Pedagogias Ed Musical Schafer

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Av VicenteMâchado,ll7

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editora@editornihpcx ronì.br

E D IT OF A

IBPEX Ìtn\(lho tditoriil Dr. lvoJosé Both (pÌesÌdente);Dr". Elena Godoy; DÌ. Nelson LuÍs Dias; DÌ. Ulf Gregor Baranow. I:dit ot - t hcft Li ndsay Azambuja hdi/r)r.J-dssistenlesAriadne Nunes WengeÌ; Marcela de Abreu Freirâs E(liLorde drte Ràpl1aeÌBernadelli

Apresentaçao,9 Introduçao,por Maura Penna,13

Prcparaçaode origindis EÌiane Felisbino Revisdode teÍio Cristiane Marthendal de Oliveira Capd e didgrdmdcloRegiane Rosa ProjetografLcoBt[ao Palma e Silva; Regiane Rosâ

I - emile;aques-Dalcroze A músicae o movimento,por SilvanaMariani, CapÍtulo

IconograrfiaDanieÌle SchoÌtz llustrdçõesMarceÌo Lopes

ldeias. 27 L I Transformaçao na pedaglgíamusical

Dados lntemacionais de Caraìogaçãona publicaçáo (CIp) (Câmara BrâsileÌra do Liwo, Sf; Brasil)

Vida e obra.34

Pedagogias em educâção musical / Teresa MateiÌo, Beatrì: lÌan, (Org.) Cudtiba: lbpex, 2011. - (Série Educaçâo Musical) Váúos autores tsBN 978-85-7838-538-5 Ì- Música - Esrudo e ereino 2. Música na educação 3. Música na educação - Aspectos psicológicos 4. PedagogiaL Mareiro, Tèresâll. lÌaú, Beâtriz lll. Série. r0-1.0423

Sela dc aula,46 e sedesenvolvc,4(t L4 () çpvppquevive,expressa

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indices para catálogo sútemático: 1. Música: Educação

rt út L2 A músicacomomeiopdra uma experiênciu1to(lir pedagógica, 39 Proposta m(nlr I ttl musicalatravésda interaÇao L3 ('.ompreensao

371.9

€epttulo 2 - zoltenKodáIy

AÜebetItíf çao t hobilídadesmusicais,por Walt niu Mil | | 1'edÌçao,2011. roÌ Ìetro o depostrolegaL. lntormamos que é de inteira responsâbilidade dos autores a emissão de concetros. Nenhuma paÌre desta publicação podeÌá ser reproduzÍda por quaÌqüer meio oü forma sem a prévia autoÌização da Editora lbpex. A violação dos direiros âutoraìs é cfime esrâbelecido nâ LeÌ n" 9.610/Ì99g e punìdo pelo aìr. 184 do Codigo Pena .

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P T D A GOGIA SEu

EoucAçÃo MIJSICAT TTRTSRMATEIRo BEATRIZII-RRI

(Onc.)

Ideias

9.1 Ecologiaacustica,teatrode confluênciae relaçãoarte/sagrad Schaferé um homem de múltiplos interesses, autor de consistenteproduçãoartísticae literária,que vale a

pena conhecer,não só por seu conteúdodesafiadore apaixonante,como pelo fato de que, no decorrerdo tempo, cadavezmaisclaramente,ela tem espelhadoe se tornado porta-vozde seusposicionamentosfilosó-

ficos e de suaúsão de mundo. Paraque o leitor brasileiropossase aproximarde suasideiase compreender

as posiçõesdefendidaspor Murray Schafer,destacam-seaqui três eixos que caracterizamseupensamento e podem ser encontrados,abertaou veladamente,em suaprodução:a relaçãosom,/ambiente, a confluência das artese arelaçãoda arLecom o sagrado.

9.f .1 A relaçãosom/ambiente O primeiro eixo a ser destacado,a relaçãoentïe som e meio ambiente, concentra o foco de interessede Schaferque, païa caracteizâ-la,criou apalawa soundscape, traduzídanos paÍsesde lingua latina como "paisagemsonora"(Schafer,200I [1977]).A relaçãoentrehomem e meio ambienrerornou-sebastantecomplexa a partir da RevoluçãoIndustrial, quando a industrialização,o advento de maquinariapesadae a introdução de novasmaneirasde ser e -estarno mundo começarama pïovocaï desequilÍbriosque, atualmente,chegam

a nÍveis assustadores, além das preocupantesconsequênciasque todos conhecemos,como o aquecrmento global, o envenenamentodos rios, o desmatamentoe tantos outros fenômenoscaracteísticosdessedescontrole. Muitos cientistastêm nos alertadoa respeitodesseestadode convulsão,e argumentamque essesd.ese quilÍbrios podem ter efeitosterríveissobreas geraçÕes atual e futura e, mesmo,sobrea úda no planetal.

LOleitorinteressadopodeconsultarCapra(1986,1995,1999,2002);Lovelock(2001);pellanda(2004)

Essemesmoestadode desequilíbrioé detectadopor Schaferem suaspesquisasa respeitoda paisagem sonora,que o têm levado a desenvolvertrabalhosno campo do que denomina ecologlaacustica.Por ser músico, seu interessepelo som é prioritário e critica a sociedadecontemporâneapoï ter se descuidado dessefenômenoe das relaçÕesque o homem estabelececom ele. Examinandoa legislaçãoa respeitodo ruíd.oem váriaspartesdo mundo, Schaferpercebeuque, na maior parte dasvezes,tanto agoraquanto no passado,as leis que tratam do som ambientaltêm caïáteïrestritivo e punitivo, não qualitativo.De acordo com ele,não bastacriarem-seïegras,leis e proibiçÕes,para que a problemáticado excessode ruído ambienE precisoaperfeiçoaros modos tal e da poluiçãosonoÍa,que hoje assumemníveisalarmantes,seja atacada. de apreensãodo som pelo homem,valorizar sua importância,e fazertm profundo trabalho de conscientízaçãoa respeitode seu impacto no ambiente,por indivíduos e comunidades,tornando-oscúmplicesdo pïocessode construir campossonorosadequadosa cadaum e à sociedadeem que vivem. Essetem sido o grande objetivo do trabalho de Schaferque, desdefinais da decadade 1960, vem procurandodesenvolverentre alunose pessoasque o cercama consciênciaa respeitoda paisagemsonora. Em muitas de suascomposições,ele chama a alcnçãodo ouvinte païa sons que consideraimportantes de seremouvrdose, hoje, estãosendoesquecidos,como os sons da rratureza- de animaisou dos elementos: Schafertem se inspiradobastantenessassonoridades,como pode âgta, neve,fogo. Em suascomposiçÕes, (1985), Sun (1982) e Fire (I9B6b), apenaspara ser ouúdo nas obras coraisMiniwanha(l-973), SnowJorms citar algumas.Outros sons inspiradoressão os imaginados,como o jardim sonoïo que, em vez de flores, tem sinos,emAgardenof bells(1983), ou as vozesmÍticas das personagensPrincesadas estrelas,Lobo e Inimigo dos três chifresemThe Pnncessof the stars(1981), obra escritapara seï executadaà beira de um lago,no meio da floresta,e que servede Prólogoao ciclo Patna.

