares em linhas horizontais, por vezes referidas como “níveis”. Contudo, o nome mais correto para eles é “Taus”.

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Ainda, aos Veneráveis Mestres em atual mandato na Loja, é-lhes permitido adornar seus aventais com a insígnia de seu cargo em prata ou branco (rodeada por um círculo duplo em que pode ser inserido o nome e o número da Loja a que pertence), no centro do avental. Já ouvi irmãos dizendo que este poderia – ou deveria - ser o avental do V.M.I. (Immediate Past Master), mas não o é, e nem assim pode ser considerado, por isso fiz questão de colocar em destaque ao lado do avental um modelo de círculo bordado, para se constatar que a insígnia no centro é a joia do V.M. e não do V.M.I. Portanto, só ao V.M. é permitido este diferencial, que é muito interessante quando o mesmo visitar outra Loja. Para concluir, as regulamentações a respeito dos aventais e demais adornos são todos de alçada da Grande Loja Unida da Inglaterra. Então, se assim ela regulamentou, a nós, meros praticantes, cabe apenas seguir as normas, da melhor forma possível.

5.2.2. As Luvas

Nos Trabalhos de Emulação elas são tidas como item da 146

O TRAJE, AS JOIAS E AS INSÍGNIAS MAÇÔNICAS

indumentária do obreiro – um item essencial no conjunto de insígnias e um complemento ao traje maçônico -, tal qual o seu avental. Na Inglaterra, o uso de luvas é obrigatório na maioria das Lojas, sendo dispensadas somente quando V.M. vai ensinar o T. aos Cands. nos três graus. Contudo, o V.M. é quem decide o seu uso dentro da Loja que preside, logicamente, dando oportunidade de todos os irmãos se expressarem a respeito. No Brasil, alguns Irmãos estabeleceram como desculpa para o não uso das luvas dois aspectos: 1) Devido ao clima muito quente (embora seja comum as Lojas contarem com ar condicionado); 2) Devido a dificuldade de manuseio do Ritual, por ter a sua prática de forma lida, em detrimento à forma britânica, que é decorada. Assim, infelizmente, no Ritual de Emulação praticado no Brasil, muitas das Lojas brasileiras dispensam o seu uso, o que a meu ver, principalmente em cerimônias, tira a beleza e elegância do traje. Chega a ser incoerente esta dupla desculpa, pois o Rito Adonhiramita tem um traje um pouco diferenciado dos demais ritos e sistemas de trabalho, mas sempre que me deparo com um irmão praticante deste rito, vejo-o impecável, com o traje completo – incluindo luvas e chapéu – o que demonstra uma elegância muito grande do Rito, no que tange ao traje. Em todas estas ocasiões eu me pergunto: “Se o Rito dele contempla o uso de luvas, também é sediado no Brasil, também o Ritual é lido e, mesmo assim sempre o vejo usando-as, o que sustenta as desculpas usadas por tantas Lojas de Emulação que dispensam seu uso?”. Confesso que ainda não recebi uma resposta aceitável.

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5.2.3. Os Colares e Joias

Colar da esquerda: Oficiais da Loja

Colar da direita: V.M.I. e Ex-V.M.

Os Oficiais da Loja usam colar azul claro com a joia de seu cargo suspensa. Ex-V.M. usam colares de cor azul claro com uma faixa de prateada estreita no centro e um Esquadro e a 47ª proposição de Euclides suspensa. Provinciais Grandes Oficiais vestem colares azuis escuro, com a joia de sua hierarquia. É habitual em algumas Lojas que se presenteie o Venerável Mestre com uma joia de Venerável Mestre Imediato, no final do seu ano no cargo, para lhe agradecer pelo seu trabalho durante o ano. O design da joia, muitas vezes incorpora o emblema da Loja.

Joia do Santo Arco Real

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O TRAJE, AS JOIAS E AS INSÍGNIAS MAÇÔNICAS

Em Loja, nenhuma outra joia tem seu uso permitido, salvo a do Santo Arco Real. Esta é usada pelos maçons que tenham concluído os seus três graus base da Ordem e deram o passo mais importante no caminho da Pura e Antiga Maçonaria, juntando-se ao Santo Arco Real. Deles espera-se que usem suas Joias do Arco Real quando participam das sessões na Ordem. Embora o design da joia permaneça o mesmo, a cor da fita se altera, dependendo do avanço do maçom (conhecido como um companheiro), através da Ordem. Deve ser usada à direita, e prevalece sobre todas outras joias. O termo mais correto é joia e não medalha, visto que o avançamento de um maçom na Ordem não induz necessariamente a uma condecoração, mas sim um progresso.

5.2.4. As Empunhaduras

As empunhaduras, de acordo com o artigo 268 do Livro das Constituições (L.C.), o seu uso são itens obrigatórios da insígnia dos Grandes Oficiais. Nas Lojas regulares – ou Lojas base - o seu uso não é obrigatório pelos Oficiais (V.M. e Vigilantes), ou se-

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ja, será decido pela própria “Diretoria” se o uso será ou não obrigatório. Normalmente elas são da cor azul claro com os bordados em prata. Não existe um significado simbólico de relevância para este item, e a sua inserção – ou não – no conjunto das insígnias é mais por uma questão de aparência e elegância.

5.3. A preparação do candidato e o uso de pijamas Um grande cuidado era tomado da condição pessoal de cada Israelita que entrava no Templo de adoração Divina. O tratado Talmudic intitulado Baracoth, que contém as instruções para o ritual cultuado entre os judeus, estabelece as seguintes regras para a preparação de todos os que visitam o templo: “Nenhum homem deve ir para o Templo com o seu cajado pessoal, nem com os sapatos nos pés; nem com a sua peça de vestuário, nem com o dinheiro atrelado a sua bolsa”. Existem certos usos cerimoniais na Maçonaria, por exemplo, a Cerimônia de Iniciação, que fornecerão o que pode ser chamado, pelo menos, de muito notáveis coincidências com este velho costume judeu. A preparação do candidato para a iniciação na Maçonaria é completamente simbólica. Ela varia em diferentes graus, e, por isso, o simbolismo varia com ela. Não sendo arbitrária e inexpressiva, mas, pelo contrário, convencional e cheia de significado, ela não pode ser alterada, abreviada, ou acrescentada em de qualquer dos seus detalhes, sem afetar a sua concepção esotérica. Nela, na máxima extensão cada candidato deverá, sem exceção, submeterse. A preparação de um candidato é uma das mais delicadas tarefas que temos de executar e deve ser tomado cuidado na nomeação do Oficial, o qual deve ter em mente que “o que não é admissível en150

O TRAJE, AS JOIAS E AS INSÍGNIAS MAÇÔNICAS

tre cavalheiros deve ser impossível entre Francomaçons” (Albert Mackey). Pelo Ritual de Emulação Inglês – Emulation Ritual, notamos que se trata de uma tarefa a ser desempenhada pelo Cobridor, o qual deve estar preparado e capacitado para tal tarefa. Portanto, a preparação do candidato para a iniciação deve ser feita numa sala contígua à Loja e consiste em: 1) Ser desp. dos met.; 2) Olhos vend.; 3) Braço d., p. esq. e j. esq. desn.; 4) P. d. calçado com ch.; e, 5) Um l. de c. com n. c. no pescoço. Existe também um costume antigo nas Lojas Inglesas que é a prática de despir o candidato de suas vestes habituais e vesti-lo com um pijama branco, próprio da Loja, sendo preparado da mesma forma descrita acima, somente diferenciando que neste caso, ambos os pés são calçados com chinelos. O sistema especial nas Lojas Inglesas, da vestimenta dos candidatos, conforme tradição antiga tinha três pontos em particular na sua bem conhecida finalidade, o que resultava no sistema assim concebido: (1) possivelmente a fim de garantir que os candidatos não escondam armas de defesa ou delito, uma prática que pode ter significado de centenas de anos atrás; (2) a desvendar o coração, para revelar o sexo, mas, ainda mais provável, tendo em conta a tradição quase universal de que o coração é a sede da alma, para sugerir o fervor do candidato e sinceridade, e por último (3) as provas dos candidatos quanto a humildade, talvez a maior das qualidades que a Maçonaria se propõe a ensinar.

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Capítulo 6: As Sessões e as Cerimônias

6.1. As sessões em Loja

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s sessões são divididas em duas partes. Como em qualquer associação há certa quantidade de procedimentos administrativos - Ata da última reunião, proposta e votação para novos membros, discutir e votar sobre assuntos financeiros, eleição de Oficiais, notícias e correspondências. Depois, há as cerimônias de admissão de novos maçons e de progressão dos que são membros, além da de instalação anual do Mestre da Loja e nomeação de Oficiais. As três cerimônias – Iniciação, Passagem e Elevação - são em duas partes - uma instrução um pouco dramática nos princípios e as lições ensinadas na Ordem seguida de uma Preleção na qual vários deveres dos candidatos são explicitados. Nas sessões da Loja não são permitidos assuntos religiosos ou políticos.

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6.1.1. A sessão regular Todas as sessões de uma Loja de Emulação são regulares, onde os assuntos a serem discutidos são elencados na Ordem do Dia. Todos os membros são convocados com antecedência para as sessões, e recebem na convocação uma cópia da Ordem do Dia, para tomarem conhecimento dos assuntos a serem discutidos, votados, etc., e assim poderem se preparar com antecedência.

6.1.2. Etiqueta Maçônica Básica Se você não puder comparecer a uma sessão, quer por compromissos profissionais ou outras razões pessoais, você deverá informar o Secretário da Loja, o mais rapidamente possível. Se você é um Oficial da Loja, você também deve sugerir ao Diretor de Cerimônias, alguém que possa ser convidado a realizar o trabalho que você – em seu cargo - iria executar. Naturalmente, quem for convidado para ficar no seu lugar gostará de ser avisado com a maior antecedência possível. Ao fazer uma proposição, ou se endereçar à Loja, isto precisa ser feito ao Venerável Mestre, fazendo a saudação no grau em que a Loja está trabalhando. Quando estiver perambulando (não marchando) na Loja – em cerimônias -, lembre-se sempre começar com o pé esquerdo e não balançar os braços ou cerrar os punhos. Reconhecimento Maçônico – ou confirmação maçônica em Loja é por meio de uma reverência real, ou seja, uma inclinação da cabeça, e não a partir da cintura. Ao se dirigir, ou de responder ao Venerável Mestre, sempre saúda primeiro (com o passo), no atual grau, seguido pela expressão “Venerável Mestre”. Se a sua resposta precisa ser demorada 154

AS SESSÕES E AS CERIMÔNIAS

(exceto como parte do ritual), ou muito longa, corte o sinal após dirigir-se à ele, demonstre então ter finalizado o assunto com a saudação (P. e Sn). É uma forma ruim e muito deselegante falar com seu vizinho durante a cerimônia, ou quando alguém está falando. Se você precisa realmente falar durante uma pausa no procedimento, certifique-se de fazê-lo discretamente, sem chamar a atenção, principalmente evitando-se brincadeiras. Não discuta religião ou política na sua Loja a qualquer momento. Loja não é Local para estas discussões, inclusive, tais assuntos por serem geradores de desavenças e desarmonias, são vedados em Loja. Você deve sempre construir o seu caminho em matéria de etiqueta como costumes podem variar de Loja para Loja. Ou seja, tente ao máximo adaptar-se ao costume de cada Loja. Como regra geral, é sensato - e educado - seguir o costume e a prática adotada por qualquer Loja você pode ou esteja visitando.

6.1.3. A sessão administrativa Não existe sessão administrativa no Ritual de Emulação. Todas são regulares e todos os assuntos são nelas discutidos, com a participação de todos os membros, salvo no caso de Preleção exclusiva de cada grau, onde então a Loja é devidamente coberta. Como já foi dito, o que diferencia uma sessão da outra é o conteúdo da Ordem do Dia, podendo haver cerimônias ou não. Além das sessões regulares, uma única variação é a reunião de emergência, em caso específico (ex.: morte de um membro, acidente, etc.), onde então convocar-se-á os membros para participar de uma sessão que não havia sido previamente agendada. 155

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6.2. As Cerimônias em Loja As cerimônias representam o nascimento do Homem. Ao nascer somos todos nus, sem posses e confiamos na ajuda e orientação de outras pessoas até que atinjamos a maturidade e podemos, por nossa vez, estender esta ajuda a outros. Na maçonaria, as cerimônias marcam o progresso do obreiro na Ordem, com o seu avanço a cada grau e lhe proporcionará um conhecimento específico e uma dimensão maior do é fazer parte da maçonaria. As cerimônias em si são dramatizações ritualísticas mais profundas e belas, normalmente embasadas em lendas próprias para proporcionar ao candidato aquilo que se espera dele por tal avanço.

6.2.1. A cerimônia de Iniciação A Cerimônia de Primeiro Grau significa o nascimento, ou o nascimento de conhecimento. Quando se entra pela primeira vez na Maçonaria, estamos sem o conhecimento oculto da Arte e contamos com a ajuda e orientação de outras pessoas, nossos padrinhos, orientadores e mesmo qualquer outro irmão, até atingirmos a maturidade no ofício em que, por sua vez nos faz estender a ajuda para os outros. Nesta cerimônia em particular, há bem a representação da escuridão e da luz, pois, o candidato à iniciação é tido como que em trevas e ao receber a luz na Maçonaria, recebe a luz do conhecimento, dos mistérios da Ordem, que modificarão sua vida para sempre. É a cerimônia mais importante da Ordem, pois é a entrada de um novo membro, por isso inesquecível. Um ponto muito importante na Cerimônia de Iniciação é a 156

AS SESSÕES E AS CERIMÔNIAS

prova da caridade: -“Tem alguma coisa a dar?”, com um significado muito profundo porque o candidato está deliberadamente impedido de aceitar o desafio. Todos os valores – metais - tinham sido retirados antes. Mas isto serve para demonstrar que a caridade vem do coração e é uma forma de vida não apenas um pagamento. A vestimenta e ausência de valores fazem o candidato refletir de que maneira ele pode demonstrar caridade. É pra ser um lembrete constante de sua obrigação a de aliviar o sofrimento dos irmãos indigentes ou carentes. A caridade, como demonstrada, pode assumir a forma de seu tempo, sua energia, a sua amizade ou assistência financeira, enfim, são diversas as formas de caridade a que o candidato é submetido a refletir. A prática da caridade no seu sentido mais amplo é o fundamento e o trampolim para outras qualidades de vida. Um detalhe interessante no Sistema de Trabalho Emulação é que, tradicionalmente, o candidato na iniciação, não recebe uma versão impressa do ritual – receberá apenas no terceiro grau -, pois o costume é praticá-lo em Loja na forma decorada, e como o Aprendiz não pode exercer qualquer outro cargo que não o de Mordomo, e este não tem funções ritualísticas, o Aprendiz aprenderá o ritual assistindo as sessões da Loja, ou seja, emulando propriamente dito. A explanação sobre a Tábua de Delinear do Primeiro Grau, durante a Cerimônia – segundo o próprio Livro do Emulation Ritual, está em desuso, pois, será feita a explanação da mesma na Primeira Preleção, podendo ser encontrada nas seções 3, 4, 5, 6 e 7 desta Preleção. No entanto, fica a cargo do V.M. decidir se a fará durante a Cerimônia ou não. Do mesmo modo, a explicação adicional sobre o Avental

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do Aprendiz é dispensável, durante a Cerimônia, podendo ficar para outras sessões, na Instrução do Aprendiz. Mas também é um assunto a ser definido pelo Venerável Mestre.

6.2.2. A cerimônia de Passagem Antes de 1730, havia apenas dois graus na Maçonaria, os de Aprendiz e Companheiro, e foi a partir do Grau de Companheiro da Loja que o Mestre da Loja era eleito a cada ano, desde que ele tivesse servido, pelo menos, um ano como Vigilante. Atualmente temos três graus, sendo o terceiro o de Mestre Maçom. Durante o Primeiro Grau são ensinados os deveres para com Deus e aos seus semelhantes, a divindade sendo referido como GADU. Neste grau de Companheiro o Candidato é ensinado sobre a relação do homem com o mundo em que vivemos e que foi criado pelo GADU. Ele é informado durante a cerimônia que estava agora “permitido” a estender suas pesquisas sobre os mistérios ocultos da Natureza e da Ciência. Observamos a curiosa terminologia “permitido”. O Segundo Grau assume que, tendo sido ensinado no Primeiro Grau os seus deveres para com Deus e suas criaturas, agora o Candidato torna-se responsável e maduro o suficiente para aprender sobre o universo em que vivemos, para usar seus dons para o benefício de todos e não abusar deles. Conhecimento sem a moral pode ser uma coisa muito perigosa! Assim como os Maçons Operativos tinham que provar sua proficiência em um nível de trabalho, do modo que o Candidato prova sua competência como Maçom Especulativo Livre e Aceito, conquista a oportunidade de ser “passado” para o grau de um Companheiro Maçom. O nível de progresso neste grau é marcado 158

AS SESSÕES E AS CERIMÔNIAS

pelo posicionamento do Esquadro e Compasso sobre o V.L.S., que é diferente do Primeiro Grau. A Cerimônia de Passagem é a mais curta das três Cerimônias, mas nem por isso pode ser considerada a menos importante delas, ao contrário, todas as três no mesmo nível de importância e valor. Embora a Iniciação tenha sido, obviamente, muito importante ao Candidato, por ter sido a recepção na Maçonaria, o principal objetivo do Segundo Grau é imprimir no Candidato sobre a importância de desenvolver a sua capacidade intelectual, estudando os mistérios ocultos da natureza e da ciência, ou seja, Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Em outras palavras, ser aberto à aprendizagem ao longo da sua vida. O objetivo do Segundo Grau é em primeiro lugar, reconhecer o progresso que o Maçom fez na Ordem e, em segundo lugar, construir sobre o seu conhecimento, abrindo o caminho para continuar a aprender.

6.2.3. A cerimônia de Elevação Esta é sem dúvida obviamente a Cerimônia mais surpreendente das três através das quais o Candidato faça seu progresso. É também a única que tem significados mais profundos. Na Exortação o Candidato é incitado a refletir sobre os graus anteriores, a fim de preparar-se para os ensinamentos do presente diploma. É dito que seus objetos são peculiares a provocar uma reflexão sobre a morte. A cerimônia nos ensina a morrer com honra e dignidade, e manifesta a esperança de vida após a morte. A morte é inevitável e temos de aprender a enfrentá-la de frente, com dignidade. No 159

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entanto, há muito mais a ela e a reflexão ao longo do tempo vai levar o Maçom a considerar muitos pontos. O Candidato é apresentado à lenda do Rei Salomão, Rei Hiram e Hiram Abiff. É evidente que existe um verdadeiro segredo que eles possuem, mas que é perdido após um marcante acontecimento. Um momento muito dramático e pungente ocorre quando o Candidato a representa. Através da preparação nos dois graus anteriores o Candidato a ser Mestre Maçom é agora capaz de ser elevado a um novo nível sublime do pensamento especulativo. Isso vai levá-lo a considerar porque precisa constantemente melhorar a si mesmo. O objetivo da melhoria encontra-se em uma necessidade pessoal de busca ao Ser Supremo, para quem foi, e continuam-se, construir o Templo. Através do trabalho e, especialmente, através da luz recebida do Volume da Lei Sagrada, está-se agora em condições, no C., para contemplar esta, a mais importante das questões. Logicamente, uma vez elevado ao Sublime Grau de Mestre Maçom, significa que Maçom tem permissão para tomar parte em todas as cerimônias da Ordem Maçônica, com exceção do Conselho Esotérico de Mestres Instalados. Porém, com a devida diligência e uma preparação cuidadosa, que certamente virá na plenitude do tempo, um dia também esta presenciará. A cerimônia visa demonstrar um princípio nobre, que muitas vezes é melhor morrer do que ser submetido a qualquer mentira e desonra. Isso é claramente demonstrado quando o Candidato se torna o representante de uma pessoa que faz exatamente isso. Ela também ensina lealdade a seus companheiros – no sentido geral, de todos os outros membros da ordem, e não simplesmente ao grau -, um sentimento de não querer decepcioná-los. No entanto,

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tem de ser essa lealdade de forma consciente e nunca deve ser esquecida, do mesmo modo quando o Candidato promete manter o segredo maçônico seguro, ele tem a obrigação primordial de atuar como um cidadão obediente em todos os momentos e obedecer tanto a lei civil quanto a moral. Como citado no primeiro grau, na Cerimônia de Elevação também é exortado que o Candidato deve cumprir seu dever para com Deus, o seu próximo e consigo mesmo. Neste momento é reforçado que há um rigoroso código de conduta que todos os maçons são obrigados a aderir em suas vidas diárias. Nesta cerimônia é comum que o Candidato receba um Livro do Ritual de Emulação, pois agora está apto a ocupar cargos com mais responsabilidade na Loja, e precisará intensificar seus estudos no ritual, para melhor cumprir sua função, seja ela qual for.

6.2.4. A cerimônia de Instalação A cada ano, toda Loja faz uma instalação, quando um novo Venerável Mestre ocupa o seu cargo e nomeia seus Oficiais para o próximo ano. É um grande evento no calendário da Loja, pois é uma oportunidade para agradecer ao mestre de saída por todo seu trabalho duro, para desejar tudo de melhor para seu sucessor, e prometer o apoio dos irmãos para a nova “equipe”. Como é um evento tão importante, uma enorme preparação é realizada por todos, especialmente o Venerável Mestre, Secretário e Diretor de Cerimônias. Portanto, a presença de toda a Loja é estritamente importante neste tão especial evento, pois ela deve mostrar unidade e fazer transparecer o apoio ao novo Mestre da Loja.

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R I T U A L D E E M U L A Ç Ã O - A Ma ço n a r ia In g l e s a n o Bra s il

6.2.5. A cerimônia de Filiação e/ou Regularização O Ritual de Emulação é muito prático e objetivo, e quanto mais o estudamos, mais nos convencemos de que ele não traz praticamente nada em seu bojo de “esotérico” ou “místico”, então eu me pergunto: Por que a prática da Maçonaria tem que ser esotérica, ou mística, ou até mesmo com conotações religiosas? E confesso que à Luz dos princípios ingleses, não encontro resposta lógica ou plausível. A Maçonaria, da forma hoje praticada, chamada de especulativa, como é cediço, provém da antiga Maçonaria Operativa, quando Maçons eram profissionais respeitados pela habilidade em construção de Templos, ou seja, pela habilidade pelo trabalho em pedras para Edificação destes Templos. Os Maçons operativos gozavam de verdadeira liberdade para ir e vir, coisa rara à época. Eles tinham passe-livre. Pois bem, a Maçonaria Especulativa, concebe em seu quadro “Obreiros Livres e Aceitos”, e tomou emprestada da organização medieval dos Maçons operativos o seu ferramental e costumes, para através de um simbolismo próprio, instruir e aperfeiçoar os membros atuais, os quais já são boas pessoas na sociedade, e a maçonaria tenta deixá-los ainda melhor. Não entremos aqui nos pormenores entre a realidade e o objetivo da Ordem. Não esqueçamos que os registros mais antigos da Maçonaria especulativa datam da época do Iluminismo, época do grande “boom” dos pensadores modernos, que se preocupavam com os problemas sociais e coincidentemente época de grandes revoluções sociais, em destaque a Francesa. Como a própria Grande Loja Unida da Inglaterra preconiza, Maçonaria não é Religião, e tampouco se confronta com alguma delas. Tanto que, inclusive ela 162