9 .l .2 A confluênciadasartes O segundoeixo, a confluência das artês, é um ideal cultivadopor Schaferno novo gênerocriado por ele, intitulado Teatrode Confluência,e que faz questãode diferenciar de outras formas de integraçãode linguagem. Nas notasàs partituïasde PatnaI e Patna1I,explica: 27B

Mansa Tiench de Oliveira Fonterrada

Idealmente,o que estamosprocurandoé um novo teatro no qual todasas artes possamse encontrar, cortejar,fazer amor.O amor irnplica troca de expenências,mas nao pode nuncasígníficara negaçao daspersonalidades individuaís.Eu o chamoTeatrode Confluênciaporqueconfluênciasugereum fluír junto, naoforçado,mas inevítavel: comoos tnbutanosde um rio. Escolhendo essetítulo descntívo, estourejeítandomuitosoutrosquepodenam,talvez,ser considerados muítoproximosdo que tenhoem mente.Um desses termosé TeatroTotal,outro e TeatroAbsolutoe o terceíroé o Gesamstkunstwerke de Wagner(ObradeArte Total) [...JEssegêneronuncaJoí possívelno passado,em virtude da natureza híerarquícade todasasformas de arte combinadas.Assim,no teatro,as artessaosubordinadas a palavra, enquanto, na opera,essahierarquia e maisou menosinyertida,masnãomenosdesproporcíonal. As obrasconcebidas para essegênerodevemsê-loem todosos níveis,simultaneamente. respeíto, [...] A esse podenasermelhordesígna-lo cooperaemvezde ópera.(Schaferlentre 1966 e L974]; [enrre 1966 e lg72l, traduçãonossa) E o gêneroempregadono ciclo Patria,compostopor 12 obras,em que váriaslinguagensartÍsticasinteragem, sem que nenhuma delas tenha pnmazia sobre as outras.Além dessarelaçãomútua, elastambém se relacionamcom o meio, pois foram concebidaspara seremexecutadasnos mais diversosambientes,como à beira de um lago, em uma floresta,uma praia,um jardim, na EstaçãoFerroüária,no Museu de Ciências de Toronto,ou em um eshcionamentoverlical abandonado.O ambiente,nessecaso,é parte essencialda obra, pois suascaracteÍsticasincidem diretamentena qualidadesonora2. Dada a importância assumidapela ideÍa de confluênciana obra schaferiana,tornou-se importante buscaro significadosimbólicodessapalavra,paraque esteajudassea elucidarseu sentidono contextoem (Chevalieret al., 1995,p. 272) nos esclarece acerca que aparecenas obras do autor. O Dicionanode símbolos de seu simbolismo, informando que confluênciase prende à conjunção e coincidência de opostos.Significa a retomadada unidade depoisda separação, a sÍntesedepoisda distinção,a junção de coisase fenômenos

2 Mais referênciaspodem ser encontradasna Arcana Editions, editora especializadanapublicação de suas obras, e no site:.

Pedagogiasem educaçãomusÌcal

aparentemente contraditórios.Ao trazera público o conceitode confluênciadas artes,Schafervai além da questãoda hierarquia entre as linguagensartÍsticas- que tem ocupado a mente de artistase pesquisadores duranteséculos- apontandocaminhospara que o homem, por meio da arte,possasuperara fragmentação atuais,descobrindomaneirassaudáveisde integração,união e obtençãode sabedoria,e e a desagregação caracterÍstico da sociedadeocidentaldesde superandoassequelasdecorrentesdo excessode especialização o séculoXIX (Schafer,2002).

9.1.3A relaçãoda aïtecom o sagrado da obra schaferiana.Essa A relaçãoentïe a arte e o sagrado constitui o terceiroeixo das caracterÍsticas a ecologia sonora(2004a)e O temáticafoi exploradapor Fonterradaem duasobras:Músícae meioambiente: lobono labirinto:uma incursaoà obrade Murray Schafer(2004b). A relaçãocom o sagradosó pode ser apreendida se o homem conseguir relalivizar os modelos tradicionais de pensamento,permitindo-se a aproximaçãocom outÍas formas de reflexão,como a FilosofiaOriental ou da Antiguidade.Do mesmo modo, a compreensãoda produçãoschaferianasó pode ser alcançadapela transcendênciada apreensãoinreiectual racional,mas holístico,e envolvetodos os canaiscom do saber,pois o sentldodo sagradonão é de carâÍ.er os quais o homem conta para se apropriar do existente,construir,relacionar-secom o mundo e sercapaz de interpretâ-lo,ao outro e a si mesmo.Refiro-meaosaspectossensÍvel,perceptivo,motor, afetivo,mental, por social,espiritual,além do intelectualpropriamentedito. O serhumano só teráacessoa essasdimensÕes pela experiênciado viúdo, num processode reenimersão,quando, então,o sentido do sagradoaÍl.orarâ, cantamentodo mundo. foi profundamenteestudada A relaçãocom o sagradonas sociedadestribais e na contemporaneidade por Mircea Eliade ([s.d.l, 199I), que eníatrzaa perene necessidadede o ser humano buscar respostas para as questoesde origem da'úda. Ele mostra que as sociedadesorais, antigase atuais,têm modelos explicativospara o mundo e para a vida, expressos,em cada cultura, em seus mitos de origem. Esses mitos, embora não plenamentecompreendidospelo homem comum, continuam presentesna sociedade

Marisa Tiench de Oliveira Fontenada

Capínúo9

RaymondMurr a)rSchafer O educadormusicalem um mundo em mudanÇa

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Marisa Trenchde Oliveira Fonterrada

ocidental,modificados,atualizados,sejade forma explÍcita,sejacomo indÍciosou resquÍcio.Schaferatribui ao enfraquecimentodo valor do sagradoa responsabilidadepor muitos dos problemasüvidos pelo homem contemporâneo,que vem perdendo asreaismotivaçÕesque o levam a viver e a se relacionarcom o próximo e com o meio de maneirasaudável.Paraele, a recuperaçãodessesvaloresperdidosou debilitados faz parte do papel da arLena atualidade,pois ela ainda detém o poder de transformaçâo. Ao falar sobre o propósito daarle, no artigo publicado emPatna: the cornplete cycle,schafer(2002, p. 87, traduçãonossa)afirmaque: Estedevesero pnmeíroproposítoda Arte. Promovermud,anças em nossascondíçoes exístenciaís.Esteé Modificar-nos. Eum objdivonobre,divino.E exístedesdemuitotempoatras,antes o pnmeiropropósito. queapalavra"arte"fossecunhadaparadescrever o últímotremortransformatiyo acessível aohomem civílízado. Essamatriz de pensamentoexplica a preocupaçãode Schaferem abrir espaÇoa todos que frequentam sua obra- artistas,membrosda equipede produção,público -, instigando-osa passarpor uma experiência de transform ação,pela pratica e fruição artÍstica. No Eptloguedo ciclo Patna 12:and wotf shallinhent the Durante nove dias, um grupo de pessoas,de moon(7006), essaideia é levadaàs últimas consequências. formaçãoe proveniênciaas mais diversas,convive no interior de uma florestacanadense,enquanto prepara e vive a sagado Lobo e da Princesadas estrelas.TÌata-sede uma obra de carâÍerritualÍstico que ocorre anualmente,no mês de agosto,desdeo início da décadade 1990, e integra o grupo conhecido comoThe WolfProject(Prqeto Lobo). Durante a semana,os membros dessegrupo são divididos em oito clãs,numa alusãoàs sociedades totêmicasindÍgenasda América do Norte e ocupam quatro espaçosdiferentesno meio da fÌoresta,distantes uns dos outïos o equivalentea uma ou duashorasde caminhada.Cadaum dessessÍtiosé responsávelpelo desenvolvimentode determinadastarefase por ofereceraos demais membros do projeto a oportunidade de úver a arle,em pequenosdesafiosrêlacionadosa ceïtosaspectosdo dramaa ser encenado,que, por sua yez, esÍaoconectadosa personagens importantesna sagareúúda no ciclo Patna.

Pedagogiasem educaçãomusical

No dia final do encontro,todos se reúnem, paraa celebraçãoda GrandeRodada Vida, em que a saga que gerou o ciclo - a história do Lobo e da Princesa,separadospor uma sériede circunstânciasna primeira of the stars(1981) - é retomadae frnalizadaemEpilogue:andwolfshallínhentthe the Princess obra - Prologue: moon(2006). Nessaobra, o Lobo e a Princesafinalmentese reencontram,redimidos apósmuitas e muitas em uma das obrasdo ciclo3. cadauma delasrepresentada encarnaçÕes, do No Epilogue,a distinçãoentre palco e plateiaé extinta; não há artistasde um lado e espectadores outïo, pois todos os presentesparticipam ativamentede sua construção,duran[e os nove dias em que, isoladosdo mundo, acampamna floresta.E a expressãomais pura de seu conceitode arte que, embora inspiradaem preceitosmuito antigos,presentesnas sociedadesoraise no Oriente,eie consideranecessário ao homem da atualidade,como maneira de enfrentara problemáticado mundo contemporâneo,que se mostra na fragmentação,nafaltade contato entïe âspessoas,na extrema valorízaçãodo dinheiro e do poder, em detrimento de valoreshumanos. A expenênciade imersãonâ arte e na úda comunitáriarelembraa necessidadesentidapor Schafer (2002) da redescobertado sagrado,que considerafundamentalpara o serhumano. Ao provocar a realizaçào de rituais pela comunidade do Projeto Lobo e fazê-Lareúver o mito da Princesae do Lobo, Schaferinstiga os participantesa aprofundarsuasexperiênciasde úda, imergindona experiênciado sagrado,considerado por ele um antÍdoto à úda cindida de hoje, modelo que o homem da ciúlizaçãoocidentalescolheupara si, em especialnas grandescidades. Nessasocasióesem que cria ambientese sugereaçÒespropÍciasao desenvolvimentodessarelação, de suavida, de suasexperiências, Schaferatuacomo educador.É como se,de repente,todossedespojassem de seusmodosde üda, paraimergiremnum campoutópico,artÍsticoe mágico,üvendo. duranteaqueles dias,em uma sociedadetribal. Os três aspectospresentesna obra de Schaferaqui destacados- a ecologia acústica, o teatro de da mesma atitude de questionamentoe crÍtica confluência e a relação arte/sagrado- são manifestaçÕes

r Mais referênciasàs obras do ciclo Patia podem ser buscadasem Schafer(2002), em O lobo no labinnto: uma incursão à obra de Murray Schafer(Fonterrada, 2004b) e no siúe: Marisa TÌench de Oliveira Fonterrada

em ïelaÇãoaosrumos que vêm sendotoïnadospela ciúlizaçãoocidentala partir da RevoluçãoIndustrial,e que nos tem levadoa excessos, hoje reconhecidosmundialmentea. Essetipo de alerta costuma ser feito por Schaferem diferentesocasiÕese tem provocad"oalguns ruídos por pafte de membros da comunidadeartísticae científi.ca,que vêm em sua posturaum ataqueà tecnologia.Na verdade,a criticade Schaferé dirigida à falta de consciênciado homem a respeitodessaproblemática,reforçadapela atitude de algunsgoveïnantese grandesempresas,em diferentespaÍses,em sua meta de obter desenvolúmentoe progressoa qualquerpÍeço, sedimentando-se essaopçãona expectativa de r,-ultosos ganhosde mercado.Essaposiçãonão é única, e tem ressonâncias numa grandecomunid.ade, representativados mais diversoscamposde estudo,que tratam das questÕes ligadasà relaçãoentre seres úvos e meio ambiente.(Schafer,20011l977);Krause, 2002).

9.I.4 Schafer no Brasil Em 1988, estaautora foi ao Canadá,com uma bolsa de estudosconcedidapela Embaixadado Canadâ, denominadaTheFull EnnchmentProgram.Quando surgiu a oportunidade,lembrou-sede que seriauma boa ocasiãopara encontrar-secom Murray Schafer,que já conheciapor meio de alguns de seuslivros sobre educaÇãomusical,publicadosna Argentina.Estando1á,teve contato com sua obra, compostapor liwos, gravaçÕes e partiturase com seu trabalhode orientaçãode professoresde música,apresentadonum SeminárioInternacionalorganizadopela SociedadeOrff, em Detroit, USA. Dessecontaro,surgiram duas ideias:traduzir Thethinhingear(O ouúdo pensante,1991 [1986]) para o portuguêseÍrazê-loao Brasil.Sua pnmeira visita ao paísocorreuem 1990. Murray Schaferdeu dois cursos,um no Rio de Janeiroe outro em SãoPaulo,ambospatrocinadospela FundaçãoVitae. Em 1992, ele voltou, dessavez, ministrando cursos no Rio de Janeiro,em SãoPaulo,Londrina e Porto Alegre.Nessamesmaocasião,em SãoPaulo,houve o Iançamentode seu livro O ouvidopensante , pela editora da Unesp. Em 1998, Schaferrerornou com sua

aAe s s erespeit o,con su lte,a Ìém deCapr a( 1986, 1995, 1999, 200 2 ) ; H e n d e r s o n ( 2 0 0 1 ) ; T h o m p s o n ( 2 0 0 1 )