AS SESSÕES E AS CERIMÔNIAS

aconselha que o membro que ingressa na Maçonaria, continue a se dedicar à sua religião habitual. Então eu pergunto: se não se trata de uma sociedade de cunho Religioso, mas sim filosófico, por que outros Ritos inseriram esoterismo, misticismo, e outros “ismos” que numa primeira conclusão nada têm a ver com a Maçonaria em sua origem especulativa? Acho que cada um pode achar a resposta dentro de si, basta refletir um pouco. Então, é uma grande dificuldade no Brasil praticar um Ritual, não criado, mas simplesmente adotado por uma Potência, quando esta insiste em chamá-lo de “Rito” e ainda de outro Rito, oriundo de outro continente, fundado em outro continente. Torna-se difícil, porque todos os regulamentos e normas foram concebidas com base em outro Rito, 90% praticado no Brasil, e que entra em choque com a prática deste Ritual, a começar pela exigência de cargos que simplesmente inexistem no Ritual em questão. Quanto a regularização de um membro, também há um choque, eis que trata-se de um ato pura e simplesmente administrativo, pois o novo membro já passou pelas respectivas cerimônias, prestando os respectivos juramentos. De acordo com o Artigo 163, do Livro das Constituições da Grande Loja Unida da Inglaterra, um Irmão que queira ingressar ou reingressar em determinada Loja, desde que já tenha sido pelo menos iniciado em uma Loja regular (reconhecida pela UGLE), deve ser proposto e secundado em reunião regular da Loja, por meio de escrutínio. Se for eleito, ou seja, aceito mediante votação, tem que ser regularizado no período máximo de um ano. Pois bem, antes da votação, ele tem que apresentar um certificado da Loja, ou das Lojas que pertenceu, onde conste uma declaração de boa conduta e que o mesmo desligou-se da(s) Loja(s)

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em dia com suas obrigações financeiras. Além disso, os certificados devem ser submetidos ao Grande Secretário da Província (Estadual) ou da Potência (Nacional ou Federal) para que seja feita uma pesquisa à respeito das Lojas antecessoras deste novo membro, para confirmar se são ou não regulares. Logo após a votação, e até um ano após esta, mas de forma prévia à admissão do novo membro na primeira sessão na respectiva Loja, este deve fazer uma declaração, que segue inclusive um modelo básico descrito em referido artigo: “Eu, ..........., iniciado na Loja ..................., N.º....., como registrada na Grande Loja da(o)................., solenemente declaro que se eu for admitido como membro desta Loja, aderirei ao Livro das Constituições da Grande Loja Unida da Inglaterra, e prometo assim a devida obediência ao Grão-Mestre e a todas as Normas e Regulamentos desta Grande Loja Unida.” Referida declaração deve ser feita na Loja a qual o novo membro deseja ser admitido, ou em qualquer outra Loja reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra, ou ainda, por escrito, e testemunhado por pelo menos um Irmão, que consignará o nome da Loja, seu número e sob qual jurisdição pertence. Esta declaração valida a eleição de forma retroativa, e deve ser registrada no Livro de Atas. Por fim o novo membro recebe um exemplar do Livro das Constituições. Ou seja, simples assim, sem a necessidade de um cerimonial, sendo que como dito, trata-se de um membro que já passou pelas respectivas cerimônias, já tendo prestado os seus respectivos juramentos, concluindo-se assim, como um ato meramente administrativo. Assim, deixo aqui a pergunta: Se é tão simples, por que complicar e inventar?

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Capítulo 7: Ritualística e Procedimentos Gerais em Loja

7.1. Abertura e Encerramento da Loja

N

o Ritual de Emulação ou, melhor dizendo, no Sistema de Trabalho Maçônico Emulação, a Loja é sempre aberta e encerrada no grau de aprendiz. Não existe o encerramento da Loja por “golpe de malhete” (imposição do V.M.) em outros graus que não o primeiro, ou, o grau de aprendiz. Uma Loja uma vez fechada não pode ser reaberta no mesmo dia (Artigo 140, Livro das Constituições - UGLE) mas o Segundo e Terceiro Graus podem ser abertos e fechados na mesma reunião sempre que se fizer necessário pela conveniência da performance do trabalho. Abre-se no primeiro grau, onde normalmente todos os assuntos são tratados (ordem do dia, levantamentos, etc.). A Loja é aberta no segundo ou terceiro grau por ocasiões específicas (cerimônias e preleções/instruções). Nas Lojas regulares, os assuntos gerais são sempre tratados no primeiro Grau, para poder contar

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com a participação dos Aprendizes e Companheiros.

7.2. O uso da Reversão entre os Graus Já a reversão da Loja para qualquer outro grau pode ser feita, mas desde que se esteja numa “Loja de Instrução” e o grau no qual se pretende reverter tenha sido previamente e formalmente aberto. Assim, a Loja pode ser revertida tanto para cima quanto para baixo. Não existe a prática de abrir no primeiro grau, por exemplo, e revertê-la para o terceiro. Contudo, uma vez aberta no primeiro, segundo e terceiro, então não se pode do terceiro revertê-la para o primeiro e encerrar a Loja. A regra é: um grau aberto sempre deve ser fechado. Trata-se de uma prática comum das “Lojas de Instrução” abrir até o Terceiro Grau já no início da reunião e depois saltar de um grau para outro, pela simples declaração do Mestre que ele “reverta” a Loja em “tal” e “tal” Grau. Este procedimento pode ser permissível na “Loja de Instrução” onde todos que estejam presentes se conheçam intimamente, um ao outro, e só se for uma reunião informal para a prática (treinos, ensaios); na realidade, em tais circunstâncias não existe a real necessidade de se passar por quaisquer aberturas e fechamentos formais, salvo se em todos existia o desejo de ensaiá-los, assim como não é necessário fazê-lo quando os Oficiais de uma Loja reúnem-se privadamente para ensaiar uma cerimônia. Mas não há qualquer justificação para importar o método desapropriado de uma Loja de Instrução – como a Emulation Lodge of Improvement (conveniente, porém, pode ser lá) em uma Loja Regular, e isto pode ser relembrado pela palavra “reversão” simplesmente não existir em nosso ritual. Isto, na verdade é uma invenção 166

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

no Cerimonial e nunca deve ser usada em Loja. Uma Loja ou um Grau não pode ser “revertido”. Ele pode ser somente “aberto” ou “fechado”. Quando uma Loja é fechada (se na “totalidade” ou “sumariamente”) no Terceiro Grau, ela está, então, ipso facto (desta forma), aberta no Segundo. E, deve-se notar, não é admissível “saltar” para um Grau; isto é, que é irregular a declarar a Loja, Matéria de Interesse Geral por um ato único, fechada no Terceiro Grau e aberta no Primeiro. A Loja só pode ser trazida para o Primeiro Grau se passar pelo Segundo. Além disso, é absolutamente contrário aos princípios da Ordem, e, portanto, irregular, para abrir, ou reabrir, um Grau “sumariamente”, sem a formalidade da prova (Quando os Irmãos ficam à Ordem no respectivo grau) de que os presentes são qualificados nesse Grau. Não tem a mínima importância, se a Loja tenha já estado nos Graus anteriores no início da reunião ou não. Um Irmão não qualificado pode ter entrado enquanto ela estava num grau mais baixo, e nós certamente devemos, em teoria e prática, tomar todas as precauções contra a presença de um “Cowan” ou de um irmão que não tenha ouvido ou não levou em conta o pedido de se retirar da sala quando a Loja for “coberta”. Se a Loja tiver sido previamente aberta no Terceiro Grau e sendo necessário retornar para este Grau (como por exemplo, uma Elevação seguida de uma Instalação), uma forma mais simplificada pode ser adotada para reabrir, ou seja, omitindo as questões depois da prova essencial dos Irmãos e após o 2º Vigilante haver se reportado dela. Desta forma: “V.M. – Eu reconheço a exatidão da prova e declaro a Loja novamente aberta no C. para propósitos da Francomaçonaria no Terceiro Grau”. Uma forma similar e simplificada pode ser usada se for necessário reabrir no Segundo Grau.

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Tudo bem que já tenhamos dito que o Ritual de Emulação é muito simples e objetivo, mas este fato do Ritual de Emulação prezar pela simplicidade e objetividade tem limites, existem regras que devem ser observadas. A reversão da “Loja de Instrução” é um instrumento de grande ajuda ao V.M., mormente se a sessão do dia estendeu-se muito além dos limites costumeiros, quer por ensaio de uma cerimônia, ou preleção, estudos, etc..., então a reversão ajuda no decorrer da sessão, por ocasiões específicas de se saltar de um grau para outro, de forma mais rápida. Portanto, a Loja nunca pode ser revertida do Terceiro para o Primeiro Grau, ou até mesmo do Segundo para o Primeiro, se a intenção é o encerramento da Loja. Todos os Graus ABERTOS devem ser FECHADOS.

7.3. Procissão de Entrada Não se trata de um procedimento obrigatório, sendo decidido pelo V.M. as ocasiões em que esta será feita. No caso de ser adotada, seguirá a seguinte forma: todos os Irmãos, inclusive os visitantes comuns (exceto os Irmãos que farão parte da Procissão de Entrada) adentram à Sala da Loja e aguardam a entrada dos Principais Oficiais, que formarão a procissão, guiados pelo Diretor de Cerimônias e seu assistente (se houver), da forma abaixo: D.C.A. D.C. 2º D. 1º D. 2º V. 1º V. V.M. D.C. (Na porta da Loja, do lado de fora.) −Atenção Irmãos, 168

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

em pé para a entrada do V.M. e seus Vigs. (Se por alguma razão o V.M. não estiver presente e for substituído, a correta forma de anunciar é: -Atenção Irmãos, em pé para a entrada do M. interino e os Vigs.) A procissão entra e dirige-se até o pedestal do V.M., parando no lado N., onde então todos ficam de frente uns para os outros, os Diáconos cruzam as varas e o D.C. pegando pela mão do V.M. o conduz ao seu assento, voltando em passos curtos para trás e vira-se para direita. Os Diáconos descruzam as varas, toda a procissão vira para direita e segue em direção ao pedestal do 2º V., onde o procedimento é repetido pelo D.C.A. (Se houver, se não, pelo próprio D.C.) pelo lado L. Repetem o procedimento no pedestal do 1º V., que também é conduzido pelo D.C.A. pelo lado S. Neste ponto a procissão termina, o que implica que os demais Oficiais tomem seus respectivos lugares imediatamente, sem esquadrar a Loja. No caso de entrada simples, sem a adoção da Procissão de Entrada, todos os irmãos adentram à Sala da Loja e tomam seus respectivos lugares. Caberá ao D.C. orientar os visitantes a tomarem os assentos adequados.

7.4. Disponibilização da Carta Constitutiva Na abertura da Loja, o primeiro procedimento a ser feito é constar à Loja que a Carta Constitutiva da Loja esteja presente, para inspeção, se assim for o desejo de algum irmão, membro da Loja ou até mesmo visitante. Normalmente a fala do V.M. é “−Irmãos, a Carta Constitutiva está presente na Loja para inspeção, de quem assim desejar”. Segundo o Artigo 101 do Livro das Constituições da Grande Loja Unida da Inglaterra, está correta esta menção, embora 169

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não diga especificamente a quem o V.M. se dirige, ou se ele se dirige a alguém em especial na Loja, ou se para a Loja em geral, pois, qualquer Irmão tem o direito de inspecionar a Carta Constitutiva (Patente). Já na opinião do Ir. Graham Redman em “Emulation Working Today”, basta que o V.M. a disponibilize fisicamente em cada reunião, sem que seja necessário mostrá-la, para inspeção dos Irmãos, e a norma do artigo 101 estará cumprida. A fala está de acordo com o praticado na maioria das Lojas Inglesas, segundo consulta a um Irmão Secretário de uma Loja da Inglaterra. O importante é que não aconteça como vejo em muitas lojas, onde o V.M. dirige-se especificamente e tão somente ao Secretário da Loja, como se tivesse que prestar contas deste documento à ele, o que é errado. A Carta Constitutiva é o principal documento de regularidade de uma Loja, do ponto de vista maçônico, sem se entrar no mérito da personalidade jurídica, pois é o documento que comprova a regularidade da Loja, é a autorização da Loja funcionar como uma Loja Maçônica regular. Quando o Mestre da Loja é Instalado, há a transmissão deste documento pelo Mestre que sai, pois este documento fica sob custodia do Mestre da Loja, e de mais ninguém. Portanto, se o Mestre da Loja tem o costume de levá-la consigo quando termina a sessão, se a esquecê-la na próxima, não poderá haver sessão.