Pedagogias emeducaçào musical

783

equipe para montar uma de suasobrasPatría9: A florestaencantada.Os pormenoresacercadesseevento serãocontadosmais adiante.Nessemesmo ano, Schaferparticipou de um evento no Rio de Janeiro,na Foi nessaocasião,também,que colaboroucom Châcarado Céu, trabalhandocom músicose professores. a Secretariado Meio Ambiente da Prefeiturado Rio de Janeiro,dando subsídiospara uma cartilha, que A pcusagem sonorada cidade,com texto de CacoTaborda,JaneteEl Haouli, serialançadaem seguida: Escuta! Marisa Fontenada e ReginaPorto. Schafervoltou ao Brasil err.2O04,durante o XIV Encontro ln[ernacional do Foro Latino-americanode EducaçãoMusical (Fladem),em SãoPaulo, e, como em geral aconteceem suasvindas, provocou grande interesseentre o público presente,trabalhandocom classeslotadas.Sua influência entre educadoresmusicais e docentesde diferentesáreastem sido grande, principalmente apÓs (1991 t1986l) eAafinaçaodomundo a traduçãode seusdois livros parao português:O ouvidopensante (200I tIg77l). Nao obstanteas facetasdo compositor,autor e educadormusicalMurray Schaferseremde conhecimento do público especializadono Brasil - tanto por ter úsitado o paÍs em várias opoïtunidades, quanro por ter dois de seuslivros publicadosem poiluguês -, a mais conhecidaé.a de educadormusical, Lalvezpor ter úsitado o Brasil vâríasvezese ministrado cursos em vários estados.Depois desfavisâo geral a respeitoda atuaçãode Murray Schaferno Brasil,é precisodestacarem 1998, a produçãode Patna9: The (Patia 9: a florestaencantada)(1993), realizadaao ar liwe, no Parqueda lndependência Enchantedforest (situado atrásdo Museu Paulista),no bairro do Ipiranga, em SãoPaulo. Esseprqeto teve caralerde oficina Smith, cenógrafo,RaeCrossman,poeta, eBarry de criaçãoe foi orientadopelosartistascanadensesJerrard Karp, diretor íealral, além do próprio Schafer,na direção geraÌ.A obra foi encenadacom estudantesdos cuïsos de EducaçãoArtística,Artes Cênicas,Artes Visuaise Música no lnstituto de Artes da Unesp, contando com a pafiicipaçãodo Coral infanto-juvenilCantorlA,ProjetoPermanentemantido pela Pró-Reitoria d,eExtensãoda mesmaUniversidade.Foi uma excelenteopoïtunidadeparaos estudantesconúverem com o tipo de trabalho proposto, que requer muita criatividade e iniciativa. O espaçoem que se deu a produção da obra;os músicoseram üsitado pela equipe,para que fOsseadaptadoàsnecessidades foi constantemente alunos dos cursosde Música, a cenografi.a,adereçose figurinos foram criados pelos alunos de Artes Visuais e os atoresescolhidosentre os alunos do curso de Artes Cênicasdo IA,/Unesp.Foi um ótimo exemplo de

Mansa Trench de Oliveira Fonterrada

trabalhocoletivo,em que tudo era discutido e decididopelospróprios participantesda oficina,sob o olhar atentodo grupo de especialistas.

Figura 9.1 - Shapeshifter

:;ffi l\ Pedagogias em educaçáomusicaÌ

Fígura 9.2 - Fenrís,o lobo

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Marisa TÌench de Oliveira Fonterrada

Vida e obra de Murray Schafer 9.2 Brobibliografi"a' 1933- 1956: Formaçaomusical Ralrnond Murray Schafernasceuno dia 18 de julho de 1933,em Sarnia,provÍnciade Ontário, no Canadá ingressouno Royal Conseryatory Quando criança,estudoupiano com a mãe e somentena adolescência of Music, em Toronto. Lá estudou piano, com Alberto Guerrero6,o grande mestre chileno radicadono na época,um dos mais renomadoscompositorescanadenses Canadâ,composição,com John Vy'einzweigT, e professorde uma impoïtante geraçãode músicosda mesmanacionalidade.Ao mesmo tempo, estudou cravo com GretaKrauss,no mesmo conservatório.No entanto,não chegoua concluir seusestudos.Uma constanteinquietaçãoo fez querer irpara a Europa,onde permaneceupor cercade seisanos,sonho que

5 O termo biobtbliografautilizado em O lobono labinnto (Fonterrada, 2004b) foi inspirado num artigo de Claude Ravelet(1993) a respeito de Roger Bastidee reutilizado agora,pois me pareceu apropriado para o rápido olhar na r,rda e obra de Murray Schafer. 6 Alberto Guerrero (1886-1956) foi compositor, pianista e professor chiÌeno-canadenseque, embora seja principalmente lembrade músicos durante os anos em que lecronou no Royal do por ter sido professor de Glenn Gould, influenclou mutms geïaÇÕes Conservatoryof Music em Toronto. TJohn Weinzweig (1913-2006) canadensefilho de pais poloneses.Estudou música desde criança, tocou muÍtos instrumentos e se interessoupor diversosgêneros.Obteve o título de Mestre na Universidade de Rochesternos EstadosUnidos, onde se pôs em contato com a música serial, que muito o interessou.Em sua outra facetacomposicional, escreveumúsÌca para cinema. Foi professor do RoyaÌ Conseryatoryof Music e da Universidade de Toronto, onde se aposentoucomo professorEméÍito I Greta Kraus (1907-1998) nasceu em Viena, na Austria, naturalizou-se canadensee faleceu no Canadá. Celebradacravista, estudou na AcademiaVienensede Música com Hans Weissee Heinrich Schenker.Especializou-sena música de Bach. mas também se dedicou à música do século XX. Lecionou no Royal ConservatoryofToronto.

Pedagogasem educaÇãomusìcal

a seusparentes,residentesna Alemanha, suaprofessoraGretaKrausajudou a concretizar,recomendando-o que o acolheramiogo apóssua chegada.

1956-1962:Viagense correiraprofissional poï parte O período que passouna Europafoi muito rico, emboratenhase iniciado com algumadecepÇão de Schafer,pois o desejode se encontrarcom os grandesmestre da Escolade Viena jâ não era possÍvel d.eser satisfeito,um vez que eles jânão se encontravamna cidade;devido à Guerra,muitos haúam se exilado em outros paÍsese outros estavammortos. No entanto, a estadiana Alemanha,que não parecia ter progrrósticospositivos,acabousendo muito frutÍfera,pois permitiu o contato de Schafercom a lÌteratura ïomânr ica e a poesia dos Minnesingers , que serviu de inspiração à sua peça Minnelieder(1956) , para mezzo-sopranoe qulnteto de sopros, consideradapor ele a melhor de suas pnmeiras obras (Fontemada, ZOO4\,p 35). Após ficar certo tempo em Viena, decidiu ir para a Inglaterra,onde estudou composição com Peter RacineFrickere. Em 1962, Schafervoltou ao Canad^foi trabalharno Centro de Música Canadense,importante instituitempo, ção, cujo erxo de interesseconcentra-sena pesquisae divulgaçãoda música do país. Durante algum trabalhou com os pesquisadoresdo CMC, tendo uma notável atuação,pnncipalmente por uma série de concertosque concebeu,denominada Concertosdosdezsêculos,que deixana profundas maïcasna cultura canadense,pois se propunha a divulgar obrasmusicaisimportantes- da ldade Média à música con[emporânea -, que nunca haúam sido executadasno Canadâ.O prqeto durou seisanos,mas, Iogo no ano seguinte, Murray Schaferfoi trabalharem St.John, na TèrraNova, pois recebeuum conúte para aútarno TheMemonal

e perer Racine Fricker (1920-1990), compositor rnglês,estudou com Mátyas Serbeqfoi professor no Royal College of Music em Londres e dÌretor do Morley College.Afastando-seda tradição composicional inglesa, que, em geral, se sewia de fontes foÌclóricas como modelos de composição, Fricker estavamais próximo às composiçoesde Schoenberge Bartok, fascinando-sepela técnica serial, que utilizou em muitas de suasobras. Em 1964, foi para os Esudos Unidos, onde lecionou por muitos anos na Universidade de SantaBárbara.