7.5. O Volume da Lei Sagrada Para a maioria dos maçons o Volume da Lei Sagrada – V.L.S. - é a Bíblia. Há muitos na Maçonaria, no entanto, que não são cristãos e para eles a Bíblia não é o seu livro sagrado e eles vão fazer seus juramentos sobre o livro que é considerado como sagrado para sua religião. A Bíblia sempre estará presente em uma Loja 170

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

Inglesa, mas como a Ordem congratula-se com homens de diferentes fés, é chamado o Volume da Lei Sagrada. Assim, quando o Volume da Lei Sagrada é referido em cerimônias, para um nãocristão, será o livro sagrado de sua religião e de um cristão que será a Bíblia. A Maçonaria acolhe todos os homens que acreditam em Deus. É composto por cristãos, judeus, hindus, sikhs, muçulmanos, persas e outros. A utilização de denominações, tais como o Grande Arquiteto impede desarmonia. O Grande Arquiteto não é um deus maçônico específico ou uma tentativa de combinar todos os deuses em um. Assim, os homens de diferentes religiões oram juntos sem ofensa a ser dada a qualquer um deles. Na abertura da Loja, no Ritual de Emulação, o V.M.I. – e somente ele – abre o Volume da Lei Sagrada, em posição de leitura para o V.M., sem que seja em uma passagem específica dela, pois não se faz a sua leitura em Loja, como em outros sistemas de trabalho maçônico. Ao abri-la, preferencialmente no meio, ele ajustará o esquadro e compasso na posição ideal do grau, sempre sobre a página do lado direito, pois o lado esquerdo fica vazio porque normalmente em cerimônias, quando o candidato vai prestar o juramento, ele coloca sua mão sobre a página do lado esquerdo. Outro ponto desta observação, na verdade, é facilitar o fechamento do V.L.S. no caso de Chamada para o Descanso, sem modificar o esq. e comp. Na chamada para o descanso, não há a necessidade de retirar o esquadro e compasso dela, apenas que se feche na posição em que estão, para depois, na chamada para o trabalho, ela seja simplesmente aberta, com os instrumentos na posição correta.

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7.6. Entrada de retardatários Se você chegar atrasado para a Sessão, não entre em pânico! Dadas as incertezas do tráfego e as demandas aparentemente crescentes na vida profissional, não é incomum aos membros ou convidados chegarem atrasados para uma Sessão. Quando você estiver vestido apropriadamente, o Cobridor irá informá-lo o quanto a reunião já avançou. Ele vai então se reportar à porta da loja para que eles saibam que você está fora e vai anunciar o seu nome quando alguém (G.I.) vem até a porta para perguntar quem procura admissão. Quando se é admitido para ingresso na Loja, o Diretor de Cerimônias ou seu Assistente, normalmente vem ao seu encontro. Você deve dar o sinal equivalente ao grau em que a Loja esteja aberta e, mantendo o sinal, apresente brevemente as desculpas ao Venerável Mestre para a sua chegada tardia (uma única frase é mais que suficiente, tendo em vista a sessão já ter se iniciado). O Diretor de Cerimônias ou seu assistente, então, irá levá-lo para um assento em Loja, dar-lhe-á uma reverência real (somente com a cabeça), e então você deve sentar-se. Se não tiver certeza do sinal em questão antes de entrar na Loja, você deve perguntar ao Cobridor, que ficará muito satisfeito de poder demonstrá-lo para você. Veja abaixo um exemplo deste procedimento: ENTRADA DE RETARDATÁRIOS COB. (dá as b...s do Grau no qual a Loja está aberta). G.I. (No momento conveniente, levanta-se e de frente à sua cadeira, com P. e Sn., anuncia ao 2º V) − Ir. 2º V., batem à porta da Loja. 2ºV. (sentado, dá uma b...a) G.I. (Vai até a porta da Loja, e depois de certificar-se do motivo das b...s, 172

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

volta ao seu lugar e com P. e Sn., anuncia o retardatário ao V.M., dando somente seu nome − não fala que pede admissão ou algo parecido.) − V.M, é o Ir... (Se o retardatário estiver acompanhado a fala é ― “−V.M., é o Ir...e outro(s) irmão(s)”). V.M. −Admita-o G.I. (volta à porta, abre-a, dando entrada ao Irmão retardatário, que se coloca à esquerda do 1º V. Após, toma seu assento). Retardatário. (Dá o P. e executa os Sns. até aquele em que a Loja está aberta) D.C. (Conduz o Ir. até o seu assento, retornando em seguida ao seu lugar e senta-se).

7.7. Leitura e confirmação das Atas Após terminado o procedimento de abertura da loja, o próximo passo é a Leitura e Confirmação da Ata, antes de se entrar nos demais assuntos da Ordem do Dia, propriamente dita. O V.M. se dirige ao Secretário e solicita que o mesmo faça a leitura da Ata da sessão anterior. O Secretário, por seu turno, levanta-se e saúda o V.M. – com P. e Sn. – corta o Sn. e lê a Ata, em tom audível à Loja toda. Após terminar, dirige-se ao V.M. e o saúda novamente, sentandose em seguida. Após o termino da leitura da ata pelo Secretário, o V.M. dirige-se à Loja, mencionando que a ata foi lida, e que os que a julgarem registrada corretamente e digna de confirmação, que demonstrem pela forma usual observada entre Maçons. Esta forma usual de confirmar um determinado assunto corriqueiro em loja, é uma forma tradicional, de longa data que consiste apenas em levantar a m. d. à frente do corpo, com a pal. virada para baixo, e com o pol. 173

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formando em esq., sem se levantar da cadeira ou assento. Os que forem contrários, após este manifesto positivo, farão suas observações, das quais o Secretário tomara nota, e se for o caso, fará as correções aprovadas na ata lida, sem a necessidade de que a mesma seja lida novamente na próxima sessão. O passo seguinte é o Secretário levantar-se novamente, agradecer ao V.M. saudando-o e sentando-se, para que o Primeiro Diácono, sem portar a vara neste momento, retire o Livro de Atas da mesa do Secretário e a leve ao pedestal do V.M. para colher sua assinatura. Neste momento, o Primeiro Diácono deve tomar cuidado para não colocá-lo sobre o V.L.S., então, após assinado, devolve o Livro ao Secretário e senta-se.

7.8. O Uso do Sinal O uso do sinal no Ritual de Emulação segue certos critérios específicos. A regra básica é que quando um irmão dirige-se ao V.M., ou aos seus Oficiais, durante as obrigações (cumprimento de um dever do cargo), e não simplesmente respondendo a uma questão qualquer, o sinal é dado. Também, na situação em que se endereçar (dirigir-se) a um Oficial superior, sem que esteja respondendo uma pergunta, mas sim iniciando a abordagem de forma deliberada. Ex.: (No cumprimento de um dever do cargo) Fechamento da Loja - 1º Grau - quando o V.M. se dirige ao 2º Vig., e este ao G.I.. No cumprimento de sua obrigação, o G.I. se reporta ao 2º V. com P. e Sn., e este ao V.M., também com P. e Sn.; (Quando se dirige ao V.M. e Oficiais) No 3º Levantamento, quando o Irmão tem a palavra, antes ele se dirige ao V.M. e seus Oficiais, neste momento, com P. e Sn.. Porém, não o mantém enquanto fala, apenas levanta-se, dá o P. e faz o Sn., cortando-o para iniciar a fa174

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

lar, sem que o V.M. precise autorizar para falar à vontade. A exceção à regra fica por conta do Secretário que sempre, quando da leitura da Ata, utilizará P. e Sn. – também sem precisar mantê-lo enquanto fala. Então, lembre-se, quando qualquer irmão, Oficial ou não, em Loja perguntar-lhe as horas, responda de forma natural, sem P. e Sn. Nota: Os sinais são sempre cortados de forma firme, e não simplesmente desfeitos de forma desleixada. O corpo deve estar sempre ereto, e os movimentos devem ser precisos.

7.9. Ordem do Dia São os assuntos relacionados para serem discutidos na sessão da Loja. Dela pode constar a leitura de correspondências, leitura da ata anterior, Boletins, Convites de outras Lojas, Cerimônias, propostas de candidatos, votação de candidatos, entre outros. O interessante, é que na Inglaterra, as Lojas praticantes do Ritual de Emulação, adotam o envio da Ordem do Dia aos membros da Loja com antecedência, pois há o costume de convocação para as sessões. Assim, todos tomam conhecimento dos assuntos antes, e podem se preparar, contribuindo ainda mais para o bom funcionamento da sessão. A Ordem do Dia é elaborada em conjunto pelo Secretário e o V.M., portanto, no momento adequado na sessão, o V.M. não pergunta ao Secretário quais são os assuntos da Ordem do Dia, mas sim solicita que o mesmo dê conta da parte que lhe cabe (leitura de Ata, correspondências, etc.), enquanto que os demais assuntos são anunciados pelo V.M. que com certeza tem uma cópia da Ordem do Dia consigo, para bem conduzir a sessão. Isto é um tanto lógico, pois se o V.M. é que administra a Loja, natural que 175

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ele prepare cada sessão, e não que seja pego de surpresa pelo Secretário, com assuntos que ele mesmo nem sequer sabia que seriam tratados. Imagine o ridículo da situação em que o Mestre da Loja chega, e nem sequer sabia que teria, por exemplo, uma Cerimônia de Elevação naquele dia. Portanto, como dito, as sessões da Loja de Emulação são todas regulares, sendo diferenciadas tão somente pelo conteúdo da Ordem do Dia.

7.10. Ensaios Nas Lojas Inglesas é comum o ensaio das cerimônias, uma vez que estas são feitas de forma decorada, sem o emprego do ritual. Muitas Lojas Inglesas têm por volta de 4 ou 5 reuniões regulares durante o ano, sendo as demais reuniões em Loja de Instrução, na própria Loja, e reuniões para ensaio. Em muitas Lojas, com um número maior de reuniões regulares anuais, há a prática do ensaio de determinada cerimônia durante a reunião regular, como tópico da Ordem do Dia. Portanto, tendo em vista as Lojas brasileiras reunirem-se semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, esta prática de ensaio durante a reunião regular torna-se mais adequada, até mesmo por contar com os Irmãos presentes neste momento. O modo como o Venerável Mestre fará o anúncio em Loja para o ensaio é bastante simples, e pode ser seguido conforme modelo abaixo: ANUNCIAÇÃO DE ENSAIO V.M. (Sem b...s) –Irmãos, a Cerimônia para ensaio desta sessão é a de .... e será o Cand. o Irmão... (Diz o nome do Irmão que atuará como Candidato no 176

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

ensaio, ou pede para que voluntários apresentem-se, dos quais escolherá um). “Can.” (O Irmão nomeado levanta-se em silêncio, sem saudar o V.M.). *Se a Cerimônia a ser ensaiada for de Iniciação, o “Candidato” nomeado ou selecionado posicionar-se-á imediatamente do lado esquerdo do ped. do 1º V., saúda o V.M. e se retira para ser preparado. *Se a Cerimônia a ser ensaiada for de Passagem ou Elevação, o “Candidato” permanece de pé em seu lugar, onde é conduzido pelo 2º ou 1º Diácono até a esquerda do ped. do 1º V., para ser examinado (Questões) pelo V.M.

7.11. Chamada para o Descanso e para o Trabalho Trata-se de uma breve pausa nos trabalhos, no momento em que o Mestre da Loja o achar oportuno, para que os obreiros possam usar o banheiro, tomar uma água, etc. Vai depender muito do costume de cada Loja, quando fazer a pausa, por quanto tempo, e o que terá para ser degustado nestes intervalos. A interrupção dos trabalhos é a Chamada para o Descanso e a retomada é a Chamada para o Trabalho. Nas sessões regulares em que a Ordem do Dia contempla a realização de Cerimônias, esta pausa é altamente recomendável, pois o volume de trabalho é significantemente maior que as outras sessões. Normalmente a pausa é feita quando o Candidato deixa a Sala da Loja para se recompor, e então voltar para terminar a cerimônia. Alguns detalhes devem ser observados. Na Chamada para o Descanso, o V.M.I. fecha o V.L.S., sem retirar o esq. e o comp. da posição colocada quando da abertura da Loja. O Primeiro Vigi177

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lante deve baixar sua coluna, e o Segundo Vigilante deve levantar a sua, o que simboliza que os trabalhos estão interrompidos. O Segundo Diácono deve modificar a Tábua de Delinear, normalmente virando-a. Na Chamada para o Trabalho, basta que se faça todo o procedimento ao contrário.

7.12. Os três levantamentos Antes de encerrar a Loja, existem três levantamentos feitos pelo Venerável Mestre, e aqui eu vejo muita confusão na maioria das Lojas. Os levantamentos são respectivamente para assuntos da Potência Federal, Potência Estadual e da Loja (pessoais e da bem querença entre os Irmãos). Nos três levantamentos o procedimento é o mesmo, o que muda são os assuntos. O V.M. levanta-se e pergunta se algum irmão “tem algo a propor... para assuntos...”, ou seja, ele não diz que concederá a palavra, isto é implícito. Os levantamentos são as oportunidades que os Irmãos têm de falar com mais liberdade, o que não ocorre durante a sessão, onde suas manifestações se resumem a aprovação ou não de determinados assuntos. Mas o que vejo, infelizmente, é o Secretário deixar de ler as correspondências quando o V.M. está cumprindo a Ordem do Dia, e utilizar os levantamentos para isso, o que se revela totalmente fora de procedimento. Os três levantamentos é o momento da sessão onde as discussões tomam maior liberdade. Normalmente, a título de simples organização, pode ser adotado o sentido horário para se dar a oportunidade dos irmãos se pronunciarem, mas nada impede que falem em outro momento. Basta manifestar-se, normalmente levantando-se a mão e dirigindo-se ao V.M., após levanta-se, saúda e 178

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

começa a falar. Simplesmente assim. É função do Secretário tomar nota para relacionar na Ata os principais pontos.

7.13. A frase final do V.M.I. e o Sn. quando pronunciado F.F.F. É cediço que cada grau da Loja base tem seus Sns., Ts. e Ps., e que faz parte do Juramento que prestamos em cada grau, prometer nunca revelar tais segredos a não-maçons, e também aos irmãos de graus inferiores. Muito bem, é sabido que estes são os verdadeiros segredos dos maçons, pois são peculiaridades adotadas para o nosso reconhecimento, por isso, jamais podem ser revelados, nem mesmo a maçons de um nível inferior, pois eles terão seu momento, quando chegar a hora de fazerem progresso na ordem. Assim, frequentemente me deparo com uma situação, até que constrangedora, em diversas Lojas do Emulação, quando no encerramento da Loja, o V.M.I. diz as palavras finais do ritual, pronunciando por três vezes a pal. F.F.F., acompanhada de uma batida com a palma da m. d. no p. e., a cada pronúncia de F.. O ritual (original inglês) deixa bem claro que NÃO É Sn. de F., pois este é um sinal exclusivo do Segundo Grau, pois é o primeiro movimento do sinal do Grau de Companheiro, que é dado de forma tríplice. Trata-se de um Sn. exclusivo do Segundo Grau, e bastaria um raciocínio lógico para concluir que este jamais poderia ser dado na presença de um aprendiz – pois é o grau em que a Loja é encerrada -, logo, não é este o Sn. dado no encerramento da Loja. O correto é simplesmente tocar no peito esquerdo, levemente, sem qualquer sinal. Outra coisa, as palavras F.F.F., de acordo com o Ir. Graham Redman (Emulation Working Today) são pronunciadas ape179

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nas, e tão somente, pelo V.M.I., pois esta é a única frase que lhe cabe no ritual, assumindo este posto, após ter deixado a Cadeira do Mestre da Loja.

7.14. Procissão de Saída Ao se encerrar a sessão, com o pleno fechamento da Loja, começa então a ser tocada uma Ode ou Hino de Encerramento, isto indica ao Diretor de Cerimônias o momento exato para se formar a Procissão com os principais Oficiais e Autoridades para deixar a Loja. Todos os Irmãos, inclusive os visitantes comuns (exceto os Irmãos que farão parte da Procissão de Saída) permanecem na Loja e aguardam a saída dos Principais Oficiais e Autoridades, conforme abaixo. D.C.A. 2º D.

{D.C.} 1º D.

V.M. 2º V. 1º V. (Autoridades) 1ª Circulação Assim que começar a Ode de encerramento, o D.C.A. deixa seu assento e começa a circulação em sentido horário pela Loja, passando em frente ao 2º D. e 1º D., que se levantam e o segue. O 2º D. à esquerda e o 1º D. à direita. 2ª Circulação Na segunda circulação, ao passar pelo D.C., este faz o mesmo, ficando ligeiramente atrás dos Diáconos. Quando a procissão passar pelo ped. do 2º V., o D.C., o conduzirá pela mão, pe180

RITUALÍSTICA E PROCEDIMENTOS GERAIS EM LOJA

lo lado Oeste, posicionando-o atrás do 2º D. Após, o D.C. faz o seu caminho numa linha oblíqua, chegando ao ped. do 1º V.; pelo lado Norte, o D.C. repete o procedimento, colocando-o ao lado do 2º V e atrás do 1º D.. O D.C. não se junta à procissão no final, mas mantém-se ao lado dela, e gradativamente vai ultrapassando-a até chegar de frente ao ped. do V.M., justamente após o D.C.A. e os Ds tiverem passado dele. Neste momento, a procissão para, os Ds. posicionam-se do lado S. e os Vigs do lado N. (ficando entre eles um espaço para a entrada do V.M.). O D.C. então conduz pela mão o V.M., que deixa o seu ped. pelo lado S., sendo posicionado atrás e entre os Ds. Os Vigs. devem seguir atrás do V.M. e mais próximo dele. Se existirem autoridades presentes, o D.C. os convida para integrar a procissão, posicionando-os atrás dos Vigs., sempre ordenando-os de forma hierárquica. O D.C. pode convidar outros visitantes que bem entender. Formada a procissão, o D.C. fica de frente ao ped. do V.M., voltado para o Oeste, e anuncia: D.C. −Os Irmãos deverão permanecer em seus lugares, em pé, enquanto o V.M. acompanhado de seus Vigs., (e de outras autoridades, se existir, nomeando-as) retiram-se da Loja. O D.C. então toma seu lugar na procissão, na ponta e ao lado do D.C.A. e diz: D.C. −Avançai, Irmãos. Ele lidera a procissão em direção ao lado N. do p. do 1º V., parando próximo à porta da Loja. Neste ponto, o D.C. e o D.C.A. juntamente com os Ds, viram-se, voltando-se um de frente para o outro. Os Diáconos cruzam suas varas, e a procissão passa por baixo. Quando o último tiver passado, os Diáconos descruzam as

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varas; o D.C. e o D.C.A. juntamente com os Diáconos deixam a Loja, acompanhando o final da procissão. Inexistindo este (D.C.A.), ficará a cargo do D.C.; a circulação, durante toda a formação da procissão, será sempre no sentido horário, mantendo um ritmo contínuo e que possibilite o ingresso dos integrantes de forma que não cause paradas, salvo quando assim exigido. O D.C. deverá sempre, com gestos discretos, zelar pela perfeita ordem e evolução da procissão.

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Capítulo 8: Procedimentos específicos

8.1. A saudação e o aplauso

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egundo a obra “Emulation Working Explained” do Ir. Herbert. F. Inmam, a saudação é dada aos grandes Oficiais, podendo ser audível ou não. No mesmo sentido, em “O Ofício do Maçom − O Guia Definitivo para o Trabalho Maçônico” (Freemasons at work – Harry Carr). Audível, é a saudação feita com o Sn. P. do 1° Grau, batendo-se no final com a m. d. na parte exterior da c. d.. O não audível é da mesma forma, contudo, sem dar as batidas mencionadas. O aplauso maçônico é feito batendo uma única vez a palma da mão sobre o avental. E é feito pelo comando do D.C., que levanta a mão como que pedindo a atenção de todos, e faz o aplauso, seguido pelos demais irmãos da Loja, de forma sincronizada. Portanto, a saudação e o aplauso maçônico são procedimentos em que a condução é de encargo do D.C.

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8.2. Coleta para caridade Uma das principais virtudes do maçom a ser exercitada é a caridade, e uma das mais simples formas de se fazer isso é na coleta de valores em cada reunião, através de circulação, ou não, de uma “Caixa de Caridade” como se diz na Inglaterra, ou uma “Sacola/Bolsa de Beneficência”, também prevista nas Lojas Inglesas, e de forma unânime usada aqui no Brasil.

Caixa de beneficência ou caridade

Nos Trabalhos de Emulação, esta prática não faz parte do Ritual, nem tampouco se traduz numa forma de Cerimonial, mas sim uma tradição. Isso explica porque a forma de se fazer a coleta não importa em estar certo ou errado, e varia de acordo com a tradição, ou consenso de cada Loja.

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PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

Sacola/Bolsa de beneficência ou caridade

A sua coleta não tem momento certo de ocorrer, mas existe o mais tradicional, normalmente feito na Inglaterra, que é antes dos levantamentos. Esta tarefa pode ser do Administrador da Caridade ou, preferencialmente, de um dos Diáconos, ficando a cargo da Loja decidir quem cumprirá esta tarefa, visto não ser ritualística. Porém, em Lojas com um número suficiente de irmãos que possibilite o preenchimento de todos os cargos, a tarefa de circulação para coleta de donativos é precípua do Administrador da Caridade.

Símbolo da coleta especial “Coluna Quebrada”

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Há também o costume nas Lojas Inglesas de circular a bolsa ou caixa de caridade, numa variação de costume e adotam uma expressão ou o sentido figurativo de “Coluna Quebrada” que é uma espécie de arrecadação de fundos com o fim específico, de prover as necessidades da família de um irmão que faleceu de forma prematura ou recentemente.

8.3. Palavra Semestral Nos Trabalhos Emulação, a Palavra Semestral nada mais é do que um ato administrativo do V.M., por força do regimento de algumas Potências, eis que não encontramos qualquer registro desta prática no Ritual Inglês, nem mesmo na literatura pesquisada. Assim, a forma como a palavra é transmitida dentro da Loja, fica inteiramente a cargo do V.M. decidir, ou de forma decidida pela Loja, por seus usos e costumes. O que vale salientar aqui é que não há a figura da “Cadeia de União” nos trabalhos de Emulação, assim, concluímos ser esta a forma incorreta de se transmitir a palavra semestral. Nas palavras do Irmão Rizzardo da Camino, em sua obra “Dicionário Maçônico”, pág. 81, no verbete “Cadeia de União” temos: “Traduz-se como o cerimonial que reúne de forma litúrgica todos os membros do Quadro de uma Loja. Os aspectos a serem observados são múltiplos, envolvendo parte emocional, filosófica, esotérica e espiritual. O uso da formação de uma Cadeia de União não é a Universal, pois existem países, como a Inglaterra, que não a adotam no sentido visível, palpável e litúrgico.” Assim, entendo que o momento oportuno para a transmissão da palavra semestral, nos Trabalhos de Emulação, se faz no 186

PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

Primeiro Levantamento, quando do encerramento da Loja, momento este destinado a assuntos do Grande Oriente do Brasil, ou seja, Potência Federal ou Nacional. Nada impede que o V.M. determine o momento apropriado em seu julgamento a passar a palavra semestral, eis que trata-se de uma tarefa que lhe compete exclusivamente

8.4. O Jantar Festivo (Festive Board) *Importante salientar, antes de qualquer coisa, que este em nada tem a ver com o Jantar Ritualístico do REAA.