Marisa Tiench de Oliveira Fonterrada

Universítycomo artista residente.Mas, mesmo de longe, continuou a colaborar na produção desseprqeto, (Fonterrada,2004b, p 38) escrevendonotas de concertoe ajudando aorganizar as apresentaçÕes

1964- 1974: Pesquisador, educador,criador Em 1964, recebeuuma propostade trabalho interessantee foi para a costaoeste,iniciando um período intenso de pesquisa,docênciae criação,na Universidadede Simon Fraser,localizadaem Barnaby,um distrito de Vancouver,na Colúmbia Britânica, onde ficou por cercade dez anos.Dessaépocadatam os primeiros liwos sobre educaçãomusical * O compositorna sala de aula, Lirnpeza de ouvidos,A nova paísagem sonorq,O rínoceronteem sala de aula e Quandoas palavras cdntdm - que, mais tarde, foram reunidos em a respeitode educaçãomusical. um só livro, O ouyidopensante(199i [1986ì),junto a outrosartigosesparsos Prqect (ProjetoPaisagem No peíodo em que perrnaneceuem Simon Fraser,iniciou TheWorld Soundscape Sonora Mundial) que marcou intêrnacionalmentesua atuaçãono campo da ecologiaacústica.Como resultado dessapesquisa,em 1976, pubÌicou o livro The tuning of the world (1977), traduzido parao português, sob o título A afinaçaodo mundo(200f '19771),primeiro estudosistemáticoda paisagemsonoramundial.

A partir de 1974:Novo modode vida Depois de algum tempo dedicadoà vida universitária,Schaferresolveuseafastare, apósdemitir-sede Simon Fraser,passouos dez anosseguintesem uma fazendaque compraraem Ontário, construindosua própna casa.O novo ambiente,em que os sons naturaisprevaleciamsobre os urbanos,influenciou, não apenas sua pesquisaacadêmica,mas suasideiasacercade educaçãomusicale composição,que refletiamo grande impacto sofrido por ele pela influência da nova paisagemsonora.A partir dessemomento, dedicou-se ao ensino.ministrandocursosde curta duraçãoem diversaspaïtesdo mundo, como apenasocasionalmente professorconúdado. Duranteo mesmoperíodo,seguiucompondo ativamentee cuidandoda produçãode suasobrasde teatro/música.Ao abandonara üda acadêmica,deixou, também,o Grupo de Pesquisaque criara, em Simon Fraser.No entanto, não interrompeu seu trabalho e nem desistiu dasideias que perseguia

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apenasmudou de estilo, inserindo-asem seunovo modo de vida. Atualmente, Schaferúve em Indian River, pequenacidade de Ontário, onde continua a desenvolverseustrabalhos de compositor, educador musical e pesquisadorda paisagemsonoÍa, além de administrar sua própria editora, a ArcanaEditions.

9.2.I Produçãomusicale pedagogrca Schafertem uma vasta produção musical, que engloba obras para orquestïa, quarteto de cordas e canto coral. Mas seu maior interesseestâfocalízadono gênero que denomina Teatrode Confluêncít,em que promove a união de todas as artes e estudosdo ambiente. Nessegênero,as composiçÕesmais representativas são as que constituem a sériePatna, grupo de 12 obras, algumasainda incompletas, que vêm sendo escrirasno decorrerdesuavida, desdeo frnal dadêcadade 1960 atéhoje (Schafer,1991 [1986];Fonterrada, 2004b). Essasérietem um único tema - a sagada Princesa das estrelas, que caiu do céu em frente ao Lobo e foi capturada pelo Inimigo dos três chifres. Em cada um dos episódios da série, o Lobo e a Princesa mas não conseguemse encontïar, atêo EpÍlogo da série:andwolf shall enfrentamdiferentessituaçÕes, inhent the moon (2006), quando, enfim, cumpÍem seu destinoe se encontram,restituindoa harmonia do mundo, perdidacom a capturada Princesa,no Prólogo:the PnncessoJthe stars. Suasideiasestãopresentesem todas as suasaçoes- nas obras que compÕee produz, nos cuïsos e oficinas que ministra, nos programasde rádio e TV que cria, e que reafirma em sua maneira de üver e no trabalho desenvolvidocom a comunidade de artistase não artistasque, com ele, compÕemo Projeto Lobo. Um dos programasde TV de que participou foi exibido no Brasil pela extinta RedeManchete,sob o tÍtulo Amrisicadohomem,na dêcadade1980. Essasérieera dirigida pelo úolinista YehudMenuhin que, em um dos episódios, brinca com Schaferem uma gangorra sonoïa, construída por ele num galpão da fazenda onde morava, em Bancroft, no Canadâ.O livro que relata a série foi editado em português sob o tÍtulo Á músicadohomempor Menuhin e Daús (1990).

Marisa TÌench de Oliveira Fonterrada

Propostapedagógica 9.3 Existeuma metodologiaschaferiana? Casose entendapor método um caminho proposto por alguémpara seï seguidopor outïos, ele nâo será encontrado na obra de Schafer.Ele próprio diz que não escrevede maneira prescritiva, mas descritiva. E ajunta:"Eu não digo: Façaassim!Digo: Eu fiz assim!"(Schafer,1991 [19861).Essaposição,úsra por muiros como um traço rebelde de seu carâÍer,ganhou pertinência na atualidade,deüdo a fatorescomo: a instabilidade causadapelas atuaiscondiçÕesde üda, a conúvência cadavezmais intensa com grandescrises,que impedem ou dificultam a rcalizaçãodas coisasde maneira prevista e controlada; a rapidez com que tudo se altera, transforma ou é substituÍdo; a ausênciade limites; o cruzamento intenso de múltiplos caminhos; tudo isso contribui para desacreditarcondutas preúsÍveis, lineares,estáveis. já apontadosem váriostrabalhos(Fonterrada,1997 ,2008) contribui Esseconjunto de circunstâncias, para a aceitaçãode propostasaparentementenão conectadas,como as encontradasnos livros de Schafer, que seinseremnuma tÍama de redesde simultaneidadese não de linhas planejadas.Ao aceitaressamaneira de construçãoem red.e,se compreenderá,também, o sentid.oda obra de Schaferna arualidadee de sua aparentefalta de ordem. As propostasde trabalho de Murray Schafer,caractenzadas pela não linearidade,por não se dirigirem a faixasetáriasespecíficase por não se inserirem, necessariamente, em currÍculos escolares,são produto de uma postura de vida muito bem-definida pelo autor. Embutidos em sua obra estãomuitos dos valorespor ele consideradosbásicos,e que têm como objetivo não apenaso desenvolümento de posturas criativas e sensÍveispara uma ou duas geraçÕes, mas contribuir para a qualidade da vida no planeta. Essafilosofia de üda aponta caminhos presentesem sua obra, explÍcita ou veladamente,e que devem ser deslindados,para que se compreendamseusprincÍpios e as posiçÕesque assume.

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de seu livro HearSing: Vejamoso que diz na apresentaÇão comoemABCDEFG... queseseguemnaovão musícalénaolinear.Osexercícios Meumétododeeducaçao Todavia,acredítoque elesconstituemum alt'abeto.A rccniceé a de mosaico- uma pedra aqui, uma ao aperfeíçoamento saorelacionadas pedra alí - num modeloem constanteexpansão.Algunsexercícios a escutaclanaudiente.(Schafer, técnico;outros,a exploraçaocriatiya de sonse, aindaoutros,devotados 2005,p. I O,traduçãonossa) No capÍtulo O rinoceronte em sala de aula, de O ouvido pensante, Schafer (1991 [1986], p.277-278, grifos nossos)fazuma lista a respeitodo que consideraimportante para o educadormusical a seguir,e podem ajudar a compreendersuasposiçoesperantea refletir.Algumasdelassão apresentadas educaçãoe o quanto são coerentescom sua fi.losofiade üda; além disso,mostrarãosuasideiasacercado ensinode músicae da posturado professor,como, também,a irreverênciacom que trata o sistemaescolar de seuoaÍs.Sàoelas: l.