8.4.1 Introdução Trata-se de um jantar que ocorre na maioria das Lojas, ao final das reuniões, especialmente após as Cerimônias (Iniciação, Passagem, Elevação e Instalação), variando entre os diversos tipos de “Buffet” e banquete, sempre de acordo com o desejo de seus membros. Ele é sempre uma ocasião para convivência, ou seja, proporciona maior integração entre os próprios membros da Loja e eventuais visitantes. Ele oferece aos irmãos a oportunidade de apreciar o lado social da Maçonaria, bem como o lado mais formal do Ritual de Emulação, assim, deve ser considerado como um grande momento da noite, como uma Cerimônia em Loja, embora em um ambiente mais descontraído. Dito isto, é preciso lembrar que o Jantar Festivo é também uma relação “formal”, com sua estrutura e regras de conduta, embora dando tempo de sobra para os irmãos para falarem entre si e desfrutarem da companhia uns dos outros. A maioria das primeiras Lojas existentes, na Inglaterra, bem como as que surgiram além-mar, realizava suas reuniões em 187

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tavernas, provavelmente para a conveniência de centralidade e também para a segurança de suas reuniões e festividades. Isto resultou em estatutos para se lidar com excesso de intemperança. As Multas por embriaguez, pela linguagem indecente (provavelmente o resultado do excesso de bebidas alcoólicas), pela discutição e disputa, ou por se perturbar uma reunião da Loja foram bastante severas. A refeição após a Cerimônia de Instalação geralmente é mais generosa do que aquelas que seguem outras reuniões comuns e demais cerimônias. Existem muitas disposições formais dos assentos para a refeição após a Cerimônia de Instalação, e ainda é possível que ela seja acompanhada de mais “tomadas de vinho”, brindes e discursos que os jantares das outras Cerimônias. Depois de deixar a sala da Loja os irmãos podem ter alguns minutos “descanso” até que o Diretor de Cerimônias venha convidá-los a tomar os seus lugares no Jantar Festivo. O anúncio é feito pelo D.C.: “Em pé, irmãos, para receber o Venerável Mestre.”, que pede para que os Irmãos aplaudam - de uma forma entusiástica e espontânea. Estas tradições e práticas das Lojas variam e são um dos aspectos que fazem a Maçonaria tão interessante. As disposições dos assentos variam bastante de Loja para Loja, com algumas sendo mais formais que outras. De qualquer forma, os assentos que serão ocupados pelo Venerável Mestre, seus dois Vigilantes e o Venerável Mestre Imediato - V.M.I. (IPM = PMI no Brasil), geralmente são especificados. Se não houver um plano de assentos em vigor, sem dúvida será a oportunidade para em cada ocasião variar os lugares entre os diferentes irmãos, e assim apresentá-los e promover maior integração. Se não houver na Loja Irmãos já incutidos do cargo de

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PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

Mordomos, esta é a oportunidade de encarregar os aprendizes, para dá-los a chance de trabalhar num evento importante para a Loja, servindo-a. Cabe aos Mordomos toda a responsabilidade para a arrumação da mesa, bem como a de servir todos os irmãos no Jantar.

8.4.2. Oração (Prece) Maçônica para a Refeição Não há Oração Maçônica específica, mas a Oração deve ser sempre dita antes da refeição e, mais tarde tornar dizê-la em agradecimento, no fim do jantar, geralmente pelo Capelão da Loja. Se houver este cargo ocupado na Loja, este encargo é do V.M. Para ser mais específico, quando o Venerável Mestre chega à mesa, este é recebido com uma salva de palmas. Após a recepção, o Venerável Mestre dá uma única batida com seu malhete, seguido pelos Vigilantes, chamando a atenção dos Irmãos; após solicita que o Capelão faça a prece, só então o jantar terá início. Durante e depois a parte gastronômica da noite, é costume em muitas Lojas, observar “Tomadas de vinho conjunta” e/ou saudações (brindes).

8.4.3. Tomando Vinho (ou Homenagem com Vinho) Em algum momento conveniente durante a refeição, o Venerável Mestre vai reconhecer a presença de certos outros irmãos por “tomar vinho com eles”, por exemplo, um representante do Grão Mestre Estadual ou da Federação ou uma visita de qualquer outro Grande Oficial. Aqueles que forem nomeados levantam-se, erguem seus copos (ou taças) e tomam um gole de todo o conteúdo na taça ou copo. O conteúdo da taça ou copo não tem de ser vinho ou até mesmo qualquer tipo de álcool. Apesar do nome, trata-se de uma homenagem, ou seja, é uma expressão para designar 189

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este ato de “tomar em conjunto” como uma forma de homenagear os Irmãos visitantes ou autoridades presentes. Esta prática foi introduzida para substituir o “brinde cruzado” que, apesar de ter várias regras, apareceu para acrescentar um pouco de dignidade ao Jantar Festivo. O Vinho deve ser tomado sob o controle do Venerável Mestre, para mantê-lo dentro de uma estrutura e não permitir que ele seja exagerado o seu consumo. Há uma diferença importante entre o “Tomando vinho” e o oferecimento brindes formal. Quando o mestre toma vinho com um Irmão (ou Indivíduo homenageado) ou grupo de irmãos, todos os participantes (nomeados) se levantam. O simbolismo da tomada de vinho é que cada parte dispões e compromete-se com o outro em outras palavras, é uma troca de estima recíproca e de boa vontade. Enquanto que, a lista de brinde formal, que segue até conclusão da refeição, é em prol a saúde do indivíduo ou do grupo a quem é dirigida.

8.4.4. Os brindes especiais ou formais Durante o jantar, existem alguns brindes que são realizados em respeito e homenagem à certas autoridades: a) À Rainha da Inglaterra e à Maçonaria (No Brasil, ao Presidente ou à Nação e à Maçonaria); b) Ao Grão-Mestre (Soberano); c) Ao Grão Mestre Adjunto (Soberano), aos Grandes Oficiais atuais e passados (Federais); d) Ao Grão-Mestre (Estadual); e) Ao Grão Mestre Adjunto (Estadual), aos Grandes Oficiais atuais e passados (Estaduais); 190

PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

f) Ao Venerável Mestre; g) Ao Iniciado, Passado ou Elevado (Se aplicável, conforme ocasião); h) Aos visitantes (Opcional); i) A todos os pobres e aos Francomaçons angustiados ou em sofrimento (conhecido como o “brinde do Cobridor”).

8.4.5. “Tiro Maçônico” Os brindes são normalmente seguidos pelo “Tiro Maçônico”, logo após a pronúncia: “Fogo!”. Ele é um gesto feito com os copos, que após o gole do brinde, os Irmãos ao ouvirem “Fogo!” batem os copos na mesa de uma só vez. Existe uma variante com as mãos e seguido por palmas após cada brinde, ao invés de se bater os copos na mesa. Contudo, não se tem uma forma oficial de “Tiro Maçônico”, variando seus costumes em diversas Lojas. Sua origem vem da tradição da salva de tiros na saudação após as celebrações, porém, não há certeza de como isso começou na Maçonaria. O “Tiro Maçônico” é a conclusão do brinde e faz parte das homenagens concedidas a quem quer que seja o tema do brinde. Assim, não há razão para a sua omissão após o brinde, com a exceção do “Tiro Maçônico Silencioso”. No entanto, não se pode dizer com certeza, que todas as lojas praticam o “Tiro Maçônico”. O “Tiro Maçônico Silencioso” é uma alternativa, e é a saudação feita após o brinde pelo Sinal do Primeiro Grau, porém é vedado o seu uso quando se trata de um jantar com a presença de não-maçons.

8.4.6. O primeiro brinde formal à Rainha e à Maçonaria (No Brasil ao Presidente ou à Nação e à Maçonaria)

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O primeiro brinde é normalmente referido como “À rainha e à Maçonaria”. Em todas as ocasiões possíveis, Maçons Ingleses, quando em reunião como um Grupo, têm orgulho em afirmar a sua lealdade à Coroa por honrar o brinde da fidelidade. Como maçons brasileiros, deveríamos por analogia fazer um brinde de lealdade ao Presidente e à Maçonaria, contudo, é entendível que num país democrático, pluripartidário, esta lealdade seja transferida à Nação e não à pessoa do Presidente.

8.4.7. A utilização do Malhete no Jantar Festivo O Venerável Mestre, normalmente usa o malhete para chamar a atenção dos demais irmãos, exatamente como é feito dentro da Loja. No momento em que o malhete é usado, os irmãos devem conter-se e cessar as conversas imediatamente. Como se afirma na Cerimônia de Instalação, o malhete é o emblema do Mestrado, quanto ao seu poder e autoridade, e deve, portanto, permanecer com ele durante todo o procedimento. A atenção que o Mestre recebe depois de soar o malhete, não depende do nível de ruído que ele faz! Os irmãos devem colocar-se imediatamente em silêncio por respeito ao Mestre, e não ao malhete.

8.4.8. Brinde ao V.M. O V.M.I. e todos os ex-V.M., juntamente com os Vigs. levantam-se, para propor um brinde à saúde do V.M.. Normalmente, as palavras são ditas pelo V.M.I., e logo após o brinde e o “Tiro Maçônico”, o V.M. agradece a saudação.

8.4.9. Brinde aos Irmãos ausentes

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PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

Existe um costume em Lojas Inglesas de se fazer este brinde pontualmente à 21horas. É um costume não seguido pela maioria. O Brinde aos Irmãos ausentes é seguido pelo “Tiro Maçônico”, também depois da pronúncia “Fogo!”. Neste brinde especial busca-se manter a ligação fraternal e espiritual com os Irmãos que não puderam comparecer.

8.4.10. Brinde do Cobridor É um brinde que vem para complementar os procedimentos normais da maioria dos jantares maçônicos, e ocorre quando o V.M. dá duas batidas rápidas do malhete, e convoca o Cobridor para fazer o brinde. Este se coloca de pé atrás do V.M. e pronuncia o brinde, onde após suas palavras, os Irmãos levantam-se, bebem um gole e o Cobridor diz “Fogo!”, seguindo então o “Tiro Maçônico”.

8.4.11. Ausentar-se da mesa durante o jantar Somente em casos extremamente necessários é que se pode deixar a mesa antes do término do jantar. Mas isto deve ser evitado o máximo possível, pois quebra a harmonia da reunião. Em algumas Lojas, as cadeiras do Venerável Mestre e seus dois Vigilantes jamais são deixadas desocupadas, e no caso de um deles precisar se ausentar pedirá que outro irmão a sua cadeira temporariamente.