"O primeiro passo prático, em qualquer reforma educacional, é dar o primeiro passo prático". Nessaafirm ação,estâcontida a posição de Schafer,de colocar a pÍátlícaanteriormenteao conceito. O maior obstáculoà elaboraçãode um trabalho significativopara si mesmo, paÍa os alunos e para a instituição é o próprio professor,casoprefira se esconderatrás de posiçóesteóricasou ideológicas.A música, como elemento da r,rda, é de \aturezaprá.tica. Faz-semúsica, fazendo,e não discursandoa respeitodo fazer. "Na educação,fracassossão mais importantes do que sucessos.Nada é mais triste do que uma história de sucessos".Esta fal. de Schafermostra o obstáculoque vê no bom desempenho do professor,quando estese deixa levar pela vaidadee pelo orgulho. Ele acreditaque o fracasso é bom mestre, poïque o obriga a refletir a respeito do próprio trabalho e das causasque levam determinadaproposta a ser ou não bem-sucedida.Essareflexão,feita a paftir da própria experiência,pode seconstituirnuma mola impulsionadorade acertos.Schaferrelataque, em um curso ministrado por ele em Londrina (PR) em 1992, disseà classeessamesmafrase.Um dos alunos

Mansa Tiench de Oiiveira Fonterrada

o provocou, dizendo: "Mas tudo o que você fezaquí, nestasemana,foi um sucesso".Ao que ele 2005, p. 97, traduçàonossa). respondeu:"Então,eu falhei"(Schafer, iii "Ensinar no limite do risco". Essaafirmativamostraa importânciaconferidapor Schaferao acaso,

à pronta respostaàs circunstâncias.Viver é um risco perrnanente,em que nào se tem controle de rumo, de tudo; circunstânciasde vida interferem nos planejamentose provocam alteraçÕes retomadasde caminho ou buscaspor alternativas.A aventura de ensinar e fazermúsica abriga, e saltos,o que garanteautenticidadee proximidadecom também,acasos,alterações,retrocessos a úda. lV.

"Não há mais professores, mas uma comunidade de aprendizes". Essafraseé uma afirmação da educaçãodemocráticae do exercÍcioda autonomia.Tal visão retira o professorda posiçãode verticalidadee o colocaem posiçãohorizontalem relaçãoa seusalunos;cadaqual com suahistória de vida, sua experiência,seu pensamentooriginal, suashabilidades e gostos.Também contribui para a realizaçãodas propostas,sejam elas a execuçãode uma obra, um ensaio,ou o simples desenrolarde uma aula. "Não planeje uma filosofia de educaçãopara os outros. Planeje uma para você mesmo. Alguns podem desejar compartilhá-la com você". Aqui, há um conviteà autenticidade,iniciativae autonomia do professor não fazercoisaspara obedecera ordens,mas cumprir tarefasautoimpostas, por alguma razãona qual se acredita.Ao prepararuma aula, o professortem a opoïtunidadede moldála de acordo com seus própnos valores,gostose escolhas.Ao fazerisso, constrói uma propostasignificativapara si epara seusalunos. Afrrmezaque imprime a seusalos,pensamentos e propostasdará qualidadeao seu trabalho. O professorque age assim,atua como crÍtico de si mesmo,atentoà realidade,sensÍvelaosseusanseiose aos de seusaìunos,contentepor não trair seuspensamentos,sentimentose comcçÕes. "[...] uma aula deve ser uma hora de mil descobertas.Paraque isso aconteça,professor e aluno um ao outro". Nessaafi,rmativa, vê-se,maisuma vez. devem,em primeiro lugar,descobrirem-se o endossode Schaferà pedagogiademocrática,instigante,interativae criativa.Ao considerara

Pedagogiasem educaçâomusìcaì

aula como espaçode descobertas,ele se mostra coerentecom aslinhas ativasde educaçãomusical, praticadaspelos educadoresda primeira geração- Orff, Dalcroze,Willems, para citar alguns - e da segunda-Paynter, Self, Porena,além do próprio Schafer. úi."Ensinar sempÍe provisoriamente. Só Deus sabe com ceÍteza". Aqui, está claramenteexposta sua filosofia de úda: a conúcção de que todos fazem parte de uma unidade, cujo equilíbrio dependeda união entre aspartes.Schaferquer que o professoraceitesua falibilidade, que somente será superadaao se assumir como ser reflexivo, atento, crítico de si mesmo e em busca de constante aperfeiÇoamento. musicalconcentra-se, No mesmocapítulo,Schafer(1991 [1986]) afirmaque seutrabalhoem educaÇão principalmente, em três Pontos: i.

Procurar descobrir o potencial criativo das crianças, paÍa que possam fazer música por elas mesmas.

ii. Apresentaraos alunos, de todas as idades, os sons do ambiente, tratar a paisagemsonora mundial como uma composiçãomusical,da qual o homem é o principal compositor,e fazerjulgamentos crÍticos que levem à melhoria de sua qualidade. iii. Descobrirum nexo ou ponto de união no qual todas asartespossamencontrar-see desenvolver-se harmoniosamente. um quaïto campo, que estouapenascomeçandoa explorar:a conE completa:"a isso, acrescentaria tribuição que os orientaispodem dar à formaÇãode artistase músicosdo Ocidente"(Schafer,1991 I1986l, p.284-285). Observe-sea semelhançadessespontos com os três eixos apresentadosno inÍcio deste texto, como base de sustentaÇãode sua arte'.a relação entre som e ambiente, a conÍÌuência das aÍtes e a relaçãoda arte com o sagrado.O primeiro ponto,.quetrata do potencialcriativo das crianças,estápresentetanto na sua composição,quanto nos papéisassumidospor quem delasparticipa: artistas,produtoresou público, constaïÌtementelevadosa exerceressafunção de criar, para dat conta dos problemasinerentesà produção,

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Marisa Tiench de Oiiveira Fonterrada

Uma dascríticasmais recorrentesao seutrabalhoé que ele não sepreocupacom o dos currículosescolares. ensinode conteúdosespecÍficosde música.Não é que seposicionecontra eles,mas acreditaque seupapel é incentivara presençade outros tópicos,que não costumamestarpresentesnos cursosde música.Assim, da escuta,incentivo à criatiúdade seuinteressese concentranos pontosjá levantados,de aperfeiçoamento e confluênciados sentidose dasartes. e à experimentaÇão Schafernão organizasuaspropostasde trabalho por faúa etâfr^e lembra que, nas sociedadestribais, pessoasde diferentesidadescompartilhamexperiências,cadauma sendo,païa a outra, um companheiroque, ocasionalmen[e,funciona como [utor ou mentor, em razão de seus conhecimentose suashabilidades.Na aplicaçãodaspropostasem contextosescolares,é necessárioque o professor,ou lÍder da classe,consideresea atiúdade, do jeito que se apresenta,é ou não adequadaao grupo. A partir disso,terá liberdade paraútllizâ-la capacidadese o interessecoletivo. tal como está,ou transformá-la,levandoem conta asnecessidades, da escuta,Schaferpropoeuma sériede atMdaComo a ênfasede seutrabalhoestáno aperfeiçoamento d.espara seremtrabalhadasindiúdualmente ou em gmpo. Algumasdelasestãono livro A soandedacation (lgg2)1'z.Aseguir,serãoapresentadas algumasdessaspropostas. da escuta: Atividadesque visam o aperfeiçoamento .