8.4.12. Os discursos Eventualmente o irmão recém-iniciado, passado ou exaltado, ou até mesmo um visitante, poderá ter a oportunidade única de responder à um brinde que lhe fora feito, e se isto ocorrer, ao dis-

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cursar o irmão deverá lembrar o seguinte: *Faça de forma breve e relevante; *Evite conteúdo ofensivo a qualquer custo; *Comece sempre com a introdução padrão: “Venerável Mestre, Irmãos” ou “Venerável Mestre, Sob. Grão-Mestre, Grão-Mestre Estadual...Irmãos” etc. A introdução dependerá que quem estiver presente, então preste atenção nos brindes anteriores e siga o exemplo. *Se alguém estiver respondendo ao seu discurso, você deverá convidá-lo a fazer após o “Tiro Maçônico” tiver sido dado (se apropriado). 8.4.13. Exemplo de roteiro para Jantar Festivo no Emulação 1. O D.C. conduz todos os membros da Loja à mesa, e todos tomam seus assentos. 2. Conduzidos pelo D.C. o V.M., VIGs. e autoridades tomam seus assentos. Neste momento eles podem ser recebidos com uma salva de palmas. 3. O. V.M. seguido pelos VIGs. batem com seus malhetes para que seja dada a devida atenção de todos, neste momento todos se levantam. 4. O Capelão, ao comando do V.M. faz a prece: “Por essas e todas as tuas misericórdias dadas, Nós abençoamos e louvamos Teu Nome, ó Senhor; Que possamos recebê-lo com ações de graças, Sempre confiando em tua palavra. A Ti só seja honra, glória, Agora e daqui por diante para sempre. Assim seja.” 194

PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

5. Durante a prece, todos permanecem de pé, ao som de um hino próprio, enquanto o Capelão faz a prece. 6. Após a prece pode ser feito o primeiro brinde, ao comando do V.M. 7. Logo após, o Capelão ou o D.C. faz a Introdução ou Prólogo ao Jantar: “Unamo-nos em pensamento e tornemos este, um momento para ser dedicado em oferecimento, à reflexão amorosa para os Irmãos ausentes. Se houver qualquer um que possa estar sofrendo, que eles saibam que estão incluídos com todos os nossos desejos mais amáveis para a sua recuperação rápida e completa. Se algum que deva estar solitário ou com estranhos, eles sentirão neste momento que estão com seus próprios irmãos. Se alguns estão a sofrer as dores do luto, que eles saibam que têm a nossa compaixão unida. Que assim, possa continuar o amor fraternal.” 8. Após o primeiro brinde, todos permanecem de pé, como os copos (taças) na mão (dir.) e então poderá ser tocado (e cantado) o Hino Nacional. Ao final, novo brinde, agora formal. Seguindo a ordem durante o jantar: a. À Rainha da Inglaterra e à Maçonaria (No Brasil, ao Presidente ou à Nação e à Maçonaria); b. Ao Grão-Mestre (Soberano); c. Ao Grão Mestre Adjunto (Soberano), aos Grandes Oficiais atuais e passados (Federais); d. Ao Grão-Mestre (Estadual); e. Ao Grão Mestre Adjunto (Estadual), aos Grandes Oficiais atuais e passados (Estaduais); f. Ao Venerável Mestre; g. Ao Iniciado, Passado ou Elevado (Se aplicável, conforme ocasião);

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h. Aos visitantes (Opcional); i. A todos os pobres e aos Francomaçons angustiados ou em sofrimento (conhecido como o "brinde do Cobridor"). 9. Hino da Loja: Se houver, pode ser tocada depois do brinde ao V.M., conduzido pelo D.C. Após o brinde ao V.M., todos permanecem sentados para ouvir o hino da Loja. 10. Faz-se durante o Jantar todos os Brindes em momentos que o V.M. achar oportuno. Salvo quando o brinde é a si próprio, sendo que este será comandado pelos V.M.I, Ex-V.M. e Vigs., porém, na sequência do item 8. 11. O jantar é servido normalmente pelos mordomos, encarregados de pôr e retirar os pratos. IMPORTANTE: Durante os brindes, prece ou introdução, não se mexe na mesa e nem tampouco alguém se ausenta. 12. Como não existe uma forma rígida de condução, cada Loja pode adaptar-se como bem entender. Este é apenas um exemplo.

8.5. As Preleções Quando começou a trabalhar, a Emulation Lodge of Improvement ensinava o ritual estabelecido pela Loja da Reconciliação (Grande Loja Unida da Inglaterra), por meio das Preleções, e não começou a demonstrar regularmente as cerimônias atuais até certa data - a data exata é incerta - na década de 1830. As Preleções eram naquela época, e são até hoje, o método normal de ensino e aprofunda mento do ritual. Há uma Preleção para cada um dos três graus, expressos em forma de catequese (isto é, pergunta e resposta), e cada uma contém uma descrição da cerimônia do grau a que se refere, e alguma matéria adicional. A primeira Preleção é constituída por sete 196

PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

seções - cinco longas e duas curtas - onde a segunda e terceira descrevem a cerimônia de iniciação e adicionam algum comentário sobre ela, enquanto o restante são dadas até descrições de várias virtudes maçônicas e características, intercaladas com histórias bíblicas. Similarmente, a segunda Preleção é composta por cinco seções, a maior parte das quais são dadas até uma descrição da cerimônia e da Tábua de Delinear, mas que, no entanto, incorpora uma explicação da origem e finalidade da Geometria, a descrição dos seis períodos da Criação e explicações completas das cinco Ordens Nobres da Arquitetura e as sete Artes Liberais e Ciências . A terceira Preleção tem apenas três seções e, consequentemente, há espaço para muito pouco material adicional - essencialmente em uma explicação completa dos c. ps. de c.. Embora as Preleções sejam trabalhadas com muito menos frequência hoje do que em épocas anteriores, elas fazem restituir o estudo, pois elas contêm muitas passagens bonitas do ritual, a maioria das quais não tenham se adquirido o ar de familiaridade àqueles de um padrão mais exigente. A Loja que se encontra sem um candidato tem uma boa oportunidade para fazer uso das Preleções, quer como um meio de ensaiar as cerimônias (seu propósito original), ou para ampliar os horizontes maçônicos dos seus membros. Em uma Loja regular, elas são sempre trabalhadas nos respectivos graus a que as Preleções se referem. Cada seção é introduzida pelo Mestre com a frase “Irmão Primeiro Vigilante,” - o Primeiro Vigilante permanece em seu lugar, “- Poderia ajudar o Ir... (um ex-venerável) ... [ou a mim] trabalhar na seção ... da ....Preleção?”. O Primeiro Vigilante responde: “-Eu farei o meu

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melhor, Venerável Mestre”. Ele então dá um P. e dá o Sn. do grau em que a Loja está aberta - não o Sn. do grau em que a Preleção está prestes a ser trabalhada. Se a Preleção é trabalhada com a ajuda do Segundo Vigilante, o mesmo procedimento é adotado, mas se com o auxílio de outro Oficial ou Irmão, o assistente é dirigido pelo cargo ou nome, conforme o caso, e dá a mesma resposta, mas não saúda até que ele assuma sua posição em frente ao Guarda Interno. Na conclusão da última seção de cada uma das duas primeiras Preleções, no entanto, quando todos os Irmãos se colocam de pé, alguns momentos antes, que o “Tiro” seja plenamente dado, idêntico ao que é dado após cada brinde maçônico no jantar, mas em um ritmo mais sereno, de forma que o Sn. possa ser dado do próprio lugar. Finalizando a Preleção, o Mestre diz “Obrigado, irmão Primeiro Vigilante - ou como for apropriado”. O assistente, em seguida saúda novamente e retoma seu lugar. Os pontos seguintes referem-se individualmente às seções das Preleções.

8.5.1. Primeira preleção, seção 1 Não há armadilhas óbvias. No momento adequado, o Irmão assiste saúda o Mestre com o passo e sinal.

8.5.2. Primeira preleção, seção 2 Esta seção é mais difícil por causa de seu comprimento do que por qualquer outra razão, há sessenta e quatro perguntas e respostas para ser dadas. Todos se levantam com o sinal apropriado, quando o Mestre e Vigilantes batem com o malhete para a Prece e Juramento, e sentam-se novamente imediatamente depois. 198

PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

8.5.3. Primeira preleção, seção 3 Nos pontos apropriados o Irmão assistente saúda o Mestre com passo e sinal. Se o Primeiro Vigilante auxilia no trabalho desta seção, é habitual de comunicar o T., para tanto, o Segundo Diácono ou o Guarda Interno, ou qualquer outro irmão vai ajudar a comunicá-lo ao Primeiro Vigilante. Em qualquer caso, ambos os irmãos devem dar o passo primeiro. O Oficial que confirma a justeza do T. saúda o Mestre com o P. e Sn. do grau em que a Loja está então aberta. (Esta é uma exceção ao princípio mencionado no “Uso do Sinal”, que um irmão não se mantém à Ordem quando uma interação é iniciada por um Oficial superior a ele. Outros exemplos podem ser encontrados na quinta seção desta Preleção e da Primeira Seção da Segunda).

8.5.4. Primeira preleção, seção 4 No ponto apropriado o Irmão assistente mostra o Sn. de R.

8.5.5. Primeira preleção, seção 5 O Mestre e Vigilantes têm uma resposta cada para dar no decorrer desta seção. O Mestre permanece sentado para dar a sua, e segura a joia no final do seu colar com a mão esquerda. Cada Vigilante levanta-se quando dirigido e, com passo e sinal, seguram a joia no final do seu colar com a mão esquerda, enquanto fala. O Segundo Vigilante, no entanto, corta o sinal, solta sua joia e sentase antes de dar a parte final da sua resposta, este procedimento tem

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grande semelhança com o Mestre que, quando recém-instalado investe o Segundo Vigilante durante a Cerimônia de Instalação.

8.5.6. Primeira preleção, seção 6 Durante a explicação das quatro formas originais na Maçonaria e as quatro virtudes cardinais, nenhum passo é dado enquanto o sinal de Aprendiz é dado, o que, presumivelmente, porque não é uma saudação ao Mestre, mas constitui uma referência a uma parte do corpo. Por uma razão semelhante, a posição do polegar é irrelevante no gesto seguinte. Os dois movimentos restantes são, é de se esperar, autoexplicativos.

8.5.7. Primeira preleção, seção 7 O Irmão assistente nesta seção saúda o mestre e cada Vigilante com passo e sinal no momento apropriado, se qualquer Vigilante for o assistente, ele saúda os dois últimos dos três. Todos os irmãos ficam de pés para a resposta final, de modo que eles estejam em pé quando o fogo é dado.

8.5.8. Segunda preleção, seção 1 Uma seção simples do “Ritual”, sem complicações especiais. Todos se levantam com o sinal apropriado, quando o Mestre e Vigilantes dão as batidas para a Prece e o Juramento. O mesmo procedimento é observado para comunicar o T. como na Terceira Seção da Primeira Preleção.

8.5.9. Segunda preleção, seção 2 Uma linda, totalmente, “não-ritualística” seção, que merece

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PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

uma preparação cuidadosa a respeito.

8.5.10. Segunda preleção, seção 3 Esta é essencialmente a primeira parte da explicação da Tábua de Delinear do segundo grau, prestados em forma de catequese. Há uma ligeira armadilha na resposta à pergunta: “Onde eles estavam ordenados para serem colocados?”. Devido a uma diferença na formulação da que a utilizada na Explicação da Tábua de Delinear, uma desatenção momentânea pode levar à maior parte da resposta ser omitida. O procedimento para comunicar a P. de P. é a mesma que para o T. na primeira seção da Preleção, exceto que nenhum Irmão dá o passo.

8.5.11. Segunda preleção, seção 4 Esta, mais do que qualquer outra, é a seção só para os adeptos. É muito longa. As explicações de algumas das Ordens da Arquitetura são suficientemente semelhantes para fornecer um risco de serem confusas, e que exige concentração considerável para assegurar que seja exatamente prestadas, bem como colocar mais de um modo de falar, com vários assistentes, para reter a atenção dos ouvintes.

8.5.12. Segunda preleção, seção 5 Todos os irmãos ficam de pé, ao se aproximar do final da Preleção, de modo que eles estejam de pé para o sinal (que não deve ser feita antes da Palavra) e quando o “Tiro” é dado.

8.5.13. Terceira preleção, seção 1 Uma longa, mas bastante simples seção do “ritual”. Todos

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estão com o sinal apropriado, quando o Mestre e Vigilantes dão as batidas para a Prece e o Juramento. O procedimento de dar dois sinais em sucessão no ponto central é semelhante ao utilizado na abertura da Loja no terceiro grau.