Lidando com o silêncio - passealgunsminutos em silêncio,simplesmenteouúndo os sonsa seuredor.Registre,em seucademo,os sonsque escutar.Seestiverem um grupo, compareâ sua lista de sonscom as de seuscompanheiros,cadaum lendo em voz alta o que anotou. Márque as diferenças.Lembre-sede que a escutaé muito pessoal.Por essemotivo, todos terão listas diferentes,mas o importante é que todasestarãocorretas.Seestivertrabalhandocom crianças pequenas,emvezde lista escrita,promovauma conversaem que todoscontemos sonsouúdos poderáserfeitaa partir do que o grupo contar(Schafer,I992,p.I5). A discussão

12Esseliwo foi traduzido para o português peÌa editora MeÌhoramentos, sob o títttlo Educaçaosonord- 700 exercíciosde escutae ciaçao musicale brevementeestarádisponÍveÌ ao público brasileiro.

Mansa Trench de OliveÌra Fonterrada

Organizando a escuta - a lista feita anterioÍmente serúrá de matéria-pima para outros os sonsdessalista, apartir de criténosvariados.Vocêpode, por exemexercícios.Reescreva plo, perceberse essessons foram produzidos na naúfreza,pelo homern, ou por máquinas ou equipamentos de qualquer tipo. Se for um som da naÍúreza, coloque-o numa coluna encimadapela letra N. Sefoi produzido por algumapessoa,ponha numa colunasob a letra H, e se foi produzidopor máquina,na colunacom a letraM (Schafer,I992, p. I6). Classificando os sons - você pode, também, ciassificaros mesmossons segundooutros critérios, agrupando-osde acordo com a altura - sons agudos,médios e gÍaves;com a intensidade- sons fortes,médios e fracos,com a duração- sonslongos,médios e curtos. Pode,ainda, classificáìosquanto a sua procedência- o que trará o conceitode timbre - e, Outros cntétambém,como sonscontÍnuosou descontÍnuos,agradáveisou desagradáveis. rios podem ser criados,de acordocom sua imaginação;estimulea classea criar,ela mesma, outrascategorias.A cadanova ideia, elaborelistaspara que seusalunosreagrupemos sons segundoos critériosestabelecidos. Pesquisandoo ambiente sonoro - façaum passeiopelo quarteirâocom o seu grupo. Peça sonorasdo lugar.Conte-lhesque essee para que observemcom os ouvidosascaracteÍísticas um estudoda "paisagemsonora",isto é, em vez de ver um lugar,você o escuta. Cadalocal que pode ser reconhecida, analisada e classificada. sonoracaracterÍstica, tem uma paìsagem a parÍir dessaescuta. Peçapara as pessoasdo grupo executaremalgumastarefas:encontrar na paisagemum som contÍnuo, um som que se move em sentido contrário ao da direção tomada pelo grupo ou pela pessoaque realizaa atiúdade, ou, ainda, um som que tenha saídode um buraco (entendidonum sentidoamplo,como uma aberturano chão,uma poïta ou uma janela).Peçaparaque anotem,gravemou memorizem,para posteriordiscussão. Explorando os sons de uma escada- nessepasseio,encontreum lugar em que aspessoas Pergunteaosalunosseos que sobemfazemosmesmos estejamsubindoou descendoescadas. sons dos que descem,e que outras diferençaselesnotam nos sons produzidos pelos que

Pedagograsem educaçãomusical

interpretaçãoe fruição da obra. O segundoponto coincide com um dos eixos apresentados- os estudosda paisagemsonora. Eles estãopresentesem grande parte das propostasde educaçãomusical, concentradas no aperfeiçoamentoda escuta,na percepçãodo som ambientall0. A confluência das artespode ser,também, reconhecidaem muitas das propostasde educaçãomusical de Murray Schafer,em que se estimula o trânsito do aluno por vánas formas de artell. O quarto campo de que fala Schafer- a contribuição das culturas orientais para a formaçãode artistas no Ocidente- é coerentecom a relaçãoarte/sagrado,claramentepresenteem sua obra composicional,e que de 1960;ha, aindaestavaem estadoembrionário,por ocasiãoda escritadeO rinoceronte,nofinal da dê.cada porém, fortes indícios da presençadessecampo em alguns dos exercíciosque SchaferpropÕe.

Salade aula 9.4 Propostasparauma educaçãosonora formaçãoespeAs propostasde Murray Schafersão adequadasao Brasil, pois não exigem,necessariamente, cífica, podendo ser aplicadaspoÍ pessoasleigasem música, como o professorpolivalente, animadoresculturais ou familiaresde criançase jovens. Isso é de grandeimportância, depois de quarentaanos de ausência

r0 Essaspropostas são üstas em O ouyidopensdnte(199 I [ 1986]) , A soundeducatron(1992) e HearSing(2005), para citar os mais conhecidos. 1rNumerosos exemplos de interaçãoentre música e poesia,música e moümento, música e artesplásticas,podem ser encontrados em O outido pansante(Schafet,199 I [ 1986]), ao qual se remete o leitor.

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sobem e pelos que descem?Peçapara que anotem e discutam em grupo suas descobertas (Schafer, 1992,p.30). Buscando sons - você pode pedir a seus alunos que tïagam de casaum som interessante, ou seJa,um som que, pelas suasqualidadesextrÍnsecas,mobilize sua sensibilidadeestética. No dia seguinte,cadaum mostraráseu objeto, o farâ soare conlarâporque o som escolhido despertouseu interesse.Estimule os comentáriosda classe.Essaatiúdade pode ser repetida com propostassemelhantes'.Lrazerum som que contrastecom o primeiro: se tïouxe um som agudo, destavez,trará um grave.Sefoi um som débil, o próximo seráum som forte, e assim por diante.As variaçõessãoinfinitas (Schafer,2005, p. 71). ii. Concerto danatareza, a partir de alguns exemplos encontrados nos exercícios númeto 43, 44 e 45 de Schafer (L992, p. 63-66) .

Proponhaa seusalúnos fazer :um"concerto danaÍtxeza".A classeserádividida em grupos de seisa dez pessoas.Cadagrupo escolheum ambienteque conheçabem, e que sewirá de base para uma pequenacomposição,com a imitação de sons do local escolhido,utilizando exclusivamentea voz. Pode ser um local típico da cidade (um mercado, uma praia, uma feira), que deveráser reconhecido por seussons característicose não por suasimagensvisuais. A preparaçãod.evedurar entre 10 e 15 minutos, nos quais cadagrupo selecionaráe organizatâ os sons característicosdo lugar escolhido, de modo a obter uma ïepresentaçãosonora desse espaÇo.Após essetempo, os grupos voltarão a sereunir, para que apresentemuns aosoutros os trabalhos sonoros realizados.E importante estimular a escuta e a crÍtica, dirigidas aos Você pode auxiliar seus alunos, fazendo-lhes detalhesdo som e às flormasde organrzação. perguntas como: "De qual grupo vocês gostaïam mais?", "Por quê?", "Há alguma sugestão simples para que o grupo melhore sua produção?"