8.5.14. Terceira preleção, seção 2 Uma simples seção do “ritual”, que compreende a maioria da história tradicional.

8.5.15. Terceira preleção, seção 3 Não há nada particularmente a se observar nesta seção.

8.6. O Instrutor da Loja É de responsabilidade de cada Loja selecionar os Instrutores dentre seus membros e a Loja deve garantir que um Instrutor seja indicado para cada candidato. O Instrutor da Loja tem um papel vital a desempenhar, pois é sua responsabilidade garantir que o processo de Instrução, não seja só aplicado, mas que também funcione de forma eficaz em sua Loja. Programa de Instrução Maçônica é um processo onde um indivíduo pode passar o seu conhecimento e experiência maçônica para um irmão menos experiente. O Programa de Instrução é amplamente utilizado no mundo dos negócios como parte do desenvolvimento de uma pessoa de carreira, e o que estamos tentando fazer é mapear esse processo em nossa vida maçônica. Pense para trás, quando você veio pela primeira vez na Maçonaria e você vai perceber que a entrada da Maçonaria pode ser às vezes assustadora e, com o tempo, avassaladora. A própria

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natureza da nossa organização, muitas vezes leva os homens a se juntarem a nós com a ideia de pouco, ou mesmo inexistente, do que se esperava deles e que eles podem ganhar com a adesão. Um Instrutor deve estar lá para ajudar durante estes anos de formação crucial. Mas, pode até parecer, que é o trabalho do proponente ou apoiador. Neste ponto, devo salientar que um Instrutor maçônico em nada toma o lugar de um proponente ou apoiador, mas está lá para dar apoio e orientação das maneiras que melhor será explicado mais adiante. O papel de um Instrutor é garantir que um novo irmão torna-se “engajado” em ideias e objetivos da nossa Ordem. Por “engajado” significa dizer que alguém que está comprometido com a sua Maçonaria; frequenta regularmente a sua Loja e tem um papel ativo na vida da Loja. Por outra comparação “desprendido” com a Ordem pode ser um Maçom, por direito de filiação, mas não em sintonia com os objetivos da Ordem, não regularmente, e certamente não irá tentar aplicar os seus Conhecimentos Maçônicos na sua vida quotidiana. No início da cerimônia de iniciação do candidato é informado de que ele pode “seguir seu guia com firmeza, mas humilde confiança", e assim começa uma jornada simbólica da escuridão para a luz, da ignorância ao conhecimento maçônico. O trabalho do Instrutor é ser o guia do recém-feito maçom, condutor e treinador uma vez que a cerimônia terminou - para explicar não só o funcionamento, as tradições e organização de nossa Instituição, mas também para remover o véu da alegoria e revelar o sentido dos símbolos de modo que o novo Maçom possa apreciar e compreender a organização a que ele aderiu.

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Assim, o foco de todo programa de Instrução Maçônica Mentoring - é permitir que o novo maçom cresça no conhecimento, envolvimento e confiança na Maçonaria de modo que possa beneficiar-se e desfrutar de sua adesão. A chave para fazer isso é fazer tudo um passo de cada vez. O candidato tem uma grande quantidade de informações para assimilar e o Instrutor tem uma riqueza de conhecimento para transmitir. Controlar o acesso é talvez uma das tarefas mais importantes, pois o processo deve ser regido pela capacidade do candidato para digerir a informação e não por qualquer desejo por parte do Instrutor para avançar rapidamente para a próxima fase. Por isso, é importante trazer alguma estrutura para o programa e identificar o que o candidato precisa saber e quando ele precisa saber. Este é talvez o mais importante e dá-se pela divisão do programa em quatro etapas, a saber: Etapa n.º 1. O que se espera de mim? Estas são todas as questões básicas, tais como: Quando é que vamos nos reunir em Loja? Quem é quem? Quais são as taxas que devo? O que é um Vigilante, etc.? Etapa n.º 2. O que tenho que fazer a seguir? Uma vez que o lado “administrativo” básico da Loja foi tratado, a próxima etapa é garantir uma compreensão da relação dos três graus e do significado simbólico de cada um como e como eles se complementam. É somente com um entendimento completo de nossas cerimônias e seus significados que um novo irmão vai perceber a essência da Maçonaria. Sem isso, ele nunca vai se tornar totalmente engajado no

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Ofício e será impossível para ele manter um interesse maior. Etapa n.º 3. Eu pertenço? Aqui é quando surge a pergunta “Agora que eu entendo, eu me encaixo, isto é para mim?” A resposta a esta pergunta só pode ser “sim”, se as duas primeiras etapas já foram concluídas. Isto é, quando o Instrutor pergunta se o candidato deseja ser envolvido na execução de parte da cerimônia e assegura-se que ele esteja totalmente imerso nas atividades sociais da Loja. Etapa n.º 4. Como posso avançar? Nesta fase, temos um irmão que está desfrutando de sua Maçonaria, tem um equilíbrio feliz com sua casa / trabalho / vida maçônica e desejos de progredir. Essa progressão pode ser “a escada” para o Venerável Mestre, ou em um cargo como o de Administrador da Caridade ou Tesoureiro. É aqui que um Instrutor irá direcionar sua Instrução por um caminho certo, orientando-o na direção certa, dando apoio e incentivo sempre que necessário. Há uma série de atividades práticas que permitirá que todos os acima para acontecer. Isto dependerá muito da habilidade do Instrutor. Apresentação de Instrutores para candidatos Se possível, seria útil se a rubrica seguinte fosse incluída nos Livros do Ritual após a Instrução na Cerimônia de Iniciação: (Se a Loja possui um sistema de Instrução o V.M. deve agora apresentar o

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candidato a seu Instrutor, com algumas palavras adequadas.). “Ir. ......, que concluiu a cerimônia de sua iniciação na Maçonaria. Bem-vindo à fraternidade mundial de maçons e para esta Loja, em particular. Como foi explicado na cerimônia, esperamos que faça avanços diários em conhecimentos maçônicos. Para ajudá-lo a fazer isso pedimos ao Ir. ........ para atuar como seu guia e instrutor. Ele vai explicar para você e ajudá-lo a compreender os símbolos e os ensinamentos estabelecidos na recente cerimônia e também nas cerimônias que se seguirão. Ele também explicará as tradições e a história desta antiga instituição. Ambos, seu Instrutor e o Ir. ..., o Instrutor da Loja, estão disponíveis para responder a quaisquer perguntas que você pode tiver.” É aconselhável que o Instrutor sente-se com o candidato no restante da reunião para guiá-lo através do fechamento, etc. Tem que haver uma relação especial – afinidade - entre o novo maçom e seu Instrutor. Este é um relacionamento mais pessoal e, salvo no caso de Loja muito pequena ou especial, a concepção de um “Instrutor da Loja” para todos os candidatos não é o melhor caminho a seguir. Em muitos casos, a escolha óbvia de Instrutor seria o Proponente do candidato ou o Apoiador. Quando isso não for possível, devem ser consultados sobre a escolha de alguém. Seja qual for a decisão do irmão deve ser cuidadosamente escolhido e que tenha qualidades específicas. Tem-se observado muitas vezes que a maior dificuldade no programa de instrução é encontrar Instrutores adequados.

8.7. A loja de Instrução Se a sua Loja tem uma Loja de Instrução, ou compartilha uma com outra Loja, então você está realmente feliz, pois nem to206

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das as Lojas – embora muito proveitoso - têm esta facilidade. A Loja de Instrução é muitas vezes referida como a Loja de Aperfeiçoamento, embora em algumas partes do país - mormente na Inglaterra -sejam referidas como “Loja Inferior”. É onde cerimônias ou simplesmente os rituais são praticados e ensaiados e permite-lhe ganhar a confiança sobre a parte que você tem de “encenar” quando chegar a hora para participar de uma cerimônia. Uma boa Loja de Instrução não vai limitar-se a ensaiar rituais e cerimônias, mas também irá dedicar o tempo à pesquisa e estudos. É uma oportunidade de aprender não só o que fazemos, mas porque o fazemos. Praticamente é uma Loja de Estudos Maçônicos, como conhecemos aqui no Brasil, mas não somente estudos, como dito, ensaios de cerimônias e prática dos rituais são também realizados. A Loja da Instrução, se existir, é presidida por um preceptor – ou Instrutor - que está encarregado dos trabalhos. Não há necessidade de traje maçônico e nem insígnias numa Loja de Instrução – ou de estudos.

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Capítulo 9: Relação entre o Ofício e o Santo Arco Real

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Ordem do Santo Arco Real, muitas vezes referido como capítulo porque cada unidade se reúne sob o título do Capítulo, em vez de Loja, é um passo importante na Pura e Antiga Maçonaria. Por muitos anos ele foi descrito como a complementação do Terceiro Grau, que, como o Grão-Mestre – UGLE -, disse em abril de 2004 “implica que nem o Terceiro Grau, nem a Cerimônia de Exaltação – cerimônia do Santo Arco Real - é completo, o que certamente é falso”. Ele ainda enfatizou que “Um homem só se torna um maçom completo quando ele dá o passo adicional muito importante para o Arco Real”. O Santo Arco Real é, assim, uma Ordem com o seu próprio estado independente, como pode ser visto no prefácio do Livro das Constituições, que diz expressamente que “é uma extensão, mas nem uma superior nem uma parte subordinada dos Graus que o precedem”. Por conseguinte, totalmente independente, por isso pode ser visto como a complemen-

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tação de uma jornada a Pura e Antiga Maçonaria.

9.1. História A história do Arco Real é um pouco complicada. É provavelmente o suficiente para dizer que a lenda sobre a qual a Ordem se baseia, não vai de alguma forma explicar o que o Terceiro Grau parece deixar de fora. Como é cediço, antes de 1813 havia duas Grandes Lojas, e que se diferenciavam em alguns aspectos fundamentais. Os Antigos praticavam o Arco Real como um suplemento do Terceiro Grau, e consideravam-no como um quarto grau conferido em suas Lojas. Por outro lado, os Modernos não. Na verdade, se fosse realizado não era oficial e autorizado pela Grande Loja e, portanto, com o tempo, isso levou à formação de Capítulos distintos do Arco Real. Não foi até depois da união das duas Grandes Lojas, em 1813 que foi declarado para ser um trabalho oficial e parte universalmente aceita da Pura e Antiga Maçonaria - mas entregues em capítulos separados, o que agradou ambas Grandes Lojas.

9.2. Santo Arco Real como uma extensão do Ofício Nossa jornada na Maçonaria, como o Irmão leitor tem aprendido – ou vai aprender, é uma busca de crescimento filosófico e espiritual. Considerando que as cerimônias do Ofício, em particular os c. p. de c. que você aprendeu – ou aprenderá - na sua Elevação implicará no seu relacionamento com seus companheiros, assim que você entender que o Arco Real e estes c. p. de c. em particular estão concentrados na relação do homem com Deus. Na verdade, ele coloca a Pura e Antiga Maçonaria no contexto do eterno e a eternidade. 210

RELAÇÃO ENTRE O OFÍCIO E O SANTO ARCO REAL

9.3. A Lenda da Cerimônia Para induzir a esta percepção, ele baseia sua cerimônia na reconstrução do Templo de Jerusalém quando os judeus foram autorizados a voltar da Babilônia, muitos anos depois de terem sido expulsos após a sua derrota e a destruição do Templo original por Nabucodonosor. A cerimônia é muito bonita e comovente - algo que, como acontece com uma de iniciação, nunca se esquece.

9.4. A Organização Muitas Lojas têm Capítulos a elas associados – inclusive no Brasil, tendo o mesmo número que a Loja e muitas vezes o mesmo nome. Quando você se sentir pronto, você deve se informar sobre ser exaltado, como é chamado, nesta Suprema Ordem. Isto não tem que ser no Capítulo vinculado a sua Loja, se houver um. Seu Instrutor, ou qualquer Irmão investido na joia do Arco Real, ficarão felizes em ajudá-lo. Em geral, seria sensato aguardar alguns meses após a elevação antes de se ingressar ao Santo Arco Real, a fim de que você possa ser capaz de digerir o que você já adquiriu de conhecimento e desfrutar dos prazeres da visita como um Mestre Maçom. Mas, tenha a certeza de que uma vez que você der o próximo passo será recebido tão calorosamente como você foi em sua Loja.

Avental e Faixa do Santo Arco Real

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