Marisa Tiench de Oliveira Fonterrada

Trabalhando com o sentidos '

Há, também, a ídeia de trabalhar com outïos órgãos dos sentidos, além dos olhos e dos ouvidos. Embora as linguagensartísticasse baseiemprioritariamente na visão, na audição e no tato, o paladare o olfato precisam,também,ser trabalhados.No Tèatrode Confluência, muitas vezes,essesdois sentidos são estimulados por meio de guloseimas oferecidasao público em determinadomomento do espetáculo,ou cheiros especÍficos,que devem ser reconhecidospor todos. Tianspondo essassensaçÕes para a esferad.aeducação,Schafer sugere algumas práticas, como, por exemplo, colocar diferentes fragrânciasao longo dos braçosdos alunos,do ombro àsmãos.Ao deslizaremrapidamenteo braçopróximo ao nanz, enquanto inspiram, o resultado será um "glissando",não de sons, mas de cheiros. Schafer denomina essâatiúdade olfativa de smellody(uma combinaçãode smell- cheiro- e melodymelodia)(Schafer, I991 [1986],p. 336).Tiaduzindoa expressão parao porruguês,poder-se-ia sugerir chamâ-lade cheirodia.

Enfeitando o ambiente com som '

Uma das ideias que Schafer gosta de expor é que a paisagemsonora não é propnedade privada; sendo assim, não pode ser organizadaapenaspor especialistas,pois todos somos proprietáriosde uma parte dela e, dessemodo, corresponsáveis por sua qualidade.Assim, podemosescolhersonspaïa incluir na paisagemsonoÍa,üsando sua melhor orquestração. Uma possibilidadepara isso é procurar um som que o agradee que julgue interessantepara enfeitar o ambiente de sua casaou de sua escola.Pode ser um móbile com som delicado, uma pequena fonte de âgla, algo que sua sensibilidade o ajude a encontraï para enfeitar o local. Aprenda a desfrutar o bem-estarcausadopor um ambiente sonoro equilibrado (Schafer,1992, p. I25)

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v. Modificando a paisagem sonora .

E aúltima proposta:sevocê tivessetotal autonomia, de que modo mudaria a paisagemsonora de sua rua para torná-la mais interessantedo que é? Fomente discussõescom seus alunos ou com seu grupo, para,a partir daÍ, criar coletivamenteum projeto, em que a paisagem sonorade um determinadolocal sejatransformada.Podeser a da escola,de um parque ou jardim da úzinhança, ou de outro local à escolha.A comunidade envolvida precisa abraçata ideia e construir os meiospara atingir resultados.Mãosà obra: escutem,avaliem,cïitiquem, proponham alteraçoessaudáveisparao ambiente escolhido, interessantesde seremouúdas apreciadas.

Com a prâticaconstanteda escutae da açãocriativa, você contribuirâpara a formaçãode um ambiente sonoro agradâveleequilibrado, do qual todos irão se beneficiar.Esseé o grande desafio:tornar o mundo que habitamosum lugar saudávele bom de se ouúr.

Parasabermais PATRIA.DÌsponível em . Acessoem 24 out' 2009' visual O síte éresponsabilidadede Jerrard Smith, designer que, com sua muÌher Diana Smith, tem trabaÌhado na concepçào e na execuçãodas obras do ciclo patna, de Murray Schafer,iniciado no f,nal da década de 1960 e ainda não concluído.'O da equipe sitetraz informações gerais sobre o compositor, descrÍção das obras que compoem Patnd e notícias a respeito multidisciplinar que trabalhana produção e performance dessasobras.Apresentatambém descriçÕese imagensdas produçoes járealizadas,o catálogode liwos, partituras e CDs editados pela Arcana Editions, editora especializadanaobra do compositor, real que a além de informatÌvos sobrePatna. Há um alerta ao navegador acercada importância de se passarpela expenência assistênclaàs obras do ciclo proporciona, verdadeirosdesaflosao participante de mergulhar na obra de arte como experiência o síÍe pode úva, e do perigo de se tentar substituí-la pelo simulacro de sons, imagens e outros recursos tecnológicos que trazer,masquenâosubstituemaexperiênciareal.Osite,portanto,émeramenteinformativoeestimulaonavegadorabuscar como conhecer as obras ao \'lvo, em geral, em espaçosexternos, ou em ambientespouco comuns à teal\zaçãode concertosum museu, a estaçãoferroviária, ou um estacionamentoverticaÌ paÏa carlos.

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Mansa Tiench de OÌiveira Fonterrada

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HearSing: 75 exercisesin Ìistening and creating music. Indian River: Arcana, 2005

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Miniwanka. Bancroft: Arcana, 1973. Choir; SATB.or SSAA.(Paracoro mìsto ou coro feminino).

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Minnelieder. Bancroft: Arcana, 1956. For mezzo-soprânoand brass quintet. (Paramezzo soprano e quinteto de sopros).

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O ouvido pensante. SãoPaulo: Ed. da Unesp, 1991 [1986]. Original inglês.

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Once in a windy night. Regente:JonWashburn. Vancouver: Grouse Records, [S.d.].

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Patria: prologue - the Princessof the starij. Indian River: Arcana, 1981. For actors, singers, dancers and instruments. (Para

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atores,cantores,dançarinose instrumentos).

Marisa Tiench de Oliveira Fonterrada

SCHAFER,Ra)..rnondMurray Patria: the complete cycle. Toronto: Coach House Books, 2002. -.

Patria l:Wolfman. Toronto:Berandol,[entre 1966 eI974l. Foractors, singers,chorus,orchestra,tapedelectronicsounds. (Paraatores,cantores,coro, orquestra e sons eletrônicosgravados).

Requiem to the Party-Girl. Toronto: Berandol, [entre 1966 e 19721.For Solo mezzo-sopraRo,actors,small chorus and -Patria2: orchestra,taped electronic sounds. (Paramezzo soprano solo, atores,pequeno coro e orquestra e sons eletrônicosgravados). -.

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Patria 9: the enchanted forest. Indian River: Arcana, 1993. Children's choir, actors, dancers and musicians [percussíons, guitar, wind instruments]. (Coro de cnanças,atores, dançarinose músicos lpercussão,úolão e instrumentos de sopro]). Patria 12: epilogue - and wolf shall inherit the moon. Ontário, 2006. Music dramas performed annually in Augusr ar rhe Haliburton Forest. 64 performers: musicians, dancers,actors etc. (Drama musical realízadoanualmente no mês de agosto,na fÌorestade Haliburton. 64 executantes:músicos, dançarinos,atores etc.).

-.Snowforms.IndianRiver:Arcana,1985.ChoirSA.(Paracorodevozesiguais:SopIanoecontralto). -.Sun.Bancroft:Arcana,19B2.ChoirSATB.(Paracoromisto). -.

The tuning of the world. Toronto: McCleiland & SrewarrLimited, 1977.

THOMPSON, William lrwim. Gaia e a politica da úda: um programa para os anos noventa?ln: -. conhecimento. SàoPaulo:Gaia-200-t.o. 159-203.

Pedagogiasem educaçãomusical

Gaia: uma teoria do

